{"id":172290,"date":"2021-07-28T14:39:02","date_gmt":"2021-07-28T17:39:02","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=172290"},"modified":"2021-07-28T14:39:06","modified_gmt":"2021-07-28T17:39:06","slug":"tecnologia-de-mrna-pode-revolucionar-a-medicina","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/07\/28\/172290-tecnologia-de-mrna-pode-revolucionar-a-medicina.html","title":{"rendered":"Tecnologia de mRNA pode revolucionar a medicina"},"content":{"rendered":"\n
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Ilustra\u00e7\u00e3o mostra gl\u00f3bulos brancos atacando uma c\u00e9lula cancerosa<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O desenvolvimento de vacinas contra a mal\u00e1ria<\/a> progrediu bastante mal nas \u00faltimas d\u00e9cadas. \u00c9 verdade que a vacina RTS,S existe h\u00e1 v\u00e1rios anos, que pode prevenir cerca de um ter\u00e7o das infec\u00e7\u00f5es, e que a partir deste ano existe uma vacina ainda melhor, chamada R21\/Matrix-M, que \u00e9 75% eficaz.<\/p>\n\n\n\n

Mas talvez seja poss\u00edvel algo melhor que isso. Pelo menos \u00e9 o que pensa Ugur Sahin, fundador, junto com sua mulher, \u00d6zlem T\u00fcreci, da BioNTech, desenvolvedora da primeira vacina contra covid-19, em coopera\u00e7\u00e3o\u00a0com a Pfizer. Ele anunciou esta semana\u00a0em Frankfurt que sua empresa agora tamb\u00e9m quer desenvolver uma vacina<\/a> contra a mal\u00e1ria. O imunizante poderia entrar em testes cl\u00ednicos no fim do ano que vem.<\/p>\n\n\n\n

O novo projeto \u00e9 baseado no princ\u00edpio do RNA mensageiro (mRNA). A parceria BioNTech-Pfizer e a Moderna foram as primeiras a usar com sucesso essa tecnologia para produzir imunizantes contra o coronav\u00edrus em grande escala. Mas de onde vem originalmente a tecnologia de mRNA e at\u00e9 onde ela j\u00e1 progrediu? Aqui est\u00e3o as perguntas e as respostas mais importantes:<\/p>\n\n\n\n

Como funciona o mRNA?<\/h2>\n\n\n\n

A tarefa do RNA (\u00e1cido ribonucl\u00e9ico) em nosso corpo \u00e9 usar informa\u00e7\u00f5es de nossa constitui\u00e7\u00e3o gen\u00e9tica, o DNA, para produzir prote\u00ednas. Ele faz isso nas f\u00e1bricas de prote\u00ednas das c\u00e9lulas, os ribossomos. \u00c9 aqui que ocorre a bioss\u00edntese de prote\u00ednas.<\/p>\n\n\n\n

A medicina se aproveita dessa caracter\u00edstica. Nas vacinas, o mRNA produzido artificialmente fornece aos ribossomos as instru\u00e7\u00f5es para constru\u00e7\u00e3o dos ant\u00edgenos aos pat\u00f3genos que se deseja combater \u2013 por exemplo a prote\u00edna spike do coronav\u00edrus.<\/p>\n\n\n\n

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Fundadores da BioNtech Ugur Sahin e \u00d6zlem T\u00fcreci<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os ribossomos produzem esses ant\u00edgenos e, assim, provocam uma resposta imunol\u00f3gica do corpo. Esta se direciona ent\u00e3o contra todos os intrusos que possuem a propriedade de superf\u00edcie espec\u00edfica da prote\u00edna \u2013 por exemplo essa prote\u00edna spike.<\/p>\n\n\n\n

Em uma vacina\u00e7\u00e3o\u00a0contra o c\u00e2ncer, os pesquisadores identificam quais prote\u00ednas s\u00e3o t\u00edpicas da superf\u00edcie de certas c\u00e9lulas cancerosas e desenvolvem um mRNA adequado para isso, na esperan\u00e7a de que o sistema imunol\u00f3gico ataque as c\u00e9lulas cancerosas. Os pesquisadores querem proceder de forma semelhante com a vacina\u00e7\u00e3o contra bact\u00e9rias ou plasm\u00f3dios (no caso da mal\u00e1ria).<\/p>\n\n\n\n

Qual \u00e9 a diferen\u00e7a entre mRNA e outras vacinas?<\/h2>\n\n\n\n

A diferen\u00e7a crucial \u00e9 que vacinas vivas ou mortas j\u00e1 existentes trazem dentro de si o ant\u00edgeno contra o qual o sistema imunol\u00f3gico deve reagir. J\u00e1 as vacinas de mRNA fazem com que ele seja produzido nas c\u00e9lulas.<\/p>\n\n\n\n

Isso simplifica a produ\u00e7\u00e3o de vacinas e sua adapta\u00e7\u00e3o a outros pat\u00f3genos, porque basta ajustar determinados procedimentos, j\u00e1 experimentados e testados,  por meio de um mRNA espec\u00edfico modificado.<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 que ponto a ideia de RNA mensageiro \u00e9 novidade?<\/h2>\n\n\n\n

