{"id":155940,"date":"2019-12-09T13:00:00","date_gmt":"2019-12-09T16:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=155940"},"modified":"2019-12-08T19:43:22","modified_gmt":"2019-12-08T22:43:22","slug":"misteriosa-zona-de-falhas-tectonicas-descoberta-no-litoral-da-california-nos-eua","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/12\/09\/155940-misteriosa-zona-de-falhas-tectonicas-descoberta-no-litoral-da-california-nos-eua.html","title":{"rendered":"Misteriosa zona de falhas tect\u00f4nicas descoberta no litoral da Calif\u00f3rnia, nos EUA"},"content":{"rendered":"\n
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O rec\u00e9m-descoberto sistema de falhas tect\u00f4nicas localiza-se na Ba\u00eda de Monterey, no litoral da Calif\u00f3rnia, Estados Unidos.
FOTO DE\u00a0FRANS LANTING, NAT GEO IMAGE COLLECTIVE<\/strong> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Abaixo das \u00e1guas cer\u00faleas da Ba\u00eda de Monterey, alguns quil\u00f4metros ao sudoeste de Santa Cruz, Calif\u00f3rnia, nos Estados Unidos, foi descoberto um grupo nunca antes visto de falhas tect\u00f4nicas \u00e0 espreita no leito oce\u00e2nico.<\/p>\n\n\n\n

Essas\u00a0rec\u00e9m-descobertas rugas na crosta terrestre, descritas em um artigo publicado na\u00a0Science<\/em>, continuam, em grande parte, um mist\u00e9rio. N\u00e3o sabemos muito sobre o tamanho, o formato ou o n\u00edvel de atividade delas. Ainda assim, as descobertas indicam que, mesmo em um dos cantos mais submetidos a estudos s\u00edsmicos do planeta, os mapas de falhas tect\u00f4nicas do leito oce\u00e2nico cont\u00eam lacunas. E isso \u00e9 um grande problema, porque, se n\u00e3o conhecermos as falhas tect\u00f4nicas do fundo do mar, as comunidades litor\u00e2neas n\u00e3o ficar\u00e3o sabendo de poss\u00edveis novas amea\u00e7as de terremotos ou tsunamis.<\/p>\n\n\n\n

A nova pesquisa tamb\u00e9m oferece uma solu\u00e7\u00e3o ao nosso ponto cego tect\u00f4nico: podemos fazer uso das\u00a0centenas de milhares quil\u00f4metros de cabos de fibra \u00f3ptica\u00a0que transportam e-mails, tu\u00edtes e mensagens de v\u00eddeo de um lado para o outro da Terra todos os dias. Os cientistas descobriram as novas falhas litor\u00e2neas na Calif\u00f3rnia pegando emprestado um cabo de fibra \u00f3ptica da espessura de uma mangueira de jardim, que passa pelo leito oce\u00e2nico da Ba\u00eda de Monterey, e transformando-o num arranjo s\u00edsmico improvisado.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores esperam que esse novo m\u00e9todo seja um dia utilizado para coletar dados s\u00edsmicos valiosos nas grandes cidades j\u00e1 alimentadas por redes de cabos de telecomunica\u00e7\u00e3o de fibra \u00f3ptica, mas que n\u00e3o tenham or\u00e7amento ou espa\u00e7o f\u00edsico para instalar milhares de sism\u00f3grafos. Enquanto isso, \u00e9 poss\u00edvel reorganizar os cabos que estejam localizados diretamente na costa litor\u00e2nea dos grandes centros populacionais de modo que sirvam de espinha dorsal para\u00a0novos sistemas de alerta precoce.<\/p>\n\n\n\n

\u201cS\u00e3o muitas as possibilidades\u201d, afirma o coautor do estudo\u00a0Craig Dawe, do Instituto de Pesquisa do Aqu\u00e1rio da Ba\u00eda de Monterey. \u201cNo mundo inteiro, h\u00e1 uma grande quantidade de cabos de fibra \u00f3ptica instalados.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Luz no fundo do mar<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

