{"id":156103,"date":"2019-12-17T09:00:00","date_gmt":"2019-12-17T12:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=156103"},"modified":"2019-12-16T21:11:02","modified_gmt":"2019-12-17T00:11:02","slug":"por-que-as-zebras-tem-listras-os-cientistas-que-tentam-responder-a-antiga-pergunta","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/12\/17\/156103-por-que-as-zebras-tem-listras-os-cientistas-que-tentam-responder-a-antiga-pergunta.html","title":{"rendered":"Por que as zebras t\u00eam listras? Os cientistas que tentam responder \u00e0 antiga pergunta"},"content":{"rendered":"\n
\"Em
Da camuflagem a uma ‘marca de identidade pr\u00f3pria’, j\u00e1 foram muitas as hip\u00f3teses para tentar explicar por que as zebras s\u00e3o listradas<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Em fevereiro de 2019, em uma fazenda no Reino Unido, ocorreu um experimento fascinante. Bi\u00f3logos da Universidade da Calif\u00f3rnia, especializados em evolu\u00e7\u00e3o, vestiram v\u00e1rios cavalos com casac\u00f5es listrados como zebras, comparando-os a zebras de verdade.<\/p>\n\n\n\n

O objetivo era responder a uma pergunta que h\u00e1 muito tempo intriga leigos e cientistas: por que as zebras t\u00eam listras?<\/p>\n\n\n\n

“As pessoas falam sobre listras de zebras h\u00e1 mais de cem anos, mas \u00e9 apenas uma quest\u00e3o de realmente fazer experimentos e refletir sobre a inc\u00f3gnita para entend\u00ea-las melhor”, diz Tim Caro, ecologista da Universidade St. Andrews, na Esc\u00f3cia, que estuda as listras das zebras h\u00e1 quase duas d\u00e9cadas.<\/p>\n\n\n\n

Na fazenda, de propriedade de Terri Hill, uma apaixonada pela\u00a0conserva\u00e7\u00e3o\u00a0de equ\u00eddeos selvagens, Caro encontrou uma rara oportunidade de observar de perto zebras relativamente mansas. O rebanho dali \u00e9 formado por animais que vieram de zool\u00f3gicos de diversos locais no Reino Unido.<\/p>\n\n\n\n

Como e por que as zebras evolu\u00edram para exibir listras em preto e branco s\u00e3o perguntas que tamb\u00e9m testam os cientistas h\u00e1 bastante tempo. \u00c9 poss\u00edvel listar pelo menos 18 hip\u00f3teses para isso, desde a fun\u00e7\u00e3o da camuflagem \u00e0 de identifica\u00e7\u00e3o, como acontece com a impress\u00e3o digital nos humanos.<\/p>\n\n\n\n

Mas, tamb\u00e9m por um longo tempo, essas possibilidades foram apresentadas sem serem submetidas a testes rigorosos.<\/p>\n\n\n\n

\"No
Bi\u00f3logos colocaram cavalos em casacos com estampa de zebra para observar como as moscas reagiam a eles<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Preto com listras brancas?<\/h2>\n\n\n\n

As zebras, como os cavalos e asnos, fazem parte do g\u00eanero Equus.<\/p>\n\n\n\n

As tr\u00eas esp\u00e9cies conhecidas de zebras que vagam pelo leste e sul da \u00c1frica, com seus pelos escuros divididos por fios brancos e n\u00e3o pigmentados, s\u00e3o os \u00fanicos equ\u00eddeos listrados. Os padr\u00f5es e a intensidade das faixas variam de acordo com a esp\u00e9cie e a localiza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto os cientistas ainda debatem as origens e fun\u00e7\u00f5es exatas das listras, seus esfor\u00e7os recentes se concentram em tr\u00eas possibilidades principais: elas seriam uma ferramenta contra picadas de insetos; ou teriam fun\u00e7\u00e3o de termorregula\u00e7\u00e3o; ou ainda a de prote\u00e7\u00e3o contra predadores.<\/p>\n\n\n\n

Moscas que picam e sugam sangue s\u00e3o uma amea\u00e7a comum aos animais<\/a> da \u00c1frica. As mutucas e ts\u00e9-ts\u00e9, entre outras, transmitem tamb\u00e9m doen\u00e7as como a do sono, a peste equina africana e a influenza equina, potencialmente fatal.<\/p>\n\n\n\n

O pelo fino da zebra n\u00e3o seria uma barreira t\u00e3o eficaz contra as picadas dos insetos. Mas an\u00e1lises feitas em moscas ts\u00e9-ts\u00e9, por exemplo, n\u00e3o encontraram vest\u00edgios de sangue de zebra.<\/p>\n\n\n\n

