{"id":154782,"date":"2019-10-21T18:00:55","date_gmt":"2019-10-21T21:00:55","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=154782"},"modified":"2019-10-21T21:22:39","modified_gmt":"2019-10-22T00:22:39","slug":"uso-excessivo-de-aguas-subterraneas-esta-prejudicando-nossos-rios","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/10\/21\/154782-uso-excessivo-de-aguas-subterraneas-esta-prejudicando-nossos-rios.html","title":{"rendered":"Uso excessivo de \u00e1guas subterr\u00e2neas est\u00e1 prejudicando nossos rios"},"content":{"rendered":"\n
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O rio San Pedro, no estado do Arizona, teve sua vaz\u00e3o reduzida nas \u00faltimas d\u00e9cadas devido \u00e0 extra\u00e7\u00e3o de \u00e1gua subterr\u00e2nea nas proximidades. Os habitats do rio sofreram com a queda dos n\u00edveis de \u00e1gua.
FOTO DE\u00a0WILL SEBERGER\/ZUMA PRESS, INC\/ALAMY<\/strong>
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H\u00e1 mais \u00e1gua doce escondida abaixo da superf\u00edcie da Terra em aqu\u00edferos subterr\u00e2neos do que em qualquer outra fonte, excluindo-se as camadas de gelo. As \u00e1guas subterr\u00e2neas s\u00e3o extremamente importantes para os rios em todo o mundo, do San Pedro ao Ganges, mantendo-os vivos mesmo quando as secas reduzem o volume das \u00e1guas.

Entretanto, nas \u00faltimas d\u00e9cadas, o homem retirou trilh\u00f5es de litros desses reservat\u00f3rios subterr\u00e2neos. O resultado, demonstra a\u00a0pesquisa publicada na revista cient\u00edfica\u00a0Nature<\/em>, \u00e9 que milhares de ecossistemas fluviais ao redor do mundo est\u00e3o \u201csecando lentamente\u201d. Entre 15 e 21% das bacias hidrogr\u00e1ficas que t\u00eam suas \u00e1guas subterr\u00e2neas removidas j\u00e1 atingiram um limiar ecol\u00f3gico cr\u00edtico, dizem os autores \u2014 e, at\u00e9 2050, esse n\u00famero pode subir rapidamente para algo entre 40 e 79%.

Isso significa que centenas de rios e c\u00f3rregos ao redor do mundo estariam sob tamanho estresse h\u00eddrico que sua flora e fauna chegariam a um ponto cr\u00edtico, afirma\u00a0Inge de Graaf, principal autora do estudo e hidrologista da Universidade de Freiburg.

\u201cRealmente podemos dizer que esse efeito ecol\u00f3gico \u00e9 uma bomba-rel\u00f3gio\u201d, diz ela. \u201cQuando retiramos \u00e1guas subterr\u00e2neas, hoje, testemunhamos os impactos apenas ap\u00f3s dez anos ou mais. Portanto, o que fazemos agora afeta o nosso ambiente nos pr\u00f3ximos anos.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Sustento da vida moderna<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

O \u00faltimo rio n\u00e3o represado no sudoeste dos EUA, o San Pedro, no sudoeste do estado do Arizona, costumava ser agitado e caudaloso. P\u00e1ssaros gorjeavam e se banhavam em suas margens em momentos de pausa durante as migra\u00e7\u00f5es. Peixes raros nadavam em suas piscinas.<\/p>\n\n\n\n

Mas, na d\u00e9cada de 1940, po\u00e7os come\u00e7aram a ser perfurados na regi\u00e3o, sugando \u00e1gua limpa e fresca dos\u00a0aqu\u00edferos subterr\u00e2neos\u00a0locais.<\/p>\n\n\n\n

Foi constatado que boa parte da \u00e1gua do rio n\u00e3o vinha das chuvas e do derretimento da neve, mas de fontes subterr\u00e2neas. Quanto mais \u00e1gua era removida dos aqu\u00edferos, menos \u00e1gua flu\u00eda para o rio \u2014 e os p\u00e2ntanos, as \u00e1rvores, a fauna e o volume de \u00e1gua do San Pedro foram todos prejudicados.<\/p>\n\n\n\n

As \u00e1guas subterr\u00e2neas s\u00e3o recursos ocultos que sustentam grande parte da vida moderna. Globalmente, cerca de\u00a040%\u00a0dos alimentos que cultivamos s\u00e3o irrigados com \u00e1gua extra\u00edda de baixo da superf\u00edcie da Terra.<\/p>\n\n\n\n

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Mas muitos dos aqu\u00edferos dos quais as \u00e1guas s\u00e3o extra\u00eddas levaram centenas ou mesmo dezenas de milhares de anos para serem preenchidos: \u00e1guas subterr\u00e2neas podem ter infiltrado rachaduras na terra quando enormes camadas de gelo cobriram a cidade de Nova York pela \u00faltima vez h\u00e1 20 mil anos.<\/p>\n\n\n\n

Grande parte dessa \u00e1gua est\u00e1 sendo removida muito\u00a0mais rapidamente do que pode ser reabastecida. Isso pode trazer s\u00e9rias consequ\u00eancias \u00e0s pessoas que precisam de \u00e1gua para beber e que desejam irrigar suas planta\u00e7\u00f5es em \u00e1reas que n\u00e3o recebem chuva suficiente. Mas muito antes de esses impactos surgirem, os efeitos atingir\u00e3o \u2014 e de fato j\u00e1 atingiram \u2014 rios, c\u00f3rregos e os\u00a0habitats<\/em>\u00a0que os cercam.<\/p>\n\n\n\n

