{"id":162521,"date":"2020-08-28T12:25:36","date_gmt":"2020-08-28T15:25:36","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=162521"},"modified":"2020-08-28T12:25:36","modified_gmt":"2020-08-28T15:25:36","slug":"papel-das-palmeiras-nos-ecossistemas-pode-estar-subestimado","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/08\/28\/162521-papel-das-palmeiras-nos-ecossistemas-pode-estar-subestimado.html","title":{"rendered":"Papel das palmeiras nos ecossistemas pode estar subestimado"},"content":{"rendered":"\n
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Estudo quantifica pela primeira vez a abund\u00e2ncia de palmeiras no mundo e abre caminho para modelos mais precisos de previs\u00e3o do tempo e de servi\u00e7os ambientais <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O papel das palmeiras nos ecossistemas pode ser muito mais importante do que as estimativas at\u00e9 hoje puderam prever. Um levantamento em diferentes bases de dados, reunindo informa\u00e7\u00f5es coletadas por 223 pesquisadores em diversos pa\u00edses, mostra que as medidas de biomassa das florestas podem ter uma varia\u00e7\u00e3o de at\u00e9 15% para mais ou para menos.<\/p>\n\n\n\n

Isso acontece porque a maioria dos estudos desconsidera que as palmeiras possuem caracter\u00edsticas fisiol\u00f3gicas diferentes daquelas das \u00e1rvores. Por isso, modelos de previs\u00e3o do tempo e de servi\u00e7os ambientais, como estocagem de carbono, podem estar subestimados.<\/p>\n\n\n\n

O estudo, que teve apoio da FAPESP por meio do Programa BIOTA, foi publicado na Global Ecology and Biogeography.<\/p>\n\n\n\n

\u201cExistem equa\u00e7\u00f5es que mostram que o crescimento em di\u00e2metro de uma \u00e1rvore \u00e9 proporcional ao crescimento em altura. Com isso, sabe-se, por exemplo, a quantidade de carbono que ela est\u00e1 sequestrando da atmosfera medindo apenas o seu di\u00e2metro. As palmeiras, por\u00e9m, s\u00e3o plantas muito diferentes. Dois exemplares podem ter diferen\u00e7a de 10 metros de altura, mas o mesmo di\u00e2metro. No entanto, a maioria dos estudos realizados at\u00e9 ent\u00e3o usa a mesma rela\u00e7\u00e3o entre altura e di\u00e2metro usada para medir a biomassa das \u00e1rvores\u201d, diz Thaise Emilio, pesquisadora do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) e coordenadora do estudo.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisadora liderou o estudo com Robert Muscarella, da Universidade de Upsalla, na Su\u00e9cia. Segundo ela, a medi\u00e7\u00e3o da biomassa de \u00e1rvores e palmeiras usando o mesmo m\u00e9todo pode estar negligenciando o sequestro de milh\u00f5es de toneladas de carbono.<\/p>\n\n\n\n

Na regi\u00e3o neotropical, que compreende a Am\u00e9rica do Sul, Am\u00e9rica Central e parte do M\u00e9xico, por exemplo, algumas florestas podem ter at\u00e9 60% de sua \u00e1rea cobertas por palmeiras.<\/p>\n\n\n\n

Plantas tropicais<\/h3>\n\n\n\n

O estudo cruzou dados coletados em 2.548 parcelas de floresta tropical (\u00e1reas delimitadas por grupos de pesquisa com pelo menos 1 hectare) em 834 localidades nas Am\u00e9ricas, \u00c1frica, \u00c1sia e Oceania, totalizando 1.191 hectares. Os dados correspondem ao n\u00famero de \u00e1rvores e palmeiras com mais de 10 cent\u00edmetros de di\u00e2metro. A partir desses n\u00fameros, s\u00e3o feitos c\u00e1lculos da biomassa de uma \u00e1rea e a quantidade de \u00e1gua e carbono, por exemplo, que essas plantas consomem ou liberam na atmosfera.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores recalcularam a biomassa das florestas aplicando medi\u00e7\u00f5es espec\u00edficas para as palmeiras, que levam em conta a altura al\u00e9m do di\u00e2metro. Apesar dessas plantas corresponderem a apenas 3% do total da \u00e1rea estudada, o estudo mostra que os levantamentos que consideraram \u00e1rvores e palmeiras apenas pelo di\u00e2metro do tronco podem ter margens de erro de 15% para mais ou para menos.<\/p>\n\n\n\n

\u201cIsso pode fazer toda a diferen\u00e7a na modelagem dos dados. A inclus\u00e3o dessa vertente \u00e9 importante para aperfei\u00e7oar modelos como os de ciclo de carbono [que preveem quanto desse elemento est\u00e1 sendo estocado e liberado pelas florestas] e de previs\u00e3o do tempo, que considera a transpira\u00e7\u00e3o e a absor\u00e7\u00e3o de \u00e1gua pelas plantas\u201d, diz a pesquisadora.<\/p>\n\n\n\n

Mata Atl\u00e2ntica<\/h3>\n\n\n\n

\u201cUma das contribui\u00e7\u00f5es do estudo \u00e9 mostrar que as palmeiras podem ter uma import\u00e2ncia de biomassa e de carbono que n\u00e3o \u00e9 considerada na maior parte dos estudos de florestas tropicais e neotropicais. Com frequ\u00eancia, palmeiras adultas t\u00eam um di\u00e2metro menor do que os 10 cent\u00edmetros que servem de par\u00e2metro na maioria dos estudos\u201d, diz Carlos Alfredo Joly, professor do IB-Unicamp e outro coautor do estudo.<\/p>\n\n\n\n

Joly \u00e9 coordenador do programa BIOTA e lidera estudos de longo prazo que fazem o acompanhamento de dezenas de parcelas na Mata Atl\u00e2ntica. Algumas dessas \u00e1reas forneceram dados para o artigo publicado agora. Por conta do papel j\u00e1 conhecido das palmeiras no bioma, os levantamentos consideram plantas a partir dos cinco cent\u00edmetros de di\u00e2metro.<\/p>\n\n\n\n

\u201cNa Mata Atl\u00e2ntica, o palmito ju\u00e7ara, por exemplo, pode representar 25% dos indiv\u00edduos numa parcela do tamanho de um campo de futebol [100 metros quadrados]. No entanto, ele representa apenas 5% da biomassa. Mas isso faz muita diferen\u00e7a na modelagem dos cen\u00e1rios de estoque de carbono dessas florestas\u201d, explica Joly.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, palmeiras s\u00e3o esp\u00e9cies-chave nos ecossistemas, pois mant\u00eam tanto as popula\u00e7\u00f5es de abelhas polinizadoras como as de aves e roedores que se alimentam e dispersam suas sementes.<\/p>\n\n\n\n

Thaise Emilio prepara agora novos estudos para aperfei\u00e7oar as metodologias de medi\u00e7\u00e3o das palmeiras, que incluem n\u00e3o s\u00f3 o di\u00e2metro como a altura dessas plantas. Um dos objetivos \u00e9 gerar novos protocolos, a serem implementados por redes de pesquisa que realizam treinamentos de pesquisadores e estudos de longo prazo de florestas tropicais. Com isso, os modelos que usam dados de florestas tropicais se tornar\u00e3o mais precisos.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: FAPESP<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"