{"id":162575,"date":"2020-08-31T15:00:54","date_gmt":"2020-08-31T18:00:54","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=162575"},"modified":"2020-08-31T12:15:48","modified_gmt":"2020-08-31T15:15:48","slug":"manejo-florestal-torna-ipe-mais-raro-em-regiao-da-amazonia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/08\/31\/162575-manejo-florestal-torna-ipe-mais-raro-em-regiao-da-amazonia.html","title":{"rendered":"Manejo florestal torna ip\u00ea mais raro em regi\u00e3o da Amaz\u00f4nia"},"content":{"rendered":"\n

Estudo feito em \u00e1rea de manejo em Paragominas (PA), durante 20 anos, mostrou que enquanto esp\u00e9cies como o ip\u00ea se tornam mais escassas, outras, como a emba\u00faba, ficam mais abundantes<\/p>\n\n\n\n

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Manejo florestal para extra\u00e7\u00e3o de madeira causa dist\u00farbios na floresta: algumas \u00e1rvores se tornam raras e outras proliferam. Cr\u00e9dito: Edson Vidal<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Mesmo empregando t\u00e9cnicas de impacto reduzido, o manejo de florestas tropicais para extra\u00e7\u00e3o de madeira no Brasil pode estar impactando a quantidade de algumas esp\u00e9cies de \u00e1rvores. Algumas se tornam mais raras, como \u00e9 o caso do ip\u00ea (Handroanthus spp.), que tem alto valor comercial. Outras ficam mais abundantes, como algumas esp\u00e9cies popularmente conhecidas como emba\u00faba (Cecropia spp.), comuns de \u00e1reas degradadas. O resultado faz parte de um trabalho de campo realizado por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, no munic\u00edpio de Paragominas, no Par\u00e1, durante duas d\u00e9cadas. O manejo consiste em extrair comercialmente produtos da floresta com o m\u00ednimo de altera\u00e7\u00e3o em sua estrutura, para que posteriormente ela consiga se recuperar.<\/p>\n\n\n\n

O estudo \u00e9 importante para entender o manejo de florestas tropicais com vistas a minimizar os impactos ambientais provocados por essa atividade comercial, explica a bi\u00f3loga Rafaela Naves, uma das pesquisadoras que trabalha na an\u00e1lise dos dados dessa pesquisa. Desde a d\u00e9cada de 1990, o Brasil vem adotando pr\u00e1ticas de explora\u00e7\u00e3o de impacto reduzido para manejo de florestas. A legisla\u00e7\u00e3o brasileira define crit\u00e9rios e par\u00e2metros t\u00e9cnicos para a explora\u00e7\u00e3o da floresta e o descumprimento dessa lei \u00e9 pass\u00edvel de puni\u00e7\u00e3o, informa a bi\u00f3loga ao \u201cJornal da USP\u201d.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA pesquisa buscou compreender a organiza\u00e7\u00e3o e a manuten\u00e7\u00e3o da biodiversidade dessas \u00e1reas legalmente exploradas, uma vez que a Amaz\u00f4nia \u00e9 uma importante fonte de madeira para o Brasil e com\u00e9rcio exterior\u201d, relata. Um artigo sobre esse assunto, \u201cTropical forest management altered abundances of individual tree species but not diversity\u201d, ser\u00e1 publicado na \u201cForest Ecology and Management\u201d em novembro.<\/p>\n\n\n\n

Impacto na quantidade de esp\u00e9cies<\/h3>\n\n\n\n

Durante 20 anos, pesquisadores sob a coordena\u00e7\u00e3o do professor Edson Vidal, do Laborat\u00f3rio de Silvicultura Tropical, da Esalq, acompanharam a regenera\u00e7\u00e3o da floresta em duas \u00e1reas (de 5,25 hectares cada) permanentemente demarcadas. Ali foram efetuadas coletas peri\u00f3dicas de dados (1994, 1998, 2000, 2006, 2009 e 2014), para avaliar os impactos decorrentes do manejo. Uma dessas \u00e1reas foi submetida ao manejo e a outra ficou intocada para controle e compara\u00e7\u00e3o com a \u00e1rea que tinha sido explorada. O trabalho teve in\u00edcio em 1993, considerado como ano zero e quando tamb\u00e9m ambas as \u00e1reas foram avaliadas em seu estado original.<\/p>\n\n\n\n

