{"id":171726,"date":"2021-07-05T14:31:24","date_gmt":"2021-07-05T17:31:24","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=171726"},"modified":"2021-07-05T14:31:27","modified_gmt":"2021-07-05T17:31:27","slug":"populacao-de-corujas-pintadas-atinge-menor-nivel-ja-registrado","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/07\/05\/171726-populacao-de-corujas-pintadas-atinge-menor-nivel-ja-registrado.html","title":{"rendered":"Popula\u00e7\u00e3o de corujas-pintadas atinge menor n\u00edvel j\u00e1 registrado"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
Coruja-pintada-do-norte na Floresta Nacional de Siskiyou, entre os estados do Oregon e da Calif\u00f3rnia, nos Estados Unidos
FOTO DE\u00a0JOEL SARTORE<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A coruja-pintada-do-norte \u00e9 uma das esp\u00e9cies mais proeminentes do noroeste do Pac\u00edfico h\u00e1 muito tempo. Com plumagem marrom com pintas brancas, grandes olhos castanhos e envergadura de at\u00e9 1,2 metro, essas aves noturnas dependem exclusivamente de florestas antigas para sobreviver. Elas voam entre antigos pinheiros-do-oregon e pinheiros-ponderosa em busca de salamandras e pequenos roedores. Por d\u00e9cadas, pesquisadores e conservacionistas dedicaram bastante tempo, empenho e dinheiro tentando proteg\u00ea-las.<\/p>\n\n\n\n

Mas as popula\u00e7\u00f5es das corujas<\/a> s\u00e3o as menores j\u00e1 registradas: houve um decl\u00ednio entre 50% e 75% desde 1995, de acordo com\u00a0estudo publicado no peri\u00f3dico\u00a0Biological Conservation<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

\u201cHavia uma expectativa de resultados ruins, mas n\u00e3o de uma queda t\u00e3o vertiginosa assim\u201d, afirma\u00a0Alan Franklin, bi\u00f3logo supervisor de pesquisas do Centro Nacional de Pesquisas de Animais Silvestres do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e autor principal do estudo. As popula\u00e7\u00f5es da coruja, ressalta ele, s\u00e3o as mais baixas desde o in\u00edcio do monitoramento.<\/p>\n\n\n\n

O estudo alerta que medidas dr\u00e1sticas precisam ser adotadas para salvar a coruja. Esses animais vivem apenas em florestas antigas que, por sua vez,\u00a0sofreram um decl\u00ednio de 70%\u00a0nas \u00faltimas tr\u00eas d\u00e9cadas devido \u00e0 explora\u00e7\u00e3o madeireira e \u00e0 urbaniza\u00e7\u00e3o. Segundo os autores, as florestas antigas restantes devem ser protegidas para que as corujas tenham alguma chance de sobreviv\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

Mas sua maior amea\u00e7a s\u00e3o as corujas-norte-americanas, aves invasoras que as superam na competi\u00e7\u00e3o entre esp\u00e9cies. O estudo alerta que as popula\u00e7\u00f5es dessas invasoras devem ser reduzidas expressivamente em toda a \u00e1rea de distribui\u00e7\u00e3o da coruja-pintada. Do contr\u00e1rio, os autores concluem que a coruja-pintada-do-norte provavelmente desaparecer\u00e1 de grande parte de seu habitat<\/em> nos pr\u00f3ximos 50 anos.<\/p>\n\n\n\n

Mas a pr\u00e1tica \u00e9 mais dif\u00edcil do que a teoria, e o estudo levanta quest\u00f5es complexas sobre a melhor forma de salvar essa esp\u00e9cie amea\u00e7ada de extin\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Franklin, a coruja tem \u201cum futuro incerto e perturbador\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Realizado a cada cinco anos, o levantamento mais recente abrangeu uma \u00e1rea total aproximada de 1,8 milh\u00e3o de hectares em todo o habitat <\/em>das corujas no norte da Calif\u00f3rnia, Oregon e Washington. As regi\u00f5es de estudo foram selecionadas para oferecer um panorama completo das condi\u00e7\u00f5es da floresta e do territ\u00f3rio em todo o habitat <\/em>da coruja.<\/p>\n\n\n\n

Quando os levantamentos populacionais come\u00e7aram em 1985, os cientistas consideravam a perda de\u00a0habitat<\/em>\u00a0a principal amea\u00e7a \u00e0 ave. Contudo, na d\u00e9cada de 1990, quando a esp\u00e9cie passou a ser considerada amea\u00e7ada de extin\u00e7\u00e3o de acordo com a Lei de Esp\u00e9cies Amea\u00e7adas e foi adotado um plano para equilibrar a extra\u00e7\u00e3o de madeira em terras federais com a conserva\u00e7\u00e3o, outra concorrente chegou do leste um tanto\u00a0inesperadamente.<\/p>\n\n\n\n

As corujas-norte-americanas \u2014 agora comuns no noroeste do Pac\u00edfico \u2014 s\u00e3o maiores, possuem uma dieta alimentar mais ampla, apresentam comportamento mais agressivo e ainda podem superar a coruja-pintada na busca por alimento e locais de nidifica\u00e7\u00e3o. Atualmente, as corujas-norte-americanas s\u00e3o a principal amea\u00e7a \u00e0 coruja nativa.<\/p>\n\n\n\n

