{"id":155165,"date":"2019-11-04T12:30:43","date_gmt":"2019-11-04T14:30:43","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=155165"},"modified":"2019-11-04T13:21:37","modified_gmt":"2019-11-04T15:21:37","slug":"rochas-da-terra-sao-capazes-de-absorver-quantidade-impressionante-de-carbono","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/11\/04\/155165-rochas-da-terra-sao-capazes-de-absorver-quantidade-impressionante-de-carbono.html","title":{"rendered":"Rochas da Terra s\u00e3o capazes de absorver quantidade impressionante de carbono"},"content":{"rendered":"\n
\"Vulc\u00e3o

Vulc\u00e3o Tungurahua em erup\u00e7\u00e3o durante o crep\u00fasculo. As erup\u00e7\u00f5es vulc\u00e2nicas representam uma forma pela qual a Terra devolve seu carbono interno \u00e0 superf\u00edcie.
FOTO DE MIKE THEISS, NAT GEO IMAGE COLLECTION<\/strong> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

J\u00e1 acumulei cerca de 12,2 quilos de carbono durante a minha vida adulta. Voc\u00ea tamb\u00e9m est\u00e1 transportando carbono: cerca de 18% do seu corpo \u00e9 constitu\u00eddo por \u00e1tomos de carbono. Todos esses \u00e1tomos j\u00e1 estiveram presentes nos alimentos que consumimos e, antes disso, no ar, nos oceanos, nas rochas e em outras formas de vida. O carbono, elemento proveniente de estrelas que explodiram, \u00e9 essencial para todas as formas de vida e, portanto, o fato de mais de 90% do carbono do planeta ser subterr\u00e2neo \u00e9 algo surpreendente.<\/p>\n\n\n\n

Ainda mais impressionante \u00e9 a descoberta de que a vida, na forma de micr\u00f3bios e bact\u00e9rias, prospera em tamanha abund\u00e2ncia quil\u00f4metros abaixo de nossos p\u00e9s que sua massa total de carbono \u00e9 at\u00e9 400 vezes maior que todos os 7,7 bilh\u00f5es de humanos na superf\u00edcie. O fato de um dos maiores ecossistemas da Terra estar nas profundezas do planeta \u00e9 apenas uma das diversas descobertas do projeto Observat\u00f3rio de Carbono Profundo (DCO na sigla em ingl\u00eas), que durou uma d\u00e9cada e reuniu 1,2 mil pesquisadores de 55 pa\u00edses para explorar o funcionamento interno do nosso planeta.<\/p>\n\n\n\n

O congresso do DCO aconteceu em Washington, D.C., de 24 a 26 de outubro, com centenas de cientistas de todo o mundo unidos para compartilhar e comemorar os resultados.<\/p>\n\n\n\n

\u201cAgora sabemos que a biosfera da Terra e sua geosfera s\u00e3o um sistema integrado e complexo, e o carbono \u00e9 a chave\u201d, afirma o Diretor Executivo do DCO, Robert Hazen, do Instituto Carnegie de Ci\u00eancia. \u201cEsta \u00e9 uma forma totalmente nova de olhar para o nosso planeta\u201d, diz Hazen em uma entrevista.<\/p>\n\n\n\n

Na \u00faltima d\u00e9cada, o DCO lan\u00e7ou 268 projetos e produziu 1,4 mil estudos revisados por pares. Veja alguns destaques das dezenas, ou talvez centenas, de novas descobertas surpreendentes sobre o interior da Terra, incluindo seu papel no in\u00edcio \u00e0 vida.<\/p>\n\n\n\n

\"Um

Um dos 31 novos minerais contendo carbono descobertos durante o Desafio Mineral de Carbono do DCO, o triazolito, foi encontrado no Chile. Acredita-se que tenha sido originado, em parte, do excremento do bigu\u00e1.
FOTO DE JOY DESOR, MINERALANALYTIK ANALYTICAL SERVICES<\/strong> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Entrada e sa\u00edda de carbono<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

O carbono das plantas e dos animais se aprofunda no solo devido ao processo de subduc\u00e7\u00e3o \u2014 quando as placas oce\u00e2nicas afundam abaixo das placas continentais \u2014 que ocorre h\u00e1 centenas de milh\u00f5es de anos. Esse carbono, que antes tinha vida, foi descoberto dentro de diamantes que se formaram 410 a 660 quil\u00f4metros abaixo da superf\u00edcie. Se permitido tempo suficiente, o carbono na forma de diamantes, rochas ou di\u00f3xido de carbono proveniente de emiss\u00f5es de vulc\u00f5es retorna \u00e0 superf\u00edcie, e recebe o brilho do Sol novamente.<\/p>\n\n\n\n