\u201cImagine que o aqu\u00edfero seja uma banheira cheia de \u00e1gua e areia\u201d, explica\u00a0Eloise Kendy, cientista de \u00e1gua doce da Nature Conservancy. Em seguida, imagine passar o dedo levemente sobre a areia, desenhando um pequeno caminho. Esse caminho se enche de \u00e1gua, que infiltra a areia formando um \u201cc\u00f3rrego\u201d.<\/p>\n\n\n\n

\u201cSe voc\u00ea retira apenas um pouco de \u00e1gua da banheira, o c\u00f3rrego seca, mesmo que ainda haja muita \u00e1gua na banheira\u201d, afirma ela. \u201cContudo no que diz respeito a rios saud\u00e1veis, voc\u00ea acaba de destruir um. Mas como os rios n\u00e3o gritam e n\u00e3o reclamam, n\u00e3o sabemos necessariamente que eles est\u00e3o com problemas.\u201d<\/p>\n\n\n\n

\u00c1gua \u00e9 vida, at\u00e9 ela desaparecer<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

Na nova pesquisa, a equipe examinou globalmente onde j\u00e1 acontece a extra\u00e7\u00e3o de \u00e1guas subterr\u00e2neas em volumes que drasticamente reduziram os n\u00edveis de \u00e1gua em rios e c\u00f3rregos a ponto de atingir um limiar ambiental cr\u00edtico: quando os n\u00edveis de \u00e1gua caem para menos de 90% da vaz\u00e3o m\u00e9dia durante a esta\u00e7\u00e3o seca, \u00e9poca na qual as \u00e1guas subterr\u00e2neas s\u00e3o mais importantes para a vaz\u00e3o dos rios. Atingir esse limiar em mais de tr\u00eas meses no ano, por pelo menos dois anos seguidos, p\u00f5e em perigo a flora e a fauna dos sistemas fluviais, diz\u00a0Brian Richter, especialista h\u00eddrico e cientista da Sustainable Waters.<\/p>\n\n\n\n

\u201cAs \u00e1guas podem sofrer apenas um pequeno esgotamento nesses momentos sens\u00edveis, mas \u00e9 algo significativo do ponto de vista ecol\u00f3gico\u201d, afirma ele.<\/p>\n\n\n\n

As esp\u00e9cies de \u00e1gua doce, como as que dependem de rios e c\u00f3rregos saud\u00e1veis, est\u00e3o entre\u00a0algumas das mais amea\u00e7adas de extin\u00e7\u00e3o do mundo.<\/p>\n\n\n\n

Na nova an\u00e1lise, de Graaf e seus colegas descobriram que de 15 a 21% das bacias hidrogr\u00e1ficas que s\u00e3o abastecidas por \u00e1guas subterr\u00e2neas j\u00e1 ultrapassaram esse limite (cerca de metade de todas as bacias hidrogr\u00e1ficas do mundo s\u00e3o submetidas a extra\u00e7\u00e3o). \u00c0 medida que as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas exacerbam as secas em diversas partes do mundo, o estresse nas \u00e1guas subterr\u00e2neas \u2014 e por extens\u00e3o, nos rios e c\u00f3rregos \u2014 provavelmente ficar\u00e1 muito pior, eles afirmam.<\/p>\n\n\n\n

Suas previs\u00f5es podem ser conservadoras. Como ponto de in\u00edcio, eles utilizaram a demanda global de \u00e1gua em 2010 e expandiram o modelo clim\u00e1tico para verificar como o estresse nos sistemas de \u00e1guas subterr\u00e2neas pode se desenvolver. Mas, \u00e0 medida que as popula\u00e7\u00f5es crescem e a demanda por alimentos aumenta, esse estresse pode aumentar por outras raz\u00f5es que n\u00e3o as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, acelerando a extra\u00e7\u00e3o de fontes subterr\u00e2neas de \u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n

Contudo, os efeitos da retirada em excesso de \u00e1guas subterr\u00e2neas levam anos, se n\u00e3o d\u00e9cadas, para se tornarem vis\u00edveis. Mudan\u00e7as nos n\u00edveis de chuva t\u00eam efeitos imediatos e \u00f3bvios na vaz\u00e3o do rio, explica\u00a0Gretchen Miller, hidrologista e engenheira da Texas A&M University: quando chove, os rios normalmente ficam muito cheios. Mas as \u00e1guas subterr\u00e2neas est\u00e3o ocultas: as mudan\u00e7as demoram muito mais para vir \u00e0 tona e nem sempre se manifestam no local onde a extra\u00e7\u00e3o \u00e9 realizada. Isso torna os problemas de gerenciamento de aqu\u00edferos ainda mais desafiadores, e planos para resolver esses problemas futuros existem apenas para uma pequena fra\u00e7\u00e3o das bacias hidrogr\u00e1ficas.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto isso, rios e c\u00f3rregos s\u00e3o como \u201ccan\u00e1rios em uma mina de carv\u00e3o\u201d, diz Richter. \u201cEles s\u00e3o um alerta de que estamos usando a \u00e1gua de forma insustent\u00e1vel. Precisamos parar e refletir sobre o que estamos fazendo.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Alejandra Borunda – National Geographic <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

At\u00e9 2050, milhares de rios e c\u00f3rregos em todo o mundo poder\u00e3o atingir um limiar ecol\u00f3gico cr\u00edtico, de acordo com novas pesquisas. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":154783,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[2047,217,364,481,46,200],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154782"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=154782"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154782\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":154784,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154782\/revisions\/154784"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/154783"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=154782"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=154782"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=154782"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}