{"id":172301,"date":"2021-07-28T15:48:40","date_gmt":"2021-07-28T18:48:40","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=172301"},"modified":"2021-07-28T15:48:43","modified_gmt":"2021-07-28T18:48:43","slug":"botos-amazonicos-sao-vistos-em-novas-areas-do-amapa-mostra-estudo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/07\/28\/172301-botos-amazonicos-sao-vistos-em-novas-areas-do-amapa-mostra-estudo.html","title":{"rendered":"Botos amaz\u00f4nicos s\u00e3o vistos em novas \u00e1reas do Amap\u00e1, mostra estudo"},"content":{"rendered":"\n
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Acima, botos-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) no Rio Negro, afluente do Rio Amazonas (Foto: Mark Carwadine\/WWF Brasil)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Localizado no extremo norte do estado do Amap\u00e1<\/a>, o rio Cassipor\u00e9 n\u00e3o aparenta ser uma via de acesso para animais como os\u00a0botos. Sem liga\u00e7\u00e3o alguma com a bacia amaz\u00f4nica, o rio que nasce na altura do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT), situado entre solo amapaense e paraense, s\u00f3 tem conex\u00e3o com outros grandes corpos d\u2019\u00e1gua pelo\u00a0Oceano Atl\u00e2ntico, onde desagua.<\/p>\n\n\n\n

Mas os\u00a0golfinhos de \u00e1gua doce\u00a0surpreenderam um grupo de pesquisadores brasileiros que, ap\u00f3s agrupar dados sobre a distribui\u00e7\u00e3o desses cet\u00e1ceos entre 2008 e 2020 na regi\u00e3o, n\u00e3o s\u00f3 encontraram botos amaz\u00f4nicos no Cassipor\u00e9, como em mais de 6 mil km de rios no Amap\u00e1. Esses corpos d\u2019\u00e1gua cruzam regi\u00f5es do estado onde a exist\u00eancia desses animais, embora j\u00e1 fosse sugerida pelas comunidades locais, ainda n\u00e3o havia sido confirmada por estudos de campo.<\/p>\n\n\n\n

O levantamento, publicado recentemente no peri\u00f3dico cient\u00edfico\u00a0Aquatic Mammals<\/em>, foi conduzido por pesquisadores do WWF-Brasil, do Instituto Mamirau\u00e1 e do Instituto de Pesquisas Cient\u00edficas e Tecnol\u00f3gicas do Estado do Amap\u00e1 (IEPA). A equipe agrupou informa\u00e7\u00f5es coletadas ao longo de 12 anos a partir de viagens ao local, pesquisa bibliogr\u00e1fica e entrevistas com ribeirinhos, agricultores e autoridades locais.<\/p>\n\n\n\n

Foram identificados 148 registros de botos-cor-de-rosa (Inia geoffrensis<\/em>)<\/a> e do g\u00eanero\u00a0Sotalia<\/em>\u00a0(tucuxis e botos cinzas) na regi\u00e3o, em uma \u00e1rea de ocorr\u00eancia de 4.224 km e 2.596 km de rios, respectivamente. \u201cTudo \u00e9 novo, pois n\u00e3o havia nada publicado sobre estes animais naquela regi\u00e3o”, avalia Miriam Marmontel, l\u00edder do Grupo de Pesquisa em Mam\u00edferos Aqu\u00e1ticos Amaz\u00f4nicos do Instituto Mamirau\u00e1. “Estamos escrevendo a hist\u00f3ria dos\u00a0mam\u00edferos aqu\u00e1ticos\u00a0do Amap\u00e1 agora”, acrescenta a pesquisadora,\u00a0em comunicado.<\/p>\n\n\n\n

