{"id":163298,"date":"2020-09-18T12:00:00","date_gmt":"2020-09-18T15:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=163298"},"modified":"2020-09-18T11:11:15","modified_gmt":"2020-09-18T14:11:15","slug":"eco-pirata-brasileiro-barrado-pelo-japao-viaja-o-mundo-para-impedir-matanca-de-golfinhos-e-baleias","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2020\/09\/18\/163298-eco-pirata-brasileiro-barrado-pelo-japao-viaja-o-mundo-para-impedir-matanca-de-golfinhos-e-baleias.html","title":{"rendered":"‘Eco-pirata’ brasileiro barrado pelo Jap\u00e3o viaja o mundo para impedir matan\u00e7a de golfinhos e baleias"},"content":{"rendered":"\n
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Em imagem de setembro de 2012, baleia piloto (que \u00e9 uma esp\u00e9cie de golfinho) capturada em Taiji, no Jap\u00e3o, conseguiu passar pela barreira de redes colocada pelos ca\u00e7adores<\/em> – SEA SHEPHERD<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Um jovem fot\u00f3grafo com emprego est\u00e1vel em hor\u00e1rio comercial, sal\u00e1rio bom, com relacionamento e sem problemas pessoais. Uma vida est\u00e1vel, mas sem cumprir o desejo de inf\u00e2ncia de fazer alguma a\u00e7\u00e3o direta pela natureza.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Guiga Pir\u00e1, de 33 anos, pesquisou dezenas de ONGs para saber como poderia sair da zona de conforto e fazer a diferen\u00e7a em campo na defesa dos animais. Um estalo ocorreu na cabe\u00e7a dele logo ap\u00f3s assistir em 2011 ao document\u00e1rio Eco-Pirata: A Hist\u00f3ria de Paul Watson<\/em>, fundador da ONG Sea Shepherd, com sede nos Estados Unidos.<\/p>\n\n\n\n

“Sa\u00ed do cinema com a ideia de abandonar tudo e virar um ativista. Na \u00e9poca, eu n\u00e3o estava fazendo o que eu queria at\u00e9 o fim da minha vida. Eu n\u00e3o estava feliz. Me tornei vegano, tive uma liga\u00e7\u00e3o com direitos animais e ambiental. Isso me afeta desde cedo, mas eu nunca tinha percebido que eu poderia fazer disso o motor da minha vida”, conta em entrevista \u00e0 BBC News Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Um dia depois de conhecer a hist\u00f3ria do fundador da Sea Shepherd, ele entrou no site da ONG e procurou entender como poderia ajud\u00e1-los em campo. O jovem, na \u00e9poca com 24 anos, disse que estava disposto a abandonar o emprego e gastar todas as economias para ajudar a divulgar a matan\u00e7a de golfinhos que ocorre todos os anos durante a temporada de ca\u00e7a legal no Jap\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

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Guiga destruindo redes de pesca em \u00e1rea protegida \u00e0 bordo de navio durante opera\u00e7\u00e3o no M\u00e9xico, em 2017<\/em> – SEA SHEPHERD<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“Um volunt\u00e1rio tinha acabado de ser preso injustamente no Jap\u00e3o acusado de ter agredido o funcion\u00e1rio de um resort. N\u00e3o tinha ningu\u00e9m para provar que ele era inocente. Nesses casos, a maioria das pessoas assume os crimes, pagam multa e s\u00e3o liberados. Mas ele n\u00e3o assumiu e estava disposto a ir para a cadeia e lutar pela liberdade com a verdade. Ficou 23 dias preso e depois recebeu uma indeniza\u00e7\u00e3o de US$ 10 mil (cerca de R$ 50 mil)”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

O brasileiro imaginou que outros ativistas pudessem ficar com medo e se ofereceu para substitui-lo. A ONG aceitou e ele ficou tr\u00eas meses no Jap\u00e3o \u2014 a maior parte dos ativistas fica uma semana.<\/p>\n\n\n\n

“Ningu\u00e9m tinha tanto comprometimento. Fiz meu melhor trabalho. Estava sem emprego, tinha gastado tudo. A ONG entrou em contato comigo para dizer que gostou da minha postura e me convidar para participar da pr\u00f3xima temporada”, conta Guiga.<\/p>\n\n\n\n

