{"id":171872,"date":"2021-07-12T13:46:55","date_gmt":"2021-07-12T16:46:55","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=171872"},"modified":"2021-07-12T13:46:58","modified_gmt":"2021-07-12T16:46:58","slug":"diluvios-e-monstros-lendarios-os-mitos-que-revelam-desastres-do-passado","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/07\/12\/171872-diluvios-e-monstros-lendarios-os-mitos-que-revelam-desastres-do-passado.html","title":{"rendered":"Dil\u00favios e monstros lend\u00e1rios: os mitos que revelam desastres do passado"},"content":{"rendered":"\n
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Erup\u00e7\u00f5es vulc\u00e2nicas num passado distante podem ter tido efeitos de longo alcance que perduram por meio de mitos e f\u00e1bulas – JMW TURNER\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Para as pessoas em risco, pode parecer o fim do mundo. Os moradores de Stinson Beach, um destino tur\u00edstico popular perto de S\u00e3o Francisco, nos EUA, est\u00e3o tendo que lidar com a perspectiva de que grande parte de sua vizinhan\u00e7a estar\u00e1 debaixo d’\u00e1gua em menos de 20 anos.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os ricos podem construir casas com funda\u00e7\u00f5es elevadas e arcar com os custos de barreiras de conten\u00e7\u00e3o que v\u00e3o reter a \u00e1gua do mar, ao menos por um tempo, mas os mais pobres ter\u00e3o que aceitar a perda de suas casas ou encontrar uma maneira de mov\u00ea-las para terras mais altas.<\/p>\n\n\n\n

Podemos acreditar que agora, no s\u00e9culo 21, \u00e9 a primeira vez que nossa esp\u00e9cie enfrenta esse tipo de trag\u00e9dia, mas n\u00e3o \u00e9 verdade. O n\u00edvel do mar come\u00e7ou a subir h\u00e1 quase 15 mil anos, com o fim da \u00faltima era do gelo.<\/p>\n\n\n\n

O derretimento do gelo<\/a> terrestre fez com que o n\u00edvel do mar subisse em m\u00e9dia cerca 120 metros desde ent\u00e3o \u2014 \u00e0s vezes, era como uma inunda\u00e7\u00e3o, com a \u00e1gua subindo t\u00e3o r\u00e1pido que as pessoas se viam em uma luta desesperada para se antecipar e de alguma forma lidar com os enormes consequ\u00eancias.<\/p>\n\n\n\n

Com a possibilidade de um aumento global catastr\u00f3fico do n\u00edvel do mar em 1 metro at\u00e9 2050, que pode for\u00e7ar milh\u00f5es de pessoas a deixar suas casas, os pesquisadores come\u00e7aram a ver com outros olhos hist\u00f3rias antigas de cidades submersas e destru\u00eddas pelo mar.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o s\u00f3 costumam ser boas hist\u00f3rias, repletas de poesia e simbolismo, como tamb\u00e9m transmitem a mem\u00f3ria coletiva de quem as viveu, e dentro das quais pode haver evid\u00eancias factuais do que pode ter acontecido h\u00e1 milhares de anos quando as camadas de gelo derreteram.<\/p>\n\n\n\n

Alguns pesquisadores argumentam que contos sobre rochas lan\u00e7adas ao mar ou a constru\u00e7\u00e3o de barreiras de conten\u00e7\u00e3o cont\u00eam informa\u00e7\u00f5es factuais, embora exageradas e distorcidas at\u00e9 certo ponto.<\/p>\n\n\n\n

Eles nos oferecem uma ideia de como nossos ancestrais se sentiram a respeito da eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar<\/a> e o que fizeram a respeito, e podem fornecer evid\u00eancias de que sua rea\u00e7\u00e3o foi extremamente semelhante \u00e0 nossa.<\/p>\n\n\n\n

As percep\u00e7\u00f5es dos povos antigos podem, na verdade, salvar vidas no futuro.<\/p>\n\n\n\n

Estes pesquisadores s\u00e3o conhecidos como geomit\u00f3logos. A ge\u00f3loga americana Dorothy Vitaliano cunhou o termo em uma palestra de 1967 (baseando suas ideias nas do fil\u00f3sofo grego antigo Euhemerus, que se prop\u00f4s a encontrar os eventos reais ou pessoas por tr\u00e1s dos mitos populares).<\/p>\n\n\n\n

