\n<\/iframe>\n<\/div><\/figure>\n\n\n\nA descoberta foi feita pelos pesquisadores Mario Cohn-Haft, do Departamento de Biodiversidade (COBIO) e Cole\u00e7\u00f5es Zool\u00f3gicas – Aves, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz\u00f4nia (Inpa), e Jeff Podos, professor de biologia da Universidade de Massachusetts e autor principal do artigo, publicado hoje (21\/10), na revista cient\u00edfica Current Biology.<\/p>\n\n\n\nO trabalho que levou ao achado come\u00e7ou em 2017, quando Cohn-Haft coletou, na Serra do Apia\u00fa, de 1.500 metros de altitude, no munic\u00edpio de Mucaja\u00ed, em Roraima, um exemplar da araponga-da-amaz\u00f4nia para estudos.<\/p>\n\n\n\nA captura do p\u00e1ssaro fazia parte de um estudo da fauna de serras e montanhas isoladas da Amaz\u00f4nia, que nunca havia sido pesquisada antes.<\/p>\n\n\n\n“Quer\u00edamos ter um exemplar dessa araponga, para estudar as caracter\u00edsticas especiais da esp\u00e9cie”, explica Cohn-Haft. “Desde aquela pelanca que ela tem pendurada no bico, que \u00e9 muito doido, at\u00e9 as estruturas internas, algumas delas relacionadas \u00e0 produ\u00e7\u00e3o de sons. Eu esperava encontrar uma siringe, que \u00e9 a caixa vocal e parte do aparelho respirat\u00f3rio, excepcional, bem desenvolvida, mas n\u00e3o imaginava que ela teria uma musculatura abdominal t\u00e3o extraordin\u00e1ria.”<\/p>\n\n\n\n<h2 class=\"wp-block-heading\">M\u00fasculos ‘de quem malha’<\/h2>\n\n\n\nEle conta que, enquanto dissecava o esp\u00e9cime coletado, notou que os m\u00fasculos abdominais, que em aves s\u00e3o geralmente muito finos, da espessura de uma folha de papel e que s\u00f3 servem para segurar os intestinos, eram muito espessos.<\/p>\n\n\n\n“O bicho \u00e9 ‘tanquinho'”, brinca Cohn-Haft. “A araponga-da-amaz\u00f4nia tem abdominais de quem malha, ondulados, bem vis\u00edveis, com quase um cent\u00edmetro de espessura. Isso me impressionou. Ficou evidente que, junto com a siringe, tamb\u00e9m diferenciada nessa esp\u00e9cie, \u00e9 uma adapta\u00e7\u00e3o para produzir um som muito alto e forte, sem explodir a barriga.”<\/p>\n\n\n\nDepois de constatar isso, ele procurou seu colega e amigo Podos, que \u00e9 especialista em bioac\u00fastica e dedica sua carreira a estudar as adapta\u00e7\u00f5es das aves para produzir sons diferentes e como a estrutura influencia o canto que o animal pode fazer.<\/p>\n\n\n\n“Eu sabia que ele iria se interessar”, conta Cohn-Haft. “Mandei para ele fotos da musculatura da araponga-da-amaz\u00f4nia, dizendo que esse p\u00e1ssaro era incr\u00edvel. Ele se empolgou e ent\u00e3o elaboramos um projeto em conjunto, financiado pelo Inpa e Fulbright Foundation, que tornou poss\u00edvel a vinda dele ao Brasil e que sub\u00edssemos a serra de novo agora no in\u00edcio deste ano, especificamente para entender melhor o som da esp\u00e9cie.”<\/p>\n\n\n\n<figure class=\"wp-block-image\"><img decoding=\"async\" src=\"https:\/\/ichef.bbci.co.uk\/news\/624\/cpsprodpb\/BD4C\/production\/_109306484_araponga1.jpg\" alt=\"Araponga-da-amaz\u00f4nia em um galho\"\/><figcaption>A araponga-da-amaz\u00f4nia (Procnias albus) \u00e9 comum em Roraima e no Par\u00e1<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\nPodos conta que recebeu uma mensagem do colega brasileiro perguntando se a musculatura abdominal da araponga-da-amaz\u00f4nia seria uma adapta\u00e7\u00e3o para cantar mais alto.<\/p>\n\n\n\n“Respondi que deveria ter algo j\u00e1 conhecido e publicado a respeito”, diz o pesquisador americano. “Pesquisamos ent\u00e3o na literatura e descobrimos que n\u00e3o havia nenhum estudo sobre o volume do canto da esp\u00e9cie. \u00c9 dif\u00edcil de acreditar, porque muita gente sabia que essa ave poderia ter o som mais alto do mundo. Mas antes de n\u00f3s, ningu\u00e9m havia conseguimos chegar ao lugar onde ela habita e grav\u00e1-lo e fazer uma boa medida dele. Falamos na hora: n\u00f3s temos que fazer isso.”<\/p>\n\n\n\nAssim, na expedi\u00e7\u00e3o do in\u00edcio deste ano, equipados com um decibel\u00edmetro, equipamento usados para medir o volume (ou amplitude) de sons, eles registraram o qu\u00e3o alto a araponga-da-amaz\u00f4nia canta. “Descobrimos que o volume m\u00e9dio emitido pela esp\u00e9cie \u00e9 de 117 dB, com um pico de 125 dB”, conta Podos.