Ele participaria das atividades de filmar e divulgar imagens dos animais sendo mortos \u2014 geralmente imagens em que mar est\u00e1 vermelho por causa do sangue \u2014 e pressionar o governo a proibir a matan\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

O brasileiro retornou como assistente de l\u00edder. Quiseram que ele voltasse tamb\u00e9m em 2013, mas Guiga foi barrado quando tentou tirar o visto. Conhecido pelo governo japon\u00eas pela campanha que fez durante seis meses em 2012, o jovem teve sua entrada negada.<\/p>\n\n\n\n

“Volunt\u00e1rios que voltam duas vezes t\u00eam o terceiro visto negado. Eu j\u00e1 esperava isso. Mas ao inv\u00e9s de apenas negarem, me deram um question\u00e1rio sobre a organiza\u00e7\u00e3o. Queriam saber quem eram as pessoas envolvidas. Queriam que eu delatasse meus companheiros. Eu jamais faria isso com a causa pela qual estou lutando”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

Guiga insistiu que n\u00e3o responderia e os funcion\u00e1rios do Consulado disseram que s\u00f3 devolveriam o passaporte quando ele respondesse o formul\u00e1rio. Ele negou, mas conseguiu o documento de volta.<\/p>\n\n\n\n

“Eu entrei para uma lista de persona non grata no Jap\u00e3o. Ent\u00e3o me mandaram para as Ilhas Faro\u00e9 como l\u00edder de equipe, onde passei tr\u00eas meses. Em 2015, fui como marinheiro e fot\u00f3grafo do navio”, relata Guiga.<\/p>\n\n\n\n

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Guiga monitorando local de treinamento de golfinhos, em Taiji, no Jap\u00e3o, em 2012<\/em> – SEA SHEPHERD<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Ele conta que o tempo no mar longe do pa\u00eds de origem, correndo risco de ser preso e arriscando a vida, colocou em xeque seu relacionamento e a rela\u00e7\u00e3o com a fam\u00edlia. Ele disse que tudo piorou quando contou que tinha gastado todo o dinheiro para viajar com pessoas desconhecidas.<\/p>\n\n\n\n

A fam\u00edlia de Guiga achou que ele “estava maluco”.<\/p>\n\n\n\n

“Expliquei que colocar minha seguran\u00e7a e liberdade em risco n\u00e3o \u00e9 nada perto do que esses animais sofrem na m\u00e3o de ca\u00e7adores. Isso \u00e9 um dever meu como cidad\u00e3o do mundo. E espero de fato que as pessoas se enxerguem como cidad\u00e3os do mundo. O que acontece no Brasil n\u00e3o fica aqui. Interfere em um ecossistema gigantesco. Tento enxergar tudo de maneira hol\u00edstica e global”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

Hoje, Guiga \u00e9 conselheiro da Sea Shepherd Brasil, fundador da ONG em Portugal, onde viveu nos \u00faltimos tr\u00eas anos, e tripulante veterano em miss\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Morando no Rio de Janeiro, sua cidade natal, ele trabalha como fot\u00f3grafo freelancer e organiza miss\u00f5es da ONG ao redor do mundo. Ele diz que o pr\u00f3ximo destino dele deve ser a costa oeste africana ou o M\u00e9xico para combater a pesca ilegal.<\/p>\n\n\n\n

Ele conta que em todas as miss\u00f5es \u00e9 necess\u00e1rio exercer diversas fun\u00e7\u00f5es, inclusive fazer manuten\u00e7\u00e3o no navio.<\/p>\n\n\n\n

“J\u00e1 fiquei seis meses embarcado como fot\u00f3grafo e marinheiro de conv\u00e9s. Recebi treinamento para fazer manuten\u00e7\u00f5es porque isso \u00e9 algo constante. Voc\u00ea tira a ferrugem da proa e aparece uma nova na popa. N\u00e3o existe pausa e isso permitiu ajudar em diversas \u00e1reas”, conta Guiga.<\/p>\n\n\n\n

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Guiga fazendo manuten\u00e7\u00e3o em navio da Sea Shepherd, em 2015<\/em> – SEA SHEPHERD<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Imagens para chocar o mundo<\/h2>\n\n\n\n

