{"id":166859,"date":"2021-01-25T12:00:54","date_gmt":"2021-01-25T15:00:54","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=166859"},"modified":"2021-01-25T11:20:46","modified_gmt":"2021-01-25T14:20:46","slug":"como-um-agrotoxico-usado-na-guerra-do-vietna-esta-destruindo-videiras-na-campanha-gaucha","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/01\/25\/166859-como-um-agrotoxico-usado-na-guerra-do-vietna-esta-destruindo-videiras-na-campanha-gaucha.html","title":{"rendered":"Como um agrot\u00f3xico usado na Guerra do Vietn\u00e3 est\u00e1 destruindo videiras na Campanha Ga\u00facha"},"content":{"rendered":"\n<figure class=\"wp-block-image size-large\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" width=\"800\" height=\"450\" src=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/pesticidas_sendo_aplicados_em_plantacoes.jpg\" alt=\"\" class=\"wp-image-166860\" srcset=\"https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/pesticidas_sendo_aplicados_em_plantacoes.jpg 800w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/pesticidas_sendo_aplicados_em_plantacoes-300x169.jpg 300w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/pesticidas_sendo_aplicados_em_plantacoes-768x432.jpg 768w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/pesticidas_sendo_aplicados_em_plantacoes-678x381.jpg 678w\" sizes=\"(max-width: 800px) 100vw, 800px\" \/><figcaption>Maior parte dos pesticidas considerados prejudiciais \u00e0 sa\u00fade e ao meio ambiente \u00e9 vendidos a pa\u00edses pobres ou emergentes &#8211; GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n<p>H\u00e1 cerca de 15 anos, a Campanha ga\u00facha \u2014 a metade sul do Rio Grande do Sul \u2014 come\u00e7ou a entrar na lista das regi\u00f5es produtoras de uvas e vinhos finos do mundo. Entre 2000 e 2015 sua participa\u00e7\u00e3o no mercado nacional cresceu de 12%, para 20%. Mas a produ\u00e7\u00e3o de vinho na regi\u00e3o est\u00e1 amea\u00e7ada. Usado nas <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/plantacoes\">planta\u00e7\u00f5es<\/a> de soja, o agrot\u00f3xico 2,4-D tem contaminado as videiras vizinhas, causando grandes preju\u00edzo aos vitivinicultores \u2014 e levando muitos deles a desistir da atividade.<\/p>\n\n\n\n<p>\u00c9 o caso de Jacenir Freitas Soares, que tem sete hectares de vinhedo das uvas Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc no mun\u00edcipio de Lavras do Sul, a 322 km de Porto Alegre. &#8220;Antes da chegada da soja na regi\u00e3o \u2014 e com ela, o 2,4-D \u2014 , eu colhia 24 toneladas da primeira e 40 da segunda&#8221;, conta. &#8220;No ano passado, a queda da produ\u00e7\u00e3o foi de cerca de 50%. Colhi 13,5 toneladas de Sauvignon e 20,3 de Franc. Assim n\u00e3o vai dar para continuar. Em 2022, vou cortar as parreiras e parar de produzir.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p><strong>Leia tamb\u00e9m:<\/strong><\/p>\n\n\n<ul class=\"wp-block-rss\"><li class='wp-block-rss__item'><div class='wp-block-rss__item-title'><a href='https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/clipping\/2022\/12\/05\/180921-o-que-esta-em-jogo-no-pl-do-veneno.html'>O que est\u00e1 em jogo no \u201cPL do Veneno\u201d<\/a><\/div><\/li><li class='wp-block-rss__item'><div class='wp-block-rss__item-title'><a href='https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/clipping\/2022\/07\/07\/178413-projeto-dos-agrotoxicos-oposicao-no-senado-ve-atropelo-na-tramitacao-e-pede-acao-de-pacheco.html'>Projeto dos agrot\u00f3xicos: oposi\u00e7\u00e3o no Senado v\u00ea \u2018atropelo\u2019 na tramita\u00e7\u00e3o e pede a\u00e7\u00e3o de Pacheco<\/a><\/div><\/li><li class='wp-block-rss__item'><div class='wp-block-rss__item-title'><a href='https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/clipping\/2022\/04\/28\/177325-intoxicacao-por-agrotoxicos-mata-um-brasileiro-a-cada-2-dias.html'>Intoxica\u00e7\u00e3o por agrot\u00f3xicos mata um brasileiro a cada 2 dias<\/a><\/div><\/li><\/ul>\n\n\n<p>O <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/agrotoxicos\">agrot\u00f3xico<\/a>, quando aplicado de forma incorreta ou em condi\u00e7\u00f5es atmosf\u00e9ricas inadequadas, \u00e9 levado pelo vento (fen\u00f4meno chamado de deriva) e pode chegar a 20 ou 30 km de dist\u00e2ncia do ponto de origem. Com a deriva, ele atinge os vinhedos vizinhos, causando a queda da produ\u00e7\u00e3o de uvas e, consequentemente, de vinho. Tecnicamente chamado de \u00e1cido diclorofenoxiac\u00e9tico, ele \u00e9 um herbicida hormonal (que mimetiza alguns horm\u00f4nios das plantas) desenvolvido na d\u00e9cada de 1940.