{"id":162376,"date":"2020-08-24T18:19:21","date_gmt":"2020-08-24T21:19:21","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=162376"},"modified":"2020-08-24T18:19:21","modified_gmt":"2020-08-24T21:19:21","slug":"plantas-mumificadas-contribuem-para-um-vislumbre-do-futuro-da-terra","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/redacao\/traducoes\/2020\/08\/24\/162376-plantas-mumificadas-contribuem-para-um-vislumbre-do-futuro-da-terra.html","title":{"rendered":"Plantas ‘mumificadas’ contribuem para um vislumbre do futuro da Terra"},"content":{"rendered":"\n
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Uma folha de 23 milh\u00f5es de anos: ainda s\u00e3o vis\u00edveis veias, buracos ro\u00eddos por insetos e tecido cicatricial. Fonte: JENNIFER BANNISTER \/ UNI OTAGO.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Folhas f\u00f3sseis de restos de uma floresta de 23 milh\u00f5es de anos sugerem que algumas plantas podem se adaptar para crescer mais rapidamente \u00e0 medida que os n\u00edveis de CO\u2082 aumentam, diz um estudo.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os cientistas recuperaram as folhas muito bem preservadas de um antigo lago na Ilha Sul da Nova Zel\u00e2ndia.<\/p>\n\n\n\n

Elas permitiram que os cientistas relacionassem pela primeira vez as altas temperaturas do per\u00edodo com os altos n\u00edveis de CO\u2082 atmosf\u00e9rico.<\/p>\n\n\n\n

Os resultados foram publicados na revista Climate of the Past<\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Em seu artigo cient\u00edfico, a equipe mostra que algumas plantas foram capazes de coletar di\u00f3xido de carbono com mais efici\u00eancia para a fotoss\u00edntese – o processo biol\u00f3gico que aproveita a luz do Sol para produzir alimentos para a planta.<\/p>\n\n\n\n

Eles dizem que suas descobertas podem conter pistas de como a din\u00e2mica da vida vegetal pode mudar \u00e0 medida que os n\u00edveis atuais de CO\u2082 aumentam, como era em um passado distante.<\/p>\n\n\n\n

O que podemos aprender com essas folhas antigas?<\/h4>\n\n\n\n

A equipe perfurou 100 metros at\u00e9 pr\u00f3ximo ao fundo do leito do lago, agora seco, localizado na cratera de um vulc\u00e3o extinto h\u00e1 muito tempo. A cratera tem cerca de um quil\u00f4metro de di\u00e2metro.<\/p>\n\n\n\n

Aqui, o material biol\u00f3gico foi fossilizado, incluindo restos de plantas, algas, aranhas, besouros, moscas, fungos e outros seres vivos de um per\u00edodo quente conhecido como o in\u00edcio da \u00c9poca do Mioceno.<\/p>\n\n\n\n

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O dep\u00f3sito est\u00e1 localizado em uma fazenda perto da cidade de Dunedin, no sul da Nova Zel\u00e2ndia. Fonte: DAPHNE LEE \/ UNI OTAGO.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Acredita-se que as temperaturas globais m\u00e9dias estavam entre 3\u00b0C e 7\u00b0C mais altas do que hoje, e o gelo praticamente desapareceu dos p\u00f3los.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 um debate entre os cientistas sobre os n\u00edveis de CO\u2082 no per\u00edodo, o que \u00e9 um dos motivos pelos quais este estudo \u00e9 t\u00e3o interessante.<\/p>\n\n\n\n

“O surpreendente \u00e9 que essas folhas s\u00e3o basicamente mumificadas, ent\u00e3o temos suas composi\u00e7\u00f5es qu\u00edmicas originais e podemos ver todas as suas caracter\u00edsticas ao microsc\u00f3pio”, disse o autor principal Tammo Reichgelt, da Universidade de Connecticut em Storrs, EUA.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Ele diz que as folhas s\u00e3o preservadas t\u00e3o perfeitamente que veias e est\u00f4matos microsc\u00f3picos – os poros que permitem que as folhas respirem e liberem \u00e1gua durante a fotoss\u00edntese – s\u00e3o vis\u00edveis.<\/p>\n\n\n\n