Em outras palavras, assim como n\u00f3s, o nosso planeta est\u00e1 constantemente ingerindo e expelindo carbono, geralmente na forma de di\u00f3xido de carbono (CO2<\/sub>). Esse ciclo de carbono que antes era est\u00e1vel foi interrompido, pois o homem passou a acelerar o retorno do carbono \u00e0 superf\u00edcie, escavando e queimando grandes quantidades de hidrocarbonetos: petr\u00f3leo, g\u00e1s e carv\u00e3o. Ao mesmo tempo, derrubar florestas, construir cidades e estradas, e transformar a superf\u00edcie prejudicaram a capacidade do planeta de ingerir carbono.<\/p>\n\n\n\n

Essa interrup\u00e7\u00e3o do ciclo do carbono \u00e9 o que chamamos de crise clim\u00e1tica, explica Hazen.<\/p>\n\n\n\n

\u201cAs mudan\u00e7as clim\u00e1ticas representam uma amea\u00e7a existencial \u00e0 humanidade, n\u00e3o em um futuro distante, mas na pr\u00f3xima gera\u00e7\u00e3o ou duas\u201d, afirma ele.<\/p>\n\n\n\n

Nos pr\u00f3ximos 20 a 40 anos, as emiss\u00f5es de CO2<\/sub> provenientes de combust\u00edveis f\u00f3sseis precisar\u00e3o ser eliminadas e grandes quantidades de CO2<\/sub> j\u00e1 existentes na atmosfera precisam ser removidas para evitar que o aquecimento global atinja n\u00edveis extremamente perigosos.<\/p>\n\n\n\n

No entanto novas informa\u00e7\u00f5es sobre o ciclo do carbono profundo revelado pelo DCO deixam Hazen esperan\u00e7oso. H\u00e1 m\u00e9todos naturais de sequestrar carbono que s\u00e3o \u201cincrivelmente poderosos\u201d, conta ele.<\/p>\n\n\n\n

Observando o crescimento das rochas<\/h3>\n\n\n\n

Um desses m\u00e9todos de sequestro envolve uma grande placa de rocha levantada do manto superior da Terra h\u00e1 muito tempo, na regi\u00e3o onde hoje \u00e9 o Om\u00e3. Conhecida como Ofiolito Samail, a eros\u00e3o e a vida microbiana dentro da rocha retiram o di\u00f3xido de carbono do ar e o transformam em minerais carbonatados.<\/p>\n\n\n\n

O processo \u00e9 t\u00e3o eficaz que \u201c\u00e9 poss\u00edvel observar o di\u00f3xido de carbono sendo sugado para fora da atmosfera e depositado na forma de rocha bem diante de nossos olhos\u201d, diz Hazan.<\/p>\n\n\n\n

Experimentos que bombearam fluidos ricos em carbono na forma\u00e7\u00e3o rochosa de ofiolito mostram que os minerais carbonatados se formam muito rapidamente. Isso poderia remover bilh\u00f5es de toneladas de CO2<\/sub> da atmosfera, embora fosse um projeto enorme e muito diferente para o Om\u00e3, que depende das receitas geradas pelo petr\u00f3leo, ele afirma.<\/p>\n\n\n\n

Ofiolitos tamb\u00e9m s\u00e3o encontrados na Am\u00e9rica do Norte, \u00c1frica e em outros lugares. Outra forma natural de sequestro de carbono envolve rochas de forma\u00e7\u00f5es de basalto, como as encontradas no Hava\u00ed, que podem absorver CO2<\/sub> do ar quando trituradas. Na Isl\u00e2ndia, outro projeto de sequestro natural do DCO, o CarbFix, envolve injetar fluidos contendo carbono no basalto e observ\u00e1-los serem convertidos em material s\u00f3lido.<\/p>\n\n\n\n

Essas novas descobertas sobre a capacidade da Terra de absorver carbono \u201cme deixam bastante otimista\u201d, diz Hazen.<\/p>\n\n\n\n

Um pouco sobre vidas alien\u00edgenas<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

O DCO tamb\u00e9m deu uma inje\u00e7\u00e3o de \u00e2nimo no que diz respeito \u00e0s possibilidades de vida em outros planetas. Diamantes puros n\u00e3o cont\u00eam nada al\u00e9m de carbono, mas a maioria apresenta pequenas impurezas. Eles podem resultar em joias de m\u00e1 qualidade, mas seu valor \u00e9 inestim\u00e1vel no campo da pesquisa. Essas impurezas, chamadas inclus\u00f5es, revelaram metano \u201cabi\u00f3tico\u201d como fonte de energia para a vida nas profundezas da Terra.<\/p>\n\n\n\n