Em toda a costa oeste dos Estados Unidos, uma densa rede de esta\u00e7\u00f5es s\u00edsmicas proporciona aos ge\u00f3logos um fluxo cont\u00ednuo de informa\u00e7\u00f5es sobre o movimento da crosta terrestre, permitindo-lhes monitorar as zonas de falhas tect\u00f4nicas conhecidamente ativas e identificar novos tremores sem demora. O problema \u00e9 que, assim que se levanta vela nos mares do Pac\u00edfico, o n\u00famero de esta\u00e7\u00f5es s\u00edsmicas cai drasticamente. Os mapas de falhas tect\u00f4nicas dispon\u00edveis tamb\u00e9m ficam mais irregulares, o que significa que, muitas vezes, mais do que apenas surdos aos terremotos submarinos, n\u00f3s nem temos certeza de onde procur\u00e1-los.<\/p>\n\n\n\n

\u201cNa regi\u00e3o da costa, achamos que entendemos tudo sobre a crosta terrestre\u201d, diz o autor do estudo\u00a0Nate Lindsey, doutorando na Universidade da Calif\u00f3rnia, Berkeley. \u201cMas, em alto mar, \u00e9 como se a ilumina\u00e7\u00e3o fosse feita por postes de rua \u2014 quando se tem um poste de rua no leito oce\u00e2nico, d\u00e1 para ver alguma coisa. S\u00f3 que n\u00e3o temos muita ilumina\u00e7\u00e3o nessa \u00e1rea\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Lindsey e seus colegas v\u00eam tentando iluminar as profundezas com uma nova t\u00e9cnica chamada sensoriamento ac\u00fastico distribu\u00eddo. O m\u00e9todo consiste em lan\u00e7ar pulsos de luz laser por meio de um cabo de fibra \u00f3ptica at\u00e9 encontrar pequenas varia\u00e7\u00f5es de densidade nos fios de fibra de vidro que causem o retorno da luz em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 fonte. Essas varia\u00e7\u00f5es s\u00e3o influenciadas pela movimenta\u00e7\u00e3o no solo, o que significa que os sism\u00f3logos podem utilizar os padr\u00f5es de retrodifus\u00e3o para\u00a0detectar terremotos\u00a0ou at\u00e9 mesmo\u00a0descobrir novas estruturas de falhas tect\u00f4nicas.<\/p>\n\n\n\n

\u201cPodemos obter a mesma quantidade de informa\u00e7\u00f5es como se houvesse um sism\u00f3grafo a cada dois metros na \u00e1rea\u201d, afirma\u00a0Philippe Jousset, geof\u00edsico do GFZ – Centro Alem\u00e3o de Pesquisas em Geoci\u00eancias, que n\u00e3o participou do estudo. \u201cPodemos aumentar a resolu\u00e7\u00e3o especial num fator de cem, talvez at\u00e9 mais.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Lindsey e seus colegas passaram cerca de oito meses validando a t\u00e9cnica por meio de medi\u00e7\u00f5es que utilizavam um cabo terrestre instalado pelo\u00a0Departamento de Energia\u00a0dos Estados Unidos, pr\u00f3ximo a Sacramento. Ent\u00e3o, em mar\u00e7o de 2018, apresentou-se uma oportunidade de teste do m\u00e9todo em mar aberto, quando o cabo do Sistema de Pesquisa Acelerada de Monterey, ou MARS, saiu do ar por conta de uma manuten\u00e7\u00e3o programada.<\/p>\n\n\n\n

Normalmente, esse feixe de fios de fibra \u00f3ptica, de 51 quil\u00f4metros de comprimento, transporta energia a um\u00a0observat\u00f3rio permanente em alto mar. Por\u00e9m, durante quatro dias, Lindsey e seus colegas lan\u00e7aram luz laser pelo cabo j\u00e1 desenergizado e coletaram dados s\u00edsmicos. A luz viajou cerca de 19 quil\u00f4metros, criando efetivamente uma rede de 10 mil sism\u00f3grafos submarinos.<\/p>\n\n\n\n