<\/p>\n\n\n\n<p>Esse qu\u00edmico se tornou mais conhecido, no entanto, durante a Guerra do Vietn\u00e3 (1959-1975, com a participa\u00e7\u00e3o dos Estados Unidos a partir de 1965), quando associado ao 2,4,5-T ou \u00e1cido 2,4,5-triclorofenoxiac\u00e9tico. Essa combina\u00e7\u00e3o era usada para produzir o famoso agente laranja, empregado pelo Ex\u00e9rcito americano para desfolhar as matas daquele pa\u00eds e facilitar a localiza\u00e7\u00e3o de soldados inimigos.<\/p>\n\n\n\n<p>Hoje, o 2,4-D \u00e9 utilizado nas lavouras de soja antes do <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/plantacoes\">plantio<\/a> para eliminar as plantas consideradas pragas para a cultura.<\/p>\n\n\n\n<figure class=\"wp-block-image size-large\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" width=\"800\" height=\"450\" src=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/maquinas_agricolas_para_aplicacao_de_agrotoxico.jpg\" alt=\"\" class=\"wp-image-166861\" srcset=\"https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/maquinas_agricolas_para_aplicacao_de_agrotoxico.jpg 800w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/maquinas_agricolas_para_aplicacao_de_agrotoxico-300x169.jpg 300w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/maquinas_agricolas_para_aplicacao_de_agrotoxico-768x432.jpg 768w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/maquinas_agricolas_para_aplicacao_de_agrotoxico-678x381.jpg 678w\" sizes=\"(max-width: 800px) 100vw, 800px\" \/><figcaption>Grandes culturas de soja e milho transformaram o Brasil no principal comprador de agrot\u00f3xicos do mundo &#8211; AFP<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n<p>Tr\u00eas fatores em tr\u00eas momentos diferentes deram origem ao problema de contamina\u00e7\u00e3o com o 2,4-D, segundo o agr\u00f4nomo Aldo Merotto Junior, da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).<\/p>\n\n\n\n<p>&#8220;O primeiro foi a expans\u00e3o de \u00e1reas cultivadas no sistema de <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/plantacoes\">plantio<\/a> direto (um sistema de manejo do solo), no final dos anos 90&#8243;, conta. &#8220;At\u00e9 ent\u00e3o, o herbicida 2,4-D era usado na cultura do trigo e, no inverno, em \u00e1reas cultivadas em plantio direto para aplica\u00e7\u00f5es em pr\u00e9-semeadura, nas regi\u00f5es que estavam iniciando o uso desta tecnologia (Planalto do Rio Grande do Sul e Sudoeste do Paran\u00e1).&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>No final da d\u00e9cada de 1990, o plantio direto se difundiu para outras \u00e1reas da regi\u00e3o sul do Brasil, e assim passou a estar pr\u00f3ximo de culturas sens\u00edveis ao 2,4-D, como as videiras, quando ent\u00e3o os danos passaram a acontecer com mais frequ\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n<p>&#8220;O segundo fato foi o surgimento de plantas daninhas resistentes ao herbicida glifosato (muito usado nas lavouras de soja) e a necessidade de maior utiliza\u00e7\u00e3o do 2,4-D&#8221;, explica Merotto. &#8220;Isto ocorreu de forma mais intensa a partir de 2010.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>O terceiro fator, diz, foi a recente e grande expans\u00e3o da cultura da soja na Campanha ga\u00facha, a partir de 2015.<\/p>\n\n\n\n<p>De acordo com o agr\u00f4nomo Norton Victor Sampaio, professor dos cursos de Enologia e Agroneg\u00f3cio da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), os primeiros casos de 2,4-D danificando vin\u00edculas foram registrados nas regi\u00f5es de Napa Valley e Santa Helena, no Estado da Calif\u00f3rnia, nos Estados Unidos.