{"id":157317,"date":"2020-02-28T14:44:00","date_gmt":"2020-02-28T17:44:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=157317"},"modified":"2020-02-27T21:48:42","modified_gmt":"2020-02-28T00:48:42","slug":"bambu-eletrico-cientistas-brasileiros-transformam-planta-em-substituta-para-fios-e-canos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/02\/28\/157317-bambu-eletrico-cientistas-brasileiros-transformam-planta-em-substituta-para-fios-e-canos.html","title":{"rendered":"‘Bambu el\u00e9trico’: cientistas brasileiros transformam planta em substituta para fios e canos"},"content":{"rendered":"\n
\"Planta\u00e7\u00e3o
Cientistas brasileiros transformam bambu em conector de l\u00edquidos e eletricidade<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Uma casa constru\u00edda sem fios, encanamentos ou cabos. E que todos esses materiais fossem substitu\u00eddos por uma \u00fanica instala\u00e7\u00e3o: pain\u00e9s de bambu.<\/p>\n\n\n\n

Cientistas brasileiros desenvolveram conectores de bambu capazes de conduzir eletricidade e l\u00edquidos por meio dos microcanais da espessura de um fio de cabelo localizados na estrutura da planta. A ideia \u00e9 que no futuro conjuntos desses canais sejam agrupados e aplicados na constru\u00e7\u00e3o civil para construir paredes.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m de baratear o im\u00f3vel, usar o bambu como mat\u00e9ria-prima pode tornar o processo mais simples e sustent\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

Com verba destinada pela Funda\u00e7\u00e3o de Amparo \u00e0 Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), os autores do estudo patentearam a ideia em agosto de 2019. Eles ainda publicaram um artigo sobre o assunto no Journal Material Chemistry A, da Royal Society of Chemistry, no Reino Unido.<\/p>\n\n\n\n

Hoje, eles j\u00e1 pensam no pr\u00f3ximo passo e est\u00e3o debru\u00e7ados em experimentos, na tentativa de descobrir como transmitir dados por esses microcanais naturais.<\/p>\n\n\n\n

A ideia de analisar as estruturas do bambu surgiu quando o pesquisador Omar Pandoli, do departamento de qu\u00edmica da PUC Rio, fazia um p\u00f3s doutorado na China h\u00e1 dez anos. Na \u00e9poca, ele conheceu o professor pioneiro em usar a planta como elemento de refor\u00e7o leve e sustent\u00e1vel ao concreto na constru\u00e7\u00e3o civil \u2014 no lugar do a\u00e7o. <\/p>\n\n\n\n

\"Omar
Pesquisador come\u00e7ou a estudar os microcanais dos bambus h\u00e1 10 anos durante p\u00f3s doutorado na China<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Na \u00e9poca, o professor pediu para que Omar tentasse preencher os microcanais internos do bambu com algum material em escala nanom\u00e9trica. A inten\u00e7\u00e3o era aumentar a durabilidade e torn\u00e1-lo mais resistente a ataques de micr\u00f3bios e \u00e0 pr\u00f3pria decomposi\u00e7\u00e3o natural.<\/p>\n\n\n\n

“Ele queria preencher o bambu com algo que refor\u00e7asse a estrutura sem perder as caracter\u00edsticas originais. Na \u00e9poca, tentei preencher com prata, que era a coisa mais barata”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

Durante os estudos, ele percebeu que o bambu, ao contr\u00e1rio de outras plantas estudadas, possui microcanais dispostos em linhas naturalmente isoladas. Isso possibilita que sejam transportados materiais diferentes lado a lado sem que eles entrem em contato entre si. Uma vareta de bambu seria capaz de conduzir corrente el\u00e9trica e \u00e1gua sem que eles tenham contato. Algo complexo e caro, ele explica, caso fosse produzido industrialmente.<\/p>\n\n\n\n

Aos poucos, ele passou a fazer testes qu\u00edmicos nesses microcanais por onde originalmente passa a \u00e1gua que alimenta a planta. Nesse momento, ele identificou que a estrutura desses vasos naturais reage bem a outros elementos, inclusive com boa ader\u00eancia. O estudo rendeu tr\u00eas artigos cient\u00edficos, dois publicados em 2019 e um em 2020.<\/p>\n\n\n\n