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Por 20 anos, os pesquisadores acompanharam a regenera\u00e7\u00e3o da floresta em duas \u00e1reas permanentemente demarcadas, onde foram efetuadas coletas peri\u00f3dicas de dados (1994, 1998, 2000, 2006, 2009 e 2014), para avaliar os impactos decorrentes do manejo. Cr\u00e9dito: Jo\u00e3o Lagazzi Rodrigues<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

As coletas ainda devem continuar ocorrendo, mas os dados j\u00e1 s\u00e3o utilizados para responder a quest\u00f5es a partir de diferentes perspectivas (econ\u00f4micas e biol\u00f3gicas). Em 2017, por exemplo, em seu doutorado, Rafaela fez um recorte e observou que embora o manejo da floresta n\u00e3o afetasse a distribui\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies arb\u00f3reas nem sua composi\u00e7\u00e3o, impactava a quantidade de algumas esp\u00e9cies na regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Possibilidade de perturba\u00e7\u00f5es de longo prazo<\/h3>\n\n\n\n

Segundo a bi\u00f3loga, essas constata\u00e7\u00f5es ficaram mais evidentes no levantamento de 2014. Comparando os dados da \u00e1rea que houve manejo e a \u00e1rea controle, as esp\u00e9cies mais abundantes que surgiram nesse per\u00edodo foram as emba\u00fabas (Cecropia spp.) e duas \u00e1rvores de menor porte com caracter\u00edsticas arbustivas: a Vismia guianensis (Aubl.) Choisy e a Byrsonima aerugo Sagot. \u201cAntes do manejo, elas n\u00e3o representavam nem 1% das \u00e1rvores da floresta. Duas d\u00e9cadas depois, passaram a ser 19%\u201d, diz. Rafaela afirma que essas esp\u00e9cies s\u00e3o pioneiras e t\u00edpicas de florestas tropicais e s\u00e3o comuns em clareiras e \u00e1reas degradadas, mas s\u00e3o ausentes ou raras em florestas prim\u00e1rias (mata intocada).<\/p>\n\n\n\n

Com rela\u00e7\u00e3o ao decr\u00e9scimo das \u00e1rvores de interesse comercial, como o ip\u00ea (Handroanthus sp.) e o jatob\u00e1 (Hymenaea spp.), Rafaela disse que o estudo concluiu que essas esp\u00e9cies acabaram se tornando mais raras pelo fato de serem derrubadas para capta\u00e7\u00e3o da madeira. E como seu ciclo de vida \u00e9 longo e de crescimento lento, podendo levar at\u00e9 cem anos para se chegar \u00e0 vida adulta, o per\u00edodo do estudo (20 anos) n\u00e3o abarcou o ciclo total de vida delas, explica. Como as medidas consideravam 10 cent\u00edmetros (cm) o di\u00e2metro do tronco para coleta de dados, poucos indiv\u00edduos de esp\u00e9cies comerciais tiveram tempo para alcan\u00e7ar esse tamanho, completa.<\/p>\n\n\n\n

Necessidade de mais estudos<\/h3>\n\n\n\n

Para a bi\u00f3loga, \u201cessa escala temporal \u00e9 longa em termos de esfor\u00e7o de pesquisa e recursos, mas n\u00e3o t\u00e3o longa considerando o ciclo de vida das \u00e1rvores. No entanto, essa defici\u00eancia de escala temporal n\u00e3o impede que se conclua que o manejo de florestas tropicais tem de ser mais bem estudado porque essa atividade pode causar perturba\u00e7\u00f5es ambientais de longo prazo\u201d, relata.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisa foi financiada inicialmente pela U.S. Agency for International Development e, mais recentemente, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient\u00edfico e Tecnol\u00f3gico (CNPq), Funda\u00e7\u00e3o de Amparo \u00e0 Pesquisa do Estado de S\u00e3o Paulo (Fapesp) e Norwegian Research Council.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Terra<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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