{"id":172353,"date":"2021-07-30T16:04:55","date_gmt":"2021-07-30T19:04:55","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=172353"},"modified":"2021-07-30T16:04:57","modified_gmt":"2021-07-30T19:04:57","slug":"indigena-sobreviveu-a-odisseia-de-uma-decada-na-amazonia-mas-nao-resistiu-a-covid-19","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/07\/30\/172353-indigena-sobreviveu-a-odisseia-de-uma-decada-na-amazonia-mas-nao-resistiu-a-covid-19.html","title":{"rendered":"Ind\u00edgena sobreviveu a odisseia de uma d\u00e9cada na Amaz\u00f4nia, mas n\u00e3o resistiu \u00e0 covid-19"},"content":{"rendered":"\n
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Karapiru, membro do povo aw\u00e1 do Brasil, em sua casa em Tiracambu em 2017. No fim da d\u00e9cada de 1970, ele sobreviveu a uma emboscada que o fez viver uma jornada de 10 anos na Amaz\u00f4nia oriental. Ele morreu de uma doen\u00e7a respirat\u00f3ria causada pela covid-19 em 16 de julho.
FOTO DE\u00a0CHARLIE HAMILTON JAMES<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O sobrevivente de uma emboscada mortal que o fez percorrer sozinho durante 10 anos cerca de 1,4 mil quil\u00f4metros de montanhas escarpadas no leste do Brasil faleceu em decorr\u00eancia dos sintomas causados pela covid-19<\/a>, segundo relatos de membros do povoado e ativistas de direitos humanos.<\/p>\n\n\n\n

Karapiru, cujo nome significa \u2018gavi\u00e3o\u2019 no idioma falado pelo seu povo natal aw\u00e1, morreu em um hospital no Maranh\u00e3o em 16 de julho. Embora estivesse totalmente vacinado, ele desenvolveu sintomas graves da doen\u00e7a na aldeia de Tiracambu, a qual adotou para viver havia alguns anos. Ele foi transferido para um hospital na cidade de Santa In\u00eas, local de seu \u00faltimo suspiro.<\/p>\n\n\n\n

A morte de Karapiru em uma ala de isolamento, longe de seus entes queridos e de seu povo, trouxe ecos do sofrimento e da solid\u00e3o que marcaram sua vida e sua extraordin\u00e1ria hist\u00f3ria de sobreviv\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

\u201cSua hist\u00f3ria resume o que o povo aw\u00e1 e outros grupos isolados enfrentaram, especialmente por ser uma fronteira em constante movimento\u201d, conta Louis Forline, antrop\u00f3logo da Universidade de Nevada, em Reno, nos Estados Unidos, que dedicou sua carreira aos estudos e defesa desse povo. \u201cEle \u00e9 um s\u00edmbolo de toda a luta e da saga desse povo, definitivamente de tudo o que eles passaram.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Karapiru nasceu em uma comunidade n\u00f4made de ca\u00e7adores-coletores no fim da d\u00e9cada de 1940 ou in\u00edcio da d\u00e9cada de 1950, quando os aw\u00e1s ainda n\u00e3o eram contatados por pessoas de fora de sua aldeia. N\u00e3o h\u00e1 registro de seu nascimento.<\/p>\n\n\n\n

Naquela \u00e9poca, as terras ancestrais dos aw\u00e1s eram intocadas pelo mundo externo. Os membros desse povoado estavam presentes em grande parte do Maranh\u00e3o. Mas, na d\u00e9cada de 1960, as maiores jazidas de min\u00e9rio de ferro do mundo foram descobertas no Par\u00e1, estado vizinho. Para transportar o min\u00e9rio para o leste at\u00e9 a costa atl\u00e2ntica para exporta\u00e7\u00e3o, foi constru\u00edda uma ferrovia de 885 quil\u00f4metros de extens\u00e3o que atravessava o estado do Maranh\u00e3o, dividindo o territ\u00f3rio dos aw\u00e1s em dois.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o demorou muito para que colonos e fazendeiros come\u00e7assem a se estabelecer no local de forma sucessiva. No in\u00edcio da d\u00e9cada de 1970, eles j\u00e1 estavam presentes nas florestas, grilando terras e cercando-as com arame farpado. Eles se apossaram da terra do povo aw\u00e1 munidos de armas. Praticamente da noite para o dia, era como se os aw\u00e1s tivessem se tornado invasores de sua pr\u00f3pria terra.<\/p>\n\n\n\n

