{"id":159304,"date":"2020-04-30T13:00:25","date_gmt":"2020-04-30T16:00:25","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=159304"},"modified":"2020-04-30T09:54:33","modified_gmt":"2020-04-30T12:54:33","slug":"pesquisadora-brasileira-recebe-o-maior-premio-de-conservacao-ambiental-do-mundo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/04\/30\/159304-pesquisadora-brasileira-recebe-o-maior-premio-de-conservacao-ambiental-do-mundo.html","title":{"rendered":"Pesquisadora brasileira recebe o maior pr\u00eamio de conserva\u00e7\u00e3o ambiental do mundo"},"content":{"rendered":"\n

Exploradora da National Geographic e especialista em antas, Patricia Medici foi a vencedora do Whitley Gold Award de 2020. Gabriela Rezende, que estuda o mico-le\u00e3o-preto, tamb\u00e9m foi premiada.<\/p>\n\n\n\n

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Patr\u00edcia Medici observa anta anestesiada em armadilha de pesquisa no Pantanal. Exploradora da National Geographic, ela recebeu o que \u00e9 considerado o maior pr\u00eamio da conserva\u00e7\u00e3o ambiental do mundo: o Whitley Gold Award, conferido pelo Whitley Fund for Nature.
FOTO DE JO\u00c3O MARCOS ROSA\/NITRO<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O trabalho em conserva\u00e7\u00e3o de duas cientistas brasileiras foi reconhecido em an\u00fancio feito nesta quarta-feira (29\/04). Patr\u00edcia M\u00e9dici, exploradora da National Geographic e uma das maiores refer\u00eancias em pesquisa e conserva\u00e7\u00e3o da anta brasileira (Tapirus terrestris), recebeu o Whitley Gold Award, principal pr\u00eamio da institui\u00e7\u00e3o Whitley Fund for Nature, do Reino Unido. A bi\u00f3loga Gabriela Rezende, que coordena programa de conserva\u00e7\u00e3o do mico-le\u00e3o-preto (Leontopithecus chrysopygus), levou um Whitley Award.<\/p>\n\n\n\n

As duas pesquisadoras fazem parte do Instituto de Pesquisas Ecol\u00f3gicas (IP\u00ca) e trabalham pela conserva\u00e7\u00e3o de duas esp\u00e9cies s\u00edmbolos da biodiversidade brasileira.<\/p>\n\n\n\n

Conversei com ambas por telefone em um per\u00edodo em que todas as atividades em campos est\u00e3o suspensas. A cerim\u00f4nia, que seria presencial, passou para uma nova data \u2013 dezembro de 2020, se o Covid-19 permitir. A premia\u00e7\u00e3o traz um reconhecimento global para trabalhos de conserva\u00e7\u00e3o, al\u00e9m de recursos financeiros para a manuten\u00e7\u00e3o dos projetos.<\/p>\n\n\n\n

Patr\u00edcia Medici, cofundadora do IP\u00ca e coordenadora da Iniciativa para Conserva\u00e7\u00e3o da Anta Brasileira (Incab), j\u00e1 recebeu os mais importantes pr\u00eamios ambientais do mundo, entre eles, o National Geographic Society\/Buffet Award for Leadership in Conservation, conferido em junho de 2019. Ela trabalha com antas h\u00e1 mais de duas d\u00e9cadas, criou o maior banco de dados sobre o animal no mundo e \u00e9 uma das cientistas perfiladas na s\u00e9rie de reportagens Mulheres na Conserva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O reconhecimento mundial para o trabalho de conserva\u00e7\u00e3o da anta brasileira chega em boa hora. Para a pesquisadora, o pr\u00eamio \u00e9 um selo. \u201cE vem em momento importante para mostrar ao mundo e \u00e0 toda a sociedade brasileira que se continua fazendo ci\u00eancia e pesquisa de qualidade no pa\u00eds\u201d, me contou. \u201cMomento em que a ci\u00eancia precisa ser valorizada.\u201d<\/p>\n\n\n\n