<\/p>\n\n\n\nSegundo ele, \u00e9 muito dif\u00edcil fazer compara\u00e7\u00f5es entre volumes de sons de diferentes emissores, porque a medida depende de v\u00e1rios fatores, como a dist\u00e2ncia da fonte, por exemplo.<\/p>\n\n\n\n“S\u00f3 \u00e9 poss\u00edvel comparar com o berro de alguns animais, que foram medidos por outros bi\u00f3logos usando a mesma metodologia e calibra\u00e7\u00e3o que empregamos”, explica. “\u00c9 o caso do bis\u00e3o-americano (Bison bison<\/em>), que chega a 107 dB, e do bugio (Alouatta guariba<\/em>), que atinge 104 dB. Portanto, o canto da araponga-da-amaz\u00f4nia \u00e9 mais alto do que o desses mam\u00edferos, o que \u00e9 incr\u00edvel, porque ela \u00e9 muito menor. Ele tamb\u00e9m \u00e9 musical, ent\u00e3o, se eu tivesse que fazer uma compara\u00e7\u00e3o, diria que tem mais ou menos o volume dos sons mais altos de um trombone ou de um trompete.”<\/p>\n\n\n\nAl\u00e9m do volume do canto e da musculatura avantajado, os pesquisadores fizeram outra descoberta inusitada.<\/p>\n\n\n\n<figure class=\"wp-block-image\"><img decoding=\"async\" src=\"https:\/\/ichef.bbci.co.uk\/news\/624\/cpsprodpb\/481C\/production\/_109306481_fmeadaaraponga.jpg\" alt=\"Uma araponga-da-Amaz\u00f4nia f\u00eamea no galho\"\/><figcaption>Uma araponga-da-Amaz\u00f4nia f\u00eamea; quando elas est\u00e3o por perto, eles cantam mais alto<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n“Os machos cantam mais alto quanto mais perto est\u00e3o das f\u00eameas”, explica Podos.<\/p>\n\n\n\n“Isso \u00e9 muito esquisito, porque normalmente, em outras esp\u00e9cies de animais, os sons de alto volume s\u00e3o usados para transmitir um sinal a longas dist\u00e2ncias. Isso mostra que temos de pesquisar mais sobre os sistemas de comunica\u00e7\u00e3o que existem entre os animais na\u00a0natureza. Ainda n\u00e3o sabemos por que machos da araponga-da-amaz\u00f4nia fazem isso. Esta \u00e9 a pergunta de um milh\u00e3o de d\u00f3lares. Um colega nosso levantou a hip\u00f3tese de que \u00e9 para incapacitar a f\u00eamea de avaliar outros machos. \u00c9 uma ideia muito interessante, mas ainda n\u00e3o temos nenhum pingo de dados a respeito.”<\/p>\n\n\n\nPor isso, os dois pesquisadores v\u00e3o continuar os estudos.<\/p>\n\n\n\n“Vamos nos aprofundar, tentando entender o que diferencia um macho do outro do ponto da vista da f\u00eamea”, explica Cohn-Haft.<\/p>\n\n\n\n“Al\u00e9m disso, queremos saber como \u00e9 mesmo a produ\u00e7\u00e3o desse som, quais as adapta\u00e7\u00f5es, as estruturas, que tornam poss\u00edvel sua emiss\u00e3o e, talvez, mais interessante ainda, descobrir como o volume n\u00e3o danifica a audi\u00e7\u00e3o nem do macho que canta e nem da f\u00eamea que ouve bem de perto. Tamb\u00e9m pode ter alguma aplica\u00e7\u00e3o pr\u00e1tica no futuro, como o desenvolvimento de equipamentos para prote\u00e7\u00e3o da nossa audi\u00e7\u00e3o.”<\/p>\n\n\n\nFonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"<div class=\"mh-excerpt\">Uma pequena ave, com cerca de 30 cm da ponta do bico \u00e0 da cauda, pesando em torno de 220 g (mais ou menos do tamanho de um pombo urbano) surpreendeu os pesquisadores que a estudaram recentemente: \u00e9 o animal que emite o som mais alto entre todos os que vivem no planeta \u2014 pelo menos dos que se tem registro. <a class=\"mh-excerpt-more\" href=\"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/10\/22\/154788-conheca-a-ave-brasileira-que-tem-o-canto-mais-alto-de-um-animal-ja-registrado.html\" title=\"Conhe\u00e7a a ave brasileira que tem o canto mais alto de um animal j\u00e1 registrado\"><\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":154789,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[405,2352,3519],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154788"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=154788"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154788\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":154790,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/154788\/revisions\/154790"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/154789"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=154788"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=154788"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=154788"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}