A economia brasileira registrou um crescimento de 1,2% no primeiro trimestre de 2021, em rela\u00e7\u00e3o ao trimestre anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat\u00edstica) nesta ter\u00e7a-feira (1\u00ba\/06). Em rela\u00e7\u00e3o ao primeiro trimestre de 2020, o avan\u00e7o foi de 1%.<\/strong><\/p>\n\n\n\n
O resultado positivo confirma uma sequ\u00eancia de indicadores econ\u00f4micos melhores do que o esperado na produ\u00e7\u00e3o industrial, com\u00e9rcio e presta\u00e7\u00e3o de servi\u00e7os no pa\u00eds, entre janeiro e mar\u00e7o deste ano.<\/p>\n\n\n\n
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O bom desempenho da atividade surpreendeu boa parte dos economistas neste in\u00edcio de 2021, marcado por uma piora da pandemia entre mar\u00e7o e abril, que levou ao endurecimento das medidas de distanciamento social em diversos Estados e munic\u00edpios.<\/p>\n\n\n\n
Diante da chegada da segunda onda da covid-19 e de um come\u00e7o de ano sem o aux\u00edlio emergencial – que s\u00f3 viria a ser renovado pelo governo a partir de abril, com valores reduzidos em rela\u00e7\u00e3o \u00e0queles pagos em 2020 – alguns analistas chegaram a prever queda do PIB (Produto Interno Bruto)<\/a> nos primeiros tr\u00eas meses do ano, em rela\u00e7\u00e3o ao quarto trimestre.<\/p>\n\n\n\n
Confira os cinco fatores que explicam o bom desempenho do PIB no primeiro trimestre.<\/p>\n\n\n\n
Um primeiro fator que explica o bom desempenho do PIB no primeiro trimestre \u00e9 a alta generalizada dos pre\u00e7os das commodities agr\u00edcolas<\/a> e minerais, principais produtos da pauta de exporta\u00e7\u00e3o brasileira.<\/p>\n\n\n\n
Os pre\u00e7os das commodities est\u00e3o em alta gra\u00e7as \u00e0 recupera\u00e7\u00e3o da economia mundial, devido ao controle da pandemia<\/a> nos Estados Unidos, Europa e China.<\/p>\n\n\n\n
Um segundo fator para a alta do PIB neste in\u00edcio de ano foi que a poupan\u00e7a acumulada pelas fam\u00edlias ao longo de 2020 evitou uma queda acentuada do consumo, num momento em que a retirada do aux\u00edlio emergencial reduziu a renda dispon\u00edvel dos domic\u00edlios mais pobres.<\/p>\n\n\n\n
Em 2020, a capta\u00e7\u00e3o l\u00edquida da poupan\u00e7a – diferen\u00e7a entre dep\u00f3sitos e retiradas – registrou um recorde de R$ 166,3 bilh\u00f5es, maior resultado da s\u00e9rie hist\u00f3rica do Banco Central, que tem in\u00edcio em 2015. Em 2019, a capta\u00e7\u00e3o l\u00edquida havia sido de R$ 13,3 bilh\u00f5es e o recorde anterior foi registrado em 2013, com uma capta\u00e7\u00e3o de R$ 71,1 bilh\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n
De janeiro a mar\u00e7o desse ano, no entanto, os brasileiros sacaram R$ 27,5 bilh\u00f5es da caderneta, no resultado l\u00edquido entre dep\u00f3sitos e retiradas, revertendo a tend\u00eancia observada em 2020.<\/p>\n\n\n\n
“Boa parte do mercado tinha expectativa de redu\u00e7\u00e3o da massa de renda dispon\u00edvel para as fam\u00edlias no come\u00e7o do ano, devido sobretudo \u00e0 interrup\u00e7\u00e3o do pagamento do aux\u00edlio emergencial”, afirma Rodolfo Margato, da XP investimentos.<\/p>\n\n\n\n
“No entanto, o que parece ter acontecido, e suavizado bastante a queda do consumo privado no per\u00edodo, foi a utiliza\u00e7\u00e3o de parte da poupan\u00e7a formada pelas fam\u00edlias ao longo de 2020”, acrescenta.<\/p>\n\n\n\n
Segundo o economista, uma parte dessa poupan\u00e7a foi “precaucional”, que \u00e9 a reserva que as fam\u00edlias fazem quando o ambiente \u00e9 de incertezas. Outra parte foi a chamada poupan\u00e7a “circunstancial”, gerada devido \u00e0s restri\u00e7\u00f5es de mobilidade que levaram a uma redu\u00e7\u00e3o do consumo de servi\u00e7os como restaurantes, viagens, cinemas, teatros e idas a shopping centers, que fazem parte da cesta de consumo das fam\u00edlias de maior renda.<\/p>\n\n\n\n
