{"id":170456,"date":"2021-05-21T12:50:38","date_gmt":"2021-05-21T15:50:38","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=170456"},"modified":"2021-05-21T12:50:43","modified_gmt":"2021-05-21T15:50:43","slug":"governo-esta-do-lado-dos-bandidos-em-ataques-aos-yanomami","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/05\/21\/170456-governo-esta-do-lado-dos-bandidos-em-ataques-aos-yanomami.html","title":{"rendered":"&#8220;Governo est\u00e1 do lado dos bandidos em ataques aos yanomami&#8221;"},"content":{"rendered":"\n<figure class=\"wp-block-image size-large\"><a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/05\/indigenas_comunidade_yanomami.jpg\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" width=\"700\" height=\"394\" src=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/05\/indigenas_comunidade_yanomami.jpg\" alt=\"\" class=\"wp-image-170457\" srcset=\"https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/05\/indigenas_comunidade_yanomami.jpg 700w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/05\/indigenas_comunidade_yanomami-300x169.jpg 300w, https:\/\/cdn.noticias.ambientebrasil.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/05\/indigenas_comunidade_yanomami-678x381.jpg 678w\" sizes=\"(max-width: 700px) 100vw, 700px\" \/><\/a><figcaption>Ind\u00edgenas na comunidade yanomami de Palimi\u00fa, em Roraima, que vem sendo alvo de ataques de garimpeiros<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n<p>Aos 84 anos, o italiano Carlo Zacquini, mission\u00e1rio da Igreja Cat\u00f3lica que chegou ao Brasil na d\u00e9cada de 60, perdeu a conta de quantas vezes contraiu mal\u00e1ria durante os anos que viveu com o <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/indios-yanomamis\">povo yanomami<\/a> na Floresta Amaz\u00f4nica. Por ter recorrido tantas vezes ao medicamento antimal\u00e1rico cloroquina,\u00a0hoje sofre um pouco com perda da audi\u00e7\u00e3o, o que n\u00e3o o impede de se manter atento aos problemas atuais enfrentados pela etnia.<\/p>\n\n\n\n<p>At\u00e9 hoje, Zacquini, que se mudou em 1965 da It\u00e1lia para Boa Vista, capital de Roraima, \u00e9 procurado por lideran\u00e7as <a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/indigenas\">ind\u00edgenas<\/a> que buscam ajuda para enfrentar\u00a0invasores em seus territ\u00f3rios.<\/p>\n\n\n\n<p><strong>Leia tamb\u00e9m:<\/strong><\/p>\n\n\n<ul class=\"wp-block-rss\"><li class='wp-block-rss__item'><div class='wp-block-rss__item-title'><a href='https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/clipping\/2023\/02\/17\/181525-mercurio-contamina-a-natureza-por-tempo-indeterminado.html'>\u201cMerc\u00fario contamina a natureza por tempo indeterminado\u201d<\/a><\/div><\/li><li class='wp-block-rss__item'><div class='wp-block-rss__item-title'><a href='https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/clipping\/2023\/02\/15\/181515-garimpeiros-relatam-tensao-para-deixar-territorio-yanomami.html'>Garimpeiros relatam tens\u00e3o para deixar territ\u00f3rio yanomami<\/a><\/div><\/li><li class='wp-block-rss__item'><div class='wp-block-rss__item-title'><a href='https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/clipping\/2023\/02\/13\/181501-como-garimpo-ilegal-transforma-ouro-em-barras-e-joias-legais.html'>Como garimpo ilegal transforma ouro em barras e joias legais<\/a><\/div><\/li><\/ul>\n\n\n<p>Desde o \u00faltimo dia 10 de maio, a\u00a0comunidade de Palimi\u00fa, na Terra Ind\u00edgena Yanomami, em Roraima, est\u00e1 sob tens\u00e3o por conta de ataques por parte de garimpeiros armados. De acordo com a Associa\u00e7\u00e3o Yanomami Hutukara, ao menos cinco pessoas ficaram feridas, sendo quatro garimpeiros e um ind\u00edgena.