Para combater essa esp\u00e9cie invasora, o Servi\u00e7o de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos (\u201cFWS\u201d, na sigla em ingl\u00eas) decidiu\u00a0eliminar a tiros as corujas-norte-americanas\u00a0em 2013 e, at\u00e9 agora, seus\u00a0projetos-pilotos\u00a0foram relativamente bem-sucedidos. Esse \u201cmanejo letal\u201d ocorre atualmente em mais de 234 mil hectares e foi prorrogado at\u00e9 agosto deste ano. Depois disso, o FWS avaliar\u00e1 com outras ag\u00eancias as informa\u00e7\u00f5es coletadas, juntamente com outras pesquisas relevantes, a fim de formular um plano mais amplo de manejo da coruja-norte-americana e decidir os pr\u00f3ximos passos, conta Jodie Delavan, oficial de rela\u00e7\u00f5es p\u00fablicas do FWS.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO Servi\u00e7o est\u00e1 otimista de que um programa de manejo da coruja-norte-americana possa ser implementado de forma bem-sucedida e econ\u00f4mica\u201d, observa Delavan.<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 agora, mais de 3,1 mil corujas-norte-americanas foram eliminadas a um custo estimado de US$ 8,5 milh\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o est\u00e1 claro, entretanto, se algum dos resultados bem-sucedidos do projeto-piloto pode ser reproduzido em uma escala maior. E Franklin revela ignorar o percentual de redu\u00e7\u00e3o necess\u00e1rio das popula\u00e7\u00f5es de corujas-norte-americanas para que haja uma diferen\u00e7a significativa.<\/p>\n\n\n\n

\u201cAinda que houvesse todos os recursos dispon\u00edveis\u201d, afirma\u00a0Susan Jane Brown, advogada do Centro de Direito Ambiental do Oeste dos Estados Unidos, que luta para proteger a coruja-pintada-do-norte h\u00e1 mais de 30 anos, \u201cser\u00e1 poss\u00edvel expulsar a invasora para que as esp\u00e9cies nativas possam se recuperar?\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Explora\u00e7\u00e3o madeireira e inc\u00eandios<\/h3>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, as aves continuam amea\u00e7adas pelo desmatamento. Em seus \u00faltimos dias, o governo Trump anunciou um plano para abrir\u00e0 explora\u00e7\u00e3o madeireira 1,4 milh\u00e3o de hectaresde habitats<\/em> classificados como cr\u00edticos (terras consideradas essenciais \u00e0 sobreviv\u00eancia da esp\u00e9cie). No entanto o departamento do Interior, seguindo ordens do presidente Biden, interrompeu a implementa\u00e7\u00e3o desse plano, atualmente em an\u00e1lise.<\/p>\n\n\n\n

Esse tipo de decis\u00e3o quase sempre suscita a\u00e7\u00f5es judiciais. Grupos ambientalistas entraram com um\u00a0processo judicial\u00a0para proteger os 1,4 milh\u00e3o de hectares ao mesmo tempo em que a\u00a0ind\u00fastria madeireira entrou com um processo judicial\u00a0para contestar a suspens\u00e3o do plano de Trump ordenada por Biden. Mas enquanto o cabo de guerra judicial ocorre nos tribunais, a explora\u00e7\u00e3o madeireira pode prosseguir nas florestas.<\/p>\n\n\n\n

Proteger o habitat<\/em> da coruja do corte raso das florestas, entretanto, pode n\u00e3o ser suficiente. Como observa o estudo, h\u00e1 um alto risco de que as comunidades locais de corujas-pintadas-do-norte possam ser exterminadas pelo agravamento dos inc\u00eandios florestais causados sobretudo pelas mudan\u00e7as clim\u00e1ticas. Cerca de 850 mil hectares de florestas que abrigam a coruja, quase o mesmo tamanho de Porto Rico, foram destru\u00eddos no ano passado durante os inc\u00eandios, segundo o estudo. Grande parte disso \u2014 150 mil hectares, muito mais do que o Parque Nacional das Montanhas Rochosas \u2014 era fundamental para a nidifica\u00e7\u00e3o e o empoleiramento.<\/p>\n\n\n\n

Embora pequenos inc\u00eandios possam abrir algumas clareiras esparsas e at\u00e9 contribuir para a cria\u00e7\u00e3o de novos habitats<\/em>, grandes inc\u00eandios prejudicam os animais. \u201cA maior preocupa\u00e7\u00e3o s\u00e3o megainc\u00eandios amplos e intensos\u201d, explica Franklin, \u201cbasicamente tudo o que sobra s\u00e3o gravetos queimados\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Somados, os efeitos da explora\u00e7\u00e3o madeireira, da coruja-norte-americana invasora e dos inc\u00eandios florestais s\u00e3o incrivelmente complicados de se superar.<\/p>\n\n\n\n

