{"id":154362,"date":"2019-10-07T11:30:28","date_gmt":"2019-10-07T14:30:28","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=154362"},"modified":"2019-10-07T07:06:31","modified_gmt":"2019-10-07T10:06:31","slug":"quanto-vale-uma-baleia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/10\/07\/154362-quanto-vale-uma-baleia.html","title":{"rendered":"Quanto vale uma baleia?"},"content":{"rendered":"\n
\"Esta

Esta jovem baleia jubarte vale milh\u00f5es de d\u00f3lares ao longo de sua vida, apenas por sua capacidade de capturar carbono e deposit\u00e1-lo no fundo do oceano ap\u00f3s sua morte.
FOTO DE\u00a0GREG LECOEUR, NAT GEO IMAGE COLLECTION<\/strong> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

As maiores baleias do mundo\u00a0s\u00e3o mais do que meras maravilhas evolucion\u00e1rias. Ao remover o carbono do oceano, elas podem ajudar a humanidade a combater as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas – um servi\u00e7o ecossist\u00eamico que pode valer milh\u00f5es de d\u00f3lares por baleia, de acordo com uma nova an\u00e1lise feita por economistas do Fundo Monet\u00e1rio Internacional (FMI).<\/p>\n\n\n\n

Proteger animais grandes e carism\u00e1ticos, como as baleias, \u00e9 frequentemente visto como uma esp\u00e9cie de caridade que indiv\u00edduos e governos fazem em nome da natureza. Uma equipe de economistas liderada por\u00a0Ralph Chami, diretor assistente do Instituto de Desenvolvimento de Capacidade do FMI, queria mudar a maneira como pensamos sobre as baleias, quantificando o benef\u00edcio que eles nos proporcionam em d\u00f3lares e centavos. Sua nova an\u00e1lise, detalhada em um\u00a0artigo recente\u00a0na publica\u00e7\u00e3o comercial\u00a0Finance & Development<\/em>, \u00e9 uma tentativa in\u00e9dita de fazer exatamente isso.<\/p>\n\n\n\n

A an\u00e1lise ainda n\u00e3o foi publicada em um artigo cient\u00edfico revisado por estudiosos e ainda existem importantes lacunas no conhecimento cient\u00edfico em termos de quanto carbono as baleias podem capturar. Mas, com base nas pesquisas que foram feitas at\u00e9 agora, fica claro para os economistas que, se protegermos as grandes baleias, teremos grandes dividendos para o planeta.<\/p>\n\n\n\n

Chami espera que essa descoberta “inicie um debate entre os criadores de pol\u00edticas p\u00fablicas que n\u00e3o apostam em salvar animais para o bem dos animais”.<\/p>\n\n\n\n

“Temos que concordar que as baleias s\u00e3o um bem p\u00fablico internacional”, diz ele.<\/p>\n\n\n\n

\"V\u00e1rias

V\u00e1rias baleias jubarte rodeiam uma massa de krill, liberando rajadas de bolhas de ar para encurralar suas presas.
FOTO DE\u00a0PAUL NICKLEN, NAT GEO IMAGE COLLECTION<\/strong> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Sumidouro natural de carbono<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

As grandes baleias, incluindo as que se alimentam por filtra\u00e7\u00e3o e os cachalotes, ajudam a absorver o carbono de algumas maneiras. Elas\u00a0 armazenam toneladas de carbono em seus corpos gordos e ricos em prote\u00ednas e agem como\u00a0gigantes \u00e1rvores aqu\u00e1ticas. Quando uma baleia morre e sua carca\u00e7a desce para o fundo do oceano, esse carbono armazenado \u00e9 retirado do ciclo atmosf\u00e9rico por centenas a milhares de anos, um\u00a0sumidouro de carbono.<\/p>\n\n\n\n

