{"id":171620,"date":"2021-06-29T16:13:28","date_gmt":"2021-06-29T19:13:28","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=171620"},"modified":"2021-06-29T16:13:31","modified_gmt":"2021-06-29T19:13:31","slug":"tratado-global-para-controlar-poluicao-por-plastico-ganha-forca","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/06\/29\/171620-tratado-global-para-controlar-poluicao-por-plastico-ganha-forca.html","title":{"rendered":"Tratado global para controlar polui\u00e7\u00e3o por pl\u00e1stico ganha for\u00e7a"},"content":{"rendered":"\n
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Polui\u00e7\u00e3o por pl\u00e1stico nos oceanos deve triplicar at\u00e9 2040, aumentando a urg\u00eancia de se encontrar uma solu\u00e7\u00e3o global.
FOTO DE\u00a0HANNAH WHITAKER, NAT GEO IMAGE COLLECTION<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A simples sacola pl\u00e1stica passou a simbolizar o problema mundial crescente com rela\u00e7\u00e3o a res\u00edduo pl\u00e1sticos<\/a>. Contudo, globalmente, existem sete defini\u00e7\u00f5es do que \u00e9 considerado uma sacola pl\u00e1stica \u2014 o que dificulta as iniciativas para reduzir a prolifera\u00e7\u00e3o desses res\u00edduos.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Proibir o uso de sacolas pl\u00e1sticas, assim como de outras embalagens pl\u00e1sticas, \u00e9 a medida mais comumente utilizada para controlar os res\u00edduos do material. At\u00e9 o momento, 115 na\u00e7\u00f5es adotaram essa abordagem, mas de maneiras diferentes. Na Fran\u00e7a, \u00e9 proibido o uso de sacolas com menos de 50 m\u00edcrons de espessura. Na Tun\u00edsia, \u00e9 proibido o uso de sacolas com menos de 40 m\u00edcrons de espessura.<\/p>\n\n\n\n

Esses tipos de diferen\u00e7as criam lacunas que possibilitam que as sacolas consideradas ilegais cheguem aos vendedores ambulantes e bancas de feira.\u00a0Em 2017, o\u00a0Qu\u00eania\u00a0aprovou um projeto de lei de proibi\u00e7\u00e3o de sacolas mais rigoroso do mundo e teve que enfrentar o contrabando de sacolas ilegais trazidas de Uganda e da Som\u00e1lia. O mesmo aconteceu com a Ruanda.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Da mesma forma, milh\u00f5es de mosquiteiros importados dos Estados Unidos para a Ruanda chegaram em embalagens pl\u00e1sticas cuja composi\u00e7\u00e3o qu\u00edmica n\u00e3o foi informada \u2014 mesmo ap\u00f3s questionamento de um reciclador de Ruanda \u2014  o que impediu sua reciclagem.<\/p>\n\n\n\n

Para empresas globais como a Nestl\u00e9, que vende produtos aliment\u00edcios em 187 pa\u00edses, isso significa cumprir 187 regulamenta\u00e7\u00f5es nacionais diferentes relacionadas \u00e0s embalagens pl\u00e1sticas.<\/p>\n\n\n\n

