{"id":157066,"date":"2020-02-14T14:27:00","date_gmt":"2020-02-14T17:27:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=157066"},"modified":"2020-10-21T20:04:47","modified_gmt":"2020-10-21T23:04:47","slug":"pesquisa-aponta-reducao-drastica-de-besouros-na-amazonia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/02\/14\/157066-pesquisa-aponta-reducao-drastica-de-besouros-na-amazonia.html","title":{"rendered":"Pesquisa aponta redu\u00e7\u00e3o dr\u00e1stica de besouros na Amaz\u00f4nia"},"content":{"rendered":"\n
\"besouro
El Ni\u00f1o est\u00e1 ligado \u00e0 redu\u00e7\u00e3o do n\u00famero de besouros rola-bosta na Amaz\u00f4nia<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A popula\u00e7\u00e3o de besouros na Amaz\u00f4nia caiu para um ter\u00e7o do total original ap\u00f3s o El Ni\u00f1o registrado de 2014 a 2016, aponta um estudo publicado na edi\u00e7\u00e3o desta semana do peri\u00f3dico Biotropica<\/em>. O levantamento soma-se a tantas outras pesquisas recentes que mostram um cen\u00e1rio alarmante: o mundo pode estar perto de um apocalipse dos insetos. E esse cen\u00e1rio \u00e9 muito grave para a viabilidade da vida na Terra.<\/p>\n\n\n\n

“Condi\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas extremas, aliadas \u00e0s atividades humanas, como degrada\u00e7\u00e3o florestal, inc\u00eandios e desmatamento, est\u00e3o causando grandes perdas para os insetos”, afirma \u00e0 DW Brasil o bi\u00f3logo Filipe Fran\u00e7a, um dos autores do trabalho, resultado de uma parceria entre a Embrapa Amaz\u00f4nia Oriental do Brasil e a Universidade de Lancaster no Reino Unido no \u00e2mbito da Rede Amaz\u00f4nia Sustent\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 suficientemente preocupante quando mostramos que mais da metade dos besouros foram perdidos ap\u00f3s o evento clim\u00e1tico do El Ni\u00f1o, mas o problema n\u00e3o para por a\u00ed. Nossos resultados tamb\u00e9m mostram que a contribui\u00e7\u00e3o desses besouros para espalhar nutrientes e sementes nas florestas foi reduzida, respectivamente, em 67% e 22%”, diz.<\/p>\n\n\n\n

Ou seja: os besouros cumprem um papel ambiental important\u00edssimo para a biodiversidade. Com um menor n\u00famero deles, o equil\u00edbrio fica em risco. Para a pesquisa, foram considerados os besouros da fam\u00edlia Scarabaidae, conhecidos como rola-bosta.<\/p>\n\n\n\n

Fran\u00e7a e a equipe realizaram coletas de 98 esp\u00e9cies de Scarabaidae na Amaz\u00f4nia em tr\u00eas momentos \u2013 em cada uma delas, ficaram cerca de quatro meses na floresta: 2010, 2016 e 2017. Na primeira leva, foram recolhidos 8 mil exemplares. Na segunda e na terceira, respectivamente 3.700 e 2.600, nos mesmos terrenos e com a mesma metodologia.<\/p>\n\n\n\n

“Quando algu\u00e9m est\u00e1 com febre, j\u00e1 sabemos que \u00e9 um sinal de que algo n\u00e3o est\u00e1 funcionando bem no corpo daquela pessoa”, compara. “N\u00e3o \u00e9 diferente com florestas, que apresentam diversos componentes que permitem a manuten\u00e7\u00e3o da sa\u00fade ambiental.”<\/p>\n\n\n\n

O bi\u00f3logo aponta os besouros rola-bosta realizam importante contribui\u00e7\u00e3o ao ecossistema ao espalhar nutrientes e sementes presentes nas fezes dos animais. “Essas atividades ecol\u00f3gicas contribuem tanto para o fornecimento de adubo para as plantas, quanto para a recupera\u00e7\u00e3o da vegeta\u00e7\u00e3o a partir das sementes dispersadas”, diz.<\/p>\n\n\n\n

