{"id":158982,"date":"2020-04-20T08:00:00","date_gmt":"2020-04-20T11:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=158982"},"modified":"2020-04-19T19:49:35","modified_gmt":"2020-04-19T22:49:35","slug":"jardineiras-da-floresta-ameaca-as-antas-poe-em-risco-a-biodiversidade-de-ecossistemas-brasileiros","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/sem-categoria\/2020\/04\/20\/158982-jardineiras-da-floresta-ameaca-as-antas-poe-em-risco-a-biodiversidade-de-ecossistemas-brasileiros.html","title":{"rendered":"Jardineiras da floresta: amea\u00e7a \u00e0s antas p\u00f5e em risco a biodiversidade de ecossistemas brasileiros"},"content":{"rendered":"\n

Exploradora da National Geographic, a conservacionista Patr\u00edcia Medici alerta para a import\u00e2ncia do maior mam\u00edfero terrestre da Am\u00e9rica do Sul na natureza.<\/p>\n\n\n\n

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As mudan\u00e7as clim\u00e1ticas devem afetar as popula\u00e7\u00f5es da anta brasileira, sobretudo pela altera\u00e7\u00e3o das esta\u00e7\u00f5es de seca e chuva nos biomas que os animais habitam.
FOTO DE STEVE WINTER\/NATIONAL GEOGRAPHIC CREATIVE
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Maior mam\u00edfero terrestre da Am\u00e9rica do Sul, a anta brasileira (Tapirus terrestris) \u00e9 chamada pela engenheira florestal Patr\u00edcia Medici de \u201cjardineira da floresta\u201d, j\u00e1 que o animal \u00e9 um importante dispersor de sementes nos ecossistemas em que habitam. Exploradora da National Geographic, Medici nutria interesse especial por animais de grande porte. Quando constatou que a anta era pouco estudada, ainda em 1996, resolveu se dedicar \u00e0 esp\u00e9cie. Nos \u00faltimos 24 anos, ela criou o maior banco de dados do mundo sobre esses animais: a Iniciativa Nacional para a Conserva\u00e7\u00e3o da Anta Brasileira (INCAB). Confira a entrevista.<\/p>\n\n\n\n

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Engenheira florestal, Patr\u00edcia Medici tornou-se uma refer\u00eancia mundial na conserva\u00e7\u00e3o das antas.
FOTO DE LIANA JOHN\/NATIONAL GEOGRAPHIC SOCIETY
<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Como voc\u00ea optou por estudar especificamente as antas?<\/h3>\n\n\n\n

Quando fundamos o Instituto de Pesquisas Ecol\u00f3gicas (IPE), em 1992, compilamos uma lista de esp\u00e9cies animais com as quais gostar\u00edamos de trabalhar. Eram esp\u00e9cies pouco estudadas na \u00e9poca. A anta fazia parte dessa lista e, por ter particular interesse por animais de grande porte, tomei a decis\u00e3o de iniciar um projeto com a esp\u00e9cie.<\/p>\n\n\n\n

Qual \u00e9 a import\u00e2ncia desses animais nos ecossistemas que eles habitam?<\/h3>\n\n\n\n

As antas s\u00e3o eficientes dispersoras de sementes e t\u00eam papel fundamental na forma\u00e7\u00e3o, funcionamento e manuten\u00e7\u00e3o de biodiversidade. S\u00e3o conhecidas como as jardineiras da floresta.<\/p>\n\n\n\n

Como podemos definir os riscos que as antas correm atualmente no pa\u00eds?<\/h3>\n\n\n\n

S\u00e3o amea\u00e7as diferentes em biomas diferentes. De maneira geral, as principais amea\u00e7as s\u00e3o desmatamento e fragmenta\u00e7\u00e3o florestal para a agricultura em larga escala, atropelamentos em rodovias, contamina\u00e7\u00e3o por agrot\u00f3xicos, ca\u00e7a, fogo.<\/p>\n\n\n\n

Por que devemos focar na conserva\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies espec\u00edficas da biodiversidade brasileira?<\/h3>\n\n\n\n

Devido ao fato de que as diferentes esp\u00e9cies t\u00eam diferentes pap\u00e9is na forma\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o de biodiversidade e integridade dos ecossistemas. Muitas esp\u00e9cies t\u00eam papel fundamental. A cria\u00e7\u00e3o de \u00e1reas protegidas \u00e9 uma importante estrat\u00e9gia de conserva\u00e7\u00e3o, por\u00e9m, os habitats e plantas precisam das esp\u00e9cies animais para polinizar, dispersar sementes e muitas outras fun\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 importante que as pessoas vivenciem as \u00e1reas naturais, assim teremos seres humanos mais conectados com a natureza\u201d
POR PATR\u00cdCIA MEDICI
CONSERVACIONISTA<\/p>

<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Como as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas afetam a redu\u00e7\u00e3o da popula\u00e7\u00e3o dessa esp\u00e9cie?<\/h3>\n\n\n\n