A ideia n\u00e3o \u00e9 nova. J\u00e1 em 1961, os bi\u00f3logos Sydney Brenner, Fran\u00e7ois Jakob e Matthew Meselson haviam descoberto que o \u00e1cido ribonucl\u00e9ico (RNA) \u00e9 capaz de transportar informa\u00e7\u00f5es gen\u00e9ticas que podem ser utilizadas para a bioss\u00edntese de prote\u00ednas, por exemplo em c\u00e9lulas. Mas o feito s\u00f3 foi alcan\u00e7ado pelo virologista Robert Malone, em 1989.<\/p>\n\n\n\n

Os primeiros experimentos com vacinas de mRNA foram realizados por v\u00e1rios grupos de pesquisa entre 1993 e 1994 com camundongos. Por exemplo, uma vacina\u00e7\u00e3o contra o Semliki Forest Virus (SFV, ou v\u00edrus da floresta de Semliki), que foi isolado pela primeira vez no Uganda em 1942 e que afeta principalmente roedores.<\/p>\n\n\n\n

Os primeiros ensaios cl\u00ednicos com vacinas de mRNA em humanos ocorreram em 2002 e 2003. Eles se concentraram principalmente no combate \u00e0s c\u00e9lulas cancerosas. Nos anos que se seguiram, a pesquisa de mRNA se concentrou principalmente na luta contra o c\u00e2ncer.<\/p>\n\n\n\n

Contra o que as vacinas de mRNA est\u00e3o sendo usadas atualmente?<\/h2>\n\n\n\n

Existem v\u00e1rios pat\u00f3genos que j\u00e1 s\u00e3o foco da pesquisa. Isso inclui muitos v\u00edrus, como HIV, raiva, zika, chikungunya, gripe e dengue. H\u00e1 grande esperan\u00e7a de que bons resultados sejam alcan\u00e7ados rapidamente, especialmente porque os sucessos na luta contra a covid-19 mostraram que as vacinas de mRNA s\u00e3o eficazes contra v\u00edrus.<\/p>\n\n\n\n

A luta contra o c\u00e2ncer \u00e9 um dos campos mais antigos e avan\u00e7ados da pesquisa de mRNA. Em junho deste ano, a BioNTech iniciou um estudo de fase 2 na luta contra o c\u00e2ncer de pele avan\u00e7ado.<\/p>\n\n\n\n

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Mosquito transmissor da mal\u00e1ria: testes cl\u00ednicos de vacina contra doen\u00e7a podem come\u00e7ar no pr\u00f3ximo ano<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

\u00c9 claro que a experi\u00eancia com o coronav\u00edrus n\u00e3o pode ser simplesmente transferida para as c\u00e9lulas cancerosas. Elas s\u00e3o muito maiores do que os v\u00edrus. A rea\u00e7\u00e3o do sistema imunol\u00f3gico \u00e9 muito diferente.<\/p>\n\n\n\n

Um grande ponto de interroga\u00e7\u00e3o similar permanece na pesquisa sobre a vacina\u00e7\u00e3o contra a mal\u00e1ria. Neste caso, os pat\u00f3genos s\u00e3o organismos unicelulares. E eles mostraram repetidamente que s\u00e3o dif\u00edceis de serem combatidos.<\/p>\n\n\n\n

Provavelmente, a chave para o sucesso no c\u00e2ncer e na mal\u00e1ria reside na identifica\u00e7\u00e3o de prote\u00ednas que sejam centrais para o funcionamento do pat\u00f3geno em quest\u00e3o e que, mesmo assim, provoquem uma resposta imunol\u00f3gica forte o bastante no organismo. Em ambos os casos, o pr\u00f3prio sistema imunol\u00f3gico do corpo precisa matar as c\u00e9lulas que causam a doen\u00e7a sem prejudicar as c\u00e9lulas saud\u00e1veis \u200b\u200bou o organismo humano.<\/p>\n\n\n\n

A tecnologia de mRNA revolucionar\u00e1 a medicina?<\/h2>\n\n\n\n

Isso ainda \u00e9 muito cedo para se dizer. Mas uma coisa \u00e9 certa: os m\u00e9dicos t\u00eam grandes esperan\u00e7as na tecnologia de mRNA. Se os pesquisadores conseguirem desenvolver vacinas contra a gripe mais eficazes, muito j\u00e1 ter\u00e1 sido alcan\u00e7ado.<\/p>\n\n\n\n

E se realmente houver sucesso em se mobilizar o sistema imunol\u00f3gico por meio de vacina\u00e7\u00f5es de mRNA de forma a atacar e destruir c\u00e9lulas patol\u00f3gicas espec\u00edficas, isso seria uma grande revolu\u00e7\u00e3o. Nesse caso, a tecnologia poderia tamb\u00e9m ganhar uma posi\u00e7\u00e3o em \u00e1reas m\u00e9dicas completamente diferentes e que n\u00e3o t\u00eam sido foco das aten\u00e7\u00f5es at\u00e9 agora.<\/p>\n\n\n\n

Uma revolu\u00e7\u00e3o na medicina poderia ocorrer simplesmente pelo fato de as vacina\u00e7\u00f5es \u2013 em contraste com os tratamentos com drogas \u2013 ganharem uma import\u00e2ncia cada vez maior. A vacina\u00e7\u00e3o \u00e9 muitas vezes mais barata tanto para pacientes como para sistemas de sa\u00fade.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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