{"id":162395,"date":"2020-08-24T12:30:31","date_gmt":"2020-08-24T15:30:31","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=162395"},"modified":"2020-08-24T12:22:12","modified_gmt":"2020-08-24T15:22:12","slug":"pandemia-atrasa-dia-de-sobrecarga-da-terra","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/08\/24\/162395-pandemia-atrasa-dia-de-sobrecarga-da-terra.html","title":{"rendered":"Pandemia atrasa Dia de Sobrecarga da Terra"},"content":{"rendered":"\n

Com o coronav\u00edrus, data em que a humanidade extrapola a biocapacidade do planeta chegou tr\u00eas semanas mais tarde em 2020. Mas est\u00e1 claro que n\u00e3o \u00e9 uma solu\u00e7\u00e3o sustent\u00e1vel. Nem desej\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

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Em 1970, a biocapacidade da Terra era mais do que suficiente para atender \u00e0 demanda humana anual por recursos. Mas em meio s\u00e9culo, vimos extrapolando constantemente o nosso \u00fanico planeta. A humanidade agora consome cerca de 60% a mais do que a Terra pode produzir em um ano, o que significa que precisar\u00edamos de mais de meio planeta extra para nos sustentar.<\/p>\n\n\n\n

Em 31 de julho de 2019, a humanidade j\u00e1 havia esgotado seu or\u00e7amento de recursos para todo o ano. Este foi o Dia de Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day) mais precoce j\u00e1 registrado pela Global Footprint Network (GFN), que h\u00e1 quase tr\u00eas d\u00e9cadas calcula os impactos ecol\u00f3gicos globais e nacionais.<\/p>\n\n\n\n

Na \u00e9poca, a humanidade vinha ultrapassando sua biocapacidade \u2013 definida como a “capacidade dos ecossistemas de produzirem materiais biol\u00f3gicos usados pelos humanos e de absorverem os res\u00edduos gerados por ele” \u2013 em alguns dias a mais a cada ano.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, devido \u00e0 quarentena mundial provocada pelo coronav\u00edrus, 2020 reverteu essa tend\u00eancia. Este ano, o Dia de Sobrecarga da Terra atrasou em mais de tr\u00eas semanas, chegando somente neste s\u00e1bado (22\/08).<\/p>\n\n\n\n

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Avenida Paulista vazia no primeiro dia do confinamento imposto pelo coronav\u00edrus<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

As proje\u00e7\u00f5es revelam uma redu\u00e7\u00e3o de quase 15% das emiss\u00f5es de CO2 (cerca de 60% da pegada total), como resultado da desacelera\u00e7\u00e3o, ditada pela pandemia, do uso de combust\u00edveis f\u00f3sseis nos setores de transporte, energia, ind\u00fastria, avia\u00e7\u00e3o e residencial.<\/p>\n\n\n\n

O c\u00e1lculo global da Sobrecarga da Terra, que usa dados de organiza\u00e7\u00f5es como a Ag\u00eancia Internacional de Energia, tamb\u00e9m inclui a produ\u00e7\u00e3o florestal, que caiu quase 9%, e nossa pegada alimentar, que ficou est\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

Planeta de mis\u00e9ria ou de prosperidade?<\/h3>\n\n\n\n

Para Mathis Wackernagel, fundador e presidente da rede GFN, a contra\u00e7\u00e3o deste ano \u00e9 bem-vinda. Mas ele ressalta que ela \u00e9 acidental, o que significa que n\u00e3o \u00e9 sustent\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

“A trag\u00e9dia deste ano \u00e9 que a redu\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es de carbono n\u00e3o se baseia numa infraestrutura melhor, como redes el\u00e9tricas melhores ou cidades mais compactas\u201d, explicou DW. “Precisamos mudar a data propositalmente, e n\u00e3o por um desastre.”<\/p>\n\n\n\n