Mas, para aproveitar ao m\u00e1ximo a estrutura do canal, ele precisava fazer estudos em uma escala ainda menor.<\/p>\n\n\n\n

Eletricidade sem fio<\/h2>\n\n\n\n

Em 2018, Omar saiu do Rio para dar uma palestra em Campinas (interior de S\u00e3o Paulo), no Laborat\u00f3rio Nacional de Nanotecnologia. Ele falou a outros cientistas sobre seu estudo e a inten\u00e7\u00e3o de explorar os microcanais do bambu e suas rea\u00e7\u00f5es org\u00e2nicas.<\/p>\n\n\n\n

Da plat\u00e9ia, Murilo Santiago, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), levantou o bra\u00e7o e questionou. “Voc\u00ea j\u00e1 pensou em colocar materiais condutores nesses canais?”. A inten\u00e7\u00e3o dele era saber se a estrutura seria capaz de transportar energia el\u00e9trica de uma extremidade \u00e0 outra, sem a necessidade de fios.<\/p>\n\n\n\n

\"Microfuros
Cientistas conseguiram pintar paredes de canais que possuem espessura de um fio de cabelo e ainda deixar espa\u00e7o para passagem de l\u00edquidos e energia el\u00e9trica<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Omar respondeu que n\u00e3o, mas que poderiam fazer uma parceria para testar. Os grupos uniram for\u00e7as e contou com o trabalho de tr\u00eas estagi\u00e1rios para fazer todos os testes necess\u00e1rios para comprovar a efic\u00e1cia do sistema.<\/p>\n\n\n\n

Em conjunto, os cientistas conseguiram pintar as paredes dos canais do bambu de maneira individual com uma tinta condutora de eletricidade e ainda deixaram espa\u00e7o para que o microcanal permanecesse oco.<\/p>\n\n\n\n

No estudo, eles provaram ser poss\u00edvel fazer os canais do bambu formarem um circuito el\u00e9trico e fornecer energia capaz de acender um led (como no teste da imagem abaixo) ou qualquer outro dispositivo que precise de corrente el\u00e9trica.<\/p>\n\n\n\n

Uma das barreiras encontradas pelos cientistas para construir futuramente pain\u00e9is sem fio capazes de conduzir eletricidade, dados e at\u00e9 l\u00edquidos s\u00e3o os n\u00f3s que existem nos bambus.<\/p>\n\n\n\n

\"Teste
Cientistas provaram ser poss\u00edvel fazer os canais do bambu formarem um circuito el\u00e9trico e fornecer energia sem fios<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Cada planta pode ter at\u00e9 dez n\u00f3s que interrompem os canais. Os cientistas agora est\u00e3o trabalhando para encontrar uma maneira de ligar um bambu ao outro mantendo o fluxo dos canais. Eles disseram j\u00e1 ter identificado poss\u00edveis caminhos.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores tamb\u00e9m conseguiram desenvolver uma maneira de esquentar e manter aquecido o l\u00edquido dentro do condutor. Com isso, \u00e9 poss\u00edvel program\u00e1-lo para que a \u00e1gua entre fria de um lado e saia quente do outro ou at\u00e9 permane\u00e7a quente no sistema, funcionando como um aquecedor. Esse sistema tamb\u00e9m poderia ser aplicado a um chuveiro, por exemplo.<\/p>\n\n\n\n

Segundo os cientistas, em casos como esses, canais poder\u00e3o ser agrupados para suportar uma vaz\u00e3o maior. Tamb\u00e9m \u00e9 poss\u00edvel instalar um sensor eletroqu\u00edmico no canal para avaliar a qualidade da \u00e1gua em tempo real numa piscina ou filtro, por exemplo.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00f3s criamos uma plataforma. Tudo o que voc\u00ea demandar, pode ser miniaturizado. Ser\u00e1 poss\u00edvel fazer uma capinha de celular condutora, objetos de decora\u00e7\u00e3o, ilumina\u00e7\u00e3o e todo o tipo de circuito miniaturizado”, afirmou o cientista Omar Pandoli.<\/p>\n\n\n\n

