{"id":161929,"date":"2020-08-10T11:00:00","date_gmt":"2020-08-10T14:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=161929"},"modified":"2020-08-09T22:55:20","modified_gmt":"2020-08-10T01:55:20","slug":"covid-19-e-poluicao-como-a-pandemia-afetou-o-ar-que-respiramos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/sem-categoria\/2020\/08\/10\/161929-covid-19-e-poluicao-como-a-pandemia-afetou-o-ar-que-respiramos.html","title":{"rendered":"Covid-19 e polui\u00e7\u00e3o: como a pandemia afetou o ar que respiramos"},"content":{"rendered":"\n

Estudos nacionais e internacionais indicam que o isolamento social fez com que poluentes atmosf\u00e9ricos diminu\u00edssem. Entenda as consequ\u00eancias para o meio ambiente e sua sa\u00fade<\/p>\n\n\n\n

\"\"
A pandemia de Covid-19 melhorou a qualidade do ar em diversas cidades, como S\u00e3o Paulo (Foto: Bruno Thethe\/Unsplash)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Se a pandemia de Covid-19 trouxe efeitos positivos para o planeta, pode-se dizer que a diminui\u00e7\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o foi um deles. No mundo inteiro, enquanto as pessoas se isolaram em casa para evitar a contamina\u00e7\u00e3o pelo novo coronav\u00edrus, a qualidade do ar apresentou melhoras significativas. Um estudo da Universidade de Toronto, no Canad\u00e1, divulgado em abril, mostrou que o n\u00edvel de polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica diminuiu 40% em cidades asi\u00e1ticas e da Europa (Wuhan, Hong Kong, Kyoto, Mil\u00e3o, Seul e Xangai) que declararam estado de emerg\u00eancia em fevereiro. E n\u00e3o foi diferente no resto do globo \u2014 muito menos no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Desde o dia 20 de mar\u00e7o, quando come\u00e7ou o isolamento social em S\u00e3o Paulo, a Companhia Ambiental do Estado de S\u00e3o Paulo (Cetesb) constatou que a menor circula\u00e7\u00e3o de carros, motos e \u00f4nibus na capital paulista levou a uma melhora na qualidade do ar: entre os dias 20 e 30 de mar\u00e7o, todas as 29 esta\u00e7\u00f5es de monitoramento da cidade registraram qualidade do ar \u201cboa\u201d para poluentes prim\u00e1rios, aqueles emitidos diretamente por fontes poluidoras, como os meios de transporte.<\/p>\n\n\n\n

A melhora chamou a aten\u00e7\u00e3o de especialistas, que resolveram investigar o fen\u00f4meno mais a fundo. \u201cComo uma grande parte deles [os ve\u00edculos] deixou de circular, fica clara a diminui\u00e7\u00e3o de poluentes prim\u00e1rios como o mon\u00f3xido de carbono [CO, emitido principalmente pelos carros] e os \u00f3xidos de nitrog\u00eanio [NOx, emitidos sobretudo por ve\u00edculos a diesel], que pode ser confirmada nos dados atmosf\u00e9ricos\u201d, disse \u00e0 Ag\u00eancia Fapesp Maria de F\u00e1tima Andrade, professora do Instituto de Astronomia, Geof\u00edsica e Ci\u00eancias Atmosf\u00e9ricas da Universidade de S\u00e3o Paulo (IAG-USP).<\/p>\n\n\n\n

Em uma an\u00e1lise feita exclusivamente para a Ag\u00eancia Fapesp, Andrade percebeu tamb\u00e9m uma diminui\u00e7\u00e3o de aproximadamente 30% no material particulado inal\u00e1vel. Trata-se dos poluentes MP 10 \u2014 material particulado com di\u00e2metro at\u00e9 10 micr\u00f4metros, relacionado \u00e0 a\u00e7\u00e3o dos ve\u00edculos que ressuspendem a poeira do solo \u2014 e MP 2,5, com at\u00e9 2,5 micr\u00f4metros, formado por processos secund\u00e1rios a partir da queima de combust\u00edvel.<\/p>\n\n\n\n