As mudan\u00e7as clim\u00e1ticas certamente afetar\u00e3o algumas partes da distribui\u00e7\u00e3o da anta brasileira, particularmente no que diz respeito a altera\u00e7\u00f5es das esta\u00e7\u00f5es de seca e chuva e regime das \u00e1guas e cheias. Prevemos que Pantanal e Amaz\u00f4nia, ambos biomas sujeitos a inunda\u00e7\u00f5es anuais, ser\u00e3o fortemente impactados.<\/p>\n\n\n\n

Como a perda dessa esp\u00e9cie afetaria o ecossistema em que vive e a Terra em geral?<\/h3>\n\n\n\n

A extin\u00e7\u00e3o da jardineira das florestas nos levaria a ecossistemas infinitamente menos biodiversos.<\/p>\n\n\n\n

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As principais amea\u00e7as \u00e0s antas brasileiras s\u00e3o o desmatamento e a fragmenta\u00e7\u00e3o florestal para a agricultura, al\u00e9m de atropelamentos em rodovias, a contamina\u00e7\u00e3o por agrot\u00f3xicos, a ca\u00e7a e as queimadas.
FOTO DE CHARLIE HAMILTON JAMES\/NATIONAL GEOGRAPHIC CREATIVE<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Como um cidad\u00e3o comum pode colaborar com tarefas de conserva\u00e7\u00e3o?<\/h3>\n\n\n\n

Costumo sugerir que, inicialmente, \u00e9 importante que as pessoas vivenciem, experimentem as \u00e1reas naturais, mesmo as mais pr\u00f3ximas de suas casas. Desta forma, teremos seres humanos mais conectados com a natureza e consequentemente mais atuantes na conserva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Como voc\u00ea v\u00ea a a\u00e7\u00e3o da National Geographic de debater esp\u00e9cies em risco no Dia da Terra?<\/h3>\n\n\n\n

Extremamente importante. Nos dias de hoje, \u00e9 absolutamente cr\u00edtico que os \u00f3rg\u00e3os governamentais e organiza\u00e7\u00f5es conservacionistas de maneira geral escutem falar sobre a import\u00e2ncia de conservar esp\u00e9cies, al\u00e9m de outras abordagens.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA extin\u00e7\u00e3o da jardineira das florestas nos levaria a ecossistemas infinitamente menos biodiversos\u201d
POR PATR\u00cdCIA MEDICI
CONSERVACIONISTA<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

A anta \u00e9 o maior mam\u00edfero do Brasil, mas todo esse tamanho n\u00e3o evitou que a esp\u00e9cie estivesse em risco. Distribu\u00edda pela maior parte do pa\u00eds e grande parte da Am\u00e9rica do Sul, a anta enfrenta a perda de habitat e tem se tornado rara nos biomas onde ainda \u00e9 encontrada: Amaz\u00f4nia, Mata Atl\u00e2ntica, Cerrado e Pantanal. Em todo o continente, existem quatro subesp\u00e9cies de anta, descritas ainda no s\u00e9culo 16 por Carlos Lineu, o pai da sistem\u00e1tica.<\/p>\n\n\n\n

Esses mam\u00edferos s\u00e3o animais solit\u00e1rios, andam sem companhia ou no m\u00e1ximo em grupos de at\u00e9 tr\u00eas indiv\u00edduos, e t\u00eam um curioso focinho alongado. Ao longo do dia, as antas descansam seus corpos, que chegam a pesar 300 kg. Elas economizam energia para o per\u00edodo noturno, quando preferem se alimentar. A dieta \u00e9 composta de folhas, fibras e frutos. Uma pesquisa mostrou que os animais consomem 58 frutos de 23 fam\u00edlias de plantas diferentes. As prefer\u00eancias variam conforme a regi\u00e3o. Na Mata Atl\u00e2ntica, n\u00e3o pode faltar uma palmeira chamada jeriv\u00e1. No Cerrado, o araticum. Com tanta comilan\u00e7a, acabam desempenhando um papel fundamental de dispersar sementes ao longo das florestas e campos onde vivem \u2013 sempre pr\u00f3ximos a fontes abundantes de \u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n

A gesta\u00e7\u00e3o das antas \u00e9 longa: dura entre 13 e 14 meses. Os filhotes nascem grandes, com at\u00e9 9 kg, e ficam juntos da m\u00e3e por mais 12 meses. Quando novinhos, t\u00eam um padr\u00e3o de cores diferente do acinzentado dos adultos. Na natureza, os principais predadores da anta s\u00e3o a on\u00e7a-pintada e o puma. Mas n\u00e3o s\u00e3o eles que a p\u00f5e em risco. Ca\u00e7a, desmatamento, fogo, fragmenta\u00e7\u00e3o de habitat, atropelamentos, entre outros, fizeram com que a esp\u00e9cie perdesse 30% da popula\u00e7\u00e3o nos \u00faltimos 33 anos, assim como 30% da \u00e1rea por onde viviam.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

As mudan\u00e7as clim\u00e1ticas devem afetar as popula\u00e7\u00f5es da anta brasileira, sobretudo pela altera\u00e7\u00e3o das esta\u00e7\u00f5es de seca e chuva nos biomas que os animais habitam. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":158983,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4,1],"tags":[1141,27,481],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/158982"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=158982"}],"version-history":[{"count":2,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/158982\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":158987,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/158982\/revisions\/158987"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/158983"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=158982"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=158982"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=158982"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}