{"id":171682,"date":"2021-07-01T15:54:34","date_gmt":"2021-07-01T18:54:34","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=171682"},"modified":"2021-07-01T15:54:36","modified_gmt":"2021-07-01T18:54:36","slug":"humanos-aumentam-pontos-criticos-onde-morcegos-podem-transmitir-doencas-zoonoticas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/07\/01\/171682-humanos-aumentam-pontos-criticos-onde-morcegos-podem-transmitir-doencas-zoonoticas.html","title":{"rendered":"Humanos aumentam pontos cr\u00edticos onde morcegos podem transmitir doen\u00e7as zoon\u00f3ticas"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
Fotografia de um morcego-ferradura chin\u00eas, cujo nome faz alus\u00e3o \u00e0s suas membranas nasais em formato de ferradura. A esp\u00e9cie pode ser encontrada do norte da \u00cdndia ao sul da China, normalmente em cavernas ou locais semelhantes, onde se alimentam principalmente de pequenas mariposas.
FOTO DE\u00a0MERLINTUTTLE.ORG\/SCIENCE SOURCE<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

\u00c0 medida que os humanos vivem cada vez mais pr\u00f3ximos do\u00a0habitat<\/em>\u00a0dos animais selvagens, substituindo trechos de florestas por \u00e1reas de desenvolvimento e cultivo, cientistas temem que essas mudan\u00e7as no uso da terra possam estimular a evolu\u00e7\u00e3o de doen\u00e7as zoon\u00f3ticas como a covid-19. Alguns estudiosos acreditam que \u00e1reas que passaram por transforma\u00e7\u00f5es dr\u00e1sticas e abrigam grandes popula\u00e7\u00f5es de morcegos<\/a> podem vir a ser o marco inicial de uma pr\u00f3xima pandemia de coronav\u00edrus.<\/p>\n\n\n\n

Um grupo de pesquisadores recentemente come\u00e7ou a identificar locais onde podem ocorrer futuros surtos, mapeando poss\u00edveis pontos cr\u00edticos \u2014 \u00e1reas com condi\u00e7\u00f5es potencialmente favor\u00e1veis para que coronav\u00edrus relacionados \u00e0 SRAG troquem de hospedeiro (fen\u00f4meno conhecido como spillover <\/em>em ingl\u00eas). Eles procuraram locais com alta concentra\u00e7\u00e3o de morcegos-ferradura asi\u00e1ticos (que abrigam a maior diversidade de coronav\u00edrus), com fragmenta\u00e7\u00e3o florestal e com altos n\u00edveis de ocupa\u00e7\u00e3o humana e pecu\u00e1ria.<\/p>\n\n\n\n

Ao identificar potenciais pontos cr\u00edticos, os pesquisadores podem \u201cajudar a pensar em maneiras de reduzir as chances de outra pandemia como a de covid-19\u201d, afirma\u00a0David Hayman, professor de ecologia de doen\u00e7as<\/a> infecciosas da Universidade Massey, na Nova Zel\u00e2ndia, e coautor do estudo.<\/p>\n\n\n\n

Usando seus crit\u00e9rios de pontos cr\u00edticos, os pesquisadores analisaram mais de 28,5 milh\u00f5es de quil\u00f4metros quadrados de terra densamente povoada por morcegos-ferradura asi\u00e1ticos, que vivem em regi\u00f5es tropicais e temperadas e t\u00eam esse nome em alus\u00e3o ao formato de seu nariz, que lembra uma ferradura. No total, os pesquisadores estudaram mais de 10 mil locais.<\/p>\n\n\n\n

Eles descobriram que as \u00e1reas da China s\u00e3o os pontos mais cr\u00edticos e advertem que algumas regi\u00f5es em outras partes da \u00c1sia \u2014 incluindo o Jap\u00e3o, a Tail\u00e2ndia e as Filipinas \u2014 e da Europa podem se tornar pontos cr\u00edticos tamb\u00e9m.<\/p>\n\n\n\n

O estudo foi publicado em maio na revista cient\u00edfica\u00a0Nature Foods<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores afirmam que n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel relacionar as mudan\u00e7as no uso da terra diretamente \u00e0 dissemina\u00e7\u00e3o do Sars-CoV-2 e ao surgimento da covid-19. Mas afirmam que o potencial existe e que maior aten\u00e7\u00e3o deve ser dada \u00e0 forma como a invas\u00e3o humana afeta o habitat<\/em> dos morcegos.<\/p>\n\n\n\n

