{"id":155314,"date":"2019-11-11T13:00:24","date_gmt":"2019-11-11T15:00:24","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=155314"},"modified":"2019-11-11T00:03:03","modified_gmt":"2019-11-11T02:03:03","slug":"conheca-algumas-curiosidades-de-como-e-viver-na-antartica","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/11\/11\/155314-conheca-algumas-curiosidades-de-como-e-viver-na-antartica.html","title":{"rendered":"Conhe\u00e7a algumas curiosidades de como \u00e9 viver na Ant\u00e1rtica"},"content":{"rendered":"\n
\"\"\/

Ant\u00e1rtica: regi\u00e3o chega a registrar 40\u00b0C negativos no inverno (Mauricio de Almeida – TV Brasil\/Ag\u00eancia Brasil)
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Durante a 38\u00aa Opera\u00e7\u00e3o da Marinha na\u00a0Ant\u00e1rtica\u00a0<\/strong>foi realizada uma inspe\u00e7\u00e3o para acertar os detalhes da\u00a0reinaugura\u00e7\u00e3o da Esta\u00e7\u00e3o Brasileira Comandante Ferraz\u00a0no continente gelado, prevista para janeiro de 2020.<\/p>\n\n\n\n

Desde a d\u00e9cada de 80, por meio do Programa Ant\u00e1rtico Brasileiro (Proantar), o Brasil contribui para o desenvolvimento da ci\u00eancia com pesquisas, principalmente, nas \u00e1reas de glaciologia, biologia marinha e meteorologia.<\/p>\n\n\n\n

\"\"\/

Ba\u00eda do Almirantado, na Ant\u00e1rtida (Alan Arrais\/NBR\/Ag\u00eancia Brasil)
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Quando eu recebi a not\u00edcia de que iria viajar para a Ant\u00e1rtica fiquei um pouco preocupado. Afinal quem nasceu e sempre morou no Rio de Janeiro n\u00e3o est\u00e1 acostumado com o frio. N\u00e3o tinha a menor ideia de como iria reagir diante de temperaturas negativas. Al\u00e9m de um poss\u00edvel problema de sa\u00fade surgiram algumas d\u00favidas como por exemplo: como vou tomar banho na Ant\u00e1rtica? Embarquei sem saber ao certo o que iria encontrar no continente gelado e volto para a casa com vontade de algum dia conseguir retornar ao extremo sul do planeta.<\/p>\n\n\n\n

Antes de chegar a Ant\u00e1rtica, \u00e9 claro que voc\u00ea precisa colocar roupas especiais, afinal a temperatura pode atingir menos 40 graus em algumas \u00e9pocas do ano. Por sorte eu cheguei no ver\u00e3o ant\u00e1rtico, quando o term\u00f4metro costuma girar em torno dos 6 graus negativos.<\/p>\n\n\n\n

Pode parecer pouco, mas para a regi\u00e3o isso \u00e9 considerado um dia quente. Esta foi justamente a primeira surpresa que eu tive logo depois de desembarcar no continente gelado. Ainda caminhando na pista do aeroporto da base chilena, o funcion\u00e1rio que nos acompanhava nos deu as boas-vindas e disse: \u201cVoc\u00eas deram sorte porque chegaram num dia quente\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Achei que era uma esp\u00e9cie de brincadeira, mas todos que moram na Ant\u00e1rtica estavam satisfeitos com o suposto \u201ccalor\u201d polar. No alojamento brasileiro na Ant\u00e1rtica, encontrei um militar com bermuda e camiseta que estava saindo para correr na praia da Ilha de Rei George, onde fica a Base Brasileira Comandante Ferraz. A imagem me impressionou e cheguei \u00e0 conclus\u00e3o de que para quem suporta menos 40 graus, 6 graus negativos \u00e9 o auge do ver\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

\"\"\/

Ba\u00eda do Almirantado, na Ant\u00e1rtida (Alan Arrais\/NBR\/Ag\u00eancia Brasil)
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Eu n\u00e3o tenho um perfil ant\u00e1rtico ent\u00e3o usava o tempo todo as roupas especiais. O problema era vestir o material. Ele \u00e9 composto por um macac\u00e3o, casaco, gorro, botas revestidas, \u00f3culos escuros e luvas. Todo o equipamento \u00e9 imperme\u00e1vel e com diversos lacres para evitar a entrada do vento polar. Voc\u00ea precisa vestir sobre a sua roupa mesmo para aumentar a prote\u00e7\u00e3o t\u00e9rmica. Pode parecer simples colocar essa roupa, mas n\u00e3o \u00e9.<\/p>\n\n\n\n

