{"id":172576,"date":"2021-08-10T13:59:30","date_gmt":"2021-08-10T16:59:30","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=172576"},"modified":"2021-08-10T13:59:33","modified_gmt":"2021-08-10T16:59:33","slug":"a-bomba-relogio-que-ameaca-vilarejo-idilico-nas-montanhas-da-suica","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/08\/10\/172576-a-bomba-relogio-que-ameaca-vilarejo-idilico-nas-montanhas-da-suica.html","title":{"rendered":"A ‘bomba-rel\u00f3gio’ que amea\u00e7a vilarejo id\u00edlico nas montanhas da Su\u00ed\u00e7a"},"content":{"rendered":"\n
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Mais de 60 anos depois de uma explos\u00e3o que causou destrui\u00e7\u00e3o total, passado tr\u00e1gico de Mitholz volta a assombr\u00e1-lo.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O vilarejo de Mitholz, com apenas 170 habitantes, \u00e9 \u00e0 primeira vista um lugar id\u00edlico no belo Vale Kander, na Su\u00ed\u00e7a<\/a>. Mas seu passado tr\u00e1gico voltou para assombr\u00e1-lo.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

As casas cobertas de ger\u00e2nio s\u00e3o tradicionais chal\u00e9s de madeira, muitas ainda divididas em dois andares, na parte debaixo, ficam os animais da fazenda.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 um estilo comum em constru\u00e7\u00f5es por todos os Alpes \u2014 alguns desses im\u00f3veis t\u00eam 200 ou 300 anos.<\/p>\n\n\n\n

Mas n\u00e3o em Mitholz. Aqui todas as casas t\u00eam a mesma data: 1948.<\/p>\n\n\n\n

Em algumas delas, inscri\u00e7\u00f5es como “do horror, fui reconstru\u00edda” ou “o que foi destru\u00eddo em um momento n\u00e3o pode voltar. Agora olhamos para a frente com esperan\u00e7a” refrescam a mem\u00f3ria sobre o que ali aconteceu.<\/p>\n\n\n\n

Mas o que h\u00e1 de t\u00e3o especial nesse pacato vilarejo?<\/p>\n\n\n\n

No meio da rua \u00fanica de Mitholz, Ida Steiner, de 87 anos, se lembra.<\/p>\n\n\n\n

“Tinha 12 anos”, diz ela. “Eu, minha m\u00e3e e minha av\u00f3 est\u00e1vamos dormindo. Houve uma grande explos\u00e3o<\/a>, vimos fogo por toda parte e mam\u00e3e disse: ‘Temos que sair!’<\/p>\n\n\n\n

“Corremos noite adentro, nevava muito. Minha m\u00e3e carregou minha av\u00f3 nas costas.”<\/p>\n\n\n\n

A explos\u00e3o veio de um vasto dep\u00f3sito de muni\u00e7\u00f5es do Ex\u00e9rcito su\u00ed\u00e7o da Segunda Guerra Mundial enterrado na montanha<\/a> acima de Mitholz.<\/p>\n\n\n\n

Era para ser um local seguro, mas, em dezembro de 1947, 3 mil toneladas de muni\u00e7\u00e3o explodiram no que foi, na \u00e9poca, a maior explos\u00e3o n\u00e3o nuclear do mundo.<\/p>\n\n\n\n

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Vista a\u00e9rea de Mitholz ap\u00f3s a explos\u00e3o – a montanha destru\u00edda est\u00e1 no canto superior direito – DEPARTAMENTO FEDERAL DE DEFESA DA SU\u00cd\u00c7A (@VBS)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A explos\u00e3o foi ouvida a 160 km de dist\u00e2ncia em Zurique, as casas em Mitholz foram destru\u00eddas, a neve escureceu. Nove pessoas morreram, muitas mais ficaram feridas.<\/p>\n\n\n\n

As fotos do dia seguinte mostram a escola local, paredes e janelas quebradas, proj\u00e9teis de artilharia sobre as carteiras dos estudantes.<\/p>\n\n\n\n