Esses s\u00e3o apenas tr\u00eas exemplos de centenas de pol\u00edticas contradit\u00f3rias, inconsist\u00eancias e falta de transpar\u00eancia que est\u00e3o arraigadas no com\u00e9rcio global de pl\u00e1sticos<\/a> de tal maneira, que dificultam o controle do\u00a0ac\u00famulo crescente\u00a0de res\u00edduos pl\u00e1sticos. As defini\u00e7\u00f5es n\u00e3o apenas diferem entre os pa\u00edses, como tamb\u00e9m n\u00e3o existem normas globais para essas pr\u00e1ticas, como determinar quais materiais pl\u00e1sticos podem ser misturados em um produto, o que gera um potencial obst\u00e1culo para a reciclagem. N\u00e3o existem m\u00e9todos internacionalmente aceitos para mensurar o descarte de res\u00edduos pl\u00e1sticos no meio ambiente. Sem padr\u00f5es equivalentes ou dados espec\u00edficos, solucionar o problema de res\u00edduos desse material se torna praticamente imposs\u00edvel.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Mas agora, uma solu\u00e7\u00e3o pode estar a caminho. Um tratado global para lidar com res\u00edduos pl\u00e1sticos est\u00e1 ganhando apoio crescente. Pelo menos 100 pa\u00edses j\u00e1 demonstraram concordar com esse tratado e os envolvidos nas negocia\u00e7\u00f5es preliminares est\u00e3o otimistas de que o acordo possa ser aprovado em um prazo que poderia fazer a diferen\u00e7a, assim como o\u00a0protocolo de Montreal\u00a0de 1987 que evitou o esgotamento do oz\u00f4nio estratosf\u00e9rico.<\/p>\n\n\n\n

\u201cBasicamente, os governos n\u00e3o conseguir\u00e3o fazer o que \u00e9 necess\u00e1rio se n\u00e3o puderem contar com uma parceria e estrutura internacionais. N\u00e3o vai dar certo\u201d, afirma Hugo-Maria Schally, chefe da unidade de coopera\u00e7\u00e3o ambiental multilateral da Comiss\u00e3o Europeia. \u201c\u00c9 um problema concreto que exige uma solu\u00e7\u00e3o concreta, e um acordo global providenciar\u00e1 isso.\u201d<\/p>\n\n\n\n

A mensagem de Schally para o setor \u00e9 direta: \u201c\u00e9 poss\u00edvel trabalhar com pol\u00edticas p\u00fablicas para tornar o pl\u00e1stico sustent\u00e1vel e isso significa que podemos ser parte da solu\u00e7\u00e3o, ou podemos ficar na defensiva e sermos parte do problema.\u201d<\/p>\n\n\n\n

101 | PL\u00c1STICO
Da prospec\u00e7\u00e3o ao descarte, entenda como o material \u00e9 produzido a partir de combust\u00edveis f\u00f3sseis.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Aumento dos res\u00edduos<\/h3>\n\n\n\n

O principal argumento contra a tentativa de pressionar um tratado entre as Na\u00e7\u00f5es Unidas e seus 193 estados-membros \u00e9 que as negocia\u00e7\u00f5es podem se arrastar por uma d\u00e9cada ou mais e, com rela\u00e7\u00e3o ao problema de res\u00edduos pl\u00e1sticos, h\u00e1 pouco tempo a perder. <\/p>\n\n\n\n

Novos res\u00edduos pl\u00e1sticos s\u00e3o produzidos anualmente a uma taxa de 303 milh\u00f5es de toneladas (275 milh\u00f5es de toneladas m\u00e9tricas). At\u00e9 o momento, 75% de todo o pl\u00e1stico j\u00e1 produzido se tornaram res\u00edduo e a produ\u00e7\u00e3o deve triplicar at\u00e9 2050.\u00a0Um\u00a0novo estudo\u00a0realizado este ano sugere que o ac\u00famulo de res\u00edduos pl\u00e1sticos nos oceanos tamb\u00e9m deve triplicar at\u00e9 2040, em uma m\u00e9dia de 32 milh\u00f5es de toneladas (29 milh\u00f5es de toneladas m\u00e9tricas) por ano.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Com n\u00fameros como esses, n\u00e3o \u00e9 surpresa que nenhum dos pa\u00edses com parcelas mais significativas de libera\u00e7\u00e3o de res\u00edduos pl\u00e1sticos no meio ambiente tenha conseguido obter o controle de seus res\u00edduos mal administrados. E embora os tratados globais levem tempo, nenhuma quest\u00e3o ambiental dessa magnitude foi abordada de forma significativa sem um tratado. <\/p>\n\n\n\n

