{"id":159270,"date":"2020-04-29T05:00:00","date_gmt":"2020-04-29T08:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=159270"},"modified":"2020-04-28T15:18:37","modified_gmt":"2020-04-28T18:18:37","slug":"ongs-pressionam-alemanha-contra-exportacao-de-agrotoxicos-proibidos-para-o-brasil","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/04\/29\/159270-ongs-pressionam-alemanha-contra-exportacao-de-agrotoxicos-proibidos-para-o-brasil.html","title":{"rendered":"ONGs pressionam Alemanha contra exporta\u00e7\u00e3o de agrot\u00f3xicos proibidos para o Brasil"},"content":{"rendered":"\n

Relat\u00f3rio alerta para produtos da Bayer e da Basf que s\u00e3o restritos na Europa, mas vendidos em pa\u00edses como o Brasil, onde as duas empresas comercializam ao menos 24 agrot\u00f3xicos n\u00e3o permitidos na UE.<\/p>\n\n\n\n

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Em 2019, aldeia dos GuaraniKaiow\u00e1 no Mato Grosso do Sul foi atingida por nuvem de agrot\u00f3xicos de fazenda vizinha<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O Brasil \u00e9 o maior consumidor de agrot\u00f3xicos do mundo em n\u00fameros absolutos, segundo a Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas para Alimenta\u00e7\u00e3o e Agricultura (FAO), e tem uma lista de 2.306 produtos formulados de agrot\u00f3xicos registrados para venda, de acordo com dados do sistema Agrofit, do Minist\u00e9rio da Agricultura. Dos 353 princ\u00edpios ativos liberados no Brasil, quase metade s\u00e3o proibidos na Uni\u00e3o Europeia (UE).<\/p>\n\n\n\n

Um novo relat\u00f3rio revela que duas gigantes alem\u00e3s, Bayer e Basf, comercializam no Brasil ao menos 24 subst\u00e2ncias n\u00e3o permitidas na Uni\u00e3o Europeia (UE), sendo 12 delas classificadas como altamente t\u00f3xicas pela Pesticide Action Network (Rede de A\u00e7\u00e3o contra Agrot\u00f3xicos, PAN na sigla em ingl\u00eas).<\/p>\n\n\n\n

O levantamento, elaborado por um grupo de entidades da Alemanha, do Brasil e da \u00c1frica do Sul, foi divulgado nesta ter\u00e7a-feira (28\/04), mesmo dia da assembleia anual de acionistas da Bayer, que este ano, pela primeira vez, \u00e9 realizada online, devido \u00e0 pandemia de covid-19.<\/p>\n\n\n\n

O estudo Agrot\u00f3xicos perigosos: Bayer e da Basf \u2013 um neg\u00f3cio global com dois pesos e duas medidas questiona a pol\u00edtica de “dois pesos, duas medidas” das maiores fabricantes alem\u00e3s de pesticidas. A pesquisa, realizada ao longo de nove meses, mapeia os agrot\u00f3xicos das duas empresas que t\u00eam uso proibido, restrito ou pedido de aprova\u00e7\u00e3o ainda n\u00e3o solicitado na UE, mas que s\u00e3o vendidos livremente em pa\u00edses do sul do globo, como Brasil e \u00c1frica do Sul, onde as legisla\u00e7\u00f5es s\u00e3o menos r\u00edgidas.<\/p>\n\n\n\n

O levantamento foi feito em parceria pela rede de desenvolvimento alem\u00e3 Inkota, a ONG cat\u00f3lica alem\u00e3 de ajuda ao desenvolvimento Misereor, a Funda\u00e7\u00e3o Rosa Luxemburgo (ligada ao partido A Esquerda), a Campanha Permanente Contra Agrot\u00f3xicos e pela Vida (no Brasil) e a Khanyisa Education & Development Trust (na \u00c1frica do Sul).<\/p>\n\n\n\n