\u201cSabemos que quanto maior o contato entre as esp\u00e9cies, mais oportunidades existem para os v\u00edrus trocarem de hospedeiro entre elas\u201d, inclusive de morcegos para humanos, explica Hayman, e acrescenta que a an\u00e1lise identifica \u201c\u00e1reas onde essas condi\u00e7\u00f5es est\u00e3o presentes\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Uma poss\u00edvel ferramenta para prevenir a propaga\u00e7\u00e3o de doen\u00e7as<\/h3>\n\n\n\n

Em um\u00a0estudo anterior, os pesquisadores descobriram que os surtos de ebola eram mais prov\u00e1veis em \u00e1reas onde as florestas estavam fragmentadas, o que os levou a usar esse fator como um crit\u00e9rio para definir os prov\u00e1veis pontos cr\u00edticos que podem favorecer a propaga\u00e7\u00e3o do coronav\u00edrus<\/a>.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o \u00e9 a fragmenta\u00e7\u00e3o florestal em si que causa a propaga\u00e7\u00e3o de doen\u00e7as. \u201c\u00c9 o impacto dessa fragmenta\u00e7\u00e3o\u201d, explica Chelsea Wood, professora assistente de ecologia parasit\u00e1ria na Universidade de Washington, que n\u00e3o participou do novo estudo. \u201cOnde existe habitat<\/em> fragmentado, existe maior contato entre os humanos e a vida selvagem daquela \u00e1rea.\u201d Segundo ela, conforme as florestas s\u00e3o divididas, \u201ccria-se cada vez mais fronteiras entre o ser humano e os animais selvagens \u2014 proporcionando ainda mais oportunidades para que haja essa intera\u00e7\u00e3o\u201d.<\/p>\n\n\n\n

No novo estudo, os pesquisadores identificaram o maior n\u00famero de pontos cr\u00edticos na China, que cont\u00e9m \u201ctanto fragmenta\u00e7\u00e3o florestal quanto atividade pecu\u00e1ria e assentamentos humanos\u201d, esclarece Nikolas Galli, doutorando na Universidade Polit\u00e9cnica de Mil\u00e3o,, na It\u00e1lia, e coautor do estudo. Os pesquisadores tamb\u00e9m descobriram que regi\u00f5es no Jap\u00e3o, nas Filipinas e na Europa Ocidental \u2014 incluindo o norte da It\u00e1lia, Espanha e Portugal \u2014 podem se tornar pontos cr\u00edticos com o aumento da expans\u00e3o urbana, intensifica\u00e7\u00e3o da pecu\u00e1ria ou fragmenta\u00e7\u00e3o florestal, alerta Galli.<\/p>\n\n\n\n

\u201cComo um cidad\u00e3o europeu, acho que tendemos a ter esse vi\u00e9s de considerar o spillover<\/em> zoon\u00f3tico como um risco em \u00e1reas que estejam mais distantes de n\u00f3s\u201d, relata Galli. Ele acrescenta que, embora os resultados do estudo n\u00e3o o tenham surpreendido, \u201celes certamente acrescentaram nuances \u00e0 nossa perspectiva\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores fizeram quest\u00e3o de observar que o mapa tem fundamento te\u00f3rico e \u201cpresume que, \u00e0 medida que aumentam a atividade pecu\u00e1ria, a fragmenta\u00e7\u00e3o florestal e a densidade populacional, aumenta o risco de spillover<\/em> zoon\u00f3tico\u201d, observa Wood. N\u00e3o \u00e9 uma evid\u00eancia, salienta ela.<\/p>\n\n\n\n

Colin Carlson, bi\u00f3logo de mudan\u00e7as globais da Universidade Georgetown, concorda. O mapa \u201cn\u00e3o evidencia que a mudan\u00e7a no uso da terra causou a pandemia de covid-19. N\u00e3o temos como saber isso\u201d, esclarece ele. \u201cAinda n\u00e3o sabemos qual \u00e9 o hospedeiro original, nem se houve um hospedeiro intermedi\u00e1rio.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Ainda assim, os autores do estudo esperam que o mapa possa ser uma ferramenta valiosa no combate a doen\u00e7as.<\/p>\n\n\n\n

Maria Cristina Rulli, professora de seguran\u00e7a h\u00eddrica e alimentar da Universidade Polit\u00e9cnica de Mil\u00e3o e coautora do estudo, afirma que \u201cesses resultados podem ser \u00fateis para os governos criarem planos de vigil\u00e2ncia contra doen\u00e7as\u201d, fornecendo orienta\u00e7\u00e3o sobre onde ampliar os esfor\u00e7os para prevenir e reduzir o risco de poss\u00edveis spillovers,<\/em> e onde gerar resili\u00eancia por meio da recupera\u00e7\u00e3o de \u00e1reas.<\/p>\n\n\n\n

