{"id":162215,"date":"2020-08-19T15:00:59","date_gmt":"2020-08-19T18:00:59","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=162215"},"modified":"2020-08-19T12:10:13","modified_gmt":"2020-08-19T15:10:13","slug":"megaestudo-aponta-os-limites-para-a-sobrevivencia-das-florestas-tropicais","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/08\/19\/162215-megaestudo-aponta-os-limites-para-a-sobrevivencia-das-florestas-tropicais.html","title":{"rendered":"Megaestudo aponta os limites para a sobreviv\u00eancia das florestas tropicais"},"content":{"rendered":"\n
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Pesquisa, que envolveu dezenas de cientistas de v\u00e1rios pa\u00edses, calculou os m\u00e1ximos de temperatura global e local que as florestas podem suportar (foto: Bruno Henning\/Wikimedia Commons)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

At\u00e9 que ponto as florestas tropicais podem resistir ao aquecimento global? Qual \u00e9 o limite de sua resili\u00eancia? Um megaestudo, envolvendo dezenas de pesquisadores de v\u00e1rios pa\u00edses, buscou responder a essas perguntas. Para isso, integrou dados de 590 \u00e1reas florestais permanentes, distribu\u00eddas pela faixa tropical do planeta, correlacionando as vari\u00e1veis clim\u00e1ticas com o ciclo de carbono das florestas. As conclus\u00f5es foram publicadas na revista Science, no artigo \u201cLong-term thermal sensitivity of Earth\u2019s tropical forests\u201d. <\/p>\n\n\n\n

O estudo mostrou que a temperatura m\u00e1xima \u00e9 o fator que mais influencia a biomassa situada acima do solo. Em primeiro lugar, reduzindo sua capacidade de assimilar carbono por meio da fotoss\u00edntese e de convert\u00ea-lo em madeira. Em segundo lugar, aumentando a taxa de mortalidade das \u00e1rvores, o que acentua as emiss\u00f5es de carbono e, por decorr\u00eancia, o aquecimento global, em um c\u00edrculo vicioso\u201d, diz Luiz Arag\u00e3o \u00e0 Ag\u00eancia FAPESP.<\/p>\n\n\n\n

Chefe da Divis\u00e3o de Sensoriamento Remoto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Arag\u00e3o foi um dos pesquisadores brasileiros que integraram o estudo. Sua participa\u00e7\u00e3o recebeu apoio da FAPESP por meio de aux\u00edlio a dois projetos: \u201cDiversidade funcional dos biomas Amaz\u00f4nia, Mata Atl\u00e2ntica e Cerrado nos ambientes intactos e em regenera\u00e7\u00e3o por meio de imagens hiperspectrais\u201d, e \u201cIntera\u00e7\u00e3o entre seca e fogo em vegeta\u00e7\u00e3o secund\u00e1ria no Brasil\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Os dois aux\u00edlios comp\u00f5em o apoio a um projeto maior, denominado \u201cBIOmes of Brasil – Resilience, Recovery, and Diversity: BIO-RED\u201d, financiado por meio de acordo entre a FAPESP e o Natural Environment Research Council (NERC), do Reino Unido.<\/p>\n\n\n\n

Para que as florestas tropicais possam se adaptar \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas \u00e9 preciso que a temperatura global n\u00e3o exceda o limite de dois graus Celsius (2 \u00b0C) acima da temperatura da \u00e9poca pr\u00e9-industrial, conforme a meta fixada no Acordo de Paris. E que, localmente, a temperatura da \u00e1rea florestal n\u00e3o ultrapasse 32,2 \u00b0C.<\/p>\n\n\n\n

\u201cIsso vale para as florestas naturais n\u00e3o perturbadas pela a\u00e7\u00e3o humana. Se agregarmos ao aquecimento global eventos como inc\u00eandios, desmatamento e fragmenta\u00e7\u00e3o das \u00e1reas florestais, a resili\u00eancia fica ainda mais comprometida\u201d, acrescenta o pesquisador.<\/p>\n\n\n\n

Ele explica que, al\u00e9m de destru\u00edrem a cobertura vegetal e de lan\u00e7arem grandes quantidades de carbono na atmosfera, esses eventos reduzem tamb\u00e9m o transporte de umidade no interior das florestas. Ent\u00e3o, as florestas passam a ser impactadas tanto pelo acirramento das secas em decorr\u00eancia das mudan\u00e7as globais quanto por secas localizadas.<\/p>\n\n\n\n

\u201cAs florestas tropicais s\u00e3o muito resilientes. Mas existem limites que n\u00e3o podem ser ultrapassados. O estudo agora publicado apontou dois m\u00e1ximos limitantes: 2 \u00b0C acima da temperatura pr\u00e9-industrial para a temperatura global e 32,2 \u00b0C para a temperatura local. Com rela\u00e7\u00e3o aos impactos causados localmente pela a\u00e7\u00e3o humana, estudos de modelagem apontam que uma destrui\u00e7\u00e3o de 30% a 40% pode levar uma floresta t\u00e3o exuberante como a Amaz\u00f4nica ao ponto de n\u00e3o retorno. A fragmenta\u00e7\u00e3o florestal cria bordas extremamente suscet\u00edveis\u201d, diz Arag\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O pesquisador ressalta que a Terra j\u00e1 passou antes por temperaturas elevadas. Mas essas mudan\u00e7as naturais foram processos de longo prazo, que possibilitaram que as esp\u00e9cies se adaptassem. As mudan\u00e7as atuais, de origem antr\u00f3pica, s\u00e3o t\u00e3o r\u00e1pidas que muitas vezes n\u00e3o permitem adapta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

\u201cNosso estudo mostrou que ainda temos uma chance de salvar as florestas tropicais \u2013 e tudo o que elas representam para o equil\u00edbrio do planeta. Mas \u00e9 preciso cumprir a meta global, de manter o aquecimento abaixo dos 2 \u00b0C. E, localmente, temos que defender as florestas de toda a\u00e7\u00e3o predat\u00f3ria\u201d, conclui.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Fonte: FAPESP<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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