A polui\u00e7\u00e3o por pl\u00e1stico est\u00e1 em pauta nas Na\u00e7\u00f5es Unidas desde 2012. Em 2019, na \u00faltima reuni\u00e3o presencial da Assembleia Ambiental da ONU<\/a> em Nair\u00f3bi, as negocia\u00e7\u00f5es sobre res\u00edduos pl\u00e1sticos foram dificultadas principalmente pelos Estados Unidos, que se opuseram a um tratado vinculativo. O \u00fanico acordo ao qual se chegou foi o de continuar com as negocia\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Na \u00faltima d\u00e9cada, a situa\u00e7\u00e3o mudou drasticamente. \u201cEm 2015, nenhum pa\u00eds expressou interesse em buscar um tratado global\u201d, afirmou Erik Lindebjerg, que lidera a campanha de res\u00edduos pl\u00e1sticos do World Wildlife Fund em Oslo. Ele ajudou a supervisionar a publica\u00e7\u00e3o do artigo\u00a0The Business Case for a UN Treaty on Plastic Pollution\u00a0(Estudo de Caso de Neg\u00f3cios para um Tratado da ONU sobre Polui\u00e7\u00e3o por Pl\u00e1stico, em tradu\u00e7\u00e3o livre), elaborado em parceria com a Funda\u00e7\u00e3o Ellen MacArthur, que detalha como um tratado resolveria diversos problemas comerciais. \u201cDe certo modo, atingimos um ponto de satura\u00e7\u00e3o, ent\u00e3o, de repente, \u00e9 poss\u00edvel observar impactos em todos os setores.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O setor tamb\u00e9m voltou atr\u00e1s em sua oposi\u00e7\u00e3o.  <\/p>\n\n\n\n

\u201cNossa posi\u00e7\u00e3o evoluiu de acordo com a situa\u00e7\u00e3o\u201d, relatou\u00a0Stewart Harris, executivo do Conselho Americano de Qu\u00edmica (ACC, na sigla em ingl\u00eas), falando em nome do Conselho Internacional de Associa\u00e7\u00f5es Qu\u00edmicas, uma associa\u00e7\u00e3o qu\u00edmica global da qual o ACC \u00e9 membro.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

\u201cEst\u00e1vamos preocupados com a vincula\u00e7\u00e3o de um tratado global. Sent\u00edamos que ainda n\u00e3o est\u00e1vamos prontos para isso\u201d, declarou ele. \u201cAgora, isso mudou. Acreditamos que um instrumento global \u00e9 necess\u00e1rio para nos ajudar a eliminar res\u00edduos do meio ambiente e auxiliar as empresas a cumprirem compromissos volunt\u00e1rios.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O que est\u00e1 em negocia\u00e7\u00e3o <\/h3>\n\n\n\n

As negocia\u00e7\u00f5es preliminares j\u00e1 est\u00e3o em andamento, todas voltadas para a pr\u00f3xima reuni\u00e3o presencial em Nair\u00f3bi, na qual h\u00e1 grandes esperan\u00e7as de que seja poss\u00edvel chegar a um acordo para prosseguir com as discuss\u00f5es do tratado.<\/p>\n\n\n\n

Os pa\u00edses escandinavos tradicionalmente realizam confer\u00eancias sobre res\u00edduos pl\u00e1sticos, com lideran\u00e7a da Noruega, atual presidente da Assembleia Ambiental da ONU. Mas outros grupos de na\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m t\u00eam debatido sobre o assunto. Equador, Alemanha, Gana e Vietn\u00e3 realizaram diversas reuni\u00f5es, e mais uma est\u00e1 planejada para setembro. Pequenos pa\u00edses insulares, inundados por res\u00edduos pl\u00e1sticos e que podem ser altamente prejudicados com as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, conduziram suas pr\u00f3prias negocia\u00e7\u00f5es preliminares.<\/p>\n\n\n\n