\u201cOs homens brancos queriam matar os ind\u00edgenas\u201d, Karapiru me contou quando visitei Tiracambu\u00a0em um trabalho realizado para a\u00a0National Geographic<\/strong>\u00a0em 2017. Ele falava na l\u00edngua do povo aw\u00e1 e um companheiro do povoado traduzia para o portugu\u00eas. \u201cEles n\u00e3o gostavam de n\u00f3s. Ficaram bravos porque est\u00e1vamos atravessando suas cercas. Atiraram em n\u00f3s e enviaram c\u00e3es para nos perseguir. \u201d<\/p>\n\n\n\n

Karapiru era pai de uma menina pequena e de um jovem quando os fazendeiros armaram uma emboscada para ele e sua fam\u00edlia em um certo dia no fim da d\u00e9cada de 1970. O ataque o lan\u00e7ou em uma odisseia de uma d\u00e9cada chamada pelos defensores dos direitos humanos de uma prova da resili\u00eancia dos povos ind\u00edgenas<\/a> do Brasil diante do sofrimento e da crueldade infligidos pelos colonizadores.<\/p>\n\n\n\n

\u201cOs fazendeiros precisam se livrar da presen\u00e7a dos ind\u00edgenas para receber propriedade das terras que est\u00e3o tentando tomar\u201d, disse Sydney Possuelo em uma entrevista concedida em Bras\u00edlia em 2017. \u201cEnt\u00e3o eles foram atacar o grupo de Karapiru. Esse tipo de pr\u00e1tica acontece at\u00e9 hoje.\u201d Possuelo atuou como diretor do Departamento de Povos Ind\u00edgenas Isolados da Funai, ag\u00eancia indigenista do Brasil, por quase duas d\u00e9cadas, interrompido por um mandato de dois anos como presidente da ag\u00eancia. Ex\u00edmio agente de campo e explorador da Amaz\u00f4nia<\/a>, ele \u00e9 considerado um dos maiores especialistas em povos ind\u00edgenas do Brasil e um dos principais defensores da prote\u00e7\u00e3o de povos isolados.<\/p>\n\n\n\n

Os l\u00edderes ind\u00edgenas temem que povos isolados como os aw\u00e1s \u2014 cerca de 70 grupos individuais espalhados por toda a Amaz\u00f4nia brasileira \u2014 estejam novamente enfrentando risco elevado de expropria\u00e7\u00e3o violenta. O presidente Jair Bolsonaro e seus parlamentares aliados intensificaram os esfor\u00e7os para\u00a0reverter a prote\u00e7\u00e3o dos territ\u00f3rios ind\u00edgenas\u00a0e eliminar totalmente algumas reservas.<\/p>\n\n\n\n

Atualmente, cerca de 100 integrantes do povo aw\u00e1, de uma popula\u00e7\u00e3o total de cerca de 600, ainda vagam por pequenos bols\u00f5es da floresta amaz\u00f4nica no Maranh\u00e3o como n\u00f4mades isolados. O grupo de direitos ind\u00edgenas Survival International designou os aw\u00e1s como o \u201cpovoado mais amea\u00e7ado do mundo\u201d.<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/a>
Fam\u00edlias do povo aw\u00e1 partem para uma ca\u00e7ada a partir do Posto Aw\u00e1, criado pela ag\u00eancia indigenista Funai para assentar ca\u00e7adores-coletores n\u00f4mades da etnia, depois do contato estabelecido por agentes nas d\u00e9cadas de 1970 e 1980. Hoje, talvez uma centena de n\u00f4mades aw\u00e1 isolados ainda vivam na floresta, enquanto o dom\u00ednio do mundo exterior os cerca.
FOTO DE\u00a0CHARLIE HAMILTON JAMES<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Uma vida em fuga<\/h3>\n\n\n\n

\u201cEles atiraram em n\u00f3s enquanto fug\u00edamos\u201d, contou Karapiru em 2017, relembrando a emboscada. Sua esposa foi assassinada, junto com sua filha pequena. Karapiru presumiu que seu filho tamb\u00e9m tivesse morrido.<\/p>\n\n\n\n

“Fui atingido nas costas”, ele contou, levantando a camiseta para mostrar uma cicatriz com pequenos caro\u00e7os perto da coluna, onde a muni\u00e7\u00e3o havia se alojado. Privado de seus entes queridos e sofrendo de dores angustiantes, Karapiru fugiu pela floresta, acreditando ser o \u00fanico sobrevivente do ataque.<\/p>\n\n\n\n