Para cumprir as metas do Painel Intergovernamental sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas (IPCC) de limitar o aquecimento global a 1,5-2 \u00baC em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 era pr\u00e9-industrial, a queda atual na curva de emiss\u00f5es teria que continuar na mesma taxa pela pr\u00f3xima d\u00e9cada, aponta Wackernagel.<\/p>\n\n\n\n

No momento, por\u00e9m, se tem alcan\u00e7ado isso atrav\u00e9s de sofrimento econ\u00f4mico e social, “n\u00e3o fazendo nada, presos em casa”: Esse n\u00e3o \u00e9 o tipo de transforma\u00e7\u00e3o de que precisamos, n\u00e3o \u00e9 duradoura.” A meta deve ser “nos ajustarmos sistematicamente ao or\u00e7amento f\u00edsico que temos dispon\u00edvel”: “Queremos a mis\u00e9ria ou a prosperidade de um planeta?”<\/p>\n\n\n\n

Para , o fundador da GFN., nascido na Su\u00ed\u00e7a e vencedor do Pr\u00eamio Mundial de Sustentabilidade 2018, o coronav\u00edrus \u00e9 um reflexo do pr\u00f3prio estresse ecol\u00f3gico. “Essas press\u00f5es que vemos na forma de pandemias, fome, mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, perda de biodiversidade, s\u00e3o todas manifesta\u00e7\u00f5es de um desequil\u00edbrio ecol\u00f3gico.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Menos emiss\u00f5es para o benef\u00edcio de todos<\/h3>\n\n\n\n

Um efeito colateral importante das redu\u00e7\u00f5es de emiss\u00f5es causadas por desastres \u00e9 o fato de que “a dor vai ser distribu\u00edda de forma desigual”, afirma Wackernagel.<\/p>\n\n\n\n

Grupos marginalizados, especialmente indiv\u00edduos de cor, t\u00eam sido desproporcionalmente afetados pelos “enormes impactos econ\u00f4micos” da pandemia, apontou Sarah George, rep\u00f3rter-chefe da Edie, empresa de m\u00eddia do Reino Unido que promove pr\u00e1ticas de neg\u00f3cios sustent\u00e1veis.<\/p>\n\n\n\n

A Edie realizou em 2019 seu primeiro semin\u00e1rio online de Sobrecarga da Terra, com o objetivo de educar organiza\u00e7\u00f5es a reduzirem sua pegada de recursos por meio de modelos de neg\u00f3cios sustent\u00e1veis para todos no longo prazo.<\/p>\n\n\n\n

George diz que o webin\u00e1rio deste ano, em 22 de agosto, tamb\u00e9m abordar\u00e1 o equ\u00edvoco difundido por alguns c\u00e9ticos do clima de que um futuro verde e de baixo consumo s\u00f3 \u00e9 poss\u00edvel mediante as priva\u00e7\u00f5es de uma quarentena.<\/p>\n\n\n\n

“Eles t\u00eam usado a situa\u00e7\u00e3o para dizer que o bloqueio \u00e9 ‘o que os ativistas verdes desejam’, e que n\u00e3o podemos desfrutar de coisas como viagens internacionais, crescimento econ\u00f4mico, etc., num futuro verde.”<\/p>\n\n\n\n

Mas, ap\u00f3s pandemia, o objetivo \u00e9 criar um modelo planet\u00e1rio atrav\u00e9s do qual as empresas possam combinar “melhores resultados econ\u00f4micos e sociais” com “menores emiss\u00f5es e menos polui\u00e7\u00e3o do ar” anuncia George.<\/p>\n\n\n\n

D\u00edvida ecol\u00f3gica maior em pa\u00edses em desenvolvimento<\/h3>\n\n\n\n

Calculado globalmente e em rela\u00e7\u00e3o a pa\u00edses individuais, o Dia de Sobrecarga da Terra, revela como as na\u00e7\u00f5es industrializadas est\u00e3o consumindo a biocapacidade da Terra em ritmo muito mais acelerado.<\/p>\n\n\n\n