Hayman acrescenta que, como medida preventiva, as \u00e1reas identificadas como poss\u00edveis pontos cr\u00edticos \u201cn\u00e3o devem prosseguir com pol\u00edticas que intensifiquem esses fatores\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Morcegos como portadores de doen\u00e7as<\/h3>\n\n\n\n

Ainda n\u00e3o se sabe ao certo como o Sars-CoV-2, o v\u00edrus que causa a covid-19, infectou o primeiro ser humano. Mas uma teoria amplamente aceita pelos cientistas \u00e9 que\u00a0o novo coronav\u00edrus se originou em morcegos\u00a0e foi transmitido a uma pessoa, diretamente ou por meio de um hospedeiro intermedi\u00e1rio, em um fen\u00f4meno conhecido como\u00a0spillover<\/em>\u00a0zoon\u00f3tico.<\/p>\n\n\n\n

\u201cOs morcegos s\u00e3o notavelmente bons como reservat\u00f3rios de v\u00edrus\u201d, conta Chelsea Wood, professora assistente de ecologia parasit\u00e1ria na Universidade de Washington.<\/p>\n\n\n\n

Os morcegos\u00a0podem transmitir raiva, uma doen\u00e7a viral perigosa que pode paralisar o sistema nervoso humano. Algumas esp\u00e9cies podem\u00a0abrigar o v\u00edrus nipah, que pode causar infec\u00e7\u00e3o respirat\u00f3ria em humanos, e o\u00a0ebola, uma doen\u00e7a que j\u00e1\u00a0matou milhares de pessoas\u00a0em todo o mundo.<\/p>\n\n\n\n

Os cientistas n\u00e3o sabem por que\u00a0essas criaturas aladas s\u00e3o t\u00e3o aptas a carregar v\u00edrus\u00a0\u2014 ou como a sa\u00fade desses animais n\u00e3o \u00e9 afetada \u201cmesmo em contato com esses pat\u00f3genos que s\u00e3o extremamente perigosos a outros mam\u00edferos\u201d, acrescenta Wood. O que eles sabem \u00e9 que os v\u00edrus transportados pelos morcegos podem ser transmitidos a outros animais, incluindo humanos, com efeitos muitas vezes devastadores: o nipah pode ser transmitido quando\u00a0humanos consomem seiva de tamareira\u00a0contaminada com fezes de morcego, por exemplo; e os cientistas acreditam que pelo menos um dos surtos de ebola pode ter come\u00e7ado depois que\u00a0humanos ca\u00e7aram, manusearam ou comeram\u00a0carne de morcego infectada.<\/p>\n\n\n\n

E embora \u201cesse tipo de intera\u00e7\u00e3o direta e pr\u00f3xima com morcegos possa parecer incomum\u201d em algumas partes do mundo, \u201c\u00e9 muito comum viver perto de morcegos em algumas regi\u00f5es\u201d, esclarece Wood. Em alguns pa\u00edses, os morcegos s\u00e3o \u201ct\u00e3o comuns quanto esquilos em outros\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Crian\u00e7as, ao brincar perto de uma \u00e1rvore que os morcegos usam como poleiro, por exemplo, podem ter contato com res\u00edduos de fezes de morcego \u2014 levando esses res\u00edduos para suas casas ou diretamente em seu nariz ou boca. Em alguns pa\u00edses, pessoas\u00a0ca\u00e7am e comem morcegos.<\/p>\n\n\n\n

Os v\u00edrus tamb\u00e9m podem ser transmitidos de morcegos para humanos por meio de um hospedeiro intermedi\u00e1rio \u2014 um terceiro animal que transmite o v\u00edrus do morcego a uma pessoa, que pode ter sido o caso em\u00a0alguns surtos de ebola.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO que \u00e9 assustador sobre esses v\u00edrus zoon\u00f3ticos \u00e9 que o processo de\u00a0spillover<\/em>\u00a0\u00e9 recorrente\u201d, reitera Wood. Por\u00e9m, os v\u00edrus mais perigosos e vigiados s\u00e3o aqueles que podem ser transmitidos de pessoa para pessoa \u2014 um processo que \u201cn\u00e3o \u00e9 uma tarefa f\u00e1cil para um v\u00edrus\u201d que costuma ser transmitido entre morcegos e outros mam\u00edferos, conclui ela. \u201cA covid-19 \u00e9 um bom exemplo disso.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

\u00c0 medida que os humanos vivem cada vez mais pr\u00f3ximos do habitat dos animais selvagens, cientistas temem estimular a evolu\u00e7\u00e3o de doen\u00e7as zoon\u00f3ticas como a covid-19. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":171683,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[4278,18,4394],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/171682"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=171682"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/171682\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":171684,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/171682\/revisions\/171684"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/171683"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=171682"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=171682"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=171682"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}