Durante o experimento, um terremoto de 3,4 de magnitude atingiu a \u00e1rea litor\u00e2nea pr\u00f3xima a Gilroy, Calif\u00f3rnia. As ondas s\u00edsmicas oriundas do terremoto agitaram o leito oce\u00e2nico, espalhando parte da energia com seu movimento pelas zonas de falhas e, assim, iluminando o grupo de falhas tect\u00f4nicas ainda n\u00e3o visto naquela \u00e1rea.<\/p>\n\n\n\n

Jogada s\u00edsmica decisiva<\/strong><\/h3>\n\n\n\n

Agora que foi comprovado que o m\u00e9todo funciona em mar aberto, a equipe est\u00e1 ansiosa por v\u00ea-lo aplicado em outros ambientes oce\u00e2nicos, especialmente em regi\u00f5es litor\u00e2neas sujeitas a amea\u00e7as s\u00edsmicas conhecidas.<\/p>\n\n\n\n

Esse tipo de ausculta\u00e7\u00e3o s\u00edsmica tem, atualmente, um limite de alcance de algumas dezenas de quil\u00f4metros em termos de dist\u00e2ncia lateral. Mas o m\u00e9todo pode proporcionar um monitoramento s\u00edsmico detalhado de diversos ambientes em alto mar ainda pouco estudados, como a zona de subduc\u00e7\u00e3o de Cascadia, na regi\u00e3o noroeste do oceano Pac\u00edfico.<\/p>\n\n\n\n

As fibras submarinas j\u00e1 presentes na regi\u00e3o litor\u00e2nea dos estados de Oregon e Washington \u201cpodem ser operacionalizadas para fornecer dados para o monitoramento e alerta precoce de tsunamis e terremotos e para a realiza\u00e7\u00e3o de estudos cient\u00edficos b\u00e1sicos de \u00e1reas ainda obscuras\u201d, diz\u00a0Paul Bodin, gerente da rede\u00a0Pacific Northwest Seismic Network, por e-mail. O novo estudo, ele acrescenta, proporciona \u201cuma ‘espiada de 4 dias pelo buraco da fechadura’ daquilo que, no futuro, faremos 24 horas por dia, 7 dias por semana\u201d.<\/p>\n\n\n\n

E, embora n\u00e3o seja t\u00e3o surpreendente encontrar falhas tect\u00f4nicas novas nessa parte da plataforma continental da Calif\u00f3rnia, j\u00e1 que \u00e9 uma \u00e1rea de bastante atividade s\u00edsmica, o aprofundamento das pesquisas ajudar\u00e1 os cientistas a avaliarem a estrutura desses retratos tect\u00f4nicos e identificar se apresentam algum risco.<\/p>\n\n\n\n

A equipe de Lindsey espera ainda cooptar o cabo do MARS durante cerca de um ano para coletar mais dados sobre o ambiente s\u00edsmico. Dawe observa que o recente experimento s\u00f3 conseguiu iluminar uma parte do leito oce\u00e2nico pelo qual passa o cabo do MARS, mas que, com mais refinamento tecnol\u00f3gico, os cientes poder\u00e3o iluminar toda essa extens\u00e3o \u2014 o que pode levar a outras descobertas inesperadas.<\/p>\n\n\n\n

\u201cSe pudermos monitorar toda a extens\u00e3o, seremos capazes de mapear as falhas tect\u00f4nicas em todo seu trajeto\u201d, afirma. \u201cEssa, sim, ser\u00e1 uma jogada decisiva.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Madeleine Stone – National Geographic <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Novo m\u00e9todo, que utiliza cabos de fibra \u00f3ptica, detectou o sistema antes oculto \u2014 podendo revelar outras surpresas s\u00edsmicas ao redor do mundo. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":155941,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[3729,1519,4200,121,125],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/155940"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=155940"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/155940\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":155942,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/155940\/revisions\/155942"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/155941"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=155940"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=155940"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=155940"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}