{"id":159889,"date":"2020-05-22T17:00:33","date_gmt":"2020-05-22T20:00:33","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=159889"},"modified":"2020-05-22T12:05:07","modified_gmt":"2020-05-22T15:05:07","slug":"deslizamentos-subaquaticos-ocultos-representam-novos-perigos-no-golfo-do-mexico","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/05\/22\/159889-deslizamentos-subaquaticos-ocultos-representam-novos-perigos-no-golfo-do-mexico.html","title":{"rendered":"Deslizamentos subaqu\u00e1ticos ocultos representam novos perigos no Golfo do M\u00e9xico"},"content":{"rendered":"\n

Dados s\u00edsmicos demonstram que terremotos a mais de 965 quil\u00f4metros de dist\u00e2ncia podem amea\u00e7ar plataformas de petr\u00f3leo e causar derramamentos.<\/p>\n\n\n\n

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Foto de 31 de mar\u00e7o de 2015 mostra o rastro de uma embarca\u00e7\u00e3o cruzando uma mancha de petr\u00f3leo no Golfo do M\u00e9xico no local da antiga plataforma de petr\u00f3leo da Taylor Energy, que foi destru\u00edda em 2004 por um deslizamento de terra subaqu\u00e1tico provocado pelo furac\u00e3o Ivan.
FOTO DE GERALD HERBERT, AP PHOTO<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Um erro humano causou alguns dos derramamentos de \u00f3leo mais infames da hist\u00f3ria dos Estados Unidos, como os da Exxon Valdez e Deepwater Horizon. Mas causas naturais tamb\u00e9m podem desencadear desastres \u00e9picos: um derramamento que jorra petr\u00f3leo bruto h\u00e1 16 anos come\u00e7ou quando uma plataforma de produ\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo na costa da Louisiana foi destru\u00edda por um deslizamento de terra subaqu\u00e1tico.<\/p>\n\n\n\n

Agora, evid\u00eancias obtidas a partir de dados s\u00edsmicos sugerem que essas avalanches submarinas s\u00e3o mais comuns no Golfo do M\u00e9xico do que anteriormente se acreditava, levantando preocupa\u00e7\u00f5es sobre as quase duas mil plataformas de petr\u00f3leo offshore da regi\u00e3o, bem como dezenas de milhares de quil\u00f4metros de oleodutos e gasodutos que transportam combust\u00edveis f\u00f3sseis para a costa.<\/p>\n\n\n\n

A an\u00e1lise, publicada na revista cient\u00edfica Geophysical Research Letters, mostra que, entre 2008 e 2015, ocorreram 85 deslizamentos anteriormente desconhecidos no fundo do mar no Golfo. Dez deles, segundo o estudo, ocorreram sem nenhum gatilho detect\u00e1vel. Para surpresa dos pesquisadores, os outros 75 parecem ter sido causados por terremotos distantes \u2014 principalmente tremores de pequeno a m\u00e9dio porte que ocorreram a centenas de quil\u00f4metros de dist\u00e2ncia ao longo da costa oeste da Am\u00e9rica do Norte.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEu n\u00e3o esperava que deslizamentos de terra fossem t\u00e3o comuns no Golfo do M\u00e9xico\u201d, diz o principal autor do estudo, Wenyuan Fan, sism\u00f3logo da Universidade Estadual da Fl\u00f3rida. \u201cE eu n\u00e3o sabia que deslizamentos de terra s\u00e3o t\u00e3o suscet\u00edveis ao desencadeamento din\u00e2mico causado pela passagem de ondas s\u00edsmicas. Sempre tentei provar que eu estivesse errado.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Um mist\u00e9rio s\u00edsmico no Golfo<\/h3>\n\n\n\n

Os cientistas sabem h\u00e1 muito tempo que o Golfo do M\u00e9xico possui um hist\u00f3rico de deslizamentos de terra subaqu\u00e1ticos. O maior fen\u00f4meno subaqu\u00e1tico desse tipo j\u00e1 documentado ao longo de qualquer costa dos Estados Unidos ocorreu pr\u00f3ximo da costa do Texas. Sinais de outros grandes deslizamentos de terra s\u00e3o vis\u00edveis no fundo do mar, perto da foz do rio Mississippi.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores tamb\u00e9m t\u00eam informa\u00e7\u00f5es do motivo de esse terreno ser t\u00e3o propenso ao colapso: todos os anos, os rios despejam grandes quantidades de sedimentos no Golfo, fazendo com que esse material solto se acumule rapidamente no leito do mar e crie uma topografia \u00edngreme e inst\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