Os cientistas analisaram as diferentes formas qu\u00edmicas de carbono – ou is\u00f3topos de carbono – nas folhas de meia d\u00fazia de esp\u00e9cies de \u00e1rvores encontradas em v\u00e1rios n\u00edveis do dep\u00f3sito.<\/p>\n\n\n\n

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Os baixos n\u00edveis de oxig\u00eanio no fundo do lago ajudaram a preservar as folhas. Fonte: JENNIFER BANNISTER \/ UNI OTAGO.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Isso os ajudou a estimar o conte\u00fado de carbono da atmosfera na \u00e9poca.<\/p>\n\n\n\n

Eles conclu\u00edram que era cerca de 450 partes por milh\u00e3o (ppm).<\/p>\n\n\n\n

Estudos anteriores – usando principalmente organismos marinhos – sugeriram que era significativamente menor, em torno de 300 ppm.<\/p>\n\n\n\n

Isso \u00e9 semelhante ao dos tempos pr\u00e9-industriais, e n\u00e3o o suficiente para explicar as temperaturas muito altas do in\u00edcio do Mioceno.<\/p>\n\n\n\n

As emiss\u00f5es humanas elevaram os n\u00edveis de CO\u2082 para cerca de 415 ppm.<\/p>\n\n\n\n

Espera-se que cheguem a 450 ppm nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas – o mesmo n\u00edvel experimentado por aquelas florestas na Nova Zel\u00e2ndia 23 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s.<\/p>\n\n\n\n

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Cientistas pesquisando o local em busca de f\u00f3sseis. Fonte: WILLIAM D’ANDREA.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os pesquisadores tamb\u00e9m analisaram a geometria dos est\u00f4matos das folhas e outras caracter\u00edsticas anat\u00f4micas, e os compararam com os das folhas modernas.<\/p>\n\n\n\n

Eles mostraram que as \u00e1rvores eram excepcionalmente eficientes na suc\u00e7\u00e3o de carbono pelos est\u00f4matos, sem vazar muita \u00e1gua pela mesma rota – um desafio chave para todas as plantas.<\/p>\n\n\n\n

Isso permitiu que as \u00e1rvores crescessem em \u00e1reas marginais que, de outra forma, seriam muito secas para as florestas.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores dizem que essa maior efici\u00eancia provavelmente se refletiu em florestas nas latitudes temperadas do norte, onde a maior parte da massa de terra do mundo est\u00e1 localizada.<\/p>\n\n\n\n

O que isso nos diz hoje?<\/h4>\n\n\n\n

Quando os n\u00edveis de CO\u2082 aumentam, muitas plantas aumentam sua taxa de fotoss\u00edntese, porque podem remover o carbono do ar com mais efici\u00eancia e conservar \u00e1gua ao fazer isso.<\/p>\n\n\n\n

Dados dos sat\u00e9lites da Nasa mostram um efeito de “esverdeamento global” principalmente devido aos n\u00edveis crescentes de CO\u2082 liberado por atividades humanas nas \u00faltimas d\u00e9cadas.<\/p>\n\n\n\n

Estima-se que um quarto a metade das terras com vegeta\u00e7\u00e3o do planeta viram aumentos no volume de folhas em \u00e1rvores e plantas desde cerca de 1980.<\/p>\n\n\n\n

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Parte de uma folha mumificada, altamente ampliada. Entre as caracter\u00edsticas que podem ser vistas est\u00e3o c\u00e9lulas epid\u00e9rmicas individuais e est\u00f4matos em formato de boca, aberturas pelas quais a folha absorve di\u00f3xido de carbono e libera \u00e1gua. Fonte: TAMMO REICHGELT. <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O efeito deve continuar \u00e0 medida que os n\u00edveis de CO\u2082 aumentam.<\/p>\n\n\n\n

Mas os autores do novo relat\u00f3rio dizem que n\u00e3o devemos presumir que isso seja necessariamente uma boa not\u00edcia.<\/p>\n\n\n\n

O aumento da absor\u00e7\u00e3o de CO\u2082 n\u00e3o chega nem perto de compensar o que os humanos est\u00e3o despejando no ar.<\/p>\n\n\n\n