Um terceiro componente para o bom desempenho da atividade neste in\u00edcio de ano foi o fato de que o setor industrial terminou 2020 com n\u00edvel de estoques muito baixo, ap\u00f3s uma combina\u00e7\u00e3o de aumento da demanda e dificuldade de acesso a insumos no segundo semestre do ano passado.<\/p>\n\n\n\n
O n\u00edvel de estoque efetivo em rela\u00e7\u00e3o ao planejado da ind\u00fastria de transforma\u00e7\u00e3o fechou 2020 em 45,3 pontos, conforme a Sondagem Industrial da CNI (Confedera\u00e7\u00e3o Nacional da Ind\u00fastria). Valores abaixo de 50 pontos indicam estoques abaixo do planejado.<\/p>\n\n\n\n
Desde ent\u00e3o, o n\u00edvel de estoques da ind\u00fastria tem se recuperado m\u00eas a m\u00eas, chegando a 49,6 pontos em abril, o que indica que o n\u00edvel efetivo est\u00e1 se aproximando do pretendido.<\/p>\n\n\n\n
“A ind\u00fastria fechou o ano passado com estoques muito baixos”, observa Luka Barbosa, do Ita\u00fa.<\/p>\n\n\n\n
“Por conta disso, a produ\u00e7\u00e3o industrial se manteve em patamares bem sustentados neste in\u00edcio de ano, apesar da desacelera\u00e7\u00e3o da demanda interna, devido ao ciclo de estoques.”<\/p>\n\n\n\n
Um quarto fator que contribuiu para a alta do PIB no primeiro trimestre, segundo os economistas, foi o c\u00e2mbio desvalorizado, que colaborou para um aumento da demanda externa por bens industriais, ajudando a compensar a queda da demanda interna.<\/p>\n\n\n\n
De janeiro a abril, as exporta\u00e7\u00f5es brasileiras de produtos da ind\u00fastria de transforma\u00e7\u00e3o cresceram 14,1%, em rela\u00e7\u00e3o ao mesmo per\u00edodo de 2020, segundo dados da Secex (Secretaria de Com\u00e9rcio Exterior) do Minist\u00e9rio da Economia.<\/p>\n\n\n\n
“Mesmo sofrendo com a queda de demanda dom\u00e9stica, uma parte da ind\u00fastria est\u00e1 se beneficiando do ‘boom’ de commodities e do c\u00e2mbio que continuou mais desvalorizado na compara\u00e7\u00e3o com outros pa\u00edses”, destaca Matos, da FGV.<\/p>\n\n\n\n
“O c\u00e2mbio desvalorizado tem efeito negativo para a infla\u00e7\u00e3o, mas \u00e9 bom para a renda de alguns segmentos, inclusive da ind\u00fastria, que percebe um aumento da demanda externa.”<\/p>\n\n\n\n
Por fim, o \u00faltimo fator apontado pelos economistas que ajuda a explicar o avan\u00e7o da economia neste in\u00edcio de ano \u00e9 o fato de empresas e fam\u00edlias j\u00e1 estarem mais adaptadas \u00e0 din\u00e2mica da pandemia, n\u00e3o sendo t\u00e3o afetadas por ela como na primeira onda, em 2020.<\/p>\n\n\n\n
“Esse \u00e9 um componente mais dif\u00edcil de mensurar”, observa Margato, da XP Investimentos.<\/p>\n\n\n\n
“Por um lado, a segunda onda da pandemia, a partir de fevereiro deste ano, foi muito mais severa e custosa do ponto de vista de sa\u00fade p\u00fablica, no n\u00famero de novos casos e fatalidades”, afirma.<\/p>\n\n\n\n
“Mas, olhando para a atividade econ\u00f4mica, o impacto dessa segunda onda se mostrou menos intenso do que o daquela primeira onda do ano passado. A\u00ed, provavelmente, tem efeitos de uma maior adapta\u00e7\u00e3o dos agentes econ\u00f4micos ao cen\u00e1rio pand\u00eamico. Alguns exemplos s\u00e3o novas rotinas de trabalho remoto e o avan\u00e7o das compras online via e-commerce.”<\/p>\n\n\n\n
Segundo Silvia Matos, da FGV, a manuten\u00e7\u00e3o do desemprego em n\u00edvel recorde neste in\u00edcio de ano \u00e9 resultado da recupera\u00e7\u00e3o desigual entre os setores da economia, com com\u00e9rcio e servi\u00e7os – que s\u00e3o os maiores empregadores do pa\u00eds – ainda muito afetados pela pandemia.<\/p>\n\n\n\n
