{"id":172307,"date":"2021-07-29T14:00:59","date_gmt":"2021-07-29T17:00:59","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=172307"},"modified":"2021-07-29T14:01:02","modified_gmt":"2021-07-29T17:01:02","slug":"e-verdade-que-nevou-em-sao-paulo-em-1918","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/07\/29\/172307-e-verdade-que-nevou-em-sao-paulo-em-1918.html","title":{"rendered":"\u00c9 verdade que nevou em S\u00e3o Paulo em 1918?"},"content":{"rendered":"\n
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Meteorologistas v\u00eam alertando para onda de frio intensa que atinge S\u00e3o Paulo desde quarta-feira (28\/7), mas n\u00e3o h\u00e1 previs\u00e3o de neve<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Esta reportagem foi publicada originalmente em 21 de agosto de 2020 e atualizada <\/em>em<\/em> 29 de julho de 2021<\/em><\/p>\n\n\n\n

No caderno de visitas da famosa gar\u00e7onni\u00e8re mantida pelo escritor Oswald de Andrade na rua L\u00edbero Badar\u00f3, apelidada de “covil da rua L\u00edbero”, h\u00e1 a refer\u00eancia de que nevou no dia 25 de junho de 1918.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O evento, em um frio at\u00edpico, realmente gerou como\u00e7\u00e3o na sociedade paulistana.<\/p>\n\n\n\n

Mas, pelo menos n\u00e3o desde que h\u00e1 medi\u00e7\u00f5es meteorol\u00f3gicas na cidade, nunca caiu neve em S\u00e3o Paulo. O que ocorreu em 25 de junho de 1918 \u2014 e tamb\u00e9m em outras ocasi\u00f5es, como entre 24 e 28 de julho de 1925 \u2014 foi uma forte geada.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00e3o teve neve. A confus\u00e3o que se faz \u00e9 porque o cristal da neve \u00e9 igual ao cristal da geada”, explica \u00e0 BBC News Brasil o meteorologista Mario Festa, do Instituto de Astronomia, Geof\u00edsica e Ci\u00eancias Atmosf\u00e9ricas da Universidade de S\u00e3o Paulo (IAG\/USP).<\/p>\n\n\n\n

“S\u00f3 que geada n\u00e3o cai. A gente fala popularmente que ‘caiu o orvalho, caiu o sereno, caiu a geada’, mas isso \u00e9 um termo errado.”<\/p>\n\n\n\n

Conforme ele detalha, para haver geada n\u00e3o pode ter nuvens no c\u00e9u \u2014 para haver neve, \u00e9 necess\u00e1rio t\u00ea-las.<\/p>\n\n\n\n

“Para ter neve, tem de ter nuvem”, assinala Festa.<\/p>\n\n\n\n

“Porque, para haver geada, \u00e9 necess\u00e1rio que o c\u00e9u esteja totalmente limpo, para que o calor armazenado se dissipe. Esse resfriamento muito r\u00e1pido faz com que a umidade pr\u00f3xima \u00e0 superf\u00edcie, em certas condi\u00e7\u00f5es, se congele. Ou, no caso do orvalho, simplesmente forme gotas l\u00edquidas.”<\/p>\n\n\n\n

Ent\u00e3o basta conferir os registros mantidos pelo pr\u00f3prio IAG\/USP sobre o que ocorreu em S\u00e3o Paulo em 25 de junho de 1918: as cinco marca\u00e7\u00f5es, durante todo o dia, indicaram nebulosidade 0, nenhuma.<\/p>\n\n\n\n

Realmente fez muito frio: 1,2 grau negativo. Este cen\u00e1rio deve ter provocado uma geada rara \u2014 deixando a popula\u00e7\u00e3o embasbacada.<\/p>\n\n\n\n

“A neve \u00e9 uma forma de precipita\u00e7\u00e3o assim como a chuva”, esclarece \u00e0 BBC News Brasil a meteorologista e divulgadora cient\u00edfica Samantha Martins, autora do blog Meteor\u00f3pole.<\/p>\n\n\n\n

Ela explica que as condi\u00e7\u00f5es geogr\u00e1ficas tornam muito improv\u00e1vel a ocorr\u00eancia de neve na cidade de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n\n\n\n

“Apesar de estarmos em um planalto, n\u00e3o \u00e9 alto o suficiente \u2014 s\u00e3o cerca de 800 metros acima do n\u00edvel do mar. A latitude tamb\u00e9m n\u00e3o \u00e9 alta o suficiente, estamos na zona tropical, n\u00e3o pr\u00f3ximos do polo Sul para que haja condi\u00e7\u00f5es de ter massa de ar polar intensa que venha a atuar na forma\u00e7\u00e3o de neve”, salienta.<\/p>\n\n\n\n

Meteorologistas v\u00eam alertando para onda de frio intensa que atinge S\u00e3o Paulo na \u00faltima semana de julho de 2021, mas n\u00e3o h\u00e1 previs\u00e3o de neve.<\/p>\n\n\n\n

No Rio Grande do Sul, no entanto, mais de dez cidades registraram o fen\u00f4meno.<\/p>\n\n\n\n

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Antigo observat\u00f3rio da Paulista: desde que come\u00e7aram as medi\u00e7\u00f5es meteorol\u00f3gicas, n\u00e3o h\u00e1 registro de neve – REPRODU\u00c7\u00c3O\/IAG\/ USP<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