Embora as pesquisas dos geomit\u00f3logos sobre as origens da lenda de Atl\u00e2ntida ou do mito do monstro do Lago Ness possam ganhar as manchetes de maneira sensacionalista, o trabalho deles \u00e9 estudar hist\u00f3rias antigas outrora consideradas mitos ou lendas, mas que agora s\u00e3o vistas como poss\u00edveis observa\u00e7\u00f5es de fen\u00f4menos naturais por povos primitivos.<\/p>\n\n\n\n

“Os geomitos representam os primeiros ind\u00edcios do impulso cient\u00edfico”, diz a folclorista e historiadora da ci\u00eancia antiga Adrienne Mayor, pesquisadora da Universidade de Stanford, na Calif\u00f3rnia, e autora do livro The First Fossil Hunters.<\/em><\/p>\n\n\n\n

“Isso mostra que os povos da Antiguidade eram observadores atentos e usavam o melhor pensamento racional e coeso do seu espa\u00e7o e tempo para explicar as for\u00e7as naturais not\u00e1veis \u200b\u200bque vivenciaram”.<\/p>\n\n\n\n

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O aumento do n\u00edvel do mar pode em breve inundar comunidades costeiras, como Stinson Beach, na Calif\u00f3rnia – PAUL CHINN\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Hoje, o n\u00famero cada vez maior de artigos publicados, cita\u00e7\u00f5es e resultados de pesquisa no Google mostram que o interesse por tais trabalhos est\u00e1 crescendo na comunidade cient\u00edfica.<\/p>\n\n\n\n

S\u00e3o eventos como erup\u00e7\u00f5es vulc\u00e2nicas no in\u00edcio da hist\u00f3ria humana ou at\u00e9 mesmo temas b\u00edblicos, que mostram como vulc\u00f5es, terremotos e pragas podem ter moldado a hist\u00f3ria do \u00caxodo que aparece na B\u00edblia Hebraica.<\/p>\n\n\n\n

“Os ge\u00f3logos come\u00e7aram a perceber que h\u00e1 realmente informa\u00e7\u00f5es em algumas das tradi\u00e7\u00f5es e hist\u00f3rias mais antigas da humanidade”, diz David Montgomery, da Universidade de Washington, nos EUA, autor do livro The Rocks Don’t Lie: A Geologist Investigates Noah’s Flood.<\/em><\/p>\n\n\n\n

“E que embora seja um tipo de informa\u00e7\u00e3o diferente daquela que tendemos a gravitar em torno na ci\u00eancia contempor\u00e2nea, ainda \u00e9 informa\u00e7\u00e3o”, completa.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, muitos geomitos podem estar com os dias contados, e o conhecimento local que eles cont\u00eam corre o risco de ser degradado e perdido.<\/p>\n\n\n\n

“Nas ilhas do Pac\u00edfico, os idosos est\u00e3o sempre reclamando comigo que os jovens ficam o tempo todo no telefone e que realmente n\u00e3o querem ouvir as hist\u00f3rias dos av\u00f3s”, conta o ge\u00f3logo Patrick Nunn, professor de Geografia da Universidade de Sunshine Coast, na Austr\u00e1lia, e autor do livro Worlds in Shadow: Submerged Lands in Science, Memory and Myth<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

“Mas acho que no mundo todo, \u00e0 medida que as sociedades orais [em que as hist\u00f3rias e as tradi\u00e7\u00f5es s\u00e3o passadas de pessoa a pessoa nas conversas e eventos sociais] est\u00e3o se tornando amplamente letradas, o conhecimento que era mantido oralmente est\u00e1 desaparecendo, mas \u00e9 esse conhecimento ind\u00edgena que vai ajud\u00e1-los a lidar com o aumento do n\u00edvel do mar.”<\/p>\n\n\n\n

Nunn \u00e9 um dos principais geomit\u00f3logos do mundo.<\/p>\n\n\n\n

Ge\u00f3logo por forma\u00e7\u00e3o, ele costuma ser encontrado de bermuda e camiseta, em um pequeno barco navegando entre as ilhas do Oceano Pac\u00edfico, com um gravador na m\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A pesquisa dele se concentrou em algumas hist\u00f3rias sobre ilhas desaparecidas, como Teonimenu, que podem ser ouvidas em todas as ilhas espalhadas pelo Pac\u00edfico.<\/p>\n\n\n\n

Para seu projeto de pesquisa mais recente, Nunn n\u00e3o precisou molhar os p\u00e9s. Ele tem analisado hist\u00f3rias milenares da Austr\u00e1lia e do noroeste da Europa sobre como os povos antigos entenderam e responderam \u00e0s diferentes experi\u00eancias de aumento do n\u00edvel do mar p\u00f3s-glacial.<\/p>\n\n\n\n