Mas a maioria dos deslizamentos de terra no Golfo que os ge\u00f3logos catalogaram por meio de levantamentos cartogr\u00e1ficos do fundo do mar ocorreram h\u00e1 milhares de anos. Esses eventos n\u00e3o podem nos dizer muito sobre a frequ\u00eancia dos deslizamentos subaqu\u00e1ticos de hoje ou o que exatamente os desencadeia.<\/p>\n\n\n\n

Fan e seus colegas come\u00e7aram a obter algumas das informa\u00e7\u00f5es ausentes utilizando dados do USArray, uma rede de 400 sism\u00f3grafos que migraram de oeste a leste na regi\u00e3o continental dos Estados Unidos entre 2007 e 2013, coletando dados por v\u00e1rios anos em cada local. O projeto teve como objetivo \u201ctransformar a Am\u00e9rica em um laborat\u00f3rio natural\u201d e ajudar os cientistas a entender como os terremotos funcionam, diz Fan.<\/p>\n\n\n\n

Os dados s\u00edsmicos coletados pela rede n\u00e3o refletem apenas terremotos. Muitos outros eventos de movimenta\u00e7\u00e3o da terra podem acionar um sism\u00f4metro, que capta ondas na superf\u00edcie da Terra, bem como ondas P e S de movimento mais r\u00e1pido, que viajam atrav\u00e9s de rochas s\u00f3lidas mais profundas.<\/p>\n\n\n\n

Logo depois que Fan come\u00e7ou a usar alguns dos dados da rede para estudar terremotos no noroeste do Pac\u00edfico no fim de 2017, ele come\u00e7ou a detectar sinais no Golfo do M\u00e9xico, regi\u00e3o onde o n\u00famero de terremotos \u00e9 bastante baixo. Depois de analisar as propriedades dessas ondas e projetar modelos para recri\u00e1-las, Fan e seus colegas ficaram convencidos de que estavam observando as pegadas s\u00edsmicas de deslizamentos de terra subaqu\u00e1ticos \u2014 diversos deles.<\/p>\n\n\n\n

Em dados coletados continuamente entre 2008 e 2015, os pesquisadores identificaram ondas de superf\u00edcie associadas a 85 deslizamentos subaqu\u00e1ticos diferentes no Golfo. E o fato mais surpreendente para a equipe foi que quase 90% deles ocorreram poucos minutos depois de um terremoto que ocorreu a mais de 965 quil\u00f4metros de dist\u00e2ncia.<\/p>\n\n\n\n

A maioria desses terremotos ocorreu ao longo do limite das placas tect\u00f4nicas do Pac\u00edfico e da Am\u00e9rica do Norte, entre o noroeste do Pac\u00edfico e o M\u00e9xico. Muitos deles foram apenas de magnitude 5 \u2014 t\u00e3o leves que, na Calif\u00f3rnia, \u201cos rep\u00f3rteres nem sequer os noticiariam\u201d, afirma Fan.<\/p>\n\n\n\n

Essas observa\u00e7\u00f5es, combinadas ao fato de que terremotos mais poderosos e distantes n\u00e3o produziram deslizamentos de terra detect\u00e1veis, sugerem a Fan que a for\u00e7a do terremoto pode n\u00e3o ser o principal fator que determina a ocorr\u00eancia de um deslizamento de terra no Golfo. Fan enfatiza que s\u00e3o necess\u00e1rias mais pesquisas para elucidar exatamente como terremotos distantes conseguem derrubar cumes no fundo do mar em uma bacia oce\u00e2nica a centenas de quil\u00f4metros de dist\u00e2ncia.<\/p>\n\n\n\n

\u201cE isso exige um experimento offshore para descobrir todos os mecanismos f\u00edsicos que podem causar deslizamentos de terra subaqu\u00e1ticos\u201d, diz ele.<\/p>\n\n\n\n

A sism\u00f3loga do Servi\u00e7o Geol\u00f3gico dos Estados Unidos Joan Gomberg, que atuou como revisora independente do artigo publicado, diz que os ge\u00f3logos costumam usar dep\u00f3sitos de sedimentos formados por deslizamentos de terra subaqu\u00e1ticos como evid\u00eancia de terremotos passados.<\/p>\n\n\n\n

\u201cMas para interpretar esses eventos, a premissa envolve um terremoto nas proximidades\u201d, afirma ela. \u201cO que o trabalho de [Fan] mostra \u00e9 que o terremoto respons\u00e1vel pode estar bem distante. Ent\u00e3o isso complica a forma como interpretamos esses registros.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O pior derramamento que se poderia esperar<\/h3>\n\n\n\n