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Ao longo de quase tr\u00eas d\u00e9cadas, Patricia Medici conseguiu criar o maior banco de dados sobre as antas brasileiras no mundo. A esp\u00e9cie \u00e9 conhecida como jardineira da floresta pelo importante papel de dispers\u00e3o de sementes.
FOTO DE JO\u00c3O MARCOS ROSA\/NITRO<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O trabalho da pesquisadora une treinamento e capacita\u00e7\u00e3o, educa\u00e7\u00e3o ambiental, pesquisa de campo e muita comunica\u00e7\u00e3o pela conserva\u00e7\u00e3o. Todas essas iniciativas foram consideradas pelo comit\u00ea. O Whiltey Gold Award \u00e9 entregue uma vez por ano para um pesquisador que j\u00e1 tenha recebido o Whitley Award em edi\u00e7\u00f5es anteriores e garante 60 mil libras em financiamento de pesquisas (cerca de R$ 400 mil na cota\u00e7\u00e3o atual).<\/p>\n\n\n\n

Patr\u00edcia conta que o apoio que recebe do pr\u00eamio tamb\u00e9m \u00e9 de longo prazo. \u201c\u00c9 uma parceria constru\u00edda e cultivada por ambas as partes\u201d, diz ela. O primeiro apoio veio com o primeiro Whitley Award, em 2008. Com o dinheiro, Patr\u00edcia e o IP\u00ca puderam expandir a pesquisa para o Pantanal e implementar o Incab no Brasil. Cinco anos depois, na expans\u00e3o do projeto para o Cerrado, o Incab ganhou um Continuations Grants, uma bolsa de pesquisa que visa \u201ccontinuar participando da vida de conserva\u00e7\u00e3o dos pesquisadores\u201d.<\/p>\n\n\n\n

O Whitley Gold Award de 2020 traz, al\u00e9m de divulga\u00e7\u00e3o sobre a import\u00e2ncia da pesquisa de conserva\u00e7\u00e3o da anta brasileira e dos biomas do pa\u00eds, recursos importantes para uma pr\u00f3xima etapa do projeto: a expans\u00e3o da pesquisa para a Amaz\u00f4nia. O IP\u00ca tamb\u00e9m poder\u00e1 apoiar o retorno a campo de pesquisadores que est\u00e3o reavaliando popula\u00e7\u00f5es na \u00e1rea do Parque Estadual Morro do Diabo, na Mata Atl\u00e2ntica paulista, ponto inicial das pesquisas de Patr\u00edcia com a anta brasileira.<\/p>\n\n\n\n

O maior mam\u00edfero terrestre da Am\u00e9rica do Sul, conhecido como jardineiro da floresta por sua capacidade de dispersar sementes e contribuir na manuten\u00e7\u00e3o das florestas tropicais, \u00e9 um f\u00f3ssil vivo e tamb\u00e9m tem muito a ensinar sobre resili\u00eancia e sobre o impacto humano no planeta. Li\u00e7\u00f5es fundamentais para o momento que estamos vivendo.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 um animal que est\u00e1 h\u00e1 50 milh\u00f5es de anos na Terra, tem uma hist\u00f3ria evolutiva longa e \u00e9 muito resiliente. No Cerrado, apesar de todos os impactos, ainda as encontramos no bioma. Com ca\u00e7a, atropelamento, agrot\u00f3xicos, e a popula\u00e7\u00e3o ainda est\u00e1 l\u00e1. N\u00e3o sabemos por quanto tempo\u201d, diz Patr\u00edcia. \u201cAs antas sobreviveram por fases evolutivas, inclusive de extin\u00e7\u00f5es em massa, por\u00e9m por quest\u00f5es naturais. Agora, \u00e9 a primeira vez que elas est\u00e3o passando por uma situa\u00e7\u00e3o de impacto antropog\u00eanico. \u00c9 o ser humano que entrou na equa\u00e7\u00e3o da resili\u00eancia deste animal. E n\u00e3o s\u00f3 as antas est\u00e3o passando por isso agora.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O primata paulista<\/h3>\n\n\n\n
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Gabriela Rezende segura um mico-le\u00e3o-preto, esp\u00e9cie que chegou as ser considerada extinta na natureza. Por seu trabalho de conserva\u00e7\u00e3o, ela foi uma dos seis pesquisadores agraciados com o Whitley Award, a \u00fanica das Am\u00e9ricas.
FOTO DE KATIE GARRETT<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A bi\u00f3loga Gabriela Rezende foi uma dos seis pesquisadores a receber o pr\u00eamio Whiltley Award neste ano e a \u00fanica das Am\u00e9ricas. Agraciada com o pr\u00eamio de 40 mil libras (cerca de R$ 270 mil) para financiamento de suas pesquisas, ela tamb\u00e9m teve seu trabalho no projeto Conserva\u00e7\u00e3o do Mico-Le\u00e3o-Preto reconhecido. Trata-se de uma iniciativa de longo prazo, uma das mais longevas do tipo no pa\u00eds, para recuperar o primata end\u00eamico do estado de S\u00e3o Paulo. Quando o projeto se iniciou h\u00e1 35 anos \u2013 com o primat\u00f3logo Claudio P\u00e1dua, um dos fundadores do IP\u00ca e tamb\u00e9m agraciado com um Whitley Gold Award \u2013 a popula\u00e7\u00e3o contava com cerca de 100 indiv\u00edduos. At\u00e9 os anos 1970, depois de 65 anos sem ser registrada, a esp\u00e9cie era considerada extinta na natureza. Quando os animais foram finalmente avistados por cientistas em S\u00e3o Paulo, o projeto de conserva\u00e7\u00e3o pode ter in\u00edcio, come\u00e7ando com a identifica\u00e7\u00e3o do primata e com educa\u00e7\u00e3o ambiental da comunidade.<\/p>\n\n\n\n