Muitos estudos j\u00e1 mostraram que as moscas tendem a n\u00e3o pousar em superf\u00edcies listradas. Evid\u00eancias consistentes vieram em 2014 com um estudo de Caro e colegas. Eles combinaram dados sobre clima, presen\u00e7a de le\u00f5es e tamanho de rebanhos de zebras e relacionaram isso a informa\u00e7\u00f5es sobre as listras de zebras na \u00e1rea.<\/p>\n\n\n\n

\"Diversas
As moscas s\u00e3o uma amea\u00e7a comum aos animais da \u00c1frica, levando \u00e0 hip\u00f3tese de que as listras das zebras sejam um mecanismo de defesa contra os insetos<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

As faixas eram mais pronunciadas em ambientes que favorecem a presen\u00e7a de moscas, de acordo com Caro.<\/p>\n\n\n\n

Este ano, a pesquisa realizada pela equipe dele na fazenda de Terri Hill lan\u00e7ou avan\u00e7ou mais um passo. Os bi\u00f3logos observaram moscas em torno de zebras e cavalos – alguns destes vestindo casacos pretos, outros brancos e listrados.<\/p>\n\n\n\n

As moscas pairavam em zebras e cavalos em quantidades semelhantes, mas muito menos moscas pousavam em zebras – ou em cavalos com casacos listrados.<\/p>\n\n\n\n

Ao tentar pousar nas listras, as moscas n\u00e3o desaceleravam como fariam chegando a uma superf\u00edcie n\u00e3o listrada. \u00c9 como se elas hesitassem e desistissem.<\/p>\n\n\n\n

“Parece que elas n\u00e3o reconheciam essa superf\u00edcie em preto e branco como um bom ponto de aterrissagem”, explica o pesquisador da Universidade St. Andrews.<\/p>\n\n\n\n

Caro diz que sua equipe est\u00e1 trabalhando com “muitos dados ainda n\u00e3o publicados” de v\u00eddeos de moscas chegando perto de diferentes padr\u00f5es de superf\u00edcies.<\/p>\n\n\n\n

E, na Universidade de Princeton, EUA, o bi\u00f3logo Daniel Rubenstein e seus colaboradores est\u00e3o abordando a quest\u00e3o por meio da “vis\u00e3o da mosca em realidade virtual”.<\/p>\n\n\n\n

Refresco<\/h2>\n\n\n\n

No entanto, outros pesquisadores que estudam zebras, como Alison Cobb, t\u00e9cnica de laborat\u00f3rio aposentada, e o zo\u00f3logo Stephen Cobb, de Oxford, no Reino Unido, n\u00e3o est\u00e3o convencidos pela explica\u00e7\u00e3o da blindagem contra parasitas.<\/p>\n\n\n\n

Eles acreditam que as faixas de zebra ajudam principalmente na termorregula\u00e7\u00e3o. Enquanto Alison reconhece as descobertas de Caro, ela acha que picadas de insetos “parecem um efeito sem muita import\u00e2ncia” para ter impulsionado a evolu\u00e7\u00e3o das listras de zebra.<\/p>\n\n\n\n

“Toda zebra deve evitar o aquecimento. J\u00e1 as moscas aparecer\u00e3o em certos lugares e em determinadas \u00e9pocas do ano, mas n\u00e3o s\u00e3o uma amea\u00e7a t\u00e3o definitiva ou frequente quanto o superaquecimento”, diz Cobb.<\/p>\n\n\n\n

A ideia b\u00e1sica dos pesquisadores \u00e9 a de que as listras pretas absorveriam o calor e aqueceriam as zebras na manh\u00e3; j\u00e1 as listras brancas refletem mais a luz e, portanto, poderiam ajudar a refrescar os animais enquanto eles pastam por horas sob o sol escaldante. Essa l\u00f3gica aparentemente simples \u00e9 alvo de controv\u00e9rsia entre cientistas.<\/p>\n\n\n\n

\"Uma
As tr\u00eas esp\u00e9cies conhecidas de zebras que vagam pela \u00c1frica s\u00e3o os \u00fanicos equ\u00eddeos listrados<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Caro e sua equipe encontraram apenas uma fraca sobreposi\u00e7\u00e3o espacial entre padr\u00f5es de faixas das zebras e temperaturas altas.<\/p>\n\n\n\n