<\/p>\n\n\n\n<p>&#8220;Mas aqui na nossa regi\u00e3o foi em 2016, 2017 que come\u00e7aram a aparecer os estragos, e a partir de 2018, ficaram mais intensos e come\u00e7aram realmente a causar danos ser\u00edssimos&#8221;, afirma Sampaio<\/p>\n\n\n\n<h2 class=\"wp-block-heading\" id=\"Substitutivo-do-glifosato\">Substitutivo do glifosato<\/h2>\n\n\n\n<p>A Cooperativa S\u00e3o Jos\u00e9, de Jaguari, a 411 km de Porto Alegre, tamb\u00e9m tem tido preju\u00edzos desde 2013, afirma o t\u00e9cnico em vitivinicultura (produ\u00e7\u00e3o de uva e vinho), Alexandre Maia.<\/p>\n\n\n\n<p>A cooperativa tem 58 produtores associados e capacidade de produ\u00e7\u00e3o e armazenamento de 1,6 milh\u00e3o de litros de vinho, mas a queda de produtividade desde ent\u00e3o chegou a 40% na m\u00e9dia \u2014 atingindo 70% em algumas propriedades, diz Maia.<\/p>\n\n\n\n<p>O problema come\u00e7ou, afirma, quando a buva, uma erva daninha da soja, adquiriu resist\u00eancia ao herbicida glifosato. &#8220;O 2,4-D foi ent\u00e3o integrado ao manejo de <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/plantacoes\">pr\u00e9-plantio<\/a> da soja para substituit o glifosato, pois seu princ\u00edpio ativo controla as pragas de folhas largas (como a buva)&#8221;, explica.<\/p>\n\n\n\n<p>De acordo com Maia, o 2,4-D atinge o sistema vegetativo das videiras, causando graves danos nas brota\u00e7\u00f5es e fazendo com que as plantas parem de se desenvolver. Ele leva ao fechamento nas folhas novas, diminuindo o vigor e assim o potencial produtivo dos vinhedos. Em casos mais graves, causa morte das plantas e sua erradica\u00e7\u00e3o. &#8220;Os preju\u00edzos v\u00eam aumentando ano a ano&#8221;, conta.<\/p>\n\n\n\n<figure class=\"wp-block-image size-large\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" width=\"800\" height=\"450\" src=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/24-D_agrotoxico.jpg\" alt=\"\" class=\"wp-image-166862\" srcset=\"https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/24-D_agrotoxico.jpg 800w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/24-D_agrotoxico-300x169.jpg 300w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/24-D_agrotoxico-768x432.jpg 768w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/24-D_agrotoxico-678x381.jpg 678w\" sizes=\"(max-width: 800px) 100vw, 800px\" \/><figcaption>O 2,4-D come\u00e7ou a ser usado em substitui\u00e7\u00e3o ao glifosato &#8211; AFP<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n<p>Os pesquisadores da Unipampa calcularam os preju\u00edzos dos produtores em dinheiro. &#8220;Para 2019, conclu\u00edmos que foi de R$ 100 milh\u00f5es, e em 2020 de R$ 200 milh\u00f5es, somente na viticultura&#8221;, revela Sampaio.<\/p>\n\n\n\n<p>Mas esse n\u00famero pode aumentar, diz Sampaio, j\u00e1 que n\u00e3o se sabe como vai ser o comportamento futuro dos vinhedos que est\u00e3o j\u00e1 no terceiro ano seguido de forte impacto do 2,4-D. &#8220;Pode ser que at\u00e9 que eles sejam perdidos&#8221;, diz. &#8220;J\u00e1 existem v\u00e1rios produtores que est\u00e3o desistindo, eliminando suas videiras, porque o custo de produ\u00e7\u00e3o, do trabalho e da m\u00e3o de obra \u00e9 bastante alto, e o preju\u00edzo vem se aprofundando cada vez mais.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>Sampaio diz que \u00e9 preciso levar em conta tamb\u00e9m que o problema afeta toda uma cadeia produtiva que est\u00e1 se instalando na regi\u00e3o. &#8220;H\u00e1 preju\u00edzos n\u00e3o s\u00f3 da produ\u00e7\u00e3o de uva, mas em toda a cadeia produtiva, como trabalho, m\u00e3o de obra, a uva que n\u00e3o vai para a vin\u00edcola, a vin\u00edcola que n\u00e3o produz o vinho, o mercado que n\u00e3o trabalha&#8221;, explica Sampaio. &#8220;Ou seja, todos os elos da cadeia produtiva somados com certeza contabilizariam bem mais que esses R$ 200 milh\u00f5es aqui na regi\u00e3o da Campanha do Rio Grande do Sul.