Quando a \u00e1gua entra em contato com a olivina, mineral bastante abundante, sob intensa press\u00e3o, a rocha se transforma em outro mineral, a serpentina, e ainda produz metano abi\u00f3tico. Se os micr\u00f3bios conseguem sobreviver utilizando energia qu\u00edmica de rochas sob temperaturas e press\u00f5es extremas \u00e0 tamanha profundidade, o mesmo pode ocorrer em outros corpos planet\u00e1rios.<\/p>\n\n\n\n

A descoberta tamb\u00e9m alimenta a hip\u00f3tese de que a vida se originou primeiro e evoluiu nas profundezas do planeta, n\u00e3o nos oceanos, como se acredita amplamente.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO Observat\u00f3rio de Carbono Profundo produziu evid\u00eancias importantes\u201d para essa hip\u00f3tese, diz Jesse Ausubel, da Universidade Rockefeller e consultor cient\u00edfico da Funda\u00e7\u00e3o Alfred P. Sloan.<\/p>\n\n\n\n

Os diamantes tamb\u00e9m forneceram aos pesquisadores do DCO evid\u00eancias de que as profundezas da Terra abrigam mais \u00e1gua \u2014 em sua maioria aprisionada em cristais de minerais, como \u00edons, e n\u00e3o em sua forma l\u00edquida \u2014 do que todos os oceanos do mundo. Assim como o carbono, acredita-se que a subduc\u00e7\u00e3o das grandes placas continentais e oce\u00e2nicas tenha levado \u00e1gua \u00e0s profundezas do planeta.<\/p>\n\n\n\n

Alarmes da Terra<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

Os projetos do DCO que monitoram gases provenientes de vulc\u00f5es resultaram na primeira detec\u00e7\u00e3o de uma altera\u00e7\u00e3o na propor\u00e7\u00e3o de CO2<\/sub> para di\u00f3xido de enxofre (SO2<\/sub>) emitida antes da erup\u00e7\u00e3o de um vulc\u00e3o na Costa Rica, oferecendo um poss\u00edvel sistema de alerta precoce.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA altera\u00e7\u00e3o na propor\u00e7\u00e3o de gases antes de uma erup\u00e7\u00e3o era apenas uma teoria, mas o DCO nos permitiu desvendar isso\u201d, disse Sami Mikhail, da Universidade de St. Andrews. \u201cPode funcionar como uma campainha, que nos avisa quando tem algu\u00e9m \u00e0 porta.\u201d<\/p>\n\n\n\n

V\u00e1rios vulc\u00f5es pr\u00f3ximos a \u00e1reas povoadas, incluindo o Tungurahua, no Equador, o Etna, na It\u00e1lia, e o Soufri\u00e8re Hills, em Montserrat, est\u00e3o sendo monitorados. Essas e outras esta\u00e7\u00f5es de monitoramento de vulc\u00f5es tamb\u00e9m forneceram evid\u00eancias definitivas de que as emiss\u00f5es de CO2<\/sub> dos vulc\u00f5es correspondem a uma fra\u00e7\u00e3o min\u00fascula comparado \u00e0s emiss\u00f5es provenientes da queima de combust\u00edveis f\u00f3sseis. Os que negam o impacto da a\u00e7\u00e3o do homem nas mudan\u00e7as clim\u00e1ticas h\u00e1 muito culpam os vulc\u00f5es pelo aumento da concentra\u00e7\u00e3o de CO2<\/sub> na atmosfera.<\/p>\n\n\n\n

Embora o DCO tenha sido encerrado, a comunidade global de cientistas de carbono profundo continuar\u00e1 a realizar novas pesquisas e a trabalhar em pesquisas j\u00e1 existentes, com o apoio de subs\u00eddios da Nasa, da Funda\u00e7\u00e3o Nacional de Ci\u00eancias, da Funda\u00e7\u00e3o Alem\u00e3 de Pesquisa, do Instituto Canadense de Pesquisa Avan\u00e7ada e de outras institui\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

O Instituto de F\u00edsica do Globo de Paris ser\u00e1 utilizado para a nova sede.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Stephen Leahy – National Geographic <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

As profundezas do planeta oferecem uma poss\u00edvel solu\u00e7\u00e3o \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, solu\u00e7\u00e3o esta que \u00e9 s\u00f3lida como uma rocha. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":155166,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[77,481,1247,1580],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/155165"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=155165"}],"version-history":[{"count":2,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/155165\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":155168,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/155165\/revisions\/155168"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/155166"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=155165"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=155165"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=155165"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}