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Mitholz imediatamente ap\u00f3s explos\u00e3o – DEPARTAMENTO FEDERAL DE DEFESA DA SU\u00cd\u00c7A (@VBS)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n
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Mitholz em ru\u00ednas ap\u00f3s explos\u00e3o – DEPARTAMENTO FEDERAL DE DEFESA DA SU\u00cd\u00c7A (@VBS)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n
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Vilarejo ficou inteiramente destru\u00eddo ap\u00f3s explos\u00e3o<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Hoje, a montanha acima de Mitholz permanece com uma enorme cicatriz, uma vez que parte dela foi destru\u00edda pela for\u00e7a da explos\u00e3o. O vilarejo ainda se encontra abaixo dela; as casas destru\u00eddas foram cuidadosamente reconstru\u00eddas no estilo alpino tradicional dentro de um ano.<\/p>\n\n\n\n

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Claudia Schmid acabou de instalar cozinha nova, mas ter\u00e1 que deixar sua casa<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n
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Casa de Claudia Schmid fica de frente para a montanha onde muni\u00e7\u00f5es foram armazenadas<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Calmaria enganosa<\/h2>\n\n\n\n

Tudo voltou, aparentemente, ao normal. A maioria das fam\u00edlias que vive em Mitholz hoje est\u00e1 aqui h\u00e1 gera\u00e7\u00f5es. Mas Sven Meier, que passou a primeira parte de sua vida na agitada Zurique, mudou-se para c\u00e1 em busca de paz e tranquilidade.<\/p>\n\n\n\n

“A vida \u00e9 diferente aqui, mais relaxada, sem estresse”, explica. “Sento-me no meu jardim e posso ver as belas montanhas, o pequeno rio \u2014 natureza, sem edif\u00edcios, sem ruas.”<\/p>\n\n\n\n

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Sven Meier trocou agitada Zurique por pacata Mitholz – e agora vai ter que se mudar<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Infelizmente, tudo isso est\u00e1 prestes a mudar. Tr\u00eas mil toneladas de muni\u00e7\u00e3o podem ter explodido em 1947, mas outras 3,5 mil toneladas ainda permanecem guardadas no dep\u00f3sito. “Eles nos dizem que precisam remov\u00ea-las da montanha, ent\u00e3o todos temos que ir embora”, diz Sven.<\/p>\n\n\n\n

A not\u00edcia chocante veio depois que uma nova pesquisa geol\u00f3gica realizada pelo Minist\u00e9rio da Defesa da Su\u00ed\u00e7a revelou que a muni\u00e7\u00e3o restante, afinal, representava um risco. Funcion\u00e1rios do minist\u00e9rio viajaram para Mitholz para dar a m\u00e1 not\u00edcia aos moradores.<\/p>\n\n\n\n

Milhares de bombas e proj\u00e9teis teriam que ser removidos individualmente.<\/p>\n\n\n\n

E, por quest\u00f5es de seguran\u00e7a, os moradores v\u00e3o ter que se mudar \u2014 por pelo menos 10 anos.<\/p>\n\n\n\n

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Bomba n\u00e3o detonada – DEPARTAMENTO FEDERAL DE DEFESA DA SU\u00cd\u00c7A<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Ou seja, Mitholz se tornar\u00e1 uma cidade fantasma.<\/p>\n\n\n\n

Ent\u00e3o o que acontece agora? Ningu\u00e9m parece ter certeza. As casas est\u00e3o sendo avaliadas para compra compuls\u00f3ria, enquanto as autoridades locais est\u00e3o em busca de terrenos seguros para construir alojamentos.<\/p>\n\n\n\n

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Casas em Mitholz t\u00eam estilo tradicional alpino<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Mas ningu\u00e9m recebeu qualquer centavo por seu im\u00f3vel, ou mesmo, um novo lugar para morar.<\/p>\n\n\n\n

Claudia Schmid, outra moradora, tenta se manter otimista, mas perder a casa que ela descreve como “seu sonho” \u00e9, sem d\u00favida, dif\u00edcil.<\/p>\n\n\n\n

“Investimos muito dinheiro aqui”, diz ela. “Pouco antes de nos dizerem que ter\u00edamos de sair, instalamos uma cozinha totalmente nova.”<\/p>\n\n\n\n

Mas enquanto Claudia aceita a justificativa das autoridades com certa resigna\u00e7\u00e3o \u2014 “eles (Ex\u00e9rcito) n\u00e3o tinham a tecnologia para retirar o armamento com seguran\u00e7a antes” \u2014 nem todos pensam como ela.<\/p>\n\n\n\n

