{"id":172520,"date":"2021-08-07T16:48:17","date_gmt":"2021-08-07T19:48:17","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=172520"},"modified":"2021-08-13T15:45:32","modified_gmt":"2021-08-13T18:45:32","slug":"aqui-esta-o-porque-os-animais-peconhentos-nao-se-envenenam","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/redacao\/traducoes\/2021\/08\/07\/172520-aqui-esta-o-porque-os-animais-peconhentos-nao-se-envenenam.html","title":{"rendered":"Aqui est\u00e1 o porqu\u00ea os animais pe\u00e7onhentos n\u00e3o se envenenam"},"content":{"rendered":"\n

Nas florestas da Nova Guin\u00e9 vive um pequeno p\u00e1ssaro mon\u00f3tono com um segredo mortal. \u00c9 chamado de pitohui encapuzado, e suas penas laranjas e pretas est\u00e3o misturadas com veneno.<\/p>\n\n\n\n

Simplesmente tocar as penas de um pitohui \u00e9 o suficiente para fazer sentir que suas m\u00e3os est\u00e3o pegando fogo. Mas ingira um pouco da batracotoxina, abreviadamente chamada de BTX, e o veneno interrompe o funcionamento dos seus canais de s\u00f3dio, levando \u00e0 paralisia e at\u00e9 \u00e0 morte.<\/p>\n\n\n\n

\u201cVoc\u00ea pode pensar nesses venenos como uma esp\u00e9cie de droga natural. \u00c9 algo que os animais usam para se proteger, porque \u2026 ou d\u00e1 uma sensa\u00e7\u00e3o muito desagrad\u00e1vel \u00e0 coisa que est\u00e1 tentando com\u00ea-los ou, na pior das hip\u00f3teses, mata a coisa que est\u00e1 tentando com\u00ea-los\u201d, diz Daniel Minor, um biof\u00edsico da Universidade da Calif\u00f3rnia, do Instituto de Pesquisa Cardiovascular de S\u00e3o Francisco.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Os cientistas acreditam que o pitohui n\u00e3o fabrica suas pr\u00f3prias toxinas, mas, em vez disso, adquire-as de sua pequena presa, um besouro. Suspeita-se que o mesmo mecanismo \u00e9 usado pelos sapos venenosos da Am\u00e9rica Central e do Sul, que tamb\u00e9m carregam BTX em sua pele de cores vivas.<\/p>\n\n\n\n

Tudo isso leva a uma quest\u00e3o intrigante – como animais venenosos como os pitohui evitam se envenenar?<\/p>\n\n\n\n

Por d\u00e9cadas, a melhor teoria tem sido que os p\u00e1ssaros e sapos desenvolveram canais de s\u00f3dio especialmente adaptados – uma parte do corpo necess\u00e1ria para que os nervos, c\u00e9lulas cerebrais e c\u00e9lulas musculares funcionem adequadamente – que s\u00e3o imunes ao BTX. Afinal, existem v\u00e1rios exemplos de animais que dispensam as toxinas por meio desse m\u00e9todo, como os mangustos eg\u00edpcios que podem sobreviver ao veneno da cobra.<\/p>\n\n\n\n

Mas um estudo publicado no Journal of General Physiology<\/a> derruba essa teoria.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores fornecem evid\u00eancias de que pitohui e sapos venenosos t\u00eam o que eles chamam de \u201cesponjas de toxina\u201d, ou prote\u00ednas que enxugam as toxinas fatais antes que causem danos.<\/p>\n\n\n\n

Encontrando evid\u00eancias de uma prote\u00edna de “esponja de toxina”<\/h4>\n\n\n\n

