![\"\"](\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2020\/02\/abelha-1.jpg\")
<\/figure>\n\n\n\nPesquisadores da Embrapa Agroind\u00fastria Tropical (CE) e da Universidade Federal do Cear\u00e1 (UFC) estudaram o comportamento das abelhas nas flores dos cinco principais tipos de meloeiro cultivados no Brasil: Amarelo, Cantaloupe, Charentais, G\u00e1lia e Pele de Sapo. Os cientistas associaram as visitas aos compostos vol\u00e1teis emanados. Eles observaram correla\u00e7\u00f5es positivas entre o n\u00famero de visitas e a quantidade de D-Limoneno e Benzalde\u00eddo e correla\u00e7\u00f5es negativas com \u03b1-Pinene.<\/p>\n\n\n\n
\u201cO composto vol\u00e1til mais comum na flor do mel\u00e3o est\u00e1 correlacionado com a n\u00e3o visita\u201d, conta o pesquisador da Embrapa Fernando Arag\u00e3o, que desenvolve um trabalho com melhoramento gen\u00e9tico do mel\u00e3o e h\u00e1 nove anos estuda, em parceria com a UFC, a poliniza\u00e7\u00e3o na cultura.<\/p>\n\n\n\n
O pesquisador Guilherme Zocolo, que trabalhou com a identifica\u00e7\u00e3o dos compostos vol\u00e1teis no Laborat\u00f3rio Multiusu\u00e1rio de Qu\u00edmica de Produtos Naturais da Embrapa, explica que pode parecer estranha a presen\u00e7a de um composto repelente nas flores do mel\u00e3o, mas a subst\u00e2ncia funciona para proteger as plantas de insetos fit\u00f3fagos, comedores de flores e folhas. \u201c\u00c9 uma defesa da planta para afastar insetos-praga\u201d, esclarece.
O experimento<\/p>\n\n\n\n
Nos plantios comerciais, um tipo s\u00f3 de meloeiro ocupa grandes \u00e1reas, por isso, \u00e9 dif\u00edcil associar varia\u00e7\u00f5es no comportamento das abelhas aos diferentes tipos de mel\u00e3o. Para realizar o estudo, foram instaladas quarenta parcelas, sendo oito repeti\u00e7\u00f5es de cada tipo de meloeiro, em uma mesma \u00e1rea, por dois anos consecutivos.<\/p>\n\n\n\n
Os pesquisadores acompanharam todo forrageio das abelhas. Coletaram tamb\u00e9m dados sobre as caracter\u00edsticas da flor, do n\u00e9ctar, do p\u00f3len e sobre os compostos vol\u00e1teis exalados. Cruzaram todas as informa\u00e7\u00f5es para observar os fatores que influenciavam na visita\u00e7\u00e3o e avaliaram os efeitos na produ\u00e7\u00e3o e qualidade do fruto.<\/p>\n\n\n\n
O professor Breno Freitas, coordenador do Grupo de Pesquisa com Abelhas da UFC, conta que durante os estudos, os pesquisadores perceberam que o mel\u00e3o cantaloupe, que foi significativamente mais visitado que os demais, apresentava apenas um composto repelente e em pequena quantidade, o \u03b1-Pinene, e v\u00e1rios compostos atrativos. O mel\u00e3o amarelo tem alguns compostos atrativos, mas em uma quantidade menor que o cantaloupe, e apresenta apenas um repelente, mas em uma quantidade bem maior. \u201cO charentais tem um atrativo em pequena quantidade e o resto repelente, alguns em grande quantidade. Isso explica por que a abelha visita menos as flores desse tipo de meloeiro.\u201d
Abelha \u00e9 respons\u00e1vel por 80% da produ\u00e7\u00e3o<\/p>\n\n\n\n
\u201cFicou demonstrado que \u00e9 necess\u00e1rio fazer um manejo de poliniza\u00e7\u00e3o ajustado para cada tipo de meloeiro\u201d, conclui Freitas. Para o professor, o estudo \u00e9 importante porque a poliniza\u00e7\u00e3o com Apis mellifera \u00e9 respons\u00e1vel por 80% da produ\u00e7\u00e3o de mel\u00e3o. \u201cOs produtores de mel\u00e3o usam col\u00f4nias de abelhas na \u00e1rea porque, sem elas, n\u00e3o conseguem cobrir nem os custos de produ\u00e7\u00e3o\u201d, revela.<\/p>\n\n\n\n
Al\u00e9m de auxiliar no manejo das abelhas na poliniza\u00e7\u00e3o dos cultivos, o resultado do estudo ser\u00e1 \u00fatil para programas de melhoramento gen\u00e9tico do meloeiro. \u201cCom o melhoramento gen\u00e9tico \u00e9 poss\u00edvel aumentar a concentra\u00e7\u00e3o dos componentes que atraem a abelha, para que ela visite mais as flores do meloeiro\u201d, afirma Arag\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
A ideia, segundo ele, \u00e9 come\u00e7ar a identificar os gen\u00f3tipos que apresentem maior concentra\u00e7\u00e3o dos componentes mais atraentes ou menor concentra\u00e7\u00e3o dos compostos menos atraentes ou repelentes. \u201cPor meio de biologia molecular, com marcadores, poderemos identificar genes que est\u00e3o associados \u00e0 produ\u00e7\u00e3o dos compostos interessantes e come\u00e7ar a trabalhar no sentido de fixar esses genes nas novas popula\u00e7\u00f5es\u201d, completa.<\/p>\n\n\n\n
Arag\u00e3o salienta que a maioria das culturas atualmente cultivadas \u00e9 produto de programas de melhoramento gen\u00e9tico de plantas, realizados para selecionar caracter\u00edsticas desejadas, mas, de modo geral, n\u00e3o houve preocupa\u00e7\u00e3o com caracter\u00edsticas florais relacionadas \u00e0 atra\u00e7\u00e3o de polinizadores. Com base nos resultados do estudo, outra possibilidade \u00e9 produzir uma formula\u00e7\u00e3o comercial utilizando as mol\u00e9culas envolvidas na atra\u00e7\u00e3o da abelha para auxiliar no processo de poliniza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Freitas salienta que a melhoria da efici\u00eancia da poliniza\u00e7\u00e3o \u00e9 uma forma de aumentar a produtividade agr\u00edcola, ou seja, aumentar a produ\u00e7\u00e3o na \u00e1rea j\u00e1 cultivada sem a necessidade de expandir o cultivo para novas \u00e1reas. \u201c\u00c9 uma das maneiras de atender ao aumento da popula\u00e7\u00e3o e \u00e0 necessidade de produ\u00e7\u00e3o de alimento com menor impacto ambiental\u201d, declara.\n\n<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"