“As pessoas ficaram furiosas quando descobriram”, diz Sven. “Pensamos, ‘isso \u00e9 horr\u00edvel, n\u00e3o pode ser verdade’.”<\/p>\n\n\n\n

“Eles nos disseram que era seguro”, lembra Ida. “Ach\u00e1vamos que todas as muni\u00e7\u00f5es tinham acabado. Agora sabemos que n\u00e3o. N\u00e3o prestamos aten\u00e7\u00e3o suficiente.”<\/p>\n\n\n\n

A casa de Claudia Schmid fica de frente para a montanha onde as muni\u00e7\u00f5es foram armazenadas<\/p>\n\n\n\n

Montanha explodida<\/h2>\n\n\n\n
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Parte da montanha se rompeu por causa de grande explos\u00e3o<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

N\u00e3o \u00e9 a primeira vez que a Su\u00ed\u00e7a tem que remover explosivos perigosos de espa\u00e7os p\u00fablicos.<\/p>\n\n\n\n

Durante a Segunda Guerra Mundial, o pa\u00eds dinamitou muitos t\u00faneis importantes, passagens alpinas e pontes, em uma tentativa de impedir a invas\u00e3o. A pr\u00e1tica continuou durante a Guerra Fria, e por d\u00e9cadas os explosivos permaneceram onde estavam, aparentemente esquecidos.<\/p>\n\n\n\n

Em 2001, 11 pessoas morreram no T\u00fanel de base de S\u00e3o Gotardo quando um inc\u00eandio come\u00e7ou ap\u00f3s uma colis\u00e3o entre dois caminh\u00f5es. Descobriu-se mais tarde que grandes quantidades de explosivos armazenados anos atr\u00e1s ainda estavam em um dep\u00f3sito pr\u00f3ximo \u00e0 entrada do t\u00fanel.<\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 boatos de que os bombeiros locais, tendo ouvido falar sobre o material guardado ali, relutaram em entrar no t\u00fanel para combater o inc\u00eandio. Depois de terem apagado o fogo com sucesso, o Ex\u00e9rcito chegou, com equipamentos de elimina\u00e7\u00e3o de bombas.<\/p>\n\n\n\n

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Ida Steiner lembra-se da explos\u00e3o quando tinha 12 anos<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Decis\u00f5es dif\u00edceis<\/h2>\n\n\n\n

O Minist\u00e9rio da Defesa diz estar fazendo o poss\u00edvel para tranquilizar os moradores de Mitholz de que eles ter\u00e3o voz ativa no que acontecer daqui para frente na medida do poss\u00edvel. Mas isso n\u00e3o \u00e9 uma grande compensa\u00e7\u00e3o por perder sua casa.<\/p>\n\n\n\n

M\u00e3e de duas crian\u00e7as de seis e quatro anos, Claudia Schmid diz ter esperan\u00e7a de que, depois de 10 anos, possa voltar para a casa dos seus sonhos.<\/p>\n\n\n\n

Mas ela ainda n\u00e3o sabe se o Ex\u00e9rcito cuidar\u00e1 das propriedades vazias durante a d\u00e9cada que levar\u00e1 para descartar as muni\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

Sven Meier est\u00e1 determinado a aproveitar ao m\u00e1ximo cada dia em Mitholz enquanto pode.<\/p>\n\n\n\n

“Tenho mais alguns anos antes de ter que me mudar”, diz ele. “Estou relaxado, tento n\u00e3o pensar nisso todos os dias.”<\/p>\n\n\n\n

Mas para Ida Steiner, de 87 anos, \u00e9 mais dif\u00edcil. Ela viveu em Mitholz toda a sua vida.<\/p>\n\n\n\n

“Vou ter que ir embora. Em 2025, todos n\u00f3s teremos que sair. Terei que ir para um asilo de idosos. Prefiro n\u00e3o estar mais aqui, do que ter que ir embora.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O vilarejo de Mitholz, com apenas 170 habitantes, \u00e9 \u00e0 primeira vista um lugar id\u00edlico no belo Vale Kander, na Su\u00ed\u00e7a. Mas seu passado tr\u00e1gico voltou para assombr\u00e1-lo. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":172577,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[449,358,3345],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/172576"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=172576"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/172576\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":172589,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/172576\/revisions\/172589"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/172577"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=172576"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=172576"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=172576"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}