{"id":156130,"date":"2019-12-18T11:33:00","date_gmt":"2019-12-18T14:33:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=156130"},"modified":"2019-12-17T22:40:09","modified_gmt":"2019-12-18T01:40:09","slug":"vaca-muerta-a-arriscada-aposta-da-argentina-no-fracking","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2019\/12\/18\/156130-vaca-muerta-a-arriscada-aposta-da-argentina-no-fracking.html","title":{"rendered":"Vaca Muerta, a arriscada aposta da Argentina no fracking"},"content":{"rendered":"\n
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Vista a\u00e9rea de um po\u00e7o de g\u00e1s em Loma de la Lata, Anelo, prov\u00edncia de Neuqu\u00e9n, Argentina<\/strong><\/em><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Po\u00e7os de petr\u00f3leo que aparecem entre cultivos de frutas, casebres com rachaduras, chamas brotando de gasodutos comp\u00f5em a paisagem de Vaca Muerta, localizada a oeste da Patag\u00f4nia, um enorme reservat\u00f3rio de petr\u00f3leo e g\u00e1s n\u00e3o convencional da Argentina, situado em uma forma\u00e7\u00e3o geol\u00f3gica rica em restos de dinossauros.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 a segunda maior reserva de g\u00e1s de xisto do mundo e a quarta de petr\u00f3leo n\u00e3o convencional, por isso \u00e9 uma esp\u00e9cie de El Dorado para um pa\u00eds atingido por crises crises econ\u00f4micas e com uma moeda inst\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

Mas seus habitantes alertam sobre os efeitos do fracking, a fra\u00e7\u00e3o hidr\u00e1ulica, uma t\u00e9cnica controvertida e sob a lupa de ambientalistas.<\/p>\n\n\n\n

“Dizem que esses recursos pertencem a eles e que a economia do pa\u00eds depende disso. Mas afetam o ecossistema. A \u00e1gua, o ar, est\u00e3o contaminados, as plantas secam, doen\u00e7as que antes n\u00e3o existiam aparecem”, afirma Lorena Bravo, porta-voz da comunidade mapuche de Campo Maripe, que enfrenta as empresas de petr\u00f3leo e tenta interromper sua atividade.<\/p>\n\n\n\n

O dep\u00f3sito de Vaca Muerta se estende por mais de 30.000 km2 na Patag\u00f4nia, entre as prov\u00edncias de Neuqu\u00e9n, R\u00edo Negro, La Pampa e Mendoza.<\/p>\n\n\n\n

Representa 43% da produ\u00e7\u00e3o total de petr\u00f3leo (505.000 barris por dia em julho) e 60% da produ\u00e7\u00e3o de g\u00e1s (144 milh\u00f5es de metros c\u00fabicos de g\u00e1s).<\/p>\n\n\n\n

– “Ilegal em terra mapuche” –<\/p>\n\n\n\n

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Porta-voz ind\u00edgena mapuche Lorena Bravo, envolta em uma bandeira mapuche perto de uma usina de g\u00e1s em Campo Maripe, em Anelo, prov\u00edncia de Neuqu\u00e9n, Argentina, na Forma\u00e7\u00e3o Vaca Muerta, em 28 de novembro de 2019<\/strong>
<\/em> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A\u00f1elo foi h\u00e1 alguns anos uma pequena aldeia no meio do deserto da Patag\u00f4nia, onde havia pastagens de cabras e cordeiros.<\/p>\n\n\n\n

Hoje foi transformada em uma cidade de 8.000 habitantes, a grande maioria vinda do exterior, onde abundam hot\u00e9is para trabalhadores do petr\u00f3leo e um enorme cassino est\u00e1 sendo constru\u00eddo.<\/p>\n\n\n\n

Nos arredores, vivem \u00edndios mapuche que reivindicam o direito em suas terras e afirmam que tiveram que passar pela polui\u00e7\u00e3o causada pelo fracking, necess\u00e1rio para a extra\u00e7\u00e3o de hidrocarbonetos n\u00e3o convencionais.<\/p>\n\n\n\n

“O fracking \u00e9 uma atividade ilegal no territ\u00f3rio mapuche. Nosso direito de ser consultado n\u00e3o foi cumprido”, diz Jorge Nahuel, um dos l\u00edderes da Confedera\u00e7\u00e3o Mapuche de Neuqu\u00e9n.<\/p>\n\n\n\n

“Nossos territ\u00f3rios est\u00e3o em um lago de combust\u00edvel. O resultado \u00e9 polui\u00e7\u00e3o e morte. Os animais nascem com malforma\u00e7\u00f5es”, enfatiza.<\/p>\n\n\n\n

– Terra f\u00e9rtil, terra arrasada –<\/p>\n\n\n\n

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Vaca Muerta \u00e9 um enorme dep\u00f3sito de petr\u00f3leo e g\u00e1s<\/strong><\/em> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Outras cidades pr\u00f3ximas, como Allen e Fern\u00e1ndez Oro, viram suas planta\u00e7\u00f5es de frutas diminu\u00edrem devido ao avan\u00e7o das companhias de petr\u00f3leo que alugam ou compram as fazendas para explora\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