Bayer e Basf comercializam na \u00c1frica do Sul e no Brasil ao menos 28 ingredientes ativos que n\u00e3o s\u00e3o aprovados total ou completamente na UE ou que ainda n\u00e3o tiveram a aprova\u00e7\u00e3o solicitada (pelo menos 13 da Basf e pelo menos 15 da Bayer).<\/p>\n\n\n\n

Entre eles, sete subst\u00e2ncias (cinco da Bayer e duas da Basf) tiveram a permiss\u00e3o de uso negada depois do processo de registro ou tiveram o registro explicitamente revogado pela UE por serem nocivas se ingeridas ou inaladas, por serem muito t\u00f3xicas para corpos d’\u00e1gua, gerarem rea\u00e7\u00f5es al\u00e9rgicas na pele, prejudicarem \u00f3rg\u00e3os internos, provocarem graves queimadoras na pele e feridas nos olhos, por suspeita de causar c\u00e2ncer e dist\u00farbios na fertilidade e por serem prejudiciais a fetos e a beb\u00eas em amamenta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O estudo cita que 99% dos casos de morte por intoxica\u00e7\u00e3o causada por agrot\u00f3xicos ocorrem na \u00c1frica, na \u00c1sia e na Am\u00e9rica Latina, onde as legisla\u00e7\u00f5es s\u00e3o mais brandas.<\/p>\n\n\n\n

Alemanha, a gigante dos agrot\u00f3xicos<\/h3>\n\n\n\n

Sede das duas gigantes dos agrot\u00f3xicos, a Alemanha \u00e9 o segundo pa\u00eds que mais exporta agrot\u00f3xicos no mundo, depois da China. Bayer e Basf ocupam, respectivamente, a segunda e a terceira posi\u00e7\u00e3o no ranking do mercado global de agrot\u00f3xicos, atr\u00e1s apenas da sino-su\u00ed\u00e7a Syngenta.<\/p>\n\n\n\n

Pa\u00edses como Brasil e \u00c1frica do Sul, com leis mais permissivas, s\u00e3o importantes mercados. O relat\u00f3rio mostra que, em 2018, do total de ingredientes ativos vendidos no mercado mundial pela Bayer, 36,7% s\u00e3o altamente perigosos, de acordo com par\u00e2metros da PAN. Na Basf, esse n\u00famero \u00e9 de 24,9%.<\/p>\n\n\n\n

Dados da PAN revelam que, em 2017, a Alemanha exportou 233 ingredientes ativos de agrot\u00f3xicos, 62 deles classificados como altamente perigosos. O relat\u00f3rio revela que nove dessas subst\u00e2ncias s\u00e3o banidas na UE em raz\u00e3o de sua nocividade.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00f3s, como sociedade civil, como ONGs alem\u00e3s, achamos que a Alemanha tem responsabilidade em controlar as atividades dessas grandes empresas. \u00c9 nosso papel exercer press\u00e3o, por um lado, para que o governo alem\u00e3o pro\u00edba a exporta\u00e7\u00e3o de agrot\u00f3xicos n\u00e3o permitidos na UE e, por outro, para pressionar, tamb\u00e9m, essas empresas”, explica Lena Luig, uma das autoras do estudo, da ONG Inkota.<\/p>\n\n\n\n

A press\u00e3o dos autores da pesquisa \u00e9 para que a Alemanha, com base na Lei dos Agrot\u00f3xicos, aprove um decreto proibindo a exporta\u00e7\u00e3o de ingredientes ativos de agrot\u00f3xicos que n\u00e3o s\u00e3o permitidos na UE, \u00e0 exemplo da Fran\u00e7a, que em outubro de 2018 aprovou lei proibindo a produ\u00e7\u00e3o, o armazenamento e a comercializa\u00e7\u00e3o global de agrot\u00f3xicos contendo subst\u00e2ncias banidas na UE.<\/p>\n\n\n\n

