{"id":172911,"date":"2021-08-19T14:08:12","date_gmt":"2021-08-19T17:08:12","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=172911"},"modified":"2021-08-19T14:08:14","modified_gmt":"2021-08-19T17:08:14","slug":"haiti-um-pais-assolado-por-catastrofes-naturais-e-politicas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/08\/19\/172911-haiti-um-pais-assolado-por-catastrofes-naturais-e-politicas.html","title":{"rendered":"Haiti, um pa\u00eds assolado por cat\u00e1strofes naturais e pol\u00edticas"},"content":{"rendered":"\n
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Depois de mais um devastador terremoto, a tempestade tropical Grace assola o Haiti<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O terremoto de magnitude 7,2 que abalou o Haiti s\u00e1bado passado (14\/08) fez ao menos 2.189 mortos e 12.268 feridos, segundo o balan\u00e7o mais recente da prote\u00e7\u00e3o civil haitiana, divulgado nesta quinta-feira. Cerca de 53 mil casas foram destru\u00eddas, e outras 77 mil sofreram danos.<\/p>\n\n\n\n

“No contexto internacional, o Haiti est\u00e1 sempre na lista de pa\u00edses de elevado risco”, comenta a diretora regional para Am\u00e9rica Latina da ONG alem\u00e3 de ajuda humanit\u00e1ria Diakonie Katastrophenhilfe, Daniela Simm.<\/p>\n\n\n\n

E n\u00e3o se trata apenas de terremotos. Muitos furac\u00f5es tamb\u00e9m passam pelo Haiti. E o pa\u00eds ainda \u00e9 atingido por secas causadas pelo fen\u00f4meno El Ni\u00f1o.<\/p>\n\n\n\n

Uma das piores cat\u00e1strofes naturais dos \u00faltimos anos \u00e9 o tr\u00e1gico terremoto de 2010, que tirou a vida de 316 mil pessoas, pelas estimativas oficiais, e deixou feridas outras tantas. Cerca de 1,5 milh\u00e3o de pessoas, ou 14% da popula\u00e7\u00e3o, ficou desalojada.<\/p>\n\n\n\n

Apesar de aquele tremor, de magnitude 7, ter sido um pouco mais fraco do que o atual, a devasta\u00e7\u00e3o causada foi muito maior. Isso porque o epicentro ent\u00e3o esteve nas redondezas de Porto Pr\u00edncipe, onde moravam cerca de 10 milh\u00f5es de haitianos, ou um quarto da popula\u00e7\u00e3o do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Em 2016, mais de 500 pessoas morreram na passagem do furac\u00e3o Matthew, e outras 35 mil ficaram desalojadas. Em torno de 1,4 milh\u00e3o necessitaram de ajuda emergencial.<\/p>\n\n\n\n

Devido aos eventos clim\u00e1ticos extremos registrados entre 2000 e 2019, a ONG ambientalista alem\u00e3 Germanwatch colocou o Haiti na terceira posi\u00e7\u00e3o, atr\u00e1s da ilha vizinha de Porto Rico e de Mianmar, no seu atual \u00cdndice de Riscos Clim\u00e1ticos.<\/p>\n\n\n\n

Fortes tempestades tropicais, algumas delas furac\u00f5es, atingem o Haiti praticamente todos os anos. Tamb\u00e9m agora, poucos dias depois do terremoto, a tempestade tropical Grace levou chuva pesada \u00e0 regi\u00e3o atingida e colocou as pessoas em perigo ainda maior.<\/p>\n\n\n\n

A cat\u00e1strofe pol\u00edtica<\/h2>\n\n\n\n

Mas n\u00e3o s\u00e3o apenas as cat\u00e1strofes naturais que jogam o pa\u00eds de uma crise para a outra. O Haiti, como a maioria dos pa\u00edses latino-americanos, t\u00eam um sangrento passado ditatorial. O fim da ditadura de Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, em 1986, n\u00e3o significou o in\u00edcio de um per\u00edodo democr\u00e1tico pac\u00edfico.<\/p>\n\n\n\n

