{"id":172354,"date":"2021-07-30T18:03:36","date_gmt":"2021-07-30T21:03:36","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=172354"},"modified":"2021-08-13T15:43:48","modified_gmt":"2021-08-13T18:43:48","slug":"o-fungo-e-as-bacterias-que-atacam-os-residuos-de-plastico","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/redacao\/traducoes\/2021\/07\/30\/172354-o-fungo-e-as-bacterias-que-atacam-os-residuos-de-plastico.html","title":{"rendered":"O fungo e as bact\u00e9rias que atacam os res\u00edduos de pl\u00e1stico"},"content":{"rendered":"\n
\"Por<\/a>
Por acidente, Samantha Jenkins descobriu as propriedades de ingest\u00e3o de pl\u00e1stico de um fungo. Fonte: S JENKINS.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Samantha Jenkins estava estudando v\u00e1rios tipos de fungo em um projeto de pesquisa para sua empresa, quando um dos fungos fez uma oferta pela liberdade.<\/p>\n\n\n\n

“Imagine uma jarra cheia de gr\u00e3os com uma esp\u00e9cie de caro\u00e7o de cogumelo saindo do topo”, diz o engenheiro chefe de biotecnologia da empresa de bio-fabrica\u00e7\u00e3o Biohm.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

“N\u00e3o parecia particularmente animador ou fascinante. Mas assim que foi aberto, foi muito, muito legal.”<\/p>\n\n\n\n

O fungo havia comido a esponja de pl\u00e1stico que pretendia sel\u00e1-lo, quebrando-o e assimilando-o como qualquer outro alimento.<\/p>\n\n\n\n

O objetivo do projeto era avaliar uma s\u00e9rie de cepas de fungos para uso em pain\u00e9is de isolamento biol\u00f3gico, mas o fungo faminto os levou a outra dire\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A Biohm agora est\u00e1 trabalhando para desenvolver a cepa para torn\u00e1-la um digestor ainda mais eficiente, o que poderia potencialmente ajudar com a quest\u00e3o dos res\u00edduos de pl\u00e1stico.<\/p>\n\n\n\n

\"Sob<\/a>
Sob o microsc\u00f3pio \u00e9 poss\u00edvel ver as bact\u00e9rias digerindo o pl\u00e1stico. Fonte: BIOHM.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

N\u00e3o \u00e9 segredo que o lixo pl\u00e1stico descart\u00e1vel \u00e9 um grande problema: at\u00e9 2015, de acordo com o Greenpeace<\/a>, o mundo havia produzido 6,3 bilh\u00f5es de toneladas de pl\u00e1stico virgem, dos quais apenas 9% foram reciclados. O resto foi queimado em incineradores ou despejado.<\/p>\n\n\n\n

As coisas est\u00e3o melhorando, com mais de 40% das embalagens de pl\u00e1stico recicladas na Uni\u00e3o Europeia, e uma meta de 50% at\u00e9 2025.<\/p>\n\n\n\n

Mas alguns tipos de pl\u00e1stico, como o PET (tereftalato de polietileno), amplamente utilizado para garrafas de bebidas, s\u00e3o dif\u00edceis de reciclar pelos meios tradicionais. Ent\u00e3o, os m\u00e9todos biol\u00f3gicos podem ser a resposta?<\/p>\n\n\n\n

A Sra. Jenkins est\u00e1 testando seu fungo em PET e poliuretano.<\/p>\n\n\n\n

“Voc\u00ea coloca pl\u00e1stico, os fungos comem o pl\u00e1stico, os fungos fazem mais fungos e da\u00ed voc\u00ea pode fazer biomateriais para comida, ou estoques de ra\u00e7\u00e3o para animais, ou antibi\u00f3ticos.”<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Outros tamb\u00e9m tiveram algum sucesso.<\/p>\n\n\n\n