Fran\u00e7a afirma que embora os efeitos do El Ni\u00f1o tenham sido os causadores da situa\u00e7\u00e3o, a culpa tamb\u00e9m \u00e9 do ser humano \u2013 o aquecimento global est\u00e1 aumentando eventos do tipo, em frequ\u00eancia, dura\u00e7\u00e3o e intensidade, diz. <\/p>\n\n\n\n

“Eu esperaria que as secas mais frequentes e extremas previstas para a regi\u00e3o, aliadas \u00e0s temperaturas mais altas gra\u00e7as ao aquecimento global e \u00e0s atividades humanas, causem ainda mais perdas nas popula\u00e7\u00f5es de insetos na Amaz\u00f4nia”, prev\u00ea.<\/p>\n\n\n\n

Sobre a amostragem, ele explica como \u00e9 representativo escolher os rola-bosta para tal pesquisa. “Eles t\u00eam cerca de 7 mil esp\u00e9cies conhecidas no mundo, e de 10% a 12% delas est\u00e3o presentes no Brasil”, contextualiza.<\/p>\n\n\n\n

“Apocalipse de insetos”<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A comunidade cient\u00edfica n\u00e3o esconde a preocupa\u00e7\u00e3o com cen\u00e1rios do tipo. No \u00faltimo dia 6 de janeiro, um grupo internacional de cientistas publicou na revista Nature Ecology & Evolution <\/em>uma carta alertando sobre a necessidade de evitar esse “apocalipse dos insetos”.<\/p>\n\n\n\n

Diversos outros estudos mostram que um conjunto de atividades humanas associadas \u00e0 expans\u00e3o da agricultura, perda e fragmenta\u00e7\u00e3o dos habitats naturais e mudan\u00e7as clim\u00e1ticas est\u00e3o causando extin\u00e7\u00f5es locais e tamb\u00e9m dr\u00e1sticas perdas nas popula\u00e7\u00f5es de insetos ao redor do mundo, n\u00e3o apenas nas florestas mas tamb\u00e9m em outros ecossistemas”, salienta Fran\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

\"Bi\u00f3logo<\/a><\/figure>\n\n\n\n

Uma pesquisa realizada por cientistas europeus publicada em outubro passado na Nature <\/em>constatou que houve grande queda de artr\u00f3podes em campos de pastagens e florestas alem\u00e3s. Os invent\u00e1rios foram realizados entre 2008 e 2017 e contemplaram 2.700 esp\u00e9cies em tr\u00eas regi\u00f5es do pa\u00eds. Em termos de abund\u00e2ncia, foi aferida uma queda e 78% dos bichos.<\/p>\n\n\n\n

“Outra pesquisa, nas florestas de Porto Rico, observou redu\u00e7\u00f5es entre 80 e 95% nas popula\u00e7\u00f5es de insetos nos \u00faltimo 35 anos”, aponta Fran\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

A bi\u00f3loga Adriane Esquivel-Muelbert, pesquisadora da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, demonstra preocupa\u00e7\u00e3o frente a dados assim. “Somando as evid\u00eancias de v\u00e1rios grupos de animais e plantas estamos cada vez mais certos de que mudan\u00e7as ambientais est\u00e3o colocando em risco a rica diversidade das florestas e os servi\u00e7os que elas prestam para o planeta”, afirma \u00e0 DW Brasil.<\/p>\n\n\n\n

“Esse estudo [realizado pela equipe de Fran\u00e7a] \u00e9 mais uma valiosa evid\u00eancia disso. Agora nos resta usar essas informa\u00e7\u00f5es para mudar nossas a\u00e7\u00f5es e reverter a grande crise ambiental que vivemos. N\u00e3o h\u00e1 tempo a perder.”<\/p>\n\n\n\n

Abelhas<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Quando se pensa em insetos e sua import\u00e2ncia para o meio ambiente, geralmente o que vem \u00e0 mente s\u00e3o as abelhas.<\/p>\n\n\n\n