Estudo\u00a0publicado em 2010 estimou que oito tipos de baleias, incluindo baleias azuis, jubarte e minke, coletivamente transportam quase 30 mil toneladas de carbono para o mar profundo a cada ano, \u00e0 medida que as carca\u00e7as afundam. Os autores estimam que, se grandes popula\u00e7\u00f5es de baleias recuperassem o tamanho que tinham antes da ca\u00e7a comercial, esse sumidouro de carbono aumentaria em 160 mil toneladas por ano.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto est\u00e3o vivas, as baleias podem fazer ainda mais para absorver o carbono, gra\u00e7as ao seu excremento do tamanho de um jumbo. As grandes baleias se alimentam de pequenos organismos marinhos como pl\u00e2ncton e krill nas profundezas do oceano antes de emergir para respirar, e fazer coc\u00f4 e xixi – e as \u00faltimas atividades liberam uma\u00a0enorme quantidade de nutrientes, incluindo nitrog\u00eanio, f\u00f3sforo e ferro, na \u00e1gua. Os chamados\u00a0poo-namis<\/em>\u00a0estimulam o crescimento do fitopl\u00e2ncton – algas marinhas que retiram carbono do ar atrav\u00e9s da fotoss\u00edntese.<\/p>\n\n\n\n

Quando o fitopl\u00e2ncton morre, grande parte do carbono \u00e9 reciclado na superf\u00edcie do oceano. Mas alguns fitopl\u00e2nctons mortos inevitavelmente afundam, enviando mais carbono para o fundo do mar. Outro\u00a0estudo\u00a0de 2010 descobriu que as 12 mil baleias cachalote no Oceano Ant\u00e1rtico extraem 200 mil toneladas de carbono da atmosfera por ano, estimulando o crescimento e a morte do fitopl\u00e2ncton atrav\u00e9s de suas fezes ricas em ferro.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o se sabe exatamente quanto coc\u00f4 de baleia estimula o fitopl\u00e2ncton em escala global, de acordo com\u00a0Joe Roman, bi\u00f3logo da Universidade de Vermont que estuda o fen\u00f4meno h\u00e1 anos. \u00c9 por isso que os economistas adotaram o que Chami descreve como uma abordagem “se, ent\u00e3o”, perguntando quanto carbono poderia ser capturado, hipoteticamente, se a popula\u00e7\u00e3o atual de grandes baleias do mundo aumentasse o fitopl\u00e2ncton marinho em cerca de 1% em todo o mundo. Para isso, eles acrescentaram uma estimativa baseada na literatura de quanto di\u00f3xido de carbono as baleias retiram do ambiente quando morrem: cerca de 33 toneladas por carca\u00e7a, em m\u00e9dia.<\/p>\n\n\n\n

Utilizando o atual pre\u00e7o de mercado do di\u00f3xido de carbono, os economistas calcularam o valor monet\u00e1rio total dessa captura de carbono de mam\u00edferos marinhos e o adicionaram a outros benef\u00edcios econ\u00f4micos que as grandes baleias proporcionam por meio de ecoturismo.<\/p>\n\n\n\n

No total, Chami e seus colegas estimaram que cada um desses gigantes gentis vale cerca de 2 milh\u00f5es de d\u00f3lares ao longo de sua vida. E a popula\u00e7\u00e3o global de grandes baleias? Possivelmente, um ativo de um trilh\u00e3o de d\u00f3lares para a humanidade.<\/p>\n\n\n\n

\"Todo

Todo ano, de julho a outubro, jubarte viajam desde a Ant\u00e1rtida at\u00e9 a costa brasileira para se reproduzir.
FOTO DE\u00a0L\u00c9O MER\u00c7ON<\/strong>
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n
\"Uma

Uma jubarte mostra a corcunda em frente ao skyline de Vit\u00f3ria, no Esp\u00edrito Santo. Por arquear a regi\u00e3o da nadadeira dorsal e deix\u00e1-la em evid\u00eancia na superf\u00edcie ao mergulhar, a esp\u00e9cie \u00e9 conhecida, em ingl\u00eas, como baleia corcunda (humpback whale).
FOTO DE\u00a0L\u00c9O MER\u00c7ON<\/strong> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n
\"Remover