Os dias se transformaram em semanas, depois em meses. Ele caminhava durante a noite e dormia durante o dia para evitar ser encontrado. Ele percorreu uma fileira de montanhas escarpadas que levava ao sul, sobrevivendo com sua intelig\u00eancia, ca\u00e7ando animais selvagens com um arco longo e flechas que construiu na floresta. Anos se passaram.<\/p>\n\n\n\n

\u201cFiz lan\u00e7as de bambu\u201d, recorda ele. \u201cMatei um macaco. Caminhei ao longo de um rio repleto de peixes!\u201d Ainda assim, ele suportou longos per\u00edodos com sede e fome \u2014 e a solid\u00e3o inimagin\u00e1vel de anos sem contato humano.<\/p>\n\n\n\n

\u201cSenti uma grande tristeza por minha fam\u00edlia\u201d, contou Karapiru. Apesar de tudo que havia sofrido, o brilho em seus olhos e a sensa\u00e7\u00e3o de admira\u00e7\u00e3o com que ele relatou sua prova\u00e7\u00e3o n\u00e3o revelaram nenhum tra\u00e7o de amargura ou ressentimento.<\/p>\n\n\n\n

As perambula\u00e7\u00f5es de Karapiru eventualmente o levaram para fora da regi\u00e3o montanhosa para uma \u00e1rea de campos arados e pastagens, pontilhada por casas e edif\u00edcios anexos. Animais selvagens que ele ca\u00e7ava tornaram-se escassos e Karapiru come\u00e7ou a matar animais da fazenda encoberto pela escurid\u00e3o. Um fazendeiro confirmou suas suspeitas em uma manh\u00e3, quando um porco saltou guinchando em seu quintal com uma flecha fincada em seu flanco. Ele convocou um grupo de residentes locais, e eles acabaram encontrando um homem nu que segurava um arco e diversas flechas, e sorria para eles timidamente. Karapiru largou suas armas sem hesita\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O fazendeiro que havia perdido seu porco o levou para casa e forneceu alimentos e vestimentas. Mas o que fazer com ele? Ningu\u00e9m conseguia entender uma palavra do que ele falava. Eles estavam no estado da Bahia, a centenas de quil\u00f4metros de qualquer lugar que ainda abrigasse esses ind\u00edgenas isolados. O fazendeiro ligou para a Funai.<\/p>\n\n\n\n

Karapiru foi encontrado em 1989. Sydney Possuelo havia fundado recentemente o departamento de povos isolados da Funai com o objetivo de proteger os direitos das comunidades ind\u00edgenas que ainda vivem separadas do mundo exterior \u2014 denominadas \u201cpovos isolados\u201d. Ele dirigiu at\u00e9 a Bahia e trouxe Karapiru para sua casa em Bras\u00edlia enquanto tentava desvendar o mist\u00e9rio de quem era esse homem e de onde ele tinha vindo.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO ind\u00edgena teve sorte\u201d, disse-me Possuelo na semana passada. O charme inocente de Karapiru deixara os homens que o encontraram \u00e0 vontade, que por sua vez retribu\u00edam sua simpatia com hospitalidade. \u201cA hist\u00f3ria mostra que encontros desse tipo quase sempre resultam na morte do ind\u00edgena.\u201d<\/p>\n\n\n\n

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A vis\u00e3o a\u00e9rea do Posto Aw\u00e1 mostra um dos quatro assentamentos fundados pela Funai em tr\u00eas reservas ind\u00edgenas distintas para o fornecimento de alimenta\u00e7\u00e3o, prote\u00e7\u00e3o e atendimento m\u00e9dico \u00e0s comunidades aw\u00e1s. Desde a d\u00e9cada de 1970, os aw\u00e1s sofrem com a viol\u00eancia e as doen\u00e7as trazidas pelos forasteiros que invadem suas terras ancestrais.
FOTO DE\u00a0CHARLIE HAMILTON JAMES<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Encontro emocionante<\/h3>\n\n\n\n

Durante a d\u00e9cada de 1970 e in\u00edcio da d\u00e9cada de 1980, Possuelo liderou as iniciativas da Funai para contatar bandos dispersos do povo aw\u00e1 e salv\u00e1-los da viol\u00eancia dos colonos \u00e1vidos por terras. Desde o momento em que viu Karapiru, Possuelo tinha um palpite \u2014 algo sobre sua apar\u00eancia e a maneira como se comportava \u2014 de que ele era do povo aw\u00e1, conhecido na \u00e9poca pelo nome composto \u201cAw\u00e1-Guaj\u00e1\u201d. Ele pediu aos colegas do Maranh\u00e3o que enviassem um int\u00e9rprete para ajudar a solucionar o enigma de Karapiru.<\/p>\n\n\n\n