O Jap\u00e3o permite uma ca\u00e7a anual de golfinhos na cidade costeira de Taiji. A deste ano come\u00e7ou no in\u00edcio do m\u00eas e vai at\u00e9 fevereiro de 2021. Os pescadores podem matar at\u00e9 2 mil animais nesse per\u00edodo. O principal argumento usado \u00e9 a tradi\u00e7\u00e3o cultural de capturar e comer a carne dos animais.<\/p>\n\n\n\n

Os ca\u00e7adores usam uma t\u00e9cnica de perturba\u00e7\u00e3o sonora para conduzir e encurralar os animais numa praia antes de mat\u00e1-los.<\/p>\n\n\n\n

“Esse argumento \u00e9 usado de forma estrat\u00e9gica em diversas outras culturas para se tornar inabal\u00e1vel. Mas quando essa cultura local interfere em um ecossistema global isso n\u00e3o \u00e9 algo de povo espec\u00edfico. Cada golfinho desempenha um papel no equil\u00edbrio do ecossistema global marinho e n\u00e3o pode ser morto em nome de uma tradi\u00e7\u00e3o”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

Vegano, Guiga n\u00e3o consome nenhum produto de origem animal, mas faz uma compara\u00e7\u00e3o para dizer que a cria\u00e7\u00e3o de gado \u00e9 menos prejudicial ao ecossistema que a matan\u00e7a de golfinhos.<\/p>\n\n\n\n

“O gado \u00e9 criado para isso. Esse animal n\u00e3o desempenha um equil\u00edbrio na natureza. Foi criado para ser morto. \u00c9 o contr\u00e1rio da ca\u00e7a de golfinho e baleias, que est\u00e3o na natureza desempenhando seu papel e tem uma import\u00e2ncia na cadeia alimentar marinha”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

A Sea Shepherd pratica o que chama de ativismo n\u00e3o violento. A inten\u00e7\u00e3o do grupo \u00e9 choque e rea\u00e7\u00e3o no mundo divulgando as imagens de sofrimento e viol\u00eancia contra os animais ao serem mortos para pressionar governos a proibir a pr\u00e1tica e incentivar consumidores a boicotar o consumo. Os ativistas da Sea Shepherd dizem que at\u00e9 mesmo em caso de agress\u00e3o n\u00e3o v\u00e3o revidar.<\/p>\n\n\n\n

No caso do Jap\u00e3o, como a ca\u00e7a \u00e9 feita em alto mar em \u00e1guas do pa\u00eds, a ONG n\u00e3o pode entrar legalmente e impedir a matan\u00e7a. O governo japon\u00eas n\u00e3o permite o acesso porque entende a atua\u00e7\u00e3o dos ativistas como uma interfer\u00eancia em neg\u00f3cios internos.<\/p>\n\n\n\n

Sem poder impedir fisicamente, pois poderiam inclusive ser classificados como terroristas, o papel dos ativistas \u00e9 incomodar e registrar a matan\u00e7a o m\u00e1ximo e mais pr\u00f3ximo poss\u00edvel. Muitas vezes com a ajuda de moradores locais.<\/p>\n\n\n\n

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Ativista e outro volunt\u00e1rio monitorando os barcos ca\u00e7adores de golfinhos no horizonte a partir de um ponto alto em terra, na cidade de Taiji, no Jap\u00e3o<\/em> – SEA SHEPHERD<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“A gente cria imagens em campo para divulgar para o mundo o que est\u00e1 acontecendo. Nossa presen\u00e7a massiva com c\u00e2meras fez com que ca\u00e7adores tentassem esconder esse processo de captura e matan\u00e7a. N\u00e3o querem que o mundo veja o mar vermelho de sangue e golfinhos boiando. Isso \u00e9 prejudicial para a imagem do Jap\u00e3o”, conta Guiga.<\/p>\n\n\n\n

Depois das a\u00e7\u00f5es da ONG, ca\u00e7adores passaram a usar lonas, instalar barreiras e procurar a parte mais escondida da enseada para abater os animais. Mas isso atrasa o trabalho dos pescadores e diminui o sucesso.<\/p>\n\n\n\n