Um metro por semana<\/h2>\n\n\n\n

De acordo com os cientistas, o Brasil possui 250 esp\u00e9cies de bambu e o Acre tem a maior floresta nativa de bambu do mundo. A maior vantagem \u00e9 a facilidade de plantio e o r\u00e1pido desenvolvimento. Algumas gen\u00e9ticas podem crescer at\u00e9 1 metro por semana.<\/p>\n\n\n\n

\"Bambu\"\/
Radiografia mostra bambu in natura (\u00e0 esq.) e com os microcanais pintados (\u00e0 dir.)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os artigos publicados pelos cientistas sustentam que a alta disponibilidade da biomassa lignocelul\u00f3sica do bambu permite o desenvolvimento em grande escala de uma produ\u00e7\u00e3o industrial dos dispositivos testados.<\/p>\n\n\n\n

Um dos argumentos que sustentam essa tese \u00e9 que dos 9 milh\u00f5es de hectares plantados de bambu na Am\u00e9rica Latina., metade est\u00e1 localizado no Estado do Acre. Hoje, eles afirmam que n\u00e3o h\u00e1 um plano industrial para o desenvolvimento de uma economia sustent\u00e1vel capaz de explorar os potenciais usos do bambu para torn\u00e1-lo um material com alto valor agregado.<\/p>\n\n\n\n

Apesar da abund\u00e2ncia de bambu no Brasil, a esp\u00e9cie usada no estudo \u00e9 de origem chinesa, conhecida popularmente como bambu gigante (Dendrocalamus giganteus<\/em>). Essa cepa tem um di\u00e2metro de at\u00e9 30 cent\u00edmetros, mas o mais importante para os cientistas s\u00e3o apenas as paredes da estrutura, onde est\u00e3o concentrados de 20 a 50 microcanais.<\/p>\n\n\n\n

Inc\u00eandios<\/h2>\n\n\n\n

Erguer casas de bambu e madeira n\u00e3o \u00e9 novidade na constru\u00e7\u00e3o civil. Mas usar um material altamente inflam\u00e1vel como condutor de eletricidade e calor \u00e9 a maior preocupa\u00e7\u00e3o dos cientistas brasileiros.<\/p>\n\n\n\n

Por esse motivo, outros pesquisadores j\u00e1 iniciaram estudos para implantar algo que iniba a fonte de calor e evite que esses materiais possam oferecer qualquer risco de combust\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

\"Planta\u00e7\u00e3o
Cientistas receberam mais R$ 500 mil para estender pesquisa a outras plantas<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Temos que preservar a vida antes de qualquer coisa e o Brasil est\u00e1 na frente dessas pesquisas. Precisamos criar uma norma para esses materiais at\u00e9 que ele seja plenamente seguro, pois hoje ele se degrada e pega fogo com facilidade”, afirmou Omar Pandoli.<\/p>\n\n\n\n

O grupo de cientistas recebeu agora um projeto no valor de R$ 500 mil para fazer a mesma pesquisa com outras outras tr\u00eas esp\u00e9cies diferentes.<\/p>\n\n\n\n

Omar diz que tem o sonho de que os dispositivos de bambu sejam usados no futuro como um elemento did\u00e1tico.<\/p>\n\n\n\n

“Quero que ele possa servir para ensinar alunos na pr\u00e1tica o que \u00e9 uma resist\u00eancia, corrente ou voltagem. Hoje, micro reatores de vidro custam at\u00e9 5 mil d\u00f3lares. Eu queria aproveitar o baixo custo de produ\u00e7\u00e3o proporcionado pelo bambu para criar uma economia b\u00e1sica para as escolas p\u00fablicas.<\/p>\n\n\n\n

Estamos limitados ao potencial para a estrutura. Vai abrir um novo universo. Vamos estudar em outra escala, outra dimens\u00e3o com a inaugura\u00e7\u00e3o do sirius. Linhas de luz at\u00e9 o fim do ano.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Uma casa constru\u00edda sem fios, encanamentos ou cabos. E que todos esses materiais fossem substitu\u00eddos por uma \u00fanica instala\u00e7\u00e3o: pain\u00e9s de bambu. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":157321,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[4324,3948,471,2430,158],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/157317"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=157317"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/157317\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":157322,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/157317\/revisions\/157322"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/157321"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=157317"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=157317"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=157317"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}