\u00a0<a href=\"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/tag\/policia-federal-2\">Policiais federais<\/a> tamb\u00e9m foram alvo de disparos\u00a0no local, no dia 11, quando estiveram na comunidade para apurar o ataque dos garimpeiros. Lideran\u00e7as ind\u00edgenas afirmam que duas crian\u00e7as morreram afogadas ao fugirem dos garimpeiros.<\/p>\n\n\n\n<p>H\u00e1 relatos de&nbsp;um&nbsp;novo ataque ocorrido&nbsp;na noite do \u00faltimo domingo. E nesta quinta-feira (21\/05),&nbsp;o Conselho Distrital de Sa\u00fade Ind\u00edgena Yanomami e Ye&#8217;kuanna (Condisi-YY)&nbsp;denunciou mais uma&nbsp;tentativa de invas\u00e3o de garimpeiros \u00e0&nbsp;comunidade ocorrida na noite anterior.<\/p>\n\n\n\n<p>&#8220;\u00c9 claro que est\u00e3o usando armas de guerra, g\u00e1s lacrimog\u00eanio, uma s\u00e9rie de coisas. Pode ser que haja policiais no meio e militares, provavelmente&#8221;, comenta Zacquini sobre os garimpeiros que protagonizam os recentes conflitos armados na Terra Ind\u00edgena Yanomami.<\/p>\n\n\n\n<p>Em entrevista \u00e0 DW Brasil, o mission\u00e1rio critica o abandono do governo federal, que, na vis\u00e3o do religios, est\u00e1 &#8220;literalmente do lado dos bandidos&#8221;. Para ele, o&nbsp;presidente Jair Bolsonaro \u00e9 o&nbsp;&#8220;grande protetor&#8221; dos criminosos. &#8220;Ele \u00e9 chamado de \u2018mito&#8217;. Mas eu chamo de \u2018mato&#8217;, porque ele, mais do que tudo, est\u00e1 ajudando a matar neste caso&#8221;, diz.<\/p>\n\n\n\n<p>Sobre a tentativa de grupos evang\u00e9licos de fazer contato com povos isolados e de convert\u00ea-los, Zacquini diz considerar a situa\u00e7\u00e3o absurda. &#8220;Para alguns desses mission\u00e1rios com quem eu tive contato, n\u00e3o interessa se os ind\u00edgenas morrem, o importante \u00e9 que sejam convertidos&#8221;, critica, embora reconhe\u00e7a&nbsp;que erros semelhantes foram cometidos pela Igreja Cat\u00f3lica no passado.<\/p>\n\n\n\n<p>Apesar da gravidade da situa\u00e7\u00e3o atual dos yanomami, Zacquini acredita na resist\u00eancia desse povo da floresta.<\/p>\n\n\n\n<p><strong>DW Brasil: Como o senhor avalia a gravidade dos ataques recentes aos yanomami?<\/strong><\/p>\n\n\n\n<p><strong>Carlo Zacquini:<\/strong>&nbsp;A situa\u00e7\u00e3o dificilmente poderia ser pior. Neste momento, para mim, \u00e9 uma situa\u00e7\u00e3o clara de declara\u00e7\u00e3o de genoc\u00eddio, de exterm\u00ednio, o que o governo est\u00e1 fazendo. E o que n\u00e3o est\u00e1 fazendo tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n<p>\u00c9 uma declara\u00e7\u00e3o de absoluta parcialidade. O governo est\u00e1 literalmente do lado dos bandidos, dos infratores da lei. E quem sabe, eu acredito, o governo esteja entre eles. Ou seja, deve haver pessoas ligadas ao governo que est\u00e3o tirando proveito dessa situa\u00e7\u00e3o. Certamente h\u00e1 pol\u00edticos locais, pessoas que podem ser identificadas de v\u00e1rias formas. Isso \u00e9 muito claro.