Hoje os ativistas dizem que \u00e9 mais dif\u00edcil fazer imagens gr\u00e1ficas dos golfinhos mortos, mas ainda conseguem registrar rabos se debatendo e outras cenas por baixo da lona.<\/p>\n\n\n\n

Em 2014, os ca\u00e7adores s\u00f3 mataram cerca de 30 golfinhos entre os 2 mil que poderiam ter abatidos durante os seis meses da temporada de ca\u00e7a, gra\u00e7as \u00e0 press\u00e3o dos ativistas. Al\u00e9m das a\u00e7\u00f5es de filmagem, eles ainda usavam seus navios para fazer um movimento sonoro contr\u00e1rio orientando os golfinhos para longe da ilha onde ocorre o abate. Hoje, a ONG n\u00e3o atua mais no Jap\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

“Temos recursos limitados e com pouco mais de dez navios a gente n\u00e3o consegue estar em todos os lugares. Tem que escolher as batalhas baseados no n\u00edvel de sucesso e retorno para nossos objetivos. Tivemos um grande sucesso na divulga\u00e7\u00e3o dos massacres no Jap\u00e3o. Nosso combate hoje \u00e9 contra a pesca ilegal. Isso n\u00e3o s\u00f3 tira esses jogadores ilegais, mas tamb\u00e9m os prende. Isso salva tartarugas, baleias, golfinhos, raias, etc”.<\/p>\n\n\n\n

Ele afirma que h\u00e1 tr\u00eas equipes atuando na \u00c1frica, ajudando guardas costeiras de pa\u00edses do continente a prender pescadores ilegais. Guiga explica que isso tamb\u00e9m protege golfinhos, que n\u00e3o s\u00e3o alvos da pesca, mas acabam sendo v\u00edtimas.<\/p>\n\n\n\n

Ele cita que na costa francesa quase 10 mil golfinhos s\u00e3o mortos por conta da pesca. Ao interagir com as redes de pesca, eles se ferem ou morrem afogados por ficarem presos sem conseguir subir \u00e0 superf\u00edcie para respirar. Os animais s\u00e3o ent\u00e3o descartados porque n\u00e3o \u00e9 permitido o consumo da carne de golfinho na Europa.<\/p>\n\n\n\n

Jubarte e boto no Brasil<\/h2>\n\n\n\n

O ativista Guiga Pir\u00e1 conta que as campanhas da ONG est\u00e3o se expandindo para outros pa\u00edses, como Chile, M\u00e9xico, Fran\u00e7a e Alemanha. Mas cada pa\u00eds tem sua singularidade.<\/p>\n\n\n\n

No Brasil, n\u00e3o existe a ca\u00e7a de golfinhos, por isso, um dos focos da ONG \u00e9 a matan\u00e7a de botos no Norte. A carne do animal \u00e9 usada na regi\u00e3o como isca para a pesca da piracatinga e tamb\u00e9m por uma quest\u00e3o cultural. Muitos acreditam na lenda do boto cor-de-rosa, que seduz meninas e tira virgindade delas.<\/p>\n\n\n\n

Guiga explica que tamb\u00e9m ocorre morte de golfinhos e baleias no Brasil por conta da pesca acidental. Muitas vezes o golfinho fica preso em redes usadas para pescar atum.<\/p>\n\n\n\n

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Guiga mergulhando em 2013, no Rio de Janeiro, numa opera\u00e7\u00e3o de limpeza subaqu\u00e1tica para retirar lixo marinho e resgatar pequenos animais<\/em> – SEA SHEPHERD<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Outro problema no pa\u00eds \u00e9 o turismo de avistamento de baleias durante a temporada de acasalamento da esp\u00e9cie branca, em Santa Catarina, e da jubarte \u2014 principalmente em Abrolhos, na Bahia, e Ilhabela, em S\u00e3o Paulo.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o ativista, como esses animais n\u00e3o se aproximam da costa, muitas ag\u00eancias fazem o avistamento embarcado. E por estarem pr\u00f3ximos \u00e0 arrebenta\u00e7\u00e3o e terem medo de encalhar, os barcos n\u00e3o desligam os motores. O barulho pode desnortear os animais, que amamentam seus filhotes pr\u00f3ximos \u00e0 costa e faz\u00ea-los encalhar, al\u00e9m do risco de atingi-los com as h\u00e9lices do motor.<\/p>\n\n\n\n