No laborat\u00f3rio, Minor e colegas recriaram os genes respons\u00e1veis \u200b\u200bpelos canais de s\u00f3dio do pitohui e das r\u00e3s venenosas e os colocaram em c\u00e9lulas vivas de v\u00e1rias esp\u00e9cies expostas ao BTX. Essas c\u00e9lulas sucumbiram \u00e0 toxina, sugerindo que os canais de s\u00f3dio dos animais pe\u00e7onhentos n\u00e3o s\u00e3o resistentes ao BTX. No entanto, quando eles injetaram o BTX em sapos vivos de diferentes esp\u00e9cies, apenas os sapos venenosos sobreviveram.<\/p>\n\n\n\n

\u201cIsso nos d\u00e1 uma pista de que h\u00e1 algo que basicamente est\u00e1 protegendo os canais de ver essa toxina\u201d, diz Minor. Sua principal teoria \u00e9 uma prote\u00edna esponjosa, algo que ele identificou antes. Em 2019, o laborat\u00f3rio de Minor encontrou uma esponja de toxina que concede imunidade \u00e0s r\u00e3s-touro a outro veneno potente chamado saxitoxina. Embora ele ainda n\u00e3o tenha encontrado algo semelhante no pitohui ou nas r\u00e3s venenosas, \u00e9 certamente um objetivo, diz ele.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

\"\"<\/a>
As r\u00e3s azuis venenosas s\u00e3o nativas da regi\u00e3o de Sipaliwini, no Suriname.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Rebecca Tarvin, bi\u00f3loga evolucionista da Universidade da Calif\u00f3rnia em Berkeley, que pesquisou como as r\u00e3s venenosas toleram outra neurotoxina chamada epibatidina, est\u00e1 impressionada com os resultados.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEspecialmente devido \u00e0 minha linha de pesquisa, fiquei muito surpresa ao ver que os canais de s\u00f3dio [das r\u00e3s venenosas] n\u00e3o s\u00e3o sens\u00edveis \u00e0 batracotoxina, o que n\u00e3o \u00e9 o que hav\u00edamos previsto\u201d, diz Tarvin, que tamb\u00e9m \u00e9 exploradora da National Geographic.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Mas ela tamb\u00e9m alertou contra a generaliza\u00e7\u00e3o excessiva dos resultados. \u201cEsta \u00e9 apenas uma das muitas toxinas que os sapos t\u00eam\u201d, diz ela. \u201cMas para o caso em que eles testaram, estou convencida.\u201d<\/p>\n\n\n\n

O estudo de toxinas pode levar a descobertas m\u00e9dicas<\/h4>\n\n\n\n

Embora p\u00e1ssaros de ilhas distantes e sapos da floresta possam parecer um nicho para estudar, desvendar sua magia biol\u00f3gica pode ter aplica\u00e7\u00f5es para pessoas em todos os lugares.<\/p>\n\n\n\n

\u201cAs toxinas t\u00eam historicamente desempenhado um papel importante em nos ajudar a direcionar prote\u00ednas espec\u00edficas e descobrir a fun\u00e7\u00e3o dessas prote\u00ednas, al\u00e9m de servir como base para o design de medicamentos\u201d, diz Tarvin.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Por exemplo, um componente do veneno da r\u00e3-touro demonstrou possuir alguns efeitos antic\u00e2ncer em testes de laborat\u00f3rio, enquanto a tetrodotoxina presente em v\u00e1rias criaturas, de baiacu a trit\u00f5es, tem sido apontada como uma fonte de novas drogas anest\u00e9sicas.<\/p>\n\n\n\n

\u201cPara mim, a pergunta mais interessante \u00e9: por que esses animais n\u00e3o se matam com essa toxina?\u201d diz Minor. \u201cMas isso [tamb\u00e9m] vai nos dizer algo fundamentalmente importante sobre os sistemas biol\u00f3gicos\u201d.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic \/ Jason Bittel
Tradu\u00e7\u00e3o: Reda\u00e7\u00e3o Ambientebrasil \/ Maria Beatriz Ayello Leite
Para ler a reportagem original em ingl\u00eas acesse:<\/em>
https:\/\/www.nationalgeographic.com\/animals\/article\/heres-why-poisonous-animals-dont-poison-themselves<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"