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<h2 class=\"wp-block-heading\" id=\"Sem-indeniza\u00e7\u00e3o\">Sem indeniza\u00e7\u00e3o<\/h2>\n\n\n\n<p>Para piorar, os produtores de uva e vinho t\u00eam dificuldade para conseguir indeniza\u00e7\u00e3o dos preju\u00edzos. \u00c9 muito dif\u00edcil identificar a lavoura de soja de onde veio o <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/agrotoxicos\">agrot\u00f3xico<\/a>, explicam. As vin\u00edcolas est\u00e3o rodeadas de lavouras de soja e \u00e9 imposs\u00edvel determinar de qual delas veio o 2,4-D, que pode viajar pela deriva at\u00e9 30 km.<\/p>\n\n\n\n<p>&#8220;Al\u00e9m disso, h\u00e1 a morosidade da Justi\u00e7a&#8221;, diz Soares. &#8220;H\u00e1 muitas a\u00e7\u00f5es pedindo indeniza\u00e7\u00e3o, mas o processo \u00e9 muito demorado.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>No dia 16 de dezembro do ano passado, a Associa\u00e7\u00e3o dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha Ga\u00facha e a Associa\u00e7\u00e3o Ga\u00facha dos Produtores de Ma\u00e7\u00e3 (Agapomi) (cultura que tamb\u00e9m vem sendo prejudicada pela deriva do 2,4-D), entraram com uma a\u00e7\u00e3o civil p\u00fablica contra o governo do Rio Grande do Sul, solicitando a suspens\u00e3o tempor\u00e1ria do uso <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/agrotoxicos\">agrot\u00f3xico<\/a> em todo o Estado.<\/p>\n\n\n\n<p>Elas querem que o herbicida fique proibido &#8220;at\u00e9 que sejam delimitadas zonas de exclus\u00e3o, ou seja, implementado o efetivo monitoramento e fiscaliza\u00e7\u00e3o da aplica\u00e7\u00e3o do 2,4-D, para evitar a deriva em culturas sens\u00edveis&#8221;. Como a a\u00e7\u00e3o ainda n\u00e3o foi julgada, os representantes das duas associa\u00e7\u00f5es, por recomenda\u00e7\u00e3o de seus advogados, n\u00e3o quiseram dar entrevista \u00e0 BBC Brasil.<\/p>\n\n\n\n<figure class=\"wp-block-image size-large\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" width=\"549\" height=\"549\" src=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/videiras_estragando_devido_aplicacao_de_agrotoxico.jpg\" alt=\"\" class=\"wp-image-166863\" srcset=\"https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/videiras_estragando_devido_aplicacao_de_agrotoxico.jpg 549w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/videiras_estragando_devido_aplicacao_de_agrotoxico-300x300.jpg 300w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/videiras_estragando_devido_aplicacao_de_agrotoxico-150x150.jpg 150w\" sizes=\"(max-width: 549px) 100vw, 549px\" \/><figcaption>O 2,4-D causa problemas nas videiras, como aparecimento de cachos sem bagas &#8211; JACENIR FREITAS SOARES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n<p>Apesar dos problemas, a Secretaria da Agricultura, Pecu\u00e1ria e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) do Rio Grande do Sul afirma que &#8220;a situa\u00e7\u00e3o est\u00e1 melhorando&#8221;. No final do ano passado, o \u00f3rg\u00e3o divulgou um relat\u00f3rio com dados de um levantamento, realizado por seus t\u00e9cnicos de agosto a dezembro, referente \u00e0 safra de uva de ver\u00e3o 2020\/2021. Segundo o documento, houve redu\u00e7\u00e3o de 25,89% (de 88% para 62,34%) nas amostras de vinhedos contaminadas por 2,4-D, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 safra anterior. O n\u00famero de propriedades atingidas tamb\u00e9m diminuiu, de 110, em 2019, para 89, em 2020.<\/p>\n\n\n\n<p>De acordo com Rafael Friedrich de Lima, chefe da Divis\u00e3o de Insumos e Servi\u00e7os Agropecu\u00e1rios da SEAPDR, a secretaria tem recebido den\u00fancias e coletado material vegetal para verificar quais compostos est\u00e3o presentes na deriva. &#8220;A SEAPDR realiza tamb\u00e9m a fiscaliza\u00e7\u00e3o do cumprimento das normas legais&#8221;, afirma. &#8220;Sempre que os fiscais estaduais agropecu\u00e1rios constatam alguma irregularidade \u00e9 lavrado auto de infra\u00e7\u00e3o, que vai gerar processo administrativo, podendo acabar em multa.