Ap\u00f3s anos de insist\u00eancia, a ONG conseguiu impedir o avistamento embarcado em Santa Catarina. Durante a temporada de avistamento, o grupo ainda sai em embarca\u00e7\u00f5es pra fazer monitoramento para alertar embarca\u00e7\u00f5es pr\u00f3ximas de baleias.<\/p>\n\n\n\n

A ONG quer se expandir no Brasil para fazer campanhas de educa\u00e7\u00e3o ambiental em escolas infantis principalmente em regi\u00f5es mais pobres.<\/p>\n\n\n\n

Escravos do entretenimento<\/h2>\n\n\n\n

O segundo ponto mais conhecido pela ca\u00e7a de golfinhos s\u00e3o as Ilhas Faro\u00e9, um territ\u00f3rio dependente da Dinamarca. A diferen\u00e7a para o Jap\u00e3o \u00e9 que essa regi\u00e3o n\u00e3o tem uma temporada de ca\u00e7a. \u00c9 poss\u00edvel matar os animais em qualquer \u00e9poca do ano.<\/p>\n\n\n\n

Os animais mais comuns na regi\u00e3o s\u00e3o golfinho-de-laterais-brancas-do-atl\u00e2ntico e as baleias-piloto.<\/p>\n\n\n\n

Os golfinhos fazem uma rota migrat\u00f3ria no ver\u00e3o hemisf\u00e9rio norte e passam pela regi\u00e3o seguindo grupos de lula, que s\u00e3o o principal alimento deles. Os pescadores das Ilhas Faro\u00e9 t\u00eam uma grande frota de pesca e aproveitam para ca\u00e7ar golfinhos.<\/p>\n\n\n\n

“Quando avistam golfinhos perto da ilha, eles se comunicam por r\u00e1dio e direcionam em conjunto os peixes com os m\u00e9todos de tortura auditiva para uma das 26 praias permitidas para o abate. Mas o principal foco deles n\u00e3o \u00e9 a carne dos animais, mas sim vend\u00ea-los para os parques aqu\u00e1ticos”, explicou o ativista.<\/p>\n\n\n\n

Logo ap\u00f3s a captura, ocorre uma sele\u00e7\u00e3o de golfinhos.<\/p>\n\n\n\n

“Os mais jovens e sem cicatrizes naturais s\u00e3o oferecidos a parques, como o Sea World e Zoomarine, e viram sacos de dinheiro. Um golfinho morto vale US$ 600 (cerca de R$ 3,1 mil), mas vivos s\u00e3o muito caros porque v\u00e3o render bilhetes de entrada para shows e podem custar US$ 100 mil cada (R$ 520 mil). Isso \u00e9 mais cruel que a morte. Ele \u00e9 escravizado e s\u00f3 \u00e9 recompensado por comida. Precisa estar com fome para fazer o salto para ter a necessidade de se alimentar”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

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Treinadores de golfinhos levando um animal pela lateral do bote para ser treinado em um tanque, em 2012<\/em> – SEA SHEPARD<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Ele conta que alguns golfinhos morrem por n\u00e3o aceitarem o treinamento e a comida oferecida, pois n\u00e3o est\u00e3o acostumados com comida na boca, mas sim ca\u00e7ar seu pr\u00f3prio alimento.<\/p>\n\n\n\n

“O animal n\u00e3o sente fome quando v\u00ea a comida. Fazendo um paralelo com os humanos, \u00e9 igual quando a gente quando v\u00ea uma vaca. N\u00e3o sentimos fome. Mas quando ela est\u00e1 assando na churrasqueira sim porque \u00e9 a maneira como a gente ingere”, explica Guiga.<\/p>\n\n\n\n

Por esse motivo, conta Guiga, parques s\u00e3o for\u00e7ados a comprar pelo menos sete ou oito animais.<\/p>\n\n\n\n

“Por isso focamos nossa campanha contra os cativeiros que mant\u00eam e comercializam. Se acabar com o cativeiro, acaba com a ca\u00e7a. Tamb\u00e9m estamos tentando conscientizar as pessoas de que se elas pagam para tirar foto ou nadar com golfinhos em um resort ou se voc\u00ea est\u00e1 pagando um bilhete para v\u00ea-los num parque aqu\u00e1tico, voc\u00ea est\u00e1 financiando a matan\u00e7a”, diz Guiga.<\/p>\n\n\n\n

