{"id":156460,"date":"2020-01-13T10:00:00","date_gmt":"2020-01-13T13:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=156460"},"modified":"2020-01-12T20:50:48","modified_gmt":"2020-01-12T23:50:48","slug":"uma-semana-sem-ver-o-ceu-brasileiro-relata-como-e-viver-na-australia-em-meio-as-queimadas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/01\/13\/156460-uma-semana-sem-ver-o-ceu-brasileiro-relata-como-e-viver-na-australia-em-meio-as-queimadas.html","title":{"rendered":"Uma semana sem ver o c\u00e9u: brasileiro relata como \u00e9 viver na Austr\u00e1lia em meio \u00e0s queimadas"},"content":{"rendered":"\n
\"Marcos
‘N\u00e3o conseguia ver nada al\u00e9m de 100 metros’, lembra Marcos Guimar\u00e3es, de 32 anos<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Na cidade mais populosa da Austr\u00e1lia, o brasileiro Marcos Guimar\u00e3es, de 32 anos, passou uma semana inteira sem conseguir enxergar o c\u00e9u. O motivo: a fuma\u00e7a gerada pelas queimadas que atingem o pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

“Fiquei uma semana sem ver o c\u00e9u. Dava sensa\u00e7\u00e3o de claustrofobia, por n\u00e3o ver o mar, n\u00e3o ver o c\u00e9u. Voc\u00ea se sente confinado.”<\/p>\n\n\n\n

O brasiliense, que vive h\u00e1 mais de dois anos em Sydney, conta que agora precisa lidar com um novo fator na rotina: \u00e9 a quantidade de fuma\u00e7a que determina se as pessoas v\u00e3o conseguir sair de casa \u2014 com ou sem m\u00e1scara \u2014 ou se v\u00e3o cancelar os compromissos.<\/p>\n\n\n\n

“De noite j\u00e1 d\u00e1 para ter uma ideia. Agora, por exemplo, estou conseguindo ver a lua, mas com fuma\u00e7a. A gente come\u00e7a a ver que amanh\u00e3 n\u00e3o vai ser bom. Eu acordo e a primeira coisa que vejo s\u00e3o as not\u00edcias do dia para ver se t\u00e1 ok sair ou n\u00e3o.”<\/p>\n\n\n\n

Seca e fogo<\/h2>\n\n\n\n

A Austr\u00e1lia est\u00e1 vivendo\u00a0uma de suas piores temporadas de inc\u00eandios florestais, alimentados por temperaturas recorde e meses de seca extrema. As queimadas no pa\u00eds j\u00e1 levaram pessoas a evacuarem suas casas e, segundo trabalhadores de emerg\u00eancia que combatem as chamas, a situa\u00e7\u00e3o pode piorar.<\/p>\n\n\n\n

Sydney \u00e9 a capital de New South Wales, Estado em que o governo declarou situa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia devido aos diversos focos de inc\u00eandio. Embora n\u00e3o haja queimadas na cidade de Sydney, \u00e1reas pr\u00f3ximas est\u00e3o entre as mais afetadas.<\/p>\n\n\n\n

\"inc\u00eandios
Os inc\u00eandios na Austr\u00e1lia j\u00e1 deixaram milh\u00f5es de hectares arrasados pelas queimadas<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Para quem vive em Sydney, Guimar\u00e3es lembra que o pior per\u00edodo at\u00e9 agora foi no in\u00edcio do m\u00eas de dezembro, com inc\u00eandios na regi\u00e3o das Blue Mountains (Montanhas Azuis), famosas pelo tom azul quando vistas \u00e0 dist\u00e2ncia.<\/p>\n\n\n\n

“Eu me senti num filme p\u00f3s-apocal\u00edptico. N\u00e3o conseguia ver nada al\u00e9m de 100 metros, e todo mundo de m\u00e1scara. D\u00e1 medo do que est\u00e1 acontecendo”, disse em entrevista por telefone \u00e0 BBC News Brasil.<\/p>\n\n\n\n

No \u00e2mbito profissional, tamb\u00e9m sentiu impacto. Como representante comercial de uma startup brasileira que vende polpas de frutas para caf\u00e9s e restaurantes na Austr\u00e1lia, viu as vendas diminu\u00edrem. “Voc\u00ea n\u00e3o vai sair de casa para tomar a\u00e7a\u00ed se n\u00e3o est\u00e1 conseguindo respirar.”<\/p>\n\n\n\n

Embora haja dias em que a vida parece voltar ao normal \u2014 como nesta sexta-feira (10), quando o dia amanheceu ensolarado e Guimar\u00e3es chegou at\u00e9 a ir \u00e0 praia \u2014, o alastramento dos inc\u00eandios gera apreens\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

“Eu sinto medo. Parece que n\u00e3o vai acabar nunca, isso tem se prolongado. A sensa\u00e7\u00e3o \u00e9 que n\u00e3o h\u00e1 controle dos inc\u00eandios. N\u00e3o vou sair correndo, mas penso: se chegar aqui, tem como evacuar? Isso me d\u00e1 medo, mas ainda n\u00e3o me faz correr.”<\/p>\n\n\n\n

\"inc\u00eandios
Regi\u00e3o de New South Wales \u00e9 uma das mais afetadas pelas chamas<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Morte e destrui\u00e7\u00e3o<\/h2>\n\n\n\n

O total de \u00e1rea queimada na Austr\u00e1lia desde o in\u00edcio da temporada\u00a0de inc\u00eandios, em junho de 2019, foi de 10,7 milh\u00f5es de hectares at\u00e9 esta quarta-feira (8), de acordo com o jornal The Guardian, que est\u00e1 compilando dados comunicados por todos os Estados australianos.<\/p>\n\n\n\n

Os inc\u00eandios est\u00e3o acontecendo em regi\u00f5es das costas leste e sul, que \u00e9 onde vive a maioria das pessoas no pa\u00eds. Desde setembro do ano passado, os inc\u00eandios deixaram um saldo de ao menos 24 mortos e dezenas de desaparecidos.<\/p>\n\n\n\n

A Austr\u00e1lia sempre teve inc\u00eandios florestais, mas no ano passado e neste est\u00e3o piores que o normal.<\/p>\n\n\n\n

O consenso cient\u00edfico \u00e9 que os n\u00edveis crescentes de CO2 est\u00e3o esquentando o planeta. Faz cada vez mais calor na Austr\u00e1lia nas \u00faltimas d\u00e9cadas e a previs\u00e3o \u00e9 de que isso continue se agravando.<\/p>\n\n\n\n

Embora os inc\u00eandios fa\u00e7am parte do ciclo clim\u00e1tico australiano, especialistas advertiram durante muito tempo que esse clima mais quente e seco iria contribuir para que os inc\u00eandios ficassem cada vez mais frequentes e intensos.<\/p>\n\n\n\n

Os padr\u00f5es clim\u00e1ticos mais extremos e as temperaturas mais altas aumentam o risco dos inc\u00eandios florestais e fazem com que se espalhem mais rapidamente e por uma \u00e1rea maior.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m dos efeitos para os seres humanos, as chamas est\u00e3o sendo devastadoras para a vida silvestre das regi\u00f5es afetadas. Um estudo acad\u00eamico estima que\u00a0480 milh\u00f5es de animais morreram s\u00f3 em New South Wales.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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