Ao longo da costa australiana, o n\u00edvel do mar parou de subir significativamente h\u00e1 cerca de 6 mil anos, ao passo que continuou a subir no noroeste da Europa at\u00e9 os dias atuais.<\/p>\n\n\n\n

Em quase todos os 23 grupos de hist\u00f3rias abor\u00edgenes australianas que Nunn estudou, a mem\u00f3ria das mudan\u00e7as na paisagem e no modo de vida causadas pelo aumento do n\u00edvel do mar p\u00f3s-glacial parece ter sido preservada desde 7 mil anos atr\u00e1s.<\/p>\n\n\n\n

Em dois grupos particulares, sua resist\u00eancia parece evidente.<\/p>\n\n\n\n

Uma dessas hist\u00f3rias, contada pelo povo abor\u00edgene Gungganyji nos arredores de Cairns, na costa de Queensland, pode ser ouvida em diferentes vers\u00f5es no nordeste da Austr\u00e1lia.<\/p>\n\n\n\n

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Se as geleiras derreterem e causarem transtornos e migra\u00e7\u00e3o nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas, como seu efeito ser\u00e1 sentido nos s\u00e9culos seguintes? – JORGE FERN\u00c1NDEZ\/LIGHTROCKET\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Nesta hist\u00f3ria, o mau comportamento de um homem chamado Goonyah fez com que o mar inundasse a terra, e ele ent\u00e3o organizou o povo para impedir isso.<\/p>\n\n\n\n

Em outra, ele levou o povo at\u00e9 uma montanha para escapar da \u00e1gua, onde trabalharam juntos para rolar pedras aquecidas no mar. Ao fazer isso, conseguiram conter seu avan\u00e7o.<\/p>\n\n\n\n

No noroeste da Europa, as hist\u00f3rias que Nunn e seus colaboradores estudaram s\u00e3o obviamente bem diferentes.<\/p>\n\n\n\n

S\u00e3o pelo menos 15 hist\u00f3rias focadas no destino de cidades submersas, cada uma com um nome diferente, e est\u00e3o concentradas ao longo da costa da Bretanha, das Ilhas do Canal da Mancha, da Cornualha e do Pa\u00eds de Gales \u2014 \u00e1reas onde, diz Nunn, a “continuidade cultural” pode ter sido maior nos \u00faltimos milhares de anos.<\/p>\n\n\n\n

Em duas hist\u00f3rias, as elaboradas barreiras de conten\u00e7\u00e3o da cidade sugerem que os habitantes haviam lutado uma batalha perdida contra o mar por gera\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Na Bretanha, a hist\u00f3ria \u00e9 sobre a cidade de Ys, governada pelo rei Gradlon, que era protegida por uma s\u00e9rie complexa de barreiras mar\u00edtimas que exigiam a abertura de port\u00f5es na mar\u00e9 baixa para permitir que o excesso de \u00e1gua escoasse da terra.<\/p>\n\n\n\n

Um dia, a filha do rei, Dahut, possu\u00edda por um dem\u00f4nio, abriu esses port\u00f5es na mar\u00e9 alta, permitindo que o oceano inundasse a cidade, que acabou sendo abandonada.<\/p>\n\n\n\n

No oeste do Pa\u00eds de Gales, uma hist\u00f3ria semelhante \u00e9 contada sobre o destino da cidade de Cantre’r Gwaelod, na Ba\u00eda de Cardigan.<\/p>\n\n\n\n

O trabalho de detetive n\u00e3o para por a\u00ed. Nunn foi capaz de reconstruir as linhas costeiras mencionadas nas hist\u00f3rias e, a partir do conhecimento das mudan\u00e7as anteriores no n\u00edvel do mar, estabeleceu uma idade m\u00ednima de 6 mil a 8 mil anos para essas hist\u00f3rias.<\/p>\n\n\n\n

“Uma coisa que podemos aprender com essas hist\u00f3rias antigas \u00e9 que o aumento do n\u00edvel do mar n\u00e3o pode ser interrompido com muita facilidade por barreiras de conten\u00e7\u00e3o, como quebra-mares”, diz Nunn.<\/p>\n\n\n\n

“A \u00fanica solu\u00e7\u00e3o de longo prazo s\u00e3o as solu\u00e7\u00f5es transformadoras, que realmente envolvem as pessoas sa\u00edrem da zona de perigo.”<\/p>\n\n\n\n

