{"id":172217,"date":"2021-07-26T16:05:16","date_gmt":"2021-07-26T19:05:16","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=172217"},"modified":"2021-07-26T16:05:18","modified_gmt":"2021-07-26T19:05:18","slug":"o-que-podemos-aprender-com-a-arvore-mais-antiga-de-paris","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/07\/26\/172217-o-que-podemos-aprender-com-a-arvore-mais-antiga-de-paris.html","title":{"rendered":"O que podemos aprender com a \u00e1rvore mais antiga de Paris"},"content":{"rendered":"\n
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Pilar de concreto sustenta uma ac\u00e1cia-falsa (Robinia pseudoacacia<\/em>), a \u00e1rvore mais antiga de Paris, na Pra\u00e7a Ren\u00e9 Viviani.\u00a0 \u00a0
FOTO DE\u00a0KEYSTONE\/GETTY IMAGES<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Da janela do meu apartamento consigo ver o topo de uma \u00e1rvore n\u00e3o t\u00e3o alta, mas muito marcante, que ocasionalmente me distra\u00eda do motivo pelo qual vim a Paris. Sei que a \u00e1rvore \u00e9 not\u00e1vel porque uma placa a identifica como a mais antiga da cidade, plantada em 1601. Uma ac\u00e1cia-falsa (Robinia pseudoacacia<\/em>), origin\u00e1ria de Appalachia, nos Estados Unidos. <\/p>\n\n\n\n

Contudo, diversos motivos tornam essa data de 1601 duvidosa. Mas parece prov\u00e1vel que a \u00e1rvore de fato tenha sido plantada no in\u00edcio do s\u00e9culo 17 por Jean Robin, jardineiro de uma sucess\u00e3o de reis franceses. A \u00e1rvore sobreviveu a guerras e revolu\u00e7\u00f5es e, no meio deste ano, nasceram belas folhas em toda a sua copa. Como um velho soldado ferido \u2014 o tronco cheio de cicatrizes \u00e9 mantido em p\u00e9 por suportes de concreto \u2014 acabou sendo a precursora de um ex\u00e9rcito invasor: desde o s\u00e9culo 17, ac\u00e1cias-falsas norte-americanas se propagaram pela Europa e certamente pelo mundo. <\/p>\n\n\n\n

Na Europa Central, principalmente, silvicultores se apaixonaram pela esp\u00e9cie. Ac\u00e1cias-falsas crescem rapidamente em terras desmatadas para obten\u00e7\u00e3o de lenha, protegendo o solo da eros\u00e3o. Mais recentemente, no plat\u00f4 Loess, no noroeste da China,\u00a0foram plantadas ac\u00e1cias-falsas em mais de 10 milh\u00f5es de hectares\u00a0durante as \u00faltimas d\u00e9cadas para combater uma das piores eros\u00f5es de solo na face da Terra. A madeira da ac\u00e1cia-falsa tamb\u00e9m \u00e9 valiosa, n\u00e3o apenas para lenha, pois ela \u00e9 r\u00edgida e resistente. Quatro s\u00e9culos depois de Robin ter plantado a \u00e1rvore proveniente dos Estados Unidos em seu jardim,\u00a0Robinia<\/em>\u00a0foi estabelecida como a \u00fanica madeira \u201ceuropeia\u201d que pode ser utilizada para fabrica\u00e7\u00e3o de m\u00f3veis de jardim sem a necessidade de tratamento com pesticidas \u2014 uma alternativa sustent\u00e1vel \u00e0 teca tropical (Tectona grandis<\/em>) importada. \u00a0<\/p>\n\n\n\n

O problema \u00e9 que a ac\u00e1cia-falsa n\u00e3o permanece apenas onde \u00e9 plantada. \u00c9 uma esp\u00e9cie extremamente invasora que se propaga pelo solo subterr\u00e2neo. Assim como outra precursora resistente, a\u00a0Ailanthus altissima<\/em>, popularmente conhecida como \u00e1rvore-do-c\u00e9u, que foi levada da China para a Am\u00e9rica no s\u00e9culo 18, ocasi\u00e3o em que, mais uma vez, bot\u00e2nicos parisienses ofereceram uma ajuda fundamental. Jardineiros norte-americanos se apaixonaram pela beleza do ailanto, que cresce praticamente em qualquer lugar, mesmo entre rachaduras em pavimentos \u2014 e foi inspira\u00e7\u00e3o e personagem principal do livro\u00a0A Tree Grows in Brooklyn<\/em>\u00a0(\u201cUma \u00e1rvore cresce no Brooklyn\u201d, em tradu\u00e7\u00e3o livre). Mas Troy Farrah\u00a0relatou recentemente para a Nat Geo\u00a0que cientistas buscam avidamente uma maneira de extinguir a esp\u00e9cie tamb\u00e9m apelidada de \u201c\u00e1rvore do inferno\u201d, pois destr\u00f3i a biodiversidade, depositando suas esperan\u00e7as em um fungo rec\u00e9m-descoberto.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

O mundo est\u00e1 sofrendo as consequ\u00eancias das nossas a\u00e7\u00f5es. Cientistas tchecos\u00a0recentemente analisaram a propaga\u00e7\u00e3o da ac\u00e1cia-falsa no sul da Europa\u00a0e conclu\u00edram que: \u201cnossos resultados confirmam que \u00e9 dif\u00edcil definir se a\u00a0Robinia<\/em>\u00a0deve ser cultivada, estimulada e amplamente tolerada ou erradicada por ser uma esp\u00e9cie invasora perigosa\u201d. Eles afirmam que essa defini\u00e7\u00e3o depender\u00e1 de cada caso e da regi\u00e3o.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

A cerca de 152 metros ao norte da \u00e1rvore mais antiga est\u00e1 o real motivo da minha visita a Paris:\u00a0a catedral de Notre-Dame. Um portal para os s\u00e9culos 12 e 13, mas tamb\u00e9m para o s\u00e9culo 19, quando foi completamente reformada. No momento, com o objetivo de recapturar esses fragmentos da hist\u00f3ria, a igreja est\u00e1 sendo reconstru\u00edda ap\u00f3s o inc\u00eandio catastr\u00f3fico de 2019\u00a0que causou a queda das torres atrav\u00e9s de suas ab\u00f3badas altas. A ac\u00e1cia-falsa pendente que raramente \u00e9 notada no pequeno parque do outro lado do rio Sena \u00e9 um lembrete de que, na vida, tamb\u00e9m \u00e9 raro podermos desfazer as escolhas dif\u00edceis que tomamos, podemos apenas tentar lidar com elas da melhor forma.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A \u00e1rvore de fato tenha sido plantada no in\u00edcio do s\u00e9culo 17 por Jean Robin, jardineiro de uma sucess\u00e3o de reis franceses. A \u00e1rvore sobreviveu a guerras e revolu\u00e7\u00f5es. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":172218,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[362,2232,3941],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/172217"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=172217"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/172217\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":172219,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/172217\/revisions\/172219"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/172218"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=172217"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=172217"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=172217"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}