{"id":158242,"date":"2020-04-01T14:31:00","date_gmt":"2020-04-01T17:31:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=158242"},"modified":"2020-03-31T20:56:55","modified_gmt":"2020-03-31T23:56:55","slug":"de-morcegos-a-pangolins-como-virus-chegam-ate-o-ser-humano","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/04\/01\/158242-de-morcegos-a-pangolins-como-virus-chegam-ate-o-ser-humano.html","title":{"rendered":"De morcegos a pangolins: como v\u00edrus chegam at\u00e9 o ser humano?"},"content":{"rendered":"\n

Estudos apontam pangolins como o elo mais prov\u00e1vel entre o Sars-Cov-2 e humanos. Mas, assim como no caso de outros pat\u00f3genos, a prov\u00e1vel origem do novo coronav\u00edrus est\u00e1 em morcegos.<\/p>\n\n\n\n

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O pangolim, cobi\u00e7ado pela medicina tradicional chinesa, \u00e9 um dos animais mais traficados no planeta <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Enquanto diversos pa\u00edses lutam para conter a pandemia do novo coronav\u00edrus, o Sars-Cov-2, que j\u00e1 matou dezenas de milhares de pessoas, provocou o fechamento de fronteiras e uma crise mundial, cientistas tentam descobrir como exatamente o surto come\u00e7ou. <\/p>\n\n\n\n

Um estudo publicado no dia 26 de mar\u00e7o pela revista cient\u00edfica Nature sugere que o pangolim \u2013 um mam\u00edfero que se assemelha ao tatu-bola e \u00e9 v\u00edtima do tr\u00e1fico ilegal de animais selvagens \u2013 seria o elo mais prov\u00e1vel entre o Sars-Cov-2, morcegos e humanos. <\/p>\n\n\n\n

Enquanto as especula\u00e7\u00f5es iniciais apontavam para frutos do mar, cobras e morcegos da prov\u00edncia de Yunnan, no sudoeste da China, pesquisadores de Hong Kong, da China e da Austr\u00e1lia descobriram que as sequ\u00eancias gen\u00e9ticas de coronav\u00edrus em pangolins s\u00e3o 85,5% a 92,4% id\u00eanticas ao novo coronav\u00edrus. Isso significa que, antes de chegar aos seres humanos, o v\u00edrus provavelmente foi transmitido de morcegos para o pangolim. <\/p>\n\n\n\n

Mais de 39 mil pessoas j\u00e1 morreram em decorr\u00eancia do novo coronav\u00edrus, detectado pela primeira vez em dezembro de 2019 em Wuhan, na China. <\/p>\n\n\n\n

O que os morcegos t\u00eam de diferente <\/h3>\n\n\n\n

N\u00e3o \u00e9 a primeira vez que o mundo testemunha um surto de um v\u00edrus transmitido por morcegos. Acredita-se que o ebola tenha se originado em morcegos, assim como dois outros tipos de coronav\u00edrus \u2013 o Sars-Cov, que surgiu na \u00c1sia em 2003 ap\u00f3s ser transmitido de morcegos para civetas e depois para humanos, e o Mers-Cov, que infectou cerca de 2.500 pessoas desde 2012, ap\u00f3s ser transmitido de camelos para humanos. <\/p>\n\n\n\n

Considerando o tamanho e a dissemina\u00e7\u00e3o da popula\u00e7\u00e3o de morcegos, o papel do mam\u00edfero em tais surtos n\u00e3o \u00e9 necessariamente surpreendente, comenta Yan Xiang, professor de virologia da Universidade do Texas. O morcego \u00e9 o segundo mam\u00edfero mais comum depois dos roedores, representando quase 20% de todas as esp\u00e9cies de mam\u00edferos. Existem mais de 1.300 esp\u00e9cies de morcegos, e alguns deles podem viver at\u00e9 40 anos.<\/p>\n\n\n\n

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Especialistas acreditam que a particularidade do sistema imunol\u00f3gico do morcego o permite abrigar tantos v\u00edrus<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Especialistas acreditam que o peculiar sistema imunol\u00f3gico do morcego faz com que ele seja capaz de abrigar tantos v\u00edrus. Xiang afirma que os cientistas “ainda n\u00e3o t\u00eam uma vis\u00e3o completa” do sistema imunol\u00f3gico dos morcegos e aponta dois elementos-chave para a resposta imune do mam\u00edfero, a chamada “imunidade inata”: as altas temperaturas corporais e os altos n\u00edveis da prote\u00edna interferon, que induz um estado de resist\u00eancia antiviral. <\/p>\n\n\n\n