No final do s\u00e9culo XIX, aquelas terras \u00e1ridas das quais os mapuches foram expulsos com massacres voltaram-se para a agricultura com um sistema de irriga\u00e7\u00e3o de canais, alimentado pelas \u00e1guas retiradas do rio Neuqu\u00e9n.<\/p>\n\n\n\n

Com os imigrantes europeus, a regi\u00e3o se tornou a principal \u00e1rea de cultivo de ma\u00e7\u00e3s e peras na Argentina.<\/p>\n\n\n\n

“A atividade petrol\u00edfera tem muita hist\u00f3ria na regi\u00e3o, mas sempre esteve em \u00e1reas despovoadas. Al\u00e9m do fracking, nos \u00faltimos sete ou oito anos a mudan\u00e7a tem sido a abordagem de explora\u00e7\u00e3o de centros populacionais e \u00e1reas de produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola”, explica Agust\u00edn Gonz\u00e1lez, da Faculdade de Ci\u00eancias Agr\u00edcolas da Universidade Nacional de Comahue.<\/p>\n\n\n\n

Segundo esse especialista, em 30 anos foram perdidos 20.000 hectares produtivos e isso intensifica o aquecimento global.<\/p>\n\n\n\n

“Devido \u00e0s caracter\u00edsticas das culturas, que possuem uma prote\u00e7\u00e3o natural dos ventos com barreiras de \u00e1lamo e que recebem uma irriga\u00e7\u00e3o por inunda\u00e7\u00e3o dos campos que cultivam grama selvagem, os solos das fazendas acumulam entre 3% e 4% da mat\u00e9ria org\u00e2nica, contra 0,5% do solo do deserto”, explica.<\/p>\n\n\n\n

“Isso implica 1.200 kg de sequestro de carbono por ano e por hectare na safra de ma\u00e7\u00e3, por exemplo”, diz Gonz\u00e1lez.<\/p>\n\n\n\n

Mariano Lav\u00edn, prefeito de Fern\u00e1ndez Oro, se op\u00f5e \u00e0 atividade petrol\u00edfera em seu munic\u00edpio, at\u00e9 agora dedicada a ma\u00e7\u00e3s, peras, l\u00fapulo e vinhedos.<\/p>\n\n\n\n

“Ap\u00f3s a atividade petrol\u00edfera, a terra n\u00e3o \u00e9 mais recuper\u00e1vel”, diz Lav\u00edn, angustiado, e que se prepara para aprovar um novo c\u00f3digo de uso da terra que regula onde e sob que condi\u00e7\u00f5es ela pode ser desenvolvida.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 uma atividade muito particular, que s\u00f3 pode ser explorada com fra\u00e7\u00e3o hidr\u00e1ulica. Precisa de restri\u00e7\u00f5es”, explica.<\/p>\n\n\n\n

Embora a atividade petroleira deixe royalties para as prov\u00edncias e os munic\u00edpios em que \u00e9 realizada, para Lav\u00edn isso n\u00e3o \u00e9 atraente o suficiente. “Preferimos pera, ma\u00e7\u00e3, vinho e cerveja”, enfatiza.<\/p>\n\n\n\n

– Casas com rachaduras –<\/p>\n\n\n\n

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Vista de uma explos\u00e3o de g\u00e1s em Anelo, Argentina, na Forma\u00e7\u00e3o Vaca Muerta, em 27 de novembro de 2019<\/strong>
<\/em> <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Sauzal Bonito \u00e9 uma cidade pequena com uma \u00fanica rua pavimentada perto da hidrel\u00e9trica e do reservat\u00f3rio de Los Barreales. L\u00e1, as casas mostram rachaduras e os habitantes reclamam de terremotos cont\u00ednuos que n\u00e3o sentiam antes.<\/p>\n\n\n\n

“Tr\u00eas anos atr\u00e1s, os tremores come\u00e7aram. Na minha casa houve danos, peda\u00e7os de paredes ca\u00edram”, conta Marisol Sandoval, m\u00e3e de dois filhos.<\/p>\n\n\n\n

Na cidade, o governo da prov\u00edncia interditou tr\u00eas casas que eram inabit\u00e1veis.<\/p>\n\n\n\n

“Nossos s\u00e3o pr\u00e9dios antigos, as casas s\u00e3o feitas de tijolos de barro. Estamos em uma zona de petr\u00f3leo. Eles deveriam pelo menos vir nos dar uma palestra a respeito”, diz Sandoval.<\/p>\n\n\n\n

Nos arredores de Allen, Roxana Valverde, uma agricultora de 44 anos e m\u00e3e de seis filhos, tamb\u00e9m vive em uma casa prec\u00e1ria e fraturada.<\/p>\n\n\n\n

“O fracking nos afetou bastante. Temos casas destru\u00eddas e outras com rachaduras nas paredes devido \u00e0 vibra\u00e7\u00e3o de caminh\u00f5es passando. H\u00e1 muitas crian\u00e7as com problemas respirat\u00f3rios. Diminu\u00edram as lavouras, existem muitos descampados que eram anteriormente fazendas de frutas e vegetais”, descreve.<\/p>\n\n\n\n

“Tentamos comprar em outro lugar, mas, como estamos cercados por empresas de petr\u00f3leo, tudo \u00e9 muito caro e n\u00e3o h\u00e1 muita sa\u00edda”, lamenta Valverde.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: AFP<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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