Gabriela Rezende herdou o projeto em 2011 e desde ent\u00e3o trabalha em duas frentes. Uma delas \u00e9 a recupera\u00e7\u00e3o de \u00e1reas degradas para conectar trechos de Mata Atl\u00e2ntica fragmentados no estado de S\u00e3o Paulo. A outra, a conserva\u00e7\u00e3o e recupera\u00e7\u00e3o do mico-le\u00e3o-preto, esp\u00e9cie que consta na categoria Em perigo de extin\u00e7\u00e3o da lista vermelha de esp\u00e9cies amea\u00e7adas do Uni\u00e3o Internacional para Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza .<\/p>\n\n\n\n

Hoje, cerca de 1,8 mil indiv\u00edduos est\u00e3o espalhados pelas matas do interior paulista. Um n\u00famero maior que o da d\u00e9cada de 1970, mas ainda pouco.<\/p>\n\n\n\n

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Mico-le\u00e3o-preto em trecho de Mata Atl\u00e2ntica no interior de S\u00e3o Paulo. Quando o projeto Conserva\u00e7\u00e3o do Mico-Le\u00e3o-Preto teve in\u00edcio na d\u00e9cada de 1970, a esp\u00e9cie end\u00eamica do estado de S\u00e3o Paulo contava com cerca de 100 indiv\u00edduos. Hoje, mais ou menos 1,8 mil est\u00e3o espalhados pelas matas paulitas.
FOTO DE LUIS PALACIOS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O financiamento do Whitley Award permitir\u00e1 que Gabriela e a equipe do IP\u00ca criem mais corredores para conectar todas as popula\u00e7\u00f5es de mico-le\u00e3o-preto em uma \u00e1rea de floresta cont\u00ednua de cerca de 45 mil hectares. Isso ajudar\u00e1 a prevenir contra a consanguinidade gen\u00e9tica, j\u00e1 que os grupos ficam isolados nos fragmentos de vegeta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Em 2014 foi assinado um decreto que reconhece o mico-le\u00e3o-preto como esp\u00e9cie s\u00edmbolo da conserva\u00e7\u00e3o do estado de S\u00e3o Paulo. Gabriela Rezende, que j\u00e1 publicou um livro em 2014 sobre a esp\u00e9cie, explica a import\u00e2ncia da manuten\u00e7\u00e3o destes pequenos primatas na floresta: \u201cEles t\u00eam o papel de contribuir para a manuten\u00e7\u00e3o de uma Mata Atl\u00e2ntica que \u00e9 a mais amea\u00e7ada do estado, a mais fragmentada de todas [no interior paulista]\u201d, diz a pesquisadora.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA esp\u00e9cie \u00e9 boa dispersora de sementes e uma floresta muito afetada ao longo dos anos, mas que ainda tem biodiversidade. Eles cuidam do ambiente para que os outros animais possam viver ali.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Exploradora da National Geographic e especialista em antas, Patricia Medici foi a vencedora do Whitley Gold Award de 2020. Gabriela Rezende, que estuda o mico-le\u00e3o-preto, tamb\u00e9m foi premiada. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":159305,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[1388,3542,109],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/159304"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=159304"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/159304\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":159309,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/159304\/revisions\/159309"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/159305"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=159304"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=159304"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=159304"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}