As descobertas de Fan t\u00eam implica\u00e7\u00f5es que v\u00e3o al\u00e9m da reconstru\u00e7\u00e3o hist\u00f3rica do terremoto. Elas sugerem que as plataformas de petr\u00f3leo e g\u00e1s e os oleodutos espalhados pelo Golfo do M\u00e9xico podem enfrentar uma amea\u00e7a geol\u00f3gica para a qual n\u00e3o est\u00e3o preparados.<\/p>\n\n\n\n

\u201cN\u00e3o \u00e9 imposs\u00edvel que uma plataforma possa ser destru\u00edda por um deslizamento de terra. Isso j\u00e1 aconteceu\u201d, diz Ian MacDonald, professor de oceanografia da Universidade Estadual da Fl\u00f3rida, que n\u00e3o participou do novo estudo. \u201cN\u00e3o \u00e9 imposs\u00edvel que o evento cause um derramamento de \u00f3leo extremamente dif\u00edcil de controlar. Isso j\u00e1 aconteceu.\u201d<\/p>\n\n\n\n

MacDonald est\u00e1 se referindo ao derramamento de \u00f3leo da Taylor Energy na costa de Louisiana, onde petr\u00f3leo bruto jorra no oceano a uma taxa de cerca de cem barris por dia desde 2004. Apesar de n\u00e3o ser bem conhecido, esse derramamento \u00e9 considerado um dos piores desastres petrol\u00edferos da hist\u00f3ria dos Estados Unidos. A causa? Um deslizamento de terra subaqu\u00e1tico desencadeado por ondas poderosas e tempestades provocadas pelo furac\u00e3o Ivan.<\/p>\n\n\n\n

Em 2019, MacDonald publicou um artigo no peri\u00f3dico The Conversation alertando sobre o potencial de outro desastre e considerando-o \u201ca pior hip\u00f3tese que se poderia esperar para uma cat\u00e1strofe envolvendo derramamento de \u00f3leo\u201d. Enquanto o derramamento de \u00f3leo da BP Deepwater Horizon foi causado por uma \u00fanica falha no po\u00e7o de perfura\u00e7\u00e3o, no caso do derramamento de \u00f3leo da Taylor Energy, uma plataforma inteira foi derrubada pela lama, destruindo diversos po\u00e7os e deixando destro\u00e7os repletos de petr\u00f3leo enterrados sob uma espessa camada de sedimentos, onde os vazamentos s\u00e3o dif\u00edceis de acessar e conter.<\/p>\n\n\n\n

Fan leu o artigo de MacDonald e entrou em contato com ele, iniciando um di\u00e1logo que levaria a \u201cdiversas conversas frut\u00edferas\u201d, conta MacDonald. Analisando os dados de Fan sobre recentes deslizamentos de terra no Golfo do M\u00e9xico, MacDonald percebeu que o risco para a infraestrutura de combust\u00edveis f\u00f3sseis era potencialmente muito maior do que ele havia pensado.<\/p>\n\n\n\n

\u201c[Agora] conseguimos apontar para muitos desses eventos ocorridos ao longo dos \u00faltimos dez anos\u201d, diz MacDonald. \u201cO que significa, de uma maneira ou de outra, que estivemos nos esquivando de balas, mesmo sem saber que as balas haviam sido disparadas.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fan espera que sua pesquisa ajude as empresas de energia e as ag\u00eancias regulamentadoras a tomarem decis\u00f5es mais esclarecidas sobre onde novas infraestruturas podem ser constru\u00eddas com seguran\u00e7a. Ele observa que a maioria dos deslizamentos subaqu\u00e1ticos que sua equipe detectou ocorreu no oeste do Golfo, uma regi\u00e3o n\u00e3o autorizada para explora\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo e g\u00e1s no governo Obama, mas que o presidente Trump come\u00e7ou a abrir para neg\u00f3cios em 2018.<\/p>\n\n\n\n

O m\u00e9todo de detec\u00e7\u00e3o s\u00edsmica desenvolvido por Fan tamb\u00e9m pode ser reformulado para criar um sistema de alerta capaz de proteger a infraestrutura existente. Se uma rede de sism\u00f3grafos fosse instalada no leito do mar no Golfo do M\u00e9xico para detectar deslizamentos de terra, as empresas poderiam ser alertadas sempre que um sinal fosse registrado nos arredores de sua plataforma, dando-lhes minutos preciosos para implementar procedimentos de desativa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

Com esse sistema, \u00e9 poss\u00edvel que um desastre petrol\u00edfero seja impedido antes mesmo de come\u00e7ar.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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