Nos Estados Unidos, onde a data caiu em 14 de mar\u00e7o, os cidad\u00e3os precisariam de cerca de cinco planetas para manter sua pegada ecol\u00f3gica descomunal. A Alemanha ultrapassou a marca 50 dias depois, em 3 de maio, mas, ainda assim, requereria tr\u00eas planetas. O Brasil, em compara\u00e7\u00e3o, exauriu seus recursos em 31 de julho em 2020, apresentando uma demanda de 1,7 planeta para se manter.<\/p>\n\n\n\n

“Na Su\u00e9cia, de acordo com o fundo mundial para a natureza WWF e a GFN, vivemos como se tiv\u00e9ssemos cerca de quatro planetas, e quase o mesmo vale para toda a regi\u00e3o n\u00f3rdica”, escreveu a ativista clim\u00e1tica Greta Thunberg em outubro de 2019, ao rejeitar um pr\u00eamio ambiental do Conselho N\u00f3rdico, alegando que aqueles no poder deveriam, em vez disso, “dar ouvidos \u00e0 melhor ci\u00eancia que temos \u00e0 nossa disposi\u00e7\u00e3o”.<\/p>\n\n\n\n

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Embora a Escandin\u00e1via seja conhecida por sua lideran\u00e7a mundial em investimentos em energia renov\u00e1vel e em eletrifica\u00e7\u00e3o de transporte r\u00e1pido, no caso da Noruega, os dados da GFN mostram que o consumo individual permanece altamente insustent\u00e1vel. Em contraste, o posto avan\u00e7ado socialista de Cuba, que ultrapassa a marca em 1\u00ba de dezembro, \u00e9 uma das poucas na\u00e7\u00f5es que quase consegue viver dentro de suas capacidades.<\/p>\n\n\n\n

Na Austr\u00e1lia, pa\u00eds considerado gigante da biocapacidade devido a sua popula\u00e7\u00e3o relativamente pequena e seus vastos recursos naturais, observa-se um d\u00e9ficit de biocapacidade pela primeira vez na hist\u00f3ria, na sequ\u00eancia dos inc\u00eandios devastadores de 2019 e 2020. O continente mais seco do mundo esgotou sua capacidade ecol\u00f3gica em 30 de mar\u00e7o. Uma Austr\u00e1lia devastada pelo fogo demonstrou, segundo um relat\u00f3rio da GFN, “qu\u00e3o fr\u00e1gil a biocapacidade pode ser”.<\/p>\n\n\n\n

“Com a mudan\u00e7a clim\u00e1tica e o uso excessivo de recursos, colocamos uma maior demanda nos ecossistemas essenciais para a sobreviv\u00eancia n\u00e3o s\u00f3 da humanidade, mas tamb\u00e9m das esp\u00e9cies selvagens”, explicam os autores. “A demanda crescente combinada a uma biocapacidade menos robusta resulta numa combina\u00e7\u00e3o perigosa.”<\/p>\n\n\n\n

Mas qualquer tentativa de mover a data em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 compatibilidade com um \u00fanico planeta exigir\u00e1 uma redu\u00e7\u00e3o sistem\u00e1tica de nossa pegada ecol\u00f3gica de uma forma que tamb\u00e9m esteja de acordo com as imposi\u00e7\u00f5es da ci\u00eancia clim\u00e1tica.<\/p>\n\n\n\n

Para Mathis Wackernagel, isso deve come\u00e7ar pelo indiv\u00edduo, um princ\u00edpio que tamb\u00e9m \u00e9 fundamental no combate ao coronav\u00edrus, pois “quem protege a si, protege a todos”.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Com o coronav\u00edrus, data em que a humanidade extrapola a biocapacidade do planeta chegou tr\u00eas semanas mais tarde em 2020. Mas est\u00e1 claro que n\u00e3o \u00e9 uma solu\u00e7\u00e3o sustent\u00e1vel. Nem desej\u00e1vel. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":162396,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[4771,4365,854],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/162395"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=162395"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/162395\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":162399,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/162395\/revisions\/162399"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/162396"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=162395"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=162395"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=162395"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}