<\/p>\n\n\n\n<p>H\u00e1 empres\u00e1rios envolvidos. A Pol\u00edcia Federal sabe disso h\u00e1 muito tempo, s\u00e3o anos e anos de investiga\u00e7\u00e3o. Eles investigam, descobrem as coisas, e n\u00e3o acontece nada. Pelo menos, externamente, a gente n\u00e3o v\u00ea nada, e a coisa continua como est\u00e1. Eles at\u00e9 dizem que sabem, que identificaram, mas na pr\u00e1tica n\u00e3o acontece nada.<\/p>\n\n\n\n<p>A gente j\u00e1 chegou a saber que h\u00e1 pessoas ligadas ao crime organizado, brasileiro e venezuelano. Na Venezuela, h\u00e1 organiza\u00e7\u00f5es muito temidas, perigos\u00edssimas, que fazem esse trabalho tamb\u00e9m em terras ind\u00edgenas. Inclusive, um certo n\u00famero de venezuelanos fugiram de l\u00e1 e vieram pra c\u00e1 porque aqui \u00e9 mais f\u00e1cil.<\/p>\n\n\n\n<p>\u00c9 claro que est\u00e3o usando armas de guerra, g\u00e1s lacrimog\u00eanio, uma s\u00e9rie de coisas. Pode ser que haja policiais no meio e militares, provavelmente. H\u00e1 frotas de barco.<\/p>\n\n\n\n<p>E tem o grande protetor, chamado de &#8220;mito&#8221; [ o presidente Jair Bolsonaro]. Mas eu o chamo de &#8220;mato&#8221;,&nbsp;porque ele, mais do que tudo, est\u00e1 ajudando a matar neste caso.<\/p>\n\n\n\n<p>H\u00e1 drogas circulando, inclusive no meio dos ind\u00edgenas, al\u00e9m da bebida alco\u00f3lica, que estimula briga entre eles.<\/p>\n\n\n\n<p>As equipes de sa\u00fade s\u00e3o reduzidas, insuficientes para o atendimento a todas as aldeias. Sem rem\u00e9dios, ou com poucos. Falta gerador para ter eletricidade para, por exemplo, conservar vacinas.<\/p>\n\n\n\n<p>A mal\u00e1ria est\u00e1 fazendo um estrago enorme. A mal\u00e1ria tinha sido controlada e, aos poucos, nesses \u00faltimos anos, est\u00e1 tomando uma propor\u00e7\u00e3o inacredit\u00e1vel. Al\u00e9m disso, a mal\u00e1ria em muitos casos \u00e9 subnotificada por falta de equipes. Torna-se quase imposs\u00edvel fazer tratamento&nbsp;<em>in loco<\/em>&nbsp;porque faltam agentes, microsc\u00f3pio, material b\u00e1sico.<\/p>\n\n\n\n<p>A tudo isso, podemos somar a destrui\u00e7\u00e3o dos recursos alimentares, da floresta, da ca\u00e7a, da pesca com o peixe envenenado com merc\u00fario. E os garimpeiros, que t\u00eam um n\u00edvel de instru\u00e7\u00e3o reduzido, o que necessariamente n\u00e3o \u00e9 culpa deles, acham que est\u00e3o ajudando e distribuem bolachas e fazem coisas desse tipo.<\/p>\n\n\n\n<p>A introdu\u00e7\u00e3o de armas entre os yanomami est\u00e1 causando matan\u00e7a entre eles. Tem alguns ind\u00edgenas que se deixam iludir e s\u00e3o estimulados a cobi\u00e7ar coisas que n\u00e3o fazem sentido l\u00e1 e acabam colaborando com alguns garimpeiros.<\/p>\n\n\n\n<p><strong>A Funai (Funda\u00e7\u00e3o Nacional do \u00cdndio) tem cumprido o papel de proteger os ind\u00edgenas?<\/strong><\/p>\n\n\n\n<p>Com tudo isso, a gente tem que enfrentar hoje o presidente da Funai [Marcelo Augusto Xavier da Silva] lutando contra os ind\u00edgenas. Eu n\u00e3o sou advogado, mas isso deveria ser chamado de crime de responsabilidade.<\/p>\n\n\n\n<p>Ele ainda se dedica \u00e0 repress\u00e3o de cr\u00edticos ind\u00edgenas e n\u00e3o ind\u00edgenas, estudando formas de punir, de se vingar de den\u00fancias que as pessoas est\u00e3o tentando fazer para salvar a vida deles [ind\u00edgenas].<\/p>\n\n\n\n<p>Estou muito revoltado com essa situa\u00e7\u00e3o toda. Estou com 84 anos, vivo aqui h\u00e1 mais de 50 anos, trabalhei com os yanomami e continuo trabalhando com eles, e tudo isso \u00e9 imposs\u00edvel de suportar.