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A eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar gerou um \u00eaxodo de comunidades costeiras da Europa, cujos assentamentos desapareceram submersos h\u00e1 milhares de anos – SEVRETTE J\/UIG\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“A outra coisa que acho que podemos aprender \u00e9 que os tipos mais eficazes de adapta\u00e7\u00f5es para esses tipos de press\u00f5es ambientais s\u00e3o locais. Isso \u00e9 algo que a ci\u00eancia realmente s\u00f3 descobriu nos \u00faltimos cinco anos, mas, se voc\u00ea voltar 7 mil anos, voc\u00ea pode ver que as pessoas agiram localmente e acreditaram na sua efic\u00e1cia, e conduziram isso por conta pr\u00f3pria. N\u00e3o esperaram por instru\u00e7\u00f5es de outros lugares.”<\/p>\n\n\n\n

Apesar do crescimento da geomitologia, ela ainda \u00e9 vista como “exc\u00eantrica” por alguns acad\u00eamicos.<\/p>\n\n\n\n

“Provavelmente ainda tem um car\u00e1ter indigesto para parte de cientistas e historiadores!”, diz Mayor.<\/p>\n\n\n\n

“Mas as hist\u00f3rias geomitol\u00f3gicas s\u00e3o expressas em met\u00e1foras po\u00e9ticas e imagens m\u00edticas ou sobrenaturais, e as descri\u00e7\u00f5es de eventos catastr\u00f3ficos e fen\u00f4menos naturais podem ser distorcidas ao longo de mil\u00eanios e, por causa disso, os cientistas e historiadores tendem a n\u00e3o perceber o fundo de verdade e os conceitos racionais embutidos em suas narrativas.”<\/p>\n\n\n\n

Nunn exp\u00f5e esse argumento de maneira mais contundente.<\/p>\n\n\n\n

“Sou um ge\u00f3logo com forma\u00e7\u00e3o convencional e posso dizer que muitos outros geocientistas com forma\u00e7\u00e3o convencional realmente n\u00e3o gostam desse tipo de coisa. Muitos t\u00eam curiosidade, mas em geral, \u00e9 algo considerado t\u00e3o radical que as pessoas realmente n\u00e3o querem pensar a respeito.”<\/p>\n\n\n\n

“Pessoas letradas tamb\u00e9m s\u00e3o intrinsecamente c\u00e9ticas sobre o poder das tradi\u00e7\u00f5es orais de transmitir as coisas por meio de centenas de gera\u00e7\u00f5es.”<\/p>\n\n\n\n

E, nesse contexto, aparecem ainda outras quest\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

O fato de acad\u00eamicos pegarem hist\u00f3rias de povos ind\u00edgenas e publicarem pesquisas sobre as mesmas pode facilmente levar a acusa\u00e7\u00f5es de apropria\u00e7\u00e3o cultural caso n\u00e3o sigam boas pr\u00e1ticas simples, como pedir permiss\u00e3o primeiro.<\/p>\n\n\n\n

A geomitologia enfrentou uma longa caminhada para ser considerada pelo meio cient\u00edfico, e esta jornada est\u00e1 longe de terminar.<\/p>\n\n\n\n

Um ano depois de Dorothy Vitaliano usar o termo pela primeira vez, ela escreveu no Journal of the Folklore Institute<\/em> que a geomitologia \u00e9 a “aplica\u00e7\u00e3o geol\u00f3gica do evemerismo”, e que os geomit\u00f3logos poderiam “ajudar a converter a mitologia de volta \u00e0 hist\u00f3ria”, e cinco anos depois ela publicou seu pioneiro livro Legends of the Earth<\/em> (1973). Infelizmente, ele agora est\u00e1 esgotado.<\/p>\n\n\n\n

Foram necess\u00e1rias tr\u00eas d\u00e9cadas de interesse crescente sobre a \u00e1rea at\u00e9 o 32\u00ba Congresso Geol\u00f3gico Internacional realizar sua primeira sess\u00e3o sobre geomitologia em 2004, na qual Vitaliano, j\u00e1 idosa, fez uma palestra para “250 pessoas em uma sala reservada para cerca de 100 pessoas” .<\/p>\n\n\n\n

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As rotas comerciais pelo deserto de Gobi podem ter espalhado o mito de criaturas fant\u00e1sticas, alimentado pela descoberta de f\u00f3sseis de dinossauros – R M NUNES\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A ge\u00f3loga morreu quatro anos depois, ap\u00f3s ver a primeira cole\u00e7\u00e3o de artigos revisados por pares sobre o assunto, Mito e Geografia<\/em>, lan\u00e7ada em 2007.<\/p>\n\n\n\n