Brasil, um mercado em crescimento<\/h3>\n\n\n\n

Em 2018, a ind\u00fastria de agrot\u00f3xicos registrou no Brasil um faturamento de 10,8 bilh\u00f5es de d\u00f3lares, 20% a mais do que no ano anterior. Entre 2000 e 2018, aponta o estudo, o consumo nacional de agrot\u00f3xicos mais do que triplicou, subindo de 162 mil toneladas anuais de ingrediente ativo para cerca de 549 mil toneladas.<\/p>\n\n\n\n

Desde janeiro de 2019, quando Jair Bolsonaro assumiu a presid\u00eancia da Rep\u00fablica, o processo de registro de novos agrot\u00f3xicos se acelerou. Somente em 2019, foram aprovados 474 novos agrot\u00f3xicos \u2013 entre eles, 42 banidos na UE.<\/p>\n\n\n\n

A Basf vende no Brasil pelo menos 12 subst\u00e2ncias n\u00e3o permitidas na UE. Duas delas, cianamida e flufenoxurom, tiveram a licen\u00e7a explicitamente negada ao final do exame para o pedido de registro. Al\u00e9m disso, seis das subst\u00e2ncias est\u00e3o na lista da PAN de agrot\u00f3xicos altamente perigosos.<\/p>\n\n\n\n

No caso da Bayer, pelo menos 12 subst\u00e2ncias n\u00e3o permitidas na UE s\u00e3o comercializadas no Brasil, entre elas, quatro cuja autoriza\u00e7\u00e3o foi explicitamente recha\u00e7ada ou revogada pelas autoridades europeias (fenamidona, propinebe, tiodicarbe e tiram). Seis s\u00e3o classificados como altamente perigosos pela PAN.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00e3o temos muita esperan\u00e7a de que as empresas resolvam os problemas, pois elas visam apenas o lucro. Tamb\u00e9m n\u00e3o h\u00e1 muitas expectativas quanto a uma resposta positiva do governo brasileiro”, destaca Alan Tygel, um dos autores do estudo, da Campanha Permanente Contra Agrot\u00f3xicos e pela Vida.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00f3s esperamos que este relat\u00f3rio ajude a sensibilizar a opini\u00e3o p\u00fablica internacional, a sociedade brasileira e o governo alem\u00e3o. Grande parte dos venenos usados hoje no Brasil s\u00e3o de empresas alem\u00e3s, notadamente a Bayer e a Basf e, por isso, n\u00f3s reivindicamos que a Alemanha adote as mesmas regras que usa para os agrot\u00f3xicos no pa\u00eds para suas exporta\u00e7\u00f5es”, complementa.<\/p>\n\n\n\n

No Brasil, segundo o Minist\u00e9rio da Sa\u00fade, em 2017, foram registrados 7.200 casos de intoxica\u00e7\u00e3o por agrot\u00f3xicos, mas acredita-se que o n\u00famero seja muito maior. O relat\u00f3rio chama a aten\u00e7\u00e3o para o drama vivido por comunidades ind\u00edgenas e quilombolas localizadas ao lado de propriedades onde o veneno \u00e9 pulverizado por avi\u00f5es. Muitas dessas comunidades denunciam esse tipo de aplica\u00e7\u00e3o e algumas chegam a relatar a pulveriza\u00e7\u00e3o a\u00e9rea como “arma qu\u00edmica” para expuls\u00e1-las de seus territ\u00f3rios.<\/p>\n\n\n\n

Um exemplo \u00e9 a aldeia Guyrarok\u00e1, dos GuaraniKaiow\u00e1, em Caarap\u00f3, no Mato Grosso do Sul. Em maio de 2019, o local foi atingido por uma nuvem de agrot\u00f3xicos e cal que estava sendo pulverizada em uma fazenda vizinha, envenenando v\u00e1rias pessoas (inclusive 15 crian\u00e7as que lanchavam na escola), matando animais e contaminando alimentos.<\/p>\n\n\n\n