“A import\u00e2ncia delas para a produ\u00e7\u00e3o de alimentos atrav\u00e9s da poliniza\u00e7\u00e3o \u00e9 essencial para a humanidade, mas isto est\u00e1 sendo amea\u00e7ado pela perda desse grupo de insetos”, explica Fran\u00e7a. “A t\u00edtulo de exemplo, uma pesquisa recente liderada pela Embrapa mostrou como dist\u00farbios antr\u00f3picos est\u00e3o amea\u00e7ando a poliniza\u00e7\u00e3o do a\u00e7a\u00ed na Amaz\u00f4nia.”<\/p>\n\n\n\n

De acordo com a Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas para a Alimenta\u00e7\u00e3o e a Agricultura (FAO), mais de 75% dos cultivos destinados \u00e0 alimenta\u00e7\u00e3o humana dependem da poliniza\u00e7\u00e3o para ter qualidade e produtividade. <\/p>\n\n\n\n

O sumi\u00e7o das abelhas passou a ser notado h\u00e1 mais de 100 anos. Este fen\u00f4meno ganhou at\u00e9 nome: S\u00edndrome do Colapso das Abelhas. Nos anos 1970, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos come\u00e7ou a mensurar o problema. O decl\u00ednio das popula\u00e7\u00f5es do bicho j\u00e1 era dram\u00e1tico. O cen\u00e1rio foi se consolidando na virada do mil\u00eanio.<\/p>\n\n\n\n

Entre as causas apontadas por pesquisadores est\u00e1 o uso indiscriminado de pesticidas agr\u00edcolas, a polui\u00e7\u00e3o e a perda de habitats \u2013 causada pelo avan\u00e7o da urbaniza\u00e7\u00e3o. Para se ter uma ideia, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, apenas entre os anos de 2006 e 2007, de 30 a 60% das abelhas desapareceram da Calif\u00f3rnia \u2013 sendo que em algumas regi\u00f5es do pa\u00eds, como o Texas, o decl\u00ednio chegou a 70%. \u00d3rg\u00e3os europeus tamb\u00e9m acenderam a luz vermelha, com registros semelhantes em pa\u00edses como B\u00e9lgica, Fran\u00e7a, It\u00e1lia, Portugal e Espanha.<\/p>\n\n\n\n

Assim como as abelhas, os besouros s\u00e3o necess\u00e1rios para o equil\u00edbrio ambiental. “Como um todo, s\u00e3o o grupo de animais mais biodiverso do planeta”, afirma Fran\u00e7a. “Os rola-bosta s\u00e3o t\u00e3o importantes quanto as abelhas, tanto para a humanidade quanto para os ecossistemas naturais.”<\/p>\n\n\n\n

“Os insetos s\u00e3o as pequenas coisas que fazem o mundo funcionar”, aponta o bi\u00f3logo. “Pense no que voc\u00ea comeu nos \u00faltimos dias, e eu garanto que os benef\u00edcios trazidos pelos insetos influenciaram a produ\u00e7\u00e3o da maioria das frutas, vegetais, cereais e at\u00e9 mesmo da carne.”<\/p>\n\n\n\n

A import\u00e2ncia dos insetos vai muito al\u00e9m dos benef\u00edcios para humanidade, destaca Fran\u00e7a. “Eles tamb\u00e9m s\u00e3o extremamente importantes para manter os ecossistemas terrestres e at\u00e9 mesmo aqu\u00e1tico, tanto atrav\u00e9s da sua contribui\u00e7\u00e3o como alimento para diversos outros animais na cadeia alimentar, quanto atrav\u00e9s dos processos ecol\u00f3gicos que eles participam, como na ciclagem de nutrientes, poliniza\u00e7\u00e3o, dispers\u00e3o de sementes, dentre muitas outras atividades”, resume.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Condi\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas extremas e atividades humanas v\u00eam afetando insetos no planeta. Na Amaz\u00f4nia, caiu para menos da metade a popula\u00e7\u00e3o dos besouros rola-bosta, que espalham nutrientes e sementes na floresta. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":157067,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[32,4872,3625,384,953],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/157066"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=157066"}],"version-history":[{"count":2,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/157066\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":164547,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/157066\/revisions\/164547"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/157067"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=157066"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=157066"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=157066"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}