“N\u00e3o h\u00e1 surpresa positiva no mercado de trabalho”, considera a economista. “Isso porque a recupera\u00e7\u00e3o da atividade est\u00e1 sendo puxada por segmentos que empregam relativamente menos, comparado aos segmentos que ainda est\u00e3o com desempenho ruim.”<\/p>\n\n\n\n
“Ent\u00e3o talvez tenhamos mais PIB, mas n\u00e3o necessariamente mais empregos neste primeiro momento. Para haver uma normaliza\u00e7\u00e3o do mercado de trabalho, \u00e9 preciso superarmos a pandemia de fato. \u00c9 isso que observamos em todo o mundo.”<\/p>\n\n\n\n
Um outro fator que tem impedido a popula\u00e7\u00e3o de perceber a melhora da economia \u00e9 a infla\u00e7\u00e3o, observa a analista. Sob efeito da alta das commodities, o IPCA (\u00cdndice Nacional de Pre\u00e7os ao Consumidor Amplo) acumula alta de 6,76% em 12 meses at\u00e9 abril e os alimentos e bebidas – itens de maior peso na cesta de consumo dos mais pobres -, subiram 12,31% no mesmo per\u00edodo.<\/p>\n\n\n\n
“A redu\u00e7\u00e3o do aux\u00edlio, infla\u00e7\u00e3o alta e mercado de trabalho desaquecido reduzem o poder de compra das fam\u00edlias”, diz Matos. “Assim, apesar de estarmos vendo uma recupera\u00e7\u00e3o da atividade, o consumo das fam\u00edlias segue em patamar baixo, pois a gera\u00e7\u00e3o de renda continua muito fraca.”<\/p>\n\n\n\n
Os analistas esperam a continuidade da recupera\u00e7\u00e3o da economia no restante de 2021, com uma poss\u00edvel desacelera\u00e7\u00e3o do PIB no segundo trimestre, mas uma retomada mais forte na segunda metade do ano, diante da expectativa de avan\u00e7o da vacina\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Segundo o boletim Focus do Banco Central divulgado na segunda-feira (31\/05), a expectativa mediana do mercado \u00e9 de uma alta de 3,96% do PIB em 2021, ap\u00f3s queda de 4,1% no ano passado.<\/p>\n\n\n\n
No entanto, observam os economistas, ainda h\u00e1 muitos riscos para essa recupera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
“Uma eventual terceira onda da pandemia, a nova variante indiana, a imuniza\u00e7\u00e3o claudicante com desacelera\u00e7\u00e3o no ritmo de aplica\u00e7\u00e3o das doses s\u00e3o incertezas, relacionadas \u00e0 din\u00e2mica da covid, que acendem um sinal amarelo”, observa Margato, da XP Investimentos.<\/p>\n\n\n\n
Outro risco a ser monitorado, segundo o economista, \u00e9 a crise hidrol\u00f3gica que coloca uma press\u00e3o de alta sobre a infla\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Matos, da FGV, destaca ainda que, embora n\u00e3o haja expectativa de um racionamento de energia, a incerteza nesse front pode inibir decis\u00f5es de investimento, principalmente de empresas que demandam muita eletricidade em seus processos produtivos.<\/p>\n\n\n\n
Margato destaca ainda a falta de componentes como um fator que pode limitar a produ\u00e7\u00e3o industrial, principalmente no setor automotivo.<\/p>\n\n\n\n
Por fim, a economista da FGV destaca que a continuidade da pandemia, aliada a um mercado de trabalho fr\u00e1gil e \u00e0 proximidade das elei\u00e7\u00f5es presidenciais deve elevar press\u00f5es por um aumento do gasto com pol\u00edticas sociais, que pode agravar a situa\u00e7\u00e3o fiscal do governo e gerar novas instabilidades pol\u00edticas.<\/p>\n\n\n\n
“Isso pode contaminar as decis\u00f5es de investimento e a previsibilidade da economia. Ser\u00e1 preciso esperar a elei\u00e7\u00e3o passar para ter mais vis\u00e3o do futuro e, enquanto n\u00e3o superarmos a pandemia de fato, \u00e9 dif\u00edcil tamb\u00e9m ter uma vis\u00e3o clara, pois quanto mais tempo passa, mais cicatrizes essa crise vai deixando na economia.”<\/p>\n\n\n\n
Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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