Tamb\u00e9m em Caarap\u00f3, o relat\u00f3rio chama aten\u00e7\u00e3o para an\u00e1lises do Sistema de Monitoramento da Qualidade da \u00c1gua no Brasil. Dados coletados entre 2014 e 2017 revelaram vest\u00edgios de 27 agrot\u00f3xicos nas \u00e1guas do munic\u00edpio. Desses, onze est\u00e3o associados a c\u00e2ncer, abortos naturais e dist\u00farbios hormonais. Um deles \u00e9 o carbendazim, ingrediente ativo contido em produto da Bayer, \u00e9 banido na UE e classificado como altamente perigoso pela PAN.<\/p>\n\n\n\n

Para que situa\u00e7\u00f5es como a da aldeia Guyrarok\u00e1 n\u00e3o se repitam, o relat\u00f3rio sugere que o Brasil pro\u00edba o uso de avi\u00f5es para pulveriza\u00e7\u00e3o de agrot\u00f3xicos, como j\u00e1 ocorre no Cear\u00e1.<\/p>\n\n\n\n

O que dizem Bayer e Basf <\/h3>\n\n\n\n

Em resposta aos questionamentos da DW Brasil, as duas empresas disseram que diferentes condi\u00e7\u00f5es agr\u00edcolas exigem produtos especialmente desenvolvidos. Ambas afirmam que utilizam apenas ingredientes ativos aprovados em ao menos um pa\u00eds da Organiza\u00e7\u00e3o para a Coopera\u00e7\u00e3o e Desenvolvimento Econ\u00f4mico (OCDE). <\/p>\n\n\n\n

A Bayer afirma que “o simples fato de um produto fitofarmac\u00eautico n\u00e3o ser aprovado na UE n\u00e3o diz nada sobre a sua seguran\u00e7a e n\u00e3o \u00e9, de forma alguma, um duplo padr\u00e3o. Muitas outras autoridades de aprova\u00e7\u00e3o em todo o mundo tamb\u00e9m possuem sistemas reguladores muito robustos e sofisticados para proteger a sa\u00fade humana e o meio ambiente”.<\/p>\n\n\n\n

A empresa tamb\u00e9m destaca que seus produtos “atendam ao padr\u00e3o m\u00ednimo global em todos os lugares, independentemente do sistema regulador desenvolvido e rigoroso em cada pa\u00eds”. A Bayer afirma que n\u00e3o vende desde 2012 produtos classificados como particularmente t\u00f3xicos pela Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS). <\/p>\n\n\n\n

A Basf, por sua vez, afirma que todos os seus produtos “s\u00e3o extensivamente testados, avaliados e aprovados por autoridades p\u00fablicas, seguindo os procedimentos oficiais de aprova\u00e7\u00e3o estabelecidos nos respectivos pa\u00edses antes de serem vendidos” e que vende produtos que respeitem o C\u00f3digo de Conduta Internacional da OMS\/FAO. <\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, destaca que “est\u00e1 convencida da seguran\u00e7a de seus produtos quando usados corretamente, seguindo as instru\u00e7\u00f5es do r\u00f3tulo”. A Basf tamb\u00e9m afirma que “em muitos casos, o ingrediente ativo n\u00e3o \u00e9 renovado ou submetido a registro na Europa porque a incid\u00eancia de pragas, doen\u00e7as e ervas daninhas em um clima temperado n\u00e3o \u00e9 justificada ou porque n\u00e3o h\u00e1 cultura de import\u00e2ncia econ\u00f4mica”. <\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Relat\u00f3rio alerta para produtos da Bayer e da Basf que s\u00e3o restritos na Europa, mas vendidos em pa\u00edses como o Brasil, onde as duas empresas comercializam ao menos 24 agrot\u00f3xicos n\u00e3o permitidos na UE. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":159271,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[169,987,203,452,289],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/159270"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=159270"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/159270\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":159272,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/159270\/revisions\/159272"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/159271"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=159270"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=159270"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=159270"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}