E o granizo?<\/h2>\n\n\n\n

Por outro lado, chuva de granizo acontece em S\u00e3o Paulo com relativa frequ\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

Em 18 de maio de 2014, uma tempestade at\u00edpica deixou as ruas do bairro da Aclima\u00e7\u00e3o, na regi\u00e3o central da cidade, com camadas grossas de gelo.<\/p>\n\n\n\n

De forma simples, a diferen\u00e7a entre neve e granizo est\u00e1 no tamanho das part\u00edculas: enquanto as de neve s\u00e3o muito pequenas, as de granizo variam de mil\u00edmetros a at\u00e9 10 cent\u00edmetros de di\u00e2metro, explica Festa.<\/p>\n\n\n\n

Ele explica que o granizo se forma nas nuvens cumulonimbus, de tempestades.<\/p>\n\n\n\n

Nas altas altitudes, as nuvens usualmente t\u00eam part\u00edculas congeladas. Na maior parte das vezes, contudo, elas derretem na precipita\u00e7\u00e3o, quando se aproximam do solo, por causa da temperatura mais elevada \u2014 em vez de neve, viram chuva; por isso \u00e9 preciso de temperaturas no solo pr\u00f3ximas de zero para que a neve ocorra.<\/p>\n\n\n\n

No caso das cumulonimbus, a natureza da nuvem permite forma\u00e7\u00f5es maiores de part\u00edculas.<\/p>\n\n\n\n

Nas fortes tempestades, esses nacos de gelo caem e chegam ao solo antes de derreterem. \u00c9 o granizo. “Diferentemente do gr\u00e3o microsc\u00f3pico, dos cristais que formam a neve, no caso do granizo \u00e9 uma bolinha de gelo, que pode ter di\u00e2metros absurdos”, comenta Festa.<\/p>\n\n\n\n

Hist\u00f3ria da meteorologia paulistana<\/h2>\n\n\n\n
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P\u00e1gina do registro meteorol\u00f3gico realizado em 25 de junho de 1918, com grifo – BLOG METEOR\u00d3POLE\/ CEDIDA POR SAMANTHA MARTINS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

N\u00e3o foi apenas em 25 de junho de 1918, no epis\u00f3dio da falsa neve, que S\u00e3o Paulo registrou 1,2 grau negativo. Essa temperatura, at\u00e9 hoje recorde na cidade, se repetiu em outras tr\u00eas datas \u2014 6 e 12 de julho de 1942 e 2 de agosto de 1955.<\/p>\n\n\n\n

O IAG \u00e9 o instituto mais antigo do Pa\u00eds a realizar medi\u00e7\u00f5es meteorol\u00f3gicas de forma sistem\u00e1tica e cont\u00ednua. As medi\u00e7\u00f5es come\u00e7aram em 1910. O organismo \u00e9 fruto da Comiss\u00e3o Geogr\u00e1fica e Geol\u00f3gica, criada pelo governo da prov\u00edncia em 1886, reunindo um grupo de intelectuais e pesquisadores de diversas \u00e1reas.<\/p>\n\n\n\n

Em termos meteorol\u00f3gicos, contudo, h\u00e1 um problema nessa s\u00e9rie hist\u00f3rica de 110 anos.<\/p>\n\n\n\n

Nem sempre as medi\u00e7\u00f5es foram feitas no mesmo endere\u00e7o, hoje na \u00c1gua Funda, zona sul de S\u00e3o Paulo. A primeira esta\u00e7\u00e3o meteorol\u00f3gica ficava em plena Avenida Paulista, ao lado do palacete do engenheiro civil Jos\u00e9 Nunes Belfort de Mattos, nomeado diretor do local.<\/p>\n\n\n\n

Com o crescimento do tr\u00e2nsito de bondes na Paulista, os aparelhos de observa\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica come\u00e7aram a apresentar imprecis\u00f5es causadas pelas trepida\u00e7\u00f5es. Em 1933, portanto, foi inaugurada a atual esta\u00e7\u00e3o, na \u00c1gua Funda. As medi\u00e7\u00f5es continuaram sendo realizadas na Paulista at\u00e9 1935.<\/p>\n\n\n\n

Antes do IAG, h\u00e1 registros de outras observa\u00e7\u00f5es meteorol\u00f3gicas em S\u00e3o Paulo, conforme o meteorologista Paulo Marques dos Santos aponta em seu livro Instituto Astron\u00f4mico e Geof\u00edsico da USP: Mem\u00f3ria Sobre Sua Forma\u00e7\u00e3o e Evolu\u00e7\u00e3o<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Os precursores foram os astr\u00f4nomos portugueses Bentos Sanches Dorta e Francisco de Oliveira Barbosa, entre 1788 e 1789. O naturalista ingl\u00eas William John Burchell tamb\u00e9m efetuou registros paulistanos em 1827. Santos ainda destaca a longa s\u00e9rie hist\u00f3rica, de 1848 a 1856, registrada pelo brigadeiro Jos\u00e9 Joaquim Machado de Oliveira e, de forma espor\u00e1dica ao longo do s\u00e9culo 19, observa\u00e7\u00f5es do engenheiro civil ingl\u00eas Henry Batson Joyner e do frade capuchinho Germano de Annecy.<\/p>\n\n\n\n

O meteorologista cita, em seu livro, que havia dois observat\u00f3rios particulares em S\u00e3o Paulo, no fim do s\u00e9culo 19. Um era do professor Jos\u00e9 Feliciano de Oliveira. O outro, do general Couto de Magalh\u00e3es.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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