\"Uma<\/a>
Uma vers\u00e3o ajustada da bact\u00e9ria E. coli pode transformar o pl\u00e1stico em um condimento \u00fatil. Fonte: GETTY IMAGES.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Cientistas da Universidade de Edimburgo usaram recentemente uma vers\u00e3o projetada em laborat\u00f3rio da bact\u00e9ria E. coli para transformar o \u00e1cido tereft\u00e1lico, uma mol\u00e9cula derivada do PET, no aromatizante culin\u00e1rio de vanilina, por meio de uma s\u00e9rie de rea\u00e7\u00f5es qu\u00edmicas.<\/p>\n\n\n\n

“Nosso estudo ainda est\u00e1 em um est\u00e1gio muito inicial e precisamos fazer mais para encontrar maneiras de tornar o processo mais eficiente e economicamente vi\u00e1vel”, disse a Dra. Joanna Sadler, da Escola de Ci\u00eancias Biol\u00f3gicas da universidade.<\/p>\n\n\n\n

“Mas \u00e9 um ponto de partida realmente empolgante e h\u00e1 potencial para que isso seja comercialmente pr\u00e1tico no futuro, depois que novas melhorias no processo forem feitas.”<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Enquanto isso, uma equipe do Centro Helmholtz de Pesquisa Ambiental-UFZ em Leipzig est\u00e1 usando uma bact\u00e9ria originalmente encontrada em um dep\u00f3sito de lixo local para quebrar o poliuretano.<\/p>\n\n\n\n

Chamada de Pseudomonas sp. TDA1, a bact\u00e9ria consome cerca de metade do pl\u00e1stico para aumentar sua pr\u00f3pria biomassa, sendo o restante liberado como di\u00f3xido de carbono.<\/p>\n\n\n\n

Como outros organismos comedores de pl\u00e1stico, Pseudomonas decomp\u00f5e o poliuretano usando enzimas; e a equipe j\u00e1 realizou uma an\u00e1lise gen\u00f4mica da bact\u00e9ria com o objetivo de identificar os genes espec\u00edficos que codificam para essas enzimas.<\/p>\n\n\n\n

Mas alguns questionam se tais t\u00e9cnicas algum dia ser\u00e3o comercialmente vi\u00e1veis.<\/p>\n\n\n\n

“A convers\u00e3o enzim\u00e1tica ou microbiana de PET em seus blocos de constru\u00e7\u00e3o constituintes \u00e9 uma ci\u00eancia interessante e precisa ser explorada. No entanto, a tecnologia ter\u00e1 que competir com outras tecnologias de convers\u00e3o comerciais comprovadas, usando sistemas catalisadores de \u00e1gua comuns e menos empolgantes”, disse o Prof Ramani Narayan da Universidade Estadual de Michigan.<\/p>\n\n\n\n

\"Carbios<\/a>
A Carbios usa enzimas para quebrar PET. Fonte: CARBIOS.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O mais avan\u00e7ado no caminho para a comercializa\u00e7\u00e3o \u00e9 provavelmente a Carbios, uma empresa francesa que usa uma vers\u00e3o projetada de uma enzima originalmente encontrada em uma pilha de composto para quebrar o PET.<\/p>\n\n\n\n

Depois de se associar a alguns grandes nomes em produtos de consumo, incluindo L’Oreal e Nestl\u00e9, a empresa anunciou recentemente que produziu as primeiras garrafas de pl\u00e1stico PET de grau aliment\u00edcio do mundo, produzidas inteiramente de pl\u00e1stico reciclado enzimaticamente.<\/p>\n\n\n\n

E, ao contr\u00e1rio da maioria dos m\u00e9todos de reciclagem, as enzimas podem lidar com PET colorido.<\/p>\n\n\n\n

“Com m\u00e9todos tradicionais, como a reciclagem mec\u00e2nica, para fazer um produto final adequado para garrafas transparentes, voc\u00ea precisa de garrafas transparentes como insumo”, disse o vice-presidente-executivo Martin Stephan.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