Em um artigo publicado no \u00faltimo dia 1\u00ba de julho no peri\u00f3dico Allergologia et Immunopathologia, cientistas brasileiros destacaram os efeitos do isolamento sobre a polui\u00e7\u00e3o em outras regi\u00f5es do pa\u00eds. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, o ar apresentou redu\u00e7\u00f5es significativas nos n\u00edveis de CO e di\u00f3xido de nitrog\u00eanio (NO2), g\u00e1s poluente associado a diversas complica\u00e7\u00f5es de sa\u00fade e ambientais. J\u00e1 em Fortaleza, um levantamento conduzido por cientistas da Universidade Estadual do Cear\u00e1 (UECE) indicou redu\u00e7\u00e3o de 50% nos n\u00edveis de g\u00e1s oz\u00f4nio (O3).<\/p>\n\n\n\n

Em Bras\u00edlia, imagens de sat\u00e9lite evidenciaram queda de NO2 devido \u00e0 redu\u00e7\u00e3o no n\u00famero de viajantes para a capital federal. E Belo Horizonte apresentou melhoras em PM 2,5 e NO2 com a redu\u00e7\u00e3o na frota de ve\u00edculos.<\/p>\n\n\n\n

Oz\u00f4nio em alta<\/h3>\n\n\n\n

Mas nem tudo s\u00e3o flores. Embora o per\u00edodo de isolamento tenha contribu\u00eddo para reduzir alguns poluentes, n\u00e3o foi suficiente para limpar totalmente o ar de grandes cidades. Em um artigo divulgado em maio, o engenheiro e ge\u00f3grafo David Tsai, coordenador da \u00e1rea de emiss\u00f5es do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), em S\u00e3o Paulo, comparou os \u00edndices de concentra\u00e7\u00e3o de part\u00edculas inal\u00e1veis finas (o material particulado) e O3 na capital paulista \u2014 dois poluentes que frequentemente se encontram acima dos n\u00edveis indicados na cidade. Ele analisou as taxas nos meses de mar\u00e7o e abril de 2017, 2018, 2019 e 2020. “Deu para notar redu\u00e7\u00f5es no material particulado, mas o g\u00e1s oz\u00f4nio continuou alto, acima da m\u00e9dia dos \u00faltimos tr\u00eas anos”, relata.<\/p>\n\n\n\n

Entre as esta\u00e7\u00f5es que monitoram o g\u00e1s oz\u00f4nio, a de Itaquera, na zona leste de S\u00e3o Paulo, chamou a aten\u00e7\u00e3o por ultrapassar os n\u00edveis dos tr\u00eas anos anteriores, alcan\u00e7ando \u00edndice considerado \u201cmuito ruim\u201d de qualidade do ar no per\u00edodo analisado. Embora o O3 possa ser formado naturalmente \u2014 e desempenhe uma fun\u00e7\u00e3o importante ao barrar raios ultravioleta do tipo B (UVB) \u2014, ele acaba se formando em quantidades acima do ideal como consequ\u00eancia de outros poluentes emitidos pela atividade humana.<\/p>\n\n\n\n

Para Tsai, os \u00edndices de oz\u00f4nio se mantiveram porque as emiss\u00f5es n\u00e3o diminu\u00edram o suficiente para limpar completamente o ar. E ele avisa: assim que o isolamento social acabar, a polui\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m voltar\u00e1 aos n\u00edveis de antes da pandemia.<\/p>\n\n\n\n

Menos raios<\/h3>\n\n\n\n

Outro efeito de ter parte da popula\u00e7\u00e3o em casa durante a quarentena foi a diminui\u00e7\u00e3o dos raios que ca\u00edram sobre a cidade de S\u00e3o Paulo. \u00c9 o que observou um estudo conduzido pelo engenheiro Osmar Pinto Junior, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosf\u00e9rica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com o levantamento, entre 20 de mar\u00e7o e 2 de abril de 2020, apenas 4% do total das descargas el\u00e9tricas atingiram o solo paulistano. Em anos anteriores, os percentuais para esse per\u00edodo variaram de 40% a 63%, de acordo com o ELAT\/INPE.<\/p>\n\n\n\n