As tr\u00eas esp\u00e9cies em quest\u00e3o encontram-se amea\u00e7adas em algum n\u00edvel: enquanto a primeira integra a lista de animais em perigo de extin\u00e7\u00e3o do\u00a0Instituto Chico Mendes de Conserva\u00e7\u00e3o da Biodiversidade (ICMBio)<\/a>, o boto cinza \u00e9 considerado \u201cvulner\u00e1vel\u201d e o tucuxi \u00e9 tido como \u201cquase amea\u00e7ado\u201d. De acordo com os pesquisadores, todas as esp\u00e9cies desses cet\u00e1ceos Brasil afora est\u00e3o amea\u00e7adas pela modifica\u00e7\u00e3o de seus habitats, que est\u00e3o distribu\u00eddos em apenas 14 pa\u00edses na\u00a0\u00c1sia\u00a0e na\u00a0Am\u00e9rica do Sul.<\/p>\n\n\n\n

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Acima, botos-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) no Rio Aria\u00fa, no Amazonas (Foto: Kevin Schafer\/WWF Brasil)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Na Amaz\u00f4nia, que abriga a maioria desses cet\u00e1ceos de \u00e1gua doce, um dos principais fatores de preocupa\u00e7\u00e3o para a sua conserva\u00e7\u00e3o \u00e9 a presen\u00e7a de\u00a0hidrel\u00e9tricas, segundo o estudo. Isso porque a constru\u00e7\u00e3o de barragens para a produ\u00e7\u00e3o de energia hidrel\u00e9trica pode limitar a movimenta\u00e7\u00e3o desses animais, o que estimula o isolamento de popula\u00e7\u00f5es e, a longo prazo, a sua poss\u00edvel extin\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, outras duas amea\u00e7as \u00e0 sobreviv\u00eancia dos botos amaz\u00f4nicos s\u00e3o a cria\u00e7\u00e3o de b\u00fafalos e a\u00a0explora\u00e7\u00e3o do garimpo\u00a0na regi\u00e3o. Enquanto a presen\u00e7a dos rebanhos afeta a din\u00e2mica dos rios devido ao pisoteamento da paisagem hidrol\u00f3gica, as atividades garimpeiras podem contaminar esses animais, que ocupam o topo da cadeia alimentar.<\/p>\n\n\n\n

Intert\u00edtulo<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A fim de estimular atividades locais de\u00a0preserva\u00e7\u00e3o\u00a0desses animais, os pesquisadores sugerem que as novas ocorr\u00eancias sejam inclu\u00eddas na lista da Uni\u00e3o Internacional para a Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza (IUCN). \u201cO conhecimento da distribui\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica das esp\u00e9cies \u00e9 fundamental para responder a muitas quest\u00f5es ecol\u00f3gicas e sustenta o manejo de conserva\u00e7\u00e3o eficaz”, considera,\u00a0em nota, Marcelo Oliveira, especialista em conserva\u00e7\u00e3o do WWF Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Uma das quest\u00f5es que mais intrigam os cientistas \u00e9 entender como os botos amaz\u00f4nicos conseguiram chegar ao rio Cassipor\u00e9. Eles j\u00e1 t\u00eam um palpite: em \u00e9pocas de grande vaz\u00e3o do\u00a0rio Amazonas, o forte fluxo de \u00e1gua doce seria capaz de formar uma pluma na faixa litor\u00e2nea do corpo d\u2019\u00e1gua, onde a \u00e1gua \u00e9 mais doce do que salobra, o que teria permitido a transi\u00e7\u00e3o dos cet\u00e1ceos.<\/p>\n\n\n\n

E como esses animais interagem com a pororoca, um fen\u00f4meno natural caracterizado pelo encontro entre as \u00e1guas do rio e as do mar? Essa \u00e9 outra pergunta para a qual os cientistas ainda n\u00e3o t\u00eam respostas. “Ainda precisamos entender como \u00e9 a rela\u00e7\u00e3o desses animais com o\u00a0mangue\u00a0e se eles seguem migrando para outros rios pelo mar”, questiona Marmontel.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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