<\/p>\n\n\n\n<p><strong>O senhor vivenciou muitos momentos da chegada dos brancos ao territ\u00f3rio yanomami?<\/strong><\/p>\n\n\n\n<p>Eu estava l\u00e1 quando chegaram os primeiros pe\u00f5es que constru\u00edram a Perimetral Norte [A rodovia (BR-210) foi projetada no governo militar para cortar a Amaz\u00f4nia do Amap\u00e1 ao Amazonas. Iniciada em 1973, a estrada foi constru\u00edda parcialmente].<\/p>\n\n\n\n<p>Eu vi centenas de mortes que ocorreram s\u00f3 num dia onde eu estava. Eu estava num lugar que dava rem\u00e9dio aos doentes e ficava numa base onde todos podiam eventualmente pedir socorro. Mas muitos n\u00e3o puderam pedir socorro, n\u00e3o tiveram for\u00e7as para chegar l\u00e1, morreram no caminho, no meio do mato. Eu encontrei ossadas de yanomami abandonadas no meio do mato. E os yanomami nunca fariam isso, porque \u00e9 uma quest\u00e3o das cren\u00e7as deles, uma coisa dessas \u00e9 inadmiss\u00edvel. Eles n\u00e3o tinham condi\u00e7\u00e3o nem de carregar os doentes.<\/p>\n\n\n\n<p>As curas tradicionais deles n\u00e3o faziam nenhum efeito frente \u00e0queles novos inimigos, que eram v\u00edrus desconhecidos e contra os quais eles n\u00e3o tinham anticorpos.<\/p>\n\n\n\n<p><strong>Na opini\u00e3o do senhor, eles conseguir\u00e3o resistir \u00e0s amea\u00e7as atuais?<\/strong><\/p>\n\n\n\n<p>Eles est\u00e3o distribu\u00eddos em um pouco mais de 300 aldeias hoje numa \u00e1rea muito grande. Nem toda ela foi invadida, embora a maior parte da \u00e1rea seja afetada pelos invasores, mesmo que indiretamente.<\/p>\n\n\n\n<p>As epidemias n\u00e3o param. Os ind\u00edgenas acabam se deslocando, fugindo para outras aldeias e levando sem querer os v\u00edrus que receberam dos invasores.<\/p>\n\n\n\n<p>H\u00e1 lugares onde, por enquanto, n\u00e3o foi descoberto ouro ou minas que atra\u00edssem invasores. Ainda h\u00e1 alguns lugares tranquilos.<\/p>\n\n\n\n<p>Alguns servi\u00e7os de sa\u00fade que foram montados com a ajuda da sociedade civil renderam resultados muito interessantes. Hoje a popula\u00e7\u00e3o yanomami \u00e9 de quase 30 mil. Ent\u00e3o n\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil acabar com tudo.<\/p>\n\n\n\n<p>Acredito que eles ir\u00e3o aguentar, sim. Uma parte deles j\u00e1 est\u00e1 tentando formas de sobreviver, de ter colabora\u00e7\u00f5es com pessoas de boa vontade e ajuda de fora do governo.<\/p>\n\n\n\n<p><strong>O que trouxe o senhor, h\u00e1 mais de 50 anos, ao Brasil, e o que provocou essa aproxima\u00e7\u00e3o com os yanomami?<\/strong><\/p>\n\n\n\n<p>Eu vim ao Brasil mandado pelos meus superiores. Eu sou um mission\u00e1rio cat\u00f3lico. Eu vim para a periferia de Boa Vista para montar uma escola profissional e dar aulas.<\/p>\n\n\n\n<p>A minha sorte foi que, logo que cheguei, encontrei l\u00edderes ind\u00edgenas e comecei a entender como estava a situa\u00e7\u00e3o aqui. Fiquei chocado por uma s\u00e9rie de coisas.<\/p>\n\n\n\n<p>Quatro meses depois que eu cheguei, em 1\u00ba de maio de 1965, estive numa localidade onde havia aparecido uns ind\u00edgenas &#8220;bravos&#8221;, como as pessoas diziam. Eu tive a sorte de poder ficar nesse lugar por tr\u00eas dias com esse grupo. Esse contato me deixou realmente emocionado, transtornado, e me fez perder todo o interesse pela atividade que havia me trazido ao Brasil.