“Foi preciso muita coragem para ela publicar seu livro na d\u00e9cada de 1970, e ela foi mantida \u00e0 dist\u00e2ncia por v\u00e1rios ge\u00f3logos por muito, muito tempo”, diz Nunn, que falou ap\u00f3s Vitaliano naquele evento.<\/p>\n\n\n\n

“Foi a sess\u00e3o de 2004 no Congresso Internacional de Geologia que realmente ajudou a validar a geomitologia na cabe\u00e7a de muitos cientistas.”<\/p>\n\n\n\n

O campo fundado por Vitaliano come\u00e7ou a evoluir.<\/p>\n\n\n\n

Pode ter levado 20 anos para Mayor pesquisar e escrever The First Fossil Hunters<\/em> (2000), mas o livro que ela lan\u00e7ou criou o conceito de “mitos f\u00f3sseis” porque foi o primeiro estudo sistem\u00e1tico de evid\u00eancias para a antiga descoberta de f\u00f3sseis.<\/p>\n\n\n\n

Mayor \u00e9 conhecida por ter feito a conex\u00e3o entre as descri\u00e7\u00f5es gregas e romanas do lend\u00e1rio grifo, que ela achou que pareciam relatos de testemunhas oculares, e os incr\u00edveis f\u00f3sseis de dinossauros que podem ser encontrados na superf\u00edcie do deserto de Gobi, perto da Rota da Seda, usada \u200b\u200bpara conectar comercialmente a Europa e a China.<\/p>\n\n\n\n

Sua pesquisa mais recente inclui trabalhar com o paleont\u00f3logo Lida Xing, na China, para descobrir como as tradi\u00e7\u00f5es orais chinesas sobre criaturas m\u00edticas explicam os rastros de dinossauros locais.<\/p>\n\n\n\n

Em maio de 2021, o livro Geomythology: How Common Stories are Related to Earth Events, <\/em>de Timothy Burbery, chegar\u00e1 \u00e0s livrarias para se tornar o primeiro livro did\u00e1tico de geomitologia.<\/p>\n\n\n\n

“Mayor colocou a geomitologia em outro patamar, n\u00e3o olhando apenas para eventos geol\u00f3gicos, mas tamb\u00e9m para os paleontol\u00f3gicos”, diz Burbery, professor de ingl\u00eas na Universidade Marshall, nos EUA.<\/p>\n\n\n\n

“E realmente tendo no\u00e7\u00e3o de qu\u00e3o traum\u00e1tico teria sido para os povos antigos encontrarem os ossos de algum animal enorme e estranho”, completa.<\/p>\n\n\n\n

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F\u00f3sseis descobertos no passado podem ter servido de inspira\u00e7\u00e3o para contos de criaturas m\u00edticas como o grifo – CULTURE CLUB\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

No fim das contas, a geomitologia desafia nossa maneira de pensar sobre nosso passado e nosso futuro.<\/p>\n\n\n\n

“A geomitologia desafia a cren\u00e7a de que todos os mitos e lendas s\u00e3o apenas fic\u00e7\u00e3o e fantasia”, afirma Mayor.<\/p>\n\n\n\n

“Geomitos s\u00e3o tesouros de informa\u00e7\u00f5es e detalhes para as ci\u00eancias f\u00edsicas que, de outra forma, seriam perdidos.”<\/p>\n\n\n\n

Segundo ela, novos geomitos podem at\u00e9 ser criados para as futuras gera\u00e7\u00f5es analisarem.<\/p>\n\n\n\n

“Imagino que o aquecimento global<\/a>, as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e a eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar podem inspirar novos geomitos”, diz.<\/p>\n\n\n\n

“A li\u00e7\u00e3o mais importante \u00e9 que vamos sobreviver”, acrescenta Nunn.<\/p>\n\n\n\n

“Isso n\u00e3o significa que n\u00e3o teremos que nos adaptar, em muitos casos de forma radical, para acomodar os efeitos da mudan\u00e7a clim\u00e1tica. Mas significa que iremos sobreviver a ela”.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Para as pessoas em risco, pode parecer o fim do mundo. Os moradores est\u00e3o tendo que lidar com sua vizinhan\u00e7a estar\u00e1 debaixo d’\u00e1gua em menos de 20 anos. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":171873,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[476,2112,3263],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/171872"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=171872"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/171872\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":171879,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/171872\/revisions\/171879"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/171873"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=171872"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=171872"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=171872"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}