“Com nossa tecnologia, qualquer tipo de res\u00edduo PET \u00e9 reciclado em qualquer tipo de produto PET.”<\/p>\n\n\n\n

\"A<\/a>
A Carbios afirma que sua tecnologia pode transformar res\u00edduos em qualquer tipo de produto PET. Fonte: CARBIOS.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

No entanto, as garrafas produzidas por esse processo s\u00e3o quase duas vezes mais caras do que as que usam petroqu\u00edmicos.<\/p>\n\n\n\n

Ainda assim, Stephan diz que a tecnologia tem potencial para se equiparar aos baixos custos das garrafas feitas tradicionalmente.<\/p>\n\n\n\n

O Dr. Wolfgang Zimmermann, do Instituto de Qu\u00edmica Anal\u00edtica da Universidade de Leipzig, acredita que a t\u00e9cnica da Carbios \u00e9 promissora.<\/p>\n\n\n\n

\u201cAs enzimas podem ser muito \u00fateis porque s\u00e3o muito espec\u00edficas e tamb\u00e9m n\u00e3o ligam para a contamina\u00e7\u00e3o, se a embalagem ainda estiver suja. E n\u00e3o consomem muita energia.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

“Um outro ponto \u00e9 que pode ser ampliado e reduzido convenientemente. As enzimas teriam a vantagem de poderem consistir em pequenas unidades que teriam uma baixa pegada de carbono e poderiam estar fora das \u00e1reas metropolitanas em pa\u00edses em desenvolvimento ou lugares remotos.”<\/p>\n\n\n\n

Por\u00e9m, ele acredita que elas n\u00e3o s\u00e3o uma solu\u00e7\u00e3o universal.<\/p>\n\n\n\n

\"O<\/a>
O PET \u00e9 dif\u00edcil de reciclar e costuma ser enviado a pa\u00edses em desenvolvimento para processamento. Fonte: GETTY IMAGES.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“As garrafas PET podem ser recicladas usando esta enzima de volta para as novas garrafas, mas infelizmente as garrafas PET s\u00e3o muito cristalinas e muito resistentes \u00e0 degrada\u00e7\u00e3o da enzima, ent\u00e3o a empresa teve que introduzir um pr\u00e9-tratamento onde eles realmente colocam uma grande quantidade de energia extra para derreter o material e extrud\u00e1-lo para reduzir a cristaliza\u00e7\u00e3o”, diz ele.<\/p>\n\n\n\n

“Depois disso, voc\u00ea pode degrad\u00e1-lo com a enzima – mas economicamente, e tamb\u00e9m em termos de pegada de carbono, isso n\u00e3o faz muito sentido na minha opini\u00e3o.”<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

E embora as coisas possam melhorar, a reciclagem enzim\u00e1tica atualmente tem um alcance muito limitado, como admite Stephan.<\/p>\n\n\n\n

\u201cDesenvolvemos tecnologias para o fim de vida de apenas dois poli\u00e9steres, que representam cerca de 75 milh\u00f5es de toneladas de produ\u00e7\u00e3o anual, em compara\u00e7\u00e3o com uma produ\u00e7\u00e3o global de pl\u00e1sticos de cerca de 350 milh\u00f5es de toneladas\u201d, diz ele.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

“Temos muito trabalho pela frente.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC News \/ Emma Woollacott
Tradu\u00e7\u00e3o: Reda\u00e7\u00e3o Ambientebrasil \/ Maria Beatriz Ayello Leite
Para ler a reportagem original em ingl\u00eas acesse:<\/em>
https:\/\/www.bbc.com\/news\/business-57733178<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Bact\u00e9rias, fungos e enzimas podem digerir pl\u00e1stico, mas eles podem funcionar em uma escala comercial \u00fatil? <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":172366,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4132],"tags":[2233,2642,2722,276,3141,111,3048],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/172354"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=172354"}],"version-history":[{"count":14,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/172354\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":172785,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/172354\/revisions\/172785"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/172366"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=172354"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=172354"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=172354"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}