A vestimenta chamada de andaina tem um monte de locais para fechar e depois que voc\u00ea coloca a luva grossa fica sem tato algum. Caso algum bot\u00e3o ou z\u00edper n\u00e3o estejam completamente lacrados vai permitir a entrada do gelado vento Ant\u00e1rtico e voc\u00ea n\u00e3o vai suportar ficar fora da base. A maior dificuldade mesmo \u00e9 quando chega a hora de cal\u00e7ar a bota. Ela s\u00f3 entra \u00e0 for\u00e7a. Um detalhe: voc\u00ea precisa colocar e tirar a roupa v\u00e1rias vezes durante o dia porque dentro da esta\u00e7\u00e3o a temperatura \u00e9 aquecida. Ao longo do dia, fazendo minhas reportagens, eu precisava entrar e sair v\u00e1rias vezes da base, ent\u00e3o o troca-troca de roupa foi intenso.<\/p>\n\n\n\n

Tudo \u00e9 dif\u00edcil para um marinheiro de primeira viagem, mas na esta\u00e7\u00e3o brasileira existe um grupo especial de militares da Marinha, uma esp\u00e9cie de anjo da guarda dos visitantes. Eles nos acompanham o tempo todo e, gentilmente, ajudam os marujos rec\u00e9m-desembarcados no continente gelado. Eles tamb\u00e9m cuidam da nossa seguran\u00e7a, e sempre caminhamos pelo gelo acompanhados. Esta \u00e9 uma regra Ant\u00e1rtica nunca sair da base sozinho e sem r\u00e1dio. O clima \u00e9 muito inst\u00e1vel e voc\u00ea pode ficar sem condi\u00e7\u00f5es de voltar ou sofrer alguma queda no gelo e por isso a comunica\u00e7\u00e3o e a companhia podem ser a diferen\u00e7a entre a vida e a morte.<\/p>\n\n\n\n

Para evitar sujar o interior da esta\u00e7\u00e3o existe um vesti\u00e1rio logo na entrada. O primeiro procedimento \u00e9 mergulhar as botas (ainda cal\u00e7adas) num balde de \u00e1gua para limpar. Em seguida voc\u00ea tira a bota e deixa no meio de dezenas de botas iguais. Fiquei pensando como iria encontrar a minha depois, mas o grupo da base me orientou a colocar num local destinado aos visitantes e n\u00e3o tive problemas.<\/p>\n\n\n\n

Agora vamos a quest\u00e3o do banho. Achei que seria imposs\u00edvel, mas foi uma experi\u00eancia bem tranquila. Logo na chegada, o chefe da base ensinou como funcionava o sistema de \u00e1gua e consegui tomar um banho normal. Nem parecia que estava num lugar t\u00e3o gelado. Ali\u00e1s, dentro da base voc\u00ea pode usar roupas normais porque a temperatura \u00e9 agrad\u00e1vel. Na hora de dormir, os quartos possuem um sistema de aquecimento especial e voc\u00ea escolhe a temperatura. No primeiro dia, nossa equipe n\u00e3o conseguiu ligar o aquecedor e acordamos quase congelados no meio da noite. Mais uma vez os militares do grupo nos salvaram e mostraram como o equipamento funcionava.<\/p>\n\n\n\n

Outra preocupa\u00e7\u00e3o que eu tinha era com a comida, mas a alimenta\u00e7\u00e3o foi perfeita. A base brasileira tem um grande estoque que \u00e9 transportado para o local por navios da Marinha. Tudo \u00e9 cozinhado l\u00e1 mesmo e a comida \u00e9 deliciosa.<\/p>\n\n\n\n

\"\"\/

Estrogonofe: prato faz parte do card\u00e1pio de base brasileira (Mauricio de Almeida – TV Brasil\/Ag\u00eancia Brasil)
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Na hora de sair da base, voc\u00ea precisa passar protetor solar e reaplicar v\u00e1rias vezes ao dia porque sem ele certamente vai ficar queimado pelos fortes reflexos do sol nas camadas de gelo. O \u00fanico problema de reaplicar, no meu caso, foi que o protetor congelou durante uma caminhada. Ali\u00e1s, o protetor labial que eu levei tamb\u00e9m estava congelado e a tela do celular de um colega de equipe deixou de funcionar por causa do frio. Al\u00e9m disso, o cabo flex\u00edvel do microfone da c\u00e2mera ficou duro ao ser exposto a uma fina camada de neve. O cabo congelou, justamente, na hora da minha participa\u00e7\u00e3o ao vivo no telejornal, e ningu\u00e9m sabia o que poderia acontecer, mas a transmiss\u00e3o foi perfeita debaixo da neve. Tudo muito normal: afinal voc\u00ea est\u00e1 na Ant\u00e1rtica. <\/p>\n\n\n\n

Fonte: Ag\u00eancia Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"