Um ano depois, um estudo de modelagem espacial com zebras-das-plan\u00edcies, liderado por Brenda Larison, da Universidade da Calif\u00f3rnia, encontrou listras mais fortes em \u00e1reas mais quentes ou com luz solar mais intensa.<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 agora, as experi\u00eancias tamb\u00e9m n\u00e3o trouxeram mais clareza. Um estudo de 2018 descobriu que a \u00e1gua em barris pintados com listras n\u00e3o esfriava mais que a nos barris sem listras.<\/p>\n\n\n\n

Mas Rubenstein n\u00e3o est\u00e1 convencido – ele acha que esse experimento teve poucas amostras. Segundo ele, um estudo em andamento conduzido por sua equipe com um n\u00famero maior de garrafas de \u00e1gua mostra que as faixas ajudam no resfriamento.<\/p>\n\n\n\n

Citando informa\u00e7\u00f5es ainda n\u00e3o publicadas, ele diz que, analisando as temperaturas de diversos animais, descobriu que as zebras s\u00e3o alguns graus mais “frias” que os animais n\u00e3o listrados.<\/p>\n\n\n\n

Mas barris e garrafas n\u00e3o conseguem representar todas as partes do mecanismo de resfriamento de uma zebra – o que talvez torne esses estudos muito simples para explicar completamente o objetivo das listras das zebras.<\/p>\n\n\n\n

Como cavalos e humanos, as zebras esfriam suando. A evapora\u00e7\u00e3o do suor remove muito calor, mas a evapora\u00e7\u00e3o deve ocorrer rapidamente, caso contr\u00e1rio o suor fica preso e faz o animal ficar dentro de uma pr\u00f3pria sauna. Por isso, os equ\u00eddeos t\u00eam uma prote\u00edna chamada laterina que ajuda a espalhar o suor nas pontas dos pelos, aumentando a exposi\u00e7\u00e3o ao ar e \u00e0 evapora\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

No Journal of Natural History, os Cobbs relataram em junho que, nas horas mais quentes do dia, as listras pretas das zebras estavam consistentemente 12 a 15 \u00baC acima das listras brancas.<\/p>\n\n\n\n

Eles prop\u00f5em que a constante diferen\u00e7a de temperatura entre as faixas geraria uma esp\u00e9cie de circula\u00e7\u00e3o de ar. Outro mecanismo descrito por eles foi a ere\u00e7\u00e3o de pelos pretos, que ajudariam a reter ou liberar o calor e suor.<\/p>\n\n\n\n

Camuflagem?<\/h2>\n\n\n\n

Quanto \u00e0 \u00faltima hip\u00f3tese, a das listras tendo a fun\u00e7\u00e3o de prote\u00e7\u00e3o contra predadores, Caro \u00e9 c\u00e9tico.<\/p>\n\n\n\n

Em sua monografia de 2016, ele listou in\u00fameras evid\u00eancias contrariando esta hip\u00f3tese. Por exemplo, as zebras passam a maior parte do tempo em campos abertos, onde suas listras s\u00e3o evidentes; e pouco tempo na floresta, onde elas poderiam servir como camuflagem. Al\u00e9m disso, a tend\u00eancia delas \u00e9 de fugir da amea\u00e7a, e n\u00e3o de se esconder.<\/p>\n\n\n\n

E os le\u00f5es n\u00e3o t\u00eam demonstrado muitas dificuldades em comer zebras.<\/p>\n\n\n\n

Rubenstein, no entanto, ainda est\u00e1 testando esta hip\u00f3tese, segundo ele a “mais dif\u00edcil” de verificar entre todas.<\/p>\n\n\n\n

Ele observa que estudos anteriores apenas testaram se as listras confundem os seres humanos, mas n\u00e3o os le\u00f5es. Assim, sua equipe est\u00e1 estudando como os le\u00f5es atacam objetos listrados e n\u00e3o listrados.<\/p>\n\n\n\n

Portanto, a d\u00favida sobre por que as zebras t\u00eam listras continua, e a resposta permanece inconclusiva. E n\u00e3o sem riscos – Stephen Cobb foi mordido no bra\u00e7o e internado duas vezes no hospital durante seus experimentos.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Em fevereiro de 2019, em uma fazenda no Reino Unido, ocorreu um experimento fascinante. Bi\u00f3logos da Universidade da Calif\u00f3rnia, especializados em evolu\u00e7\u00e3o, vestiram v\u00e1rios cavalos com casac\u00f5es listrados como zebras, comparando-os a zebras de verdade. O objetivo era responder a <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":156104,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[405,4139,1519,3765],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/156103"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=156103"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/156103\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":156105,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/156103\/revisions\/156105"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/156104"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=156103"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=156103"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=156103"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}