O tradutor que apareceu no apartamento de Possuelo era um jovem aw\u00e1 que se chamava Tiramukum. Ele ficou \u00f3rf\u00e3o ainda crian\u00e7a e foi criado por funcion\u00e1rios da ag\u00eancia em um posto da Funai. Ele estudou o homem sentado \u00e0 sua frente.<\/p>\n\n\n\n

\u201cOlhei para o rosto dele\u201d, contou-me Tiramukum em entrevista h\u00e1 quatro anos, quando visitei o assentamento do Posto Guaj\u00e1, na Terra Ind\u00edgena Alto Turia\u00e7u. \u201cPerguntei qual era o nome dele. Ele respondeu: \u2018Meu nome \u00e9 Karapiru\u2019. Meu cora\u00e7\u00e3o estava batendo forte\u201d, conta Tiramukum. \u201cAchei que meu cora\u00e7\u00e3o fosse explodir.\u201d<\/p>\n\n\n\n

\u201cMeus cabelos se arrepiaram\u201d, disse Possuelo, contando o momento em que Karapiru e Tiramukum se reconheceram. Pai e filho sobreviveram \u00e0 emboscada cerca de 10 anos antes; um acreditava que o outro estava morto h\u00e1 muito tempo. Eles se abra\u00e7aram e choraram.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEles mataram minha irm\u00e3. Minha m\u00e3e estava morta. Achei que meu pai estivesse tamb\u00e9m. Vi que ele havia levado um tiro nas costas\u201d, contou-me Tiramukum, acrescentando que fugiu em p\u00e2nico, perseguido por um cachorro solto pelos fazendeiros. Ele se enroscou em um arame farpado, em seguida foi capturado e trancado em um quarto por diversas semanas antes de ser entregue \u00e0 Funai.<\/p>\n\n\n\n

Ap\u00f3s o reencontro em Bras\u00edlia, Tiramukum ajudou Karapiru a se instalar no Posto Aw\u00e1. Mais tarde, ele mudou-se para a aldeia vizinha Tiracambu. Ambas as comunidades est\u00e3o pr\u00f3ximas dos ru\u00eddos estrondosos dos trens de min\u00e9rio de ferro de quil\u00f4metros de extens\u00e3o da ferrovia que transformou a paisagem do Maranh\u00e3o e a vida dos aw\u00e1s para sempre. Karapiru se casou novamente e deixou v\u00e1rios filhos e netos.<\/p>\n\n\n\n

Moradores de Tiracambu e do Posto Aw\u00e1, na Terra Ind\u00edgena Caru, relatam o aumento de casos do novo coronav\u00edrus. Em uma mensagem de \u00e1udio do WhatsApp, Tatuxia\u2019a, l\u00edder do Posto Aw\u00e1, relatou que 16 moradores est\u00e3o infectados com a covid-19, al\u00e9m de outros 11 em um acampamento pr\u00f3ximo. \u201cAgora estamos ficando na comunidade, em quarentena. Acredit\u00e1vamos que a vacina nos protegeria. Mas n\u00e3o protege os mais velhos entre n\u00f3s.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Forline aponta que peregrina\u00e7\u00f5es \u00e9picas de sobreviventes ind\u00edgenas solit\u00e1rios como Karapiru intensificaram debates dentro da disciplina de \u201cecologia hist\u00f3rica\u201d de que ca\u00e7adores-coletores que cruzavam a ponte terrestre de Bering na \u00c1sia podem ter se espalhado e transformado paisagens nas Am\u00e9ricas muito antes do que se acreditava.<\/p>\n\n\n\n

 \u201cPodemos observar que apenas com seu conhecimento dos diferentes ecossistemas e com a capacidade de viver da terra, eles conseguiram circular de forma r\u00e1pida e ampla\u201d, argumenta Forline.<\/p>\n\n\n\n

Para Possuelo, a morte de Karapiru despertou profundos sentimentos de nostalgia e gratid\u00e3o. \u201cEle era um homem gentil que adorava brincar com meus filhos quando eram pequenos\u201d, disse ele, lembrando-se do tempo que estavam juntos em sua casa. \u201cA not\u00edcia me tocou profundamente. Morreu v\u00edtima de covid-19 em um hospital longe de seu povo, sem poder se comunicar com ningu\u00e9m, sem receber o conforto de quem amava. Que triste fim para um homem que lutou t\u00e3o heroicamente para sobreviver \u00e0 ferocidade do homem branco e \u00e0s dificuldades da selva.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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