O que fazer?<\/h3>\n\n\n\n

Definir prioridades, entretanto, \u00e9 uma luta constante. \u201cA conserva\u00e7\u00e3o nunca disp\u00f5e de recursos suficientes\u201d, afirma\u00a0Gwen Iacona, cientista de conserva\u00e7\u00e3o aplicada da Universidade Estadual do Arizona.<\/p>\n\n\n\n

Um disp\u00eandio superior a oito milh\u00f5es de d\u00f3lares em um projeto-piloto de oito anos pode parecer muito para dedicar a uma esp\u00e9cie cuja popula\u00e7\u00e3o continua a despencar, apesar das d\u00e9cadas de iniciativas de conserva\u00e7\u00e3o. E, para alguns, \u00e9 question\u00e1vel se \u00e9 um uso inteligente dos recursos.<\/p>\n\n\n\n

Brown afirma acreditar que seja um uso inteligente, \u201cpor quest\u00f5es \u00e9ticas e morais… apesar de entender o ponto de vista dos que discordam. A quest\u00e3o \u00e9 se \u00e9 poss\u00edvel \u2014 ou desej\u00e1vel \u2014 colocar um pre\u00e7o na conserva\u00e7\u00e3o da natureza e da biodiversidade<\/a>\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Para efeito de compara\u00e7\u00e3o, o custo do \u00eaxito no aumento populacional de condores-da-calif\u00f3rnia de apenas 22 aves que restavam na natureza<\/a> na d\u00e9cada de 1980 para os atuais mais de 300 indiv\u00edduos \u00e9 estimado em\u00a0mais de US$ 35 milh\u00f5es. Por outro lado,\u00a0custa entre US$ 10 e 20 milh\u00f5es\u00a0para reintroduzir lobos-cinzentos no Parque Nacional de Yellowstone e Idaho.<\/p>\n\n\n\n

Brown observa, no entanto, que a ind\u00fastria madeireira ganhou bilh\u00f5es de d\u00f3lares com a extra\u00e7\u00e3o de \u00e1rvores antigas que serviam de abrigo \u00e0s corujas. \u201cVale a pena gastar alguns ou mesmo v\u00e1rios milh\u00f5es de d\u00f3lares nos dias de hoje para conservar e recuperar uma esp\u00e9cie em risco?\u201d<\/p>\n\n\n\n

Os especialistas argumentam que a quest\u00e3o, no caso da coruja-pintada-do-norte, vai al\u00e9m de uma mera ave. \u201cN\u00e3o se trata do manejo de uma esp\u00e9cie, \u00e9 o manejo de centenas de esp\u00e9cies que dependem de florestas antigas\u201d, explica\u00a0Kimberly Baker, defensora de terras p\u00fablicas do Centro de Informa\u00e7\u00f5es de Prote\u00e7\u00e3o Ambiental.<\/p>\n\n\n\n

Em outras palavras, investir esse montante em dinheiro para ajudar a salvar a coruja contribui para a prote\u00e7\u00e3o de diversos outros animais e plantas, relata Iacona.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, os benef\u00edcios de reduzir popula\u00e7\u00f5es de corujas-norte-americanas n\u00e3o se restringem somente \u00e0s corujas-pintadas. As predadoras invasoras se alimentam de salamandras amea\u00e7adas de extin\u00e7\u00e3o, por exemplo, al\u00e9m de musaranhos, ratos-silvestres e esquilos-voadores: as presas favoritas da coruja-pintada. \u201cH\u00e1 in\u00fameros outros efeitos causados no ambiente\u201d, observa Franklin.<\/p>\n\n\n\n

Mas, se as iniciativas de conserva\u00e7\u00e3o forem direcionadas apenas para tentar \u201cexterminar a coruja-norte-americana\u201d, adverte Matthew Betts, professor da Universidade Estadual do Oregon, \u201cseria simplesmente invi\u00e1vel\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Contudo, se forem considerados o panorama geral da manuten\u00e7\u00e3o de florestas antigas e o benef\u00edcio \u00e0 coruja-pintada-do-norte, aos ratos-silvestres e salamandras arbor\u00edcolas e aos l\u00edquens e musgos end\u00eamicos, prossegue Betts, \u201c\u00e9 quase inestim\u00e1vel.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Brown teme que, independentemente de qual argumento seja utilizado para salvar a esp\u00e9cie \u2014 seja jur\u00eddico, moral ou ecol\u00f3gico \u2014 \u201cmuitas vezes isso signifique que n\u00e3o podemos ou n\u00e3o desejamos pagar esse pre\u00e7o.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O tempo est\u00e1 se esgotando. \u201cReverter essa situa\u00e7\u00e3o envolver\u00e1 um esfor\u00e7o extraordin\u00e1rio\u201d, lamenta Brown.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A coruja-pintada-do-norte \u00e9 uma das esp\u00e9cies mais proeminentes do noroeste do Pac\u00edfico h\u00e1 muito tempo. Com plumagem marrom com pintas brancas, grandes olhos castanhos e envergadura de at\u00e9 1,2 metro. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":171727,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[27,4902,461],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/171726"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=171726"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/171726\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":171728,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/171726\/revisions\/171728"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/171727"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=171726"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=171726"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=171726"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}