<\/p>\n\n\n\n<p>Logo que consegui me liberar, acabei indo viver com os yanomami. Fiquei muitos anos l\u00e1 e me mudei, ajudei a criar uma associa\u00e7\u00e3o da sociedade civil que se chamava Comiss\u00e3o Pela Cria\u00e7\u00e3o do Parque Yanomami (CCPY). A luta se estendeu porque a demarca\u00e7\u00e3o da Terra Ind\u00edgena demorava muito, era algo extremamente complicado.<\/p>\n\n\n\n<p>N\u00f3s nos dedicamos tamb\u00e9m a fazer um plano de sa\u00fade. Naquela \u00e9poca, eu j\u00e1 dizia que t\u00ednhamos que tentar ajudar o povo a sobreviver, que n\u00e3o adiantaria ter a terra demarcada com um povo morto. Gra\u00e7as a nossa atividade de sa\u00fade se p\u00f4de evitar, quando come\u00e7ou a primeira grande invas\u00e3o de garimpeiros nos anos de 1980, um grande n\u00famero de mortes de ind\u00edgenas. N\u00e3o morreram porque estavam vacinados.<\/p>\n\n\n\n<p>Mais tarde, a pedido de uma lideran\u00e7a ind\u00edgena, come\u00e7amos a nos dedicar \u00e0 quest\u00e3o do ensino, da alfabetiza\u00e7\u00e3o na l\u00edngua deles e, depois, em portugu\u00eas.<\/p>\n\n\n\n<p><strong>H\u00e1 muitos grupos evang\u00e9licos que buscam contato com povos ind\u00edgenas, inclusive os isolados, para convert\u00ea-los. O que o senhor acha desse tipo de trabalho mission\u00e1rio?<\/strong><\/p>\n\n\n\n<p>Eu acho um absurdo.<\/p>\n\n\n\n<p>Para alguns desses mission\u00e1rios com quem eu tive contato n\u00e3o interessa se os ind\u00edgenas morrem, o importante \u00e9 que sejam convertidos. \u00c9 uma invers\u00e3o de valores, \u00e9 uma coisa totalmente absurda.<\/p>\n\n\n\n<p>No passado, a Igreja Cat\u00f3lica n\u00e3o fez muito melhor. Eu sei que teve muitos casos que foram muito criticados, at\u00e9 mesmo o papa reconheceu isso.<\/p>\n\n\n\n<p>Eu acho que, hoje, a mentalidade deveria ser diferente. Nem todos ainda assumiram essa mentalidade, e tem alguns que continuam ainda agarrados aos tempos da &#8220;descoberta&#8221; do Brasil.<\/p>\n\n\n\n<p>Hoje temos uma mission\u00e1ria que v\u00ea Jesus em cima da goiabeira. Eu acho que ela [Damares Alves,\u00a0ministra da Mulher, da Fam\u00edlia e dos Direitos Humanos]\u00a0da\u00a0\u00a0tem, inclusive, muito poder sobre as atividades da Funai e incentiva outros setores do governo a agir nesse sentido.<\/p>\n\n\n\n<p>Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"<div class=\"mh-excerpt\"><p>Desde o \u00faltimo dia 10 de maio, a comunidade de Palimi\u00fa, na Terra Ind\u00edgena Yanomami, em Roraima, est\u00e1 sob tens\u00e3o por conta de ataques por parte de garimpeiros armados. <a class=\"mh-excerpt-more\" href=\"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/05\/21\/170456-governo-esta-do-lado-dos-bandidos-em-ataques-aos-yanomami.html\" title=\"&#8220;Governo est\u00e1 do lado dos bandidos em ataques aos yanomami&#8221;\"><\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":170457,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[582,2705,4886],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/170456"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=170456"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/170456\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":170458,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/170456\/revisions\/170458"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/170457"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=170456"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=170456"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=170456"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}