O objetivo geral das primeiras negocia\u00e7\u00f5es foi definir uma data limite para elimina\u00e7\u00e3o dos pl\u00e1sticos descartados nos oceanos. O restante da pauta est\u00e1 centrado em quatro t\u00f3picos, um conjunto congruente de defini\u00e7\u00f5es e padr\u00f5es que eliminaria inconsist\u00eancias: a defini\u00e7\u00e3o do que \u00e9 uma sacola pl\u00e1stica; coordena\u00e7\u00e3o de metas e planos nacionais; acordo sobre padr\u00f5es e metodologias de relat\u00f3rio; e cria\u00e7\u00e3o de um fundo para constru\u00e7\u00e3o de instala\u00e7\u00f5es de gest\u00e3o de res\u00edduos em locais de maior necessidade em pa\u00edses menos desenvolvidos.<\/p>\n\n\n\n

Christina Dixon, ocean\u00f3grafa da\u00a0Ag\u00eancia de Investiga\u00e7\u00e3o Ambiental, uma organiza\u00e7\u00e3o ambiental sem fins lucrativos com sede em Londres e Washington, salienta que os m\u00e9todos existentes para gerenciar o mercado de pl\u00e1stico n\u00e3o s\u00e3o sustent\u00e1veis. \u201cPrecisamos encontrar uma maneira de abordar o problema do pl\u00e1stico atrav\u00e9s de uma vis\u00e3o global. Temos um material que polui ao longo de todo o seu ciclo de vida e em diversos pa\u00edses. Nenhum pa\u00eds \u00e9 capaz de enfrentar o desafio sozinho.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O poder do p\u00fablico \u2014 e do di\u00e1logo<\/h3>\n\n\n\n

A opini\u00e3o p\u00fablica tamb\u00e9m est\u00e1 provocando mudan\u00e7as. A polui\u00e7\u00e3o por pl\u00e1stico \u00e9 uma das tr\u00eas preocupa\u00e7\u00f5es ambientais mais prementes, junto com as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e a polui\u00e7\u00e3o da \u00e1gua, de acordo com uma\u00a0pesquisa de 2019\u00a0inclu\u00edda no relat\u00f3rio do Estudo de Caso de Neg\u00f3cios para um Tratado da ONU. Jovens ativistas que foram \u00e0s ruas em 2019 para protestar contra a falta de medidas referentes a mudan\u00e7as clim\u00e1ticas tamb\u00e9m t\u00eam se interessado pelo problema de res\u00edduos pl\u00e1sticos. Diversos\u00a0estudos\u00a0do setor mostram que as Gera\u00e7\u00f5es Z e Y est\u00e3o pressionando os fabricantes de bens de consumo a aderir pr\u00e1ticas de sustentabilidade.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, existe uma quest\u00e3o simples de que os lados opostos agora se comunicam. <\/p>\n\n\n\n

Em 2019, Dave Ford, ex-executivo publicit\u00e1rio cuja empresa oferecia viagens caras \u00e0 Ant\u00e1rtida, \u00c1frica e outras regi\u00f5es a l\u00edderes corporativos, idealizou um cruzeiro de quatro dias das Bermudas ao mar de Sarga\u00e7os para realizar uma confer\u00eancia entre 165 pessoas que trabalham com res\u00edduos pl\u00e1sticos. A lista de passageiros variava entre executivos da Dow Chemical e do Greenpeace. Em uma a\u00e7\u00e3o destinada a obter o m\u00e1ximo de publicidade, um ativista do Greenpeace dividiu o quarto com um executivo da Nestl\u00e9, o que ficou conhecido a bordo como \u201cdormindo com o inimigo\u201d. <\/p>\n\n\n\n

A a\u00e7\u00e3o funcionou. Muitos passageiros do cruzeiro ainda conversam entre si e as tens\u00f5es que estavam crescendo diminu\u00edram.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEstamos tentando fazer com que todas as partes, que historicamente lutam entre si, entendam o papel de cada uma\u201d, conclui Ford. \u201cEm muitos casos, eles podem estar mais pr\u00f3ximos do que pensam.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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