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>O vice-diretor da Associa\u00e7\u00e3o dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), Lu\u00eds Fernando Marasca Fucks, reconhece que a contamina\u00e7\u00e3o das videiras pelo 2,4-D &#8220;tem acontecido&#8221;. Mas ele afirma que ela aconteceu devido ao manejo incorreto do <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/agrotoxicos\">agrot\u00f3xico<\/a>.<\/p>\n\n\n\n<p>De acordo com ele, nem todos os produtores usam t\u00e9cnicas e equipamentos apropriados e eficientes. &#8220;Mesmo os aparelhos mais simples disp\u00f5em de tecnologias de bico adequados, de adjuvantes (subst\u00e2ncias que tornam as got\u00edculas do agrot\u00f3xico mais pesadas, evitando que elas sejam elevadas pelo vento) e boas pr\u00e1ticas de aplica\u00e7\u00e3o&#8221;, afirma.<\/p>\n\n\n\n<p>&#8220;Mas elas (as regras) n\u00e3o s\u00e3o obedecidas por alguns poucos produtores de soja e aplicadores do produto. Ent\u00e3o, ocorre a deriva, que \u00e9 uma situa\u00e7\u00e3o que acontece com qualquer produto se n\u00e3o forem seguidas as recomenda\u00e7\u00f5es para a pulveriza\u00e7\u00e3o.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>Ele afirma que, entre as pr\u00e1ticas corretas, est\u00e1 a observ\u00e2ncia das melhores horas do dia para a aplica\u00e7\u00e3o: as que t\u00eam as menores temperaturas poss\u00edveis. O recomendado \u00e9 pulverizar o herbicida de manh\u00e3 cedo ou mais \u00e0 noite, quando as temperaturas s\u00e3o mais baixas a umidade relativa do ar \u00e9 maior. &#8220;Isso evita a deriva e a evapora\u00e7\u00e3o das got\u00edculas menores, quando elas n\u00e3o atingem o solo, ficam em suspens\u00e3o no ar e evaporam. E a\u00ed qualquer brisa as leva para \u00e1reas vizinhas&#8221;, explica Fucks.<\/p>\n\n\n\n<figure class=\"wp-block-image size-large\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" width=\"800\" height=\"450\" src=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/videiras_com_as_folhas_queimadas.jpg\" alt=\"\" class=\"wp-image-166864\" srcset=\"https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/videiras_com_as_folhas_queimadas.jpg 800w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/videiras_com_as_folhas_queimadas-300x169.jpg 300w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/videiras_com_as_folhas_queimadas-768x432.jpg 768w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/01\/videiras_com_as_folhas_queimadas-678x381.jpg 678w\" sizes=\"(max-width: 800px) 100vw, 800px\" \/><figcaption>O herbicida queima flores de videiras &#8211; JACENIR FREITAS SOARES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n<p>Segundo Domingos Velho Lopes, presidente do Conselho Superior da Federa\u00e7\u00e3o da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), foram organizados cursos de treinamento para capacitar produtores e aplicadores para fazerem a pulveriza\u00e7\u00e3o correta. &#8220;Em 2018, foi criado um grupo de trabalho para tratar do problema do 2,4-D, liderado pelo Minist\u00e9rio P\u00fablico do Estado, junto com a SEAPDR e entidades representativas do setor agropecu\u00e1rio ga\u00facho&#8221;, conta.<\/p>\n\n\n\n<p>O grupo constatou que nos anos de 2018, 2019 e 2020 houve problemas de deriva do herbicida que afetaram algumas propriedades do Rio Grande do Sul com culturas sens\u00edveis, como uva, ma\u00e7\u00e3 e noz, por exemplo. &#8220;Foi verificado que o problema era o equipamento de pulveriza\u00e7\u00e3o ou fatores clim\u00e1ticos n\u00e3o ideais&#8221;, explica Lopes. &#8220;Para resolver isso, foram elaboradas as tr\u00eas instru\u00e7\u00f5es normativas que estabelecem regras para a aplica\u00e7\u00e3o.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>O grupo de trabalho tamb\u00e9m descobriu que a contamina\u00e7\u00e3o de videiras e outras culturas sens\u00edveis ao <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/agrotoxicos\">agrot\u00f3xico<\/a> se concentrava em 24 munic\u00edpios. &#8220;Ent\u00e3o foi feito em todos eles um treinamento forte de orienta\u00e7\u00e3o, n\u00e3o s\u00f3 dos aplicadores, mas tamb\u00e9m do produtor rural&#8221;, assegura Lopes. &#8220;Este \u00e9 o norte, a boa capacita\u00e7\u00e3o, para que sejam respeitadas as condi\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas e as t\u00e9cnicas de boas pr\u00e1ticas agron\u00f4micas, para que a aplica\u00e7\u00e3o seja feita dentro das normas.