E, como grande parte da vida vegetal de hoje evoluiu em um mundo temperado com baixo teor de CO\u2082, alguns ecossistemas naturais e agr\u00edcolas poderiam ser seriamente afetados por n\u00edveis mais elevados de CO\u2082, juntamente com o aumento das temperaturas e mudan\u00e7as na precipita\u00e7\u00e3o que eles trazem.<\/p>\n\n\n\n

Nem todas as plantas podem tirar vantagem e, entre aquelas que o fazem, os resultados podem variar dependendo da temperatura e da disponibilidade de \u00e1gua ou nutrientes.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 evid\u00eancias de que, quando algumas das principais safras fotossintetizam mais rapidamente, elas absorvem relativamente menos c\u00e1lcio, ferro, zinco e outros minerais vitais para a nutri\u00e7\u00e3o humana.<\/p>\n\n\n\n

“Ningu\u00e9m sabe como vai acontecer”, disse o Dr. Reichgelt. “\u00c9 outra camada de estresse para as plantas. Pode ser \u00f3timo para algumas e horr\u00edvel para outras.”<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Como as folhas est\u00e3o t\u00e3o bem preservadas?<\/h4>\n\n\n\n

O dep\u00f3sito est\u00e1 localizado em uma fazenda perto da cidade de Dunedin, no sul da Nova Zel\u00e2ndia.<\/p>\n\n\n\n

No antigo lago da cratera, camadas sucessivas de sedimentos se acumularam no ambiente circundante ao longo de dezenas de milh\u00f5es de anos.<\/p>\n\n\n\n

O lago era profundo e tinha baixos n\u00edveis de oxig\u00eanio em seu fundo, o que significa que qualquer folha pr\u00e9-hist\u00f3rica que afundou ali ficou relativamente bem preservada, apesar de ter 23 milh\u00f5es de anos.<\/p>\n\n\n\n

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As estruturas circulares vis\u00edveis neste esp\u00e9cime s\u00e3o o tecido de rea\u00e7\u00e3o da folha a alguma forma de alimenta\u00e7\u00e3o de inseto ou parasitismo. Fonte: JENNIFER BANNISTER \/ UNI OTAGO.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Isso inclui in\u00fameras folhas de uma floresta perene subtropical.<\/p>\n\n\n\n

O dep\u00f3sito tem uma estrutura em camadas com mat\u00e9ria org\u00e2nica enegrecida alternada com faixas de material rico em s\u00edlica branca depositado por algas que floresciam a cada primavera.<\/p>\n\n\n\n

O local foi reconhecido apenas nos \u00faltimos 15 anos; os cientistas o apelidaram de Foulden Maar.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 o \u00fanico dep\u00f3sito desse tipo conhecido no hemisf\u00e9rio sul, e muito mais bem preservado do que os poucos semelhantes conhecidos do norte.<\/p>\n\n\n\n

Como foi trabalhar com um material t\u00e3o antigo?<\/h4>\n\n\n\n

Tammo Reichgelt disse que sentiu uma grande responsabilidade e “uma estranha esp\u00e9cie de rever\u00eancia” trabalhando com f\u00f3sseis dessa qualidade que permaneceram intocados por tanto tempo.<\/p>\n\n\n\n

Ele descreveu a escava\u00e7\u00e3o do material f\u00f3ssil de um po\u00e7o escavado em dep\u00f3sitos na cratera.<\/p>\n\n\n\n

Foi exposto \u00e0s intemp\u00e9ries, “muito vento, sol e saturado de chuva”.<\/p>\n\n\n\n

Isso tornou o trabalho muito desafiador.<\/p>\n\n\n\n

“A maior folha que j\u00e1 encontrei foi em um dia chuvoso e a pedra quebradi\u00e7a se desfez na minha m\u00e3o com a folha”, disse ele \u00e0 BBC.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

“N\u00e3o havia como salv\u00e1-la. Quando esse tipo de coisa acontece, seu est\u00f4mago embrulha e voc\u00ea sente que acabou de destruir a tumba de um fara\u00f3.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC News \/ Justin Rowlatt
Tradu\u00e7\u00e3o: Reda\u00e7\u00e3o Ambientebrasil \/ Maria Beatriz Ayello Leite
Para ler a reportagem original em ingl\u00eas acesse:<\/em> https:\/\/www.bbc.com\/news\/science-environment-53842626<\/a> <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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