Remover os parasitas e as cracas que se acumulam na pele com o impacto ao cair novamente na \u00e1gua \u00e9 uma das hip\u00f3teses que tentam explicar porque as jubartes saltam tanto.
FOTO DE\u00a0L\u00c9O MER\u00c7ON<\/strong> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Nova mentalidade<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

Hoje existem cerca de 1,3 milh\u00e3o de grandes baleias nos oceanos da Terra. Se pud\u00e9ssemos restaurar a popula\u00e7\u00e3o aos seus n\u00fameros anteriores \u00e0 ca\u00e7a comercial de baleias – entre 4 e 5 milh\u00f5es – os economistas acreditam que as grandes baleias poderiam capturar cerca de 1,7 bilh\u00e3o de toneladas de di\u00f3xido de carbono por ano. Isso \u00e9\u00a0mais do que as emiss\u00f5es anuais de carbono do Brasil.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, s\u00e3o apenas alguns por cento dos\u00a040 bilh\u00f5es de toneladas\u00a0de di\u00f3xido de carbono que a humanidade lan\u00e7a no ar a cada ano. E mesmo com esfor\u00e7os agressivos de conserva\u00e7\u00e3o global, pode levar d\u00e9cadas at\u00e9 que as grandes baleias retornem ao n\u00famero anterior \u00e0s ca\u00e7as, supondo que isso seja poss\u00edvel, considerando o quanto degradamos os oceanos.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00e3o queremos exagerar”, disse\u00a0Steven Lutz, l\u00edder do Programa Carbono Azul da GRID-Arendal, uma funda\u00e7\u00e3o norueguesa que trabalha com o Programa das Na\u00e7\u00f5es Unidas para o Meio Ambiente. “N\u00e3o \u00e9 como se bastasse salvar as baleias para salvar o clima”.<\/p>\n\n\n\n

Para Lutz, os n\u00fameros exatos apresentados na nova an\u00e1lise s\u00e3o menos significativos do que a estrutura que introduz para pensar em animais selvagens em termos de seu valor quando mantidos vivos. Ele gostaria de ver esse tipo de abordagem aplicada a ecossistemas marinhos ricos em carbono, como leitos de ervas marinhas, e a outros grupos de organismos marinhos, como peixes.<\/p>\n\n\n\n

“Vemos o carbono das baleias como potencialmente a ponta do iceberg at\u00e9 o carbono marinho”, diz Lutz.<\/p>\n\n\n\n

Talvez uma abordagem de benef\u00edcios financeiros possa ser estendida aos animais terrestres. Por exemplo, um\u00a0estudo recente\u00a0da\u00a0Nature Geoscience<\/em>\u00a0estimou que os elefantes da floresta na Bacia do Congo ajudam a floresta a\u00a0absorver bilh\u00f5es de toneladas de carbono.<\/p>\n\n\n\n

Fabio Berzaghi, pesquisador do Laborat\u00f3rio de Ci\u00eancias Clim\u00e1ticas e Ambientais da Fran\u00e7a e principal autor do estudo, disse que a an\u00e1lise do FMI levanta um ponto “extremamente importante” sobre os grandes animais: que seus servi\u00e7os ecossist\u00eamicos “beneficiam a todos”.<\/p>\n\n\n\n

“Acho que \u00e9 um bom primeiro passo para reconhecer que eles fornecem servi\u00e7os, e esses servi\u00e7os valem alguma coisa”, disse Berzaghi. “Potencialmente, muito dinheiro.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Madeleine Stone National Geographic
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Os benef\u00edcios proporcionados pelas grandes baleias, incluindo a captura de carbono, s\u00e3o argumentos poderosos para proteg\u00ea-las, segundo economistas. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":154364,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[772,77,237,46],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154362"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=154362"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154362\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":154365,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154362\/revisions\/154365"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/154364"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=154362"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=154362"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=154362"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}