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>Lopes diz que \u00e9 um &#8220;problema pontual&#8221;. &#8220;Se pensarmos que temos 6 milh\u00f5es de litros de 2,4-D aplicados no Estado, numa m\u00e9dia de 1 a 1,5 litro por hectare, teremos entre 4 milh\u00f5es e 5 milh\u00f5es de hectares com o herbicida&#8221;, afirma. &#8220;Se temos cerca de 80 resultados positivos de contamina\u00e7\u00e3o isso quer dizer que \u00e9 quase insignificante. Claro que para quem sofreu a deriva isso \u00e9 um problema grav\u00edssimo. E quem executou mal a aplica\u00e7\u00e3o vai ter problema grave, porque n\u00e3o pode desrespeitar as regras de pulveriza\u00e7\u00e3o.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>&#8220;(O problema) deve ser muito bem analisado e o que o grupo de trabalho est\u00e1 fazendo est\u00e1 surtindo efeito&#8221;, diz. &#8220;Tenho certeza que no momento que a vida voltar ao normal e os cursos de treinamento forem intensificados, os resultados v\u00e3o ser cada vez melhores.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>Soares, o produtor de Lavras do Sul, n\u00e3o est\u00e1 confiante nisso. &#8220;Formei o vinhedo em 2000 e 2001, com mudas clonadas compradas na It\u00e1lia e na \u00c1frica do Sul&#8221;, conta. &#8220;Investi R$ 68 mil e o vizinho com dois baldes de 2,4-D gastou menos de R$ 500 e derrubou quase todo a carga [produ\u00e7\u00e3o] das videiras. Eles contabilizam lucros com a soja e eu somo preju\u00edzo na uva.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>Ele diz que na \u00e9poca em que <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/plantacoes\">plantou<\/a> o vinhedo, n\u00e3o havia lavoura de soja na regi\u00e3o e seus vizinhos usavam as terras para a pecu\u00e1ria. &#8220;Hoje minha propriedade est\u00e1 cercada pela nova cultura \u2014 o produtor mais pr\u00f3ximo fica a 50 metros&#8221;, diz. &#8220;Com o vento, a deriva do 2,4-D atinge pelo menos 20 km. N\u00e3o d\u00e1 para continuar, pois os custos s\u00e3o altos e o retorno financeiro pequeno.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>&#8220;Vou trabalhar nessa safra e na de 2022, porque tenho as minhas d\u00edvidas que o <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/agrotoxicos\">agrot\u00f3xico<\/a> me deixou de heran\u00e7a. \u00c9 com aperto no cora\u00e7\u00e3o que terei que acabar com as videiras, que tinha plantado para deixar para minha filha e meus netos.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"<div class=\"mh-excerpt\"><p>H\u00e1 cerca de 15 anos, a Campanha ga\u00facha \u2014 a metade sul do Rio Grande do Sul \u2014 come\u00e7ou a entrar na lista das regi\u00f5es produtoras de uvas e vinhos finos do mundo. <a class=\"mh-excerpt-more\" href=\"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/01\/25\/166859-como-um-agrotoxico-usado-na-guerra-do-vietna-esta-destruindo-videiras-na-campanha-gaucha.html\" title=\"Como um agrot\u00f3xico usado na Guerra do Vietn\u00e3 est\u00e1 destruindo videiras na Campanha Ga\u00facha\"><\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":166860,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[169,1636,376],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/166859"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=166859"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/166859\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":166865,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/166859\/revisions\/166865"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/166860"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=166859"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=166859"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=166859"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}