O morcego \u00e9 o \u00fanico mam\u00edfero com capacidade de voar, o que aumenta a temperatura corporal e a taxa metab\u00f3lica do animal, colocando-o em constante estado “febril”. Alguns cientistas acreditam que os morcegos suprimiram o seu sistema imunol\u00f3gico para compensar isso, o que os tornaria tolerantes a mais v\u00edrus. <\/p>\n\n\n\n

Hospedeiros intermedi\u00e1rios <\/h3>\n\n\n\n

Os coronav\u00edrus s\u00e3o doen\u00e7as virais zoon\u00f3ticas, ou seja, que podem se espalhar entre animais e humanos. O v\u00edrus passa por uma s\u00e9rie de muta\u00e7\u00f5es gen\u00e9ticas no animal, o que o permite infectar seres humanos e se multiplicar. Embora haja evid\u00eancias de que o novo coronav\u00edrus tenha se originado em morcegos, isso n\u00e3o significa que foi transmitido diretamente de morcegos para humanos. <\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores envolvidos no estudo da Nature sugerem que as diferen\u00e7as biol\u00f3gicas entre morcegos e humanos indicam que \u00e9 prov\u00e1vel que o novo coronav\u00edrus precise passar por outro mam\u00edfero para se multiplicar ou sofrer mais muta\u00e7\u00f5es antes de chegar aos seres humanos. <\/p>\n\n\n\n

“O v\u00edrus provavelmente n\u00e3o foi capaz de infectar humanos diretamente atrav\u00e9s de morcegos, ent\u00e3o, teve que passar por um animal intermedi\u00e1rio para sofrer mais muta\u00e7\u00f5es e infectar humanos”, disse Xiang \u00e0 DW. No caso de coronav\u00edrus anteriores, civetas e camelos atuaram como os hospedeiros intermedi\u00e1rios. <\/p>\n\n\n\n

A liga\u00e7\u00e3o entre o novo coronav\u00edrus e os pangolins foi sugerida anteriormente por um estudo realizado no in\u00edcio de fevereiro por pesquisadores da Universidade Agr\u00edcola do Sul da China, que analisaram mais de mil amostras de animais selvagens. <\/p>\n\n\n\n

Xiang comenta que as evid\u00eancias para essas alega\u00e7\u00f5es j\u00e1 existiam em um artigo publicado em outubro de 2019, que afirma ter detectado a presen\u00e7a de coronav\u00edrus em sequ\u00eancias gen\u00f4micas de pangolins doentes contrabandeados da Mal\u00e1sia para a China.<\/p>\n\n\n\n

Embora exista uma forte semelhan\u00e7a entre os coronav\u00edrus encontrados nos pangolins e o Sars-Cov-2, mais pesquisas s\u00e3o necess\u00e1rias para estabelecer exatamente como o v\u00edrus foi transmitido do animal para os seres humanos. <\/p>\n\n\n\n

Mecanismo de defesa humana <\/h3>\n\n\n\n

Embora seja dif\u00edcil prever a devasta\u00e7\u00e3o que tais pandemias podem causar, Stuart Neil, diretor de virologia do King’s College London, na Inglaterra, diz que surtos como esse “n\u00e3o acontecem com muita frequ\u00eancia”. <\/p>\n\n\n\n

“Provavelmente estamos expostos a v\u00edrus de outras esp\u00e9cies com muito mais frequ\u00eancia do que novos v\u00edrus vindos de animais e essas epidemias sustentadas”, disse ele \u00e0 DW. <\/p>\n\n\n\n

A raz\u00e3o para isso, explica Neil, s\u00e3o nossos “mecanismos de defesa intr\u00ednsecos”. Ele explica que n\u00e3o existe um v\u00edrus inerentemente mortal, porque o que pode ser inofensivo para uma esp\u00e9cie, como provam os in\u00fameros coronav\u00edrus que circulam em morcegos, pode ser mortal para outra. <\/p>\n\n\n\n

“Depende inteiramente dos mecanismos de defesa das esp\u00e9cies hospedeiras e se elas podem viver em harmonia com o v\u00edrus ou n\u00e3o”, comenta Neil.<\/p>\n\n\n\n

Por\u00e9m, epidemias est\u00e3o se tornando mais prov\u00e1veis \u00e0 medida que o ser humano invade os habitats de animais selvagens, aponta o pesquisador. “Os humanos s\u00e3o expostos a v\u00edrus como este pela maneira como se comportam e interagem com os animais.” <\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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