A estimativa \u00e9 de que at\u00e9 mil golfinhos s\u00e3o mortos ou capturados por ano na regi\u00e3o das Ilhas Faro\u00e9.<\/p>\n\n\n\n

Sangue no Google<\/h2>\n\n\n\n

Guiga diz que \u00e9 mais f\u00e1cil entrar na Ilhas Faro\u00e9 (localizadas ao norte da Gr\u00e3-Bretanha) do que no Jap\u00e3o e lembra uma grande opera\u00e7\u00e3o feita na regi\u00e3o em 2014, com volunt\u00e1rios fazendo imagens e interferindo diretamente na a\u00e7\u00e3o dos ca\u00e7adores.<\/p>\n\n\n\n

“Nos colocamos entre baleias e ca\u00e7adores. Tivemos volunt\u00e1rios deportados, presos e v\u00edtimas de viol\u00eancia, mas isso fez com que o mundo conhecesse mais o que acontece l\u00e1. Se voc\u00ea procurar no hoje no Google as palavras Taiji ou Faro\u00e9 vai ver imagens de matan\u00e7a”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

“Nas Ilhas Faro\u00e9 essa ca\u00e7a come\u00e7ou com os vikings isolados que viviam da natureza. Mas o tempo em que essa pr\u00e1tica ocorre n\u00e3o faz com que ela se torne menos pior. Hoje as ilhas t\u00eam condi\u00e7\u00f5es financeiras comparadas a grandes pa\u00edses europeus. Voc\u00ea encontra no supermercado produtos de todos os lugares do mundo, ent\u00e3o n\u00e3o precisa mais da carne de golfinho. Fora que nem tudo que \u00e9 cultural \u00e9 aceit\u00e1vel ao longo do tempo. Um exemplo \u00e9 a escravid\u00e3o. Culturas s\u00e3o belas, mas devem avan\u00e7ar de acordo com o tempo”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

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Em Taiji, os ca\u00e7adores tentam esconder com lonas os corpos dos animais mortos que s\u00e3o levados para processamento<\/em> – SEA SHEPARD<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O ativista brasileiro pondera que o Jap\u00e3o usa o argumento de tradi\u00e7\u00e3o cultural, mas usa alta tecnologia, embarca\u00e7\u00f5es r\u00e1pidas e GPS.<\/p>\n\n\n\n

Guiga explica ainda que a carne de golfinho \u00e9 t\u00f3xica, com altos \u00edndices de merc\u00fario. Por serem animais do topo da cadeia alimentar, eles t\u00eam uma bioacumula\u00e7\u00e3o, inclusive de polui\u00e7\u00e3o. Isso porque o animal pequeno \u00e9 consumido pelo m\u00e9dio, que ingere e absorve a carga de poluentes do anterior e assim por diante.<\/p>\n\n\n\n

O ativista brasileiro conta que nas ilhas h\u00e1 inclusive alertas para que crian\u00e7as e mulheres gr\u00e1vidas n\u00e3o consumam a carne de golfinho, principalmente a gordura. O alimento pode causar diversas doen\u00e7as, como impot\u00eancia e Parkinson.<\/p>\n\n\n\n

Ele define o ativismo como um trabalho exaustivo e que exige persist\u00eancia e const\u00e2ncia, mas recompensador. Hoje, Guiga \u00e9 casado e diz que a esposa dele entende a import\u00e2ncia dessa entrega. Al\u00e9m do trabalho na ONG, ele \u00e9 fot\u00f3grafo freelancer no Rio de Janeiro.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Um jovem fot\u00f3grafo com emprego est\u00e1vel em hor\u00e1rio comercial, sal\u00e1rio bom, com relacionamento e sem problemas pessoais. Uma vida est\u00e1vel, mas sem cumprir o desejo de inf\u00e2ncia de fazer alguma a\u00e7\u00e3o direta pela natureza. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":163299,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[772,2389,289],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/163298"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=163298"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/163298\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":163307,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/163298\/revisions\/163307"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/163299"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=163298"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=163298"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=163298"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}