\"\"
Os menores n\u00edveis de polui\u00e7\u00e3o diminu\u00edram tamb\u00e9m a incid\u00eancia de raios na capital paulista (Foto: Creative commons)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Isso indica que as supertempestades (com mais de 3 mil raios) n\u00e3o s\u00e3o consequ\u00eancia apenas das \u201cilhas de calor\u201d formadas em grandes cidades, como se pensava, mas tamb\u00e9m da polui\u00e7\u00e3o. \u201cEste estudo foi sorte [devido ao isolamento social]. N\u00e3o vamos conseguir observ\u00e1-lo de novo\u201d, lamenta Osmar Pinto.<\/p>\n\n\n\n

Bom para a sa\u00fade?<\/h3>\n\n\n\n

Ainda n\u00e3o h\u00e1 estudos conclusivos sobre os efeitos da polui\u00e7\u00e3o nos sintomas da doen\u00e7a causada pelo novo coronav\u00edrus \u2014 isto \u00e9, se estar em um ambiente polu\u00eddo agrava ou n\u00e3o a manifesta\u00e7\u00e3o da Covid-19. Mas h\u00e1 suspeita de que essa rela\u00e7\u00e3o exista, sim.<\/p>\n\n\n\n

Um artigo publicado em abril pelo Centro para Pesquisa de Energia e Limpeza do Ar (CREA, na sigla em ingl\u00eas), institui\u00e7\u00e3o finlandesa de pesquisa privada, ressalta que, al\u00e9m de contribuir para condi\u00e7\u00f5es associadas ao agravamento da Covid-19 (como doen\u00e7as cardiovasculares e c\u00e2ncer), graus elevados de polui\u00e7\u00e3o facilitam infec\u00e7\u00f5es virais ao prejudicar as defesas naturais do organismo. Um estudo de 2018 feito com mais de 10 mil pessoas nos Estados Unidos mostrou que breves picos de MP 2,5 j\u00e1 s\u00e3o suficientes para provocar doen\u00e7as respirat\u00f3rias que exigem hospitaliza\u00e7\u00e3o. <\/p>\n\n\n\n

Um trabalho da Universidade Harvard, tamb\u00e9m nos EUA, apresentado em abril em uma vers\u00e3o pr\u00e9-print (sem revis\u00e3o por pares) indicou que lugares com maior concentra\u00e7\u00e3o de MP 2,5 t\u00eam maior risco de morte por Covid-19. E isso \u00e9 reiterado por investiga\u00e7\u00f5es conduzidas em surtos de outros coronav\u00edrus: no in\u00edcio dos anos 2000, o ar polu\u00eddo foi associado a um maior n\u00famero de \u00f3bitos por Sars (Sars-CoV-1), doen\u00e7a que surgiu na China nesse per\u00edodo.<\/p>\n\n\n\n

Embora ainda n\u00e3o se possa dizer que isso se aplica ao novo coronav\u00edrus, respirar um ar mais limpo n\u00e3o faz mal a ningu\u00e9m. Ali\u00e1s, salva vidas! Em um outro texto publicado em 30 de abril, a equipe do CREA demonstrou que a melhora na qualidade do ar naquele m\u00eas em diversos pa\u00edses da Europa que estavam praticando quarentena ou lockdown evitou 11 mil mortes associadas diretamente \u00e0 polui\u00e7\u00e3o no continente.<\/p>\n\n\n\n

Fica, portanto, a li\u00e7\u00e3o: que bom seria se pud\u00e9ssemos aliar a liberdade da vida pr\u00e9-pandemia ao que os novos h\u00e1bitos nos mostraram. Tomara que a ci\u00eancia \u2014 e cada um de n\u00f3s \u2014 coloque esses aprendizados em pr\u00e1tica para um futuro mais saud\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Revista Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Estudos nacionais e internacionais indicam que o isolamento social fez com que poluentes atmosf\u00e9ricos diminu\u00edssem. Entenda as consequ\u00eancias para o meio ambiente e sua sa\u00fade. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":161930,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[4257,4379,91],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/161929"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=161929"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/161929\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":161932,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/161929\/revisions\/161932"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/161930"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=161929"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=161929"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=161929"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}