Em 2004, um golpe de Estado derrubou o ent\u00e3o presidente, Jean-Bertrand Aristide, e desestabilizou o Haiti. As Na\u00e7\u00f5es Unidas enviaram uma for\u00e7a internacional interina, que poucas semanas depois foi substitu\u00edda pela for\u00e7a de paz Minustah, liderada pelo Brasil e que ficou no Haiti at\u00e9 2017.<\/p>\n\n\n\n

Mas at\u00e9 hoje o Haiti n\u00e3o se transformou numa democracia est\u00e1vel. Protestos violentos s\u00e3o comuns. O \u00faltimo deles ocorreu no in\u00edcio de 2021. Advers\u00e1rios pol\u00edticos muitas vezes recorrem \u00e0 viol\u00eancia, n\u00e3o raro com a participa\u00e7\u00e3o de grupos criminosos.<\/p>\n\n\n\n

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Trabalhos de resgate num hotel que desmoronou com o terremoto em Les Cayes, no Haiti<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Crise no v\u00e1cuo de poder<\/h2>\n\n\n\n

Especialistas avaliam que o\u00a0assassinato do presidente Jovenel Mo\u00efse, no in\u00edcio de julho, n\u00e3o \u00e9 um caso isolado, mas o resultado de uma crise pol\u00edtica interna duradoura.<\/p>\n\n\n\n

A luta pelo poder que se seguiu \u00e0 morte de Mo\u00efse evidenciou mais uma vez a fragilidade do Estado de direito haitiano. Dos tr\u00eas aspirantes \u00e0 presid\u00eancia interina, quem se imp\u00f4s foi o primeiro-ministro designado, mas n\u00e3o empossado, Ariel Henry.<\/p>\n\n\n\n

A consultoria americana Stratfor avaliou que Henry pode se aproveitar da crise atual para se consolidar no poder. “Henry possivelmente vai tirar proveito do terremoto para adiar as elei\u00e7\u00f5es e coordenar a ajuda internacional de maneira a servir a seus interesses.”<\/p>\n\n\n\n

Segundo Simm, da ONG alem\u00e3 Diakonie Katastrophenhilfe, organiza\u00e7\u00f5es privadas de ajuda humanit\u00e1ria tentam de todas as maneiras escapar da influ\u00eancia pol\u00edtica. “Como ONG, n\u00f3s cooperamos com parceiros locais n\u00e3o governamentais. Isso significa que n\u00f3s nos coordenamos com a defesa civil local, mas n\u00e3o financiamos estruturas locais de governo.” J\u00e1 a ajuda financeira estatal geralmente vai de um governo para o outro.<\/p>\n\n\n\n

Estado fraco prejudica a ajuda<\/h2>\n\n\n\n

\u00c9 incontest\u00e1vel que o Haiti depende de ajuda externa. \u00c9 o pa\u00eds mais pobre do lado ocidental do Oceano Atl\u00e2ntico. \u00c9 tamb\u00e9m o pior da Am\u00e9rica em educa\u00e7\u00e3o. O \u00cdndice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU est\u00e1 pouco acima do n\u00edvel da regi\u00e3o do Sahel, na \u00c1frica.<\/p>\n\n\n\n

A isso soma-se uma elevada criminalidade. A seguran\u00e7a j\u00e1 \u00e9 prec\u00e1ria mesmo em tempos “normais” e fica ainda pior quando h\u00e1 crises humanit\u00e1rias. “Frequentemente temos dificuldades para transportar bens de ajuda humanit\u00e1ria de Porto Pr\u00edncipe para as regi\u00f5es, em especial o sul, porque os grupos criminosos tornam imposs\u00edvel passar por algumas \u00e1reas de Porto Pr\u00edncipe”, diz Simm.<\/p>\n\n\n\n

Esperan\u00e7a em meio ao caos<\/h2>\n\n\n\n

A precariedade do Estado haitiano se evidencia tamb\u00e9m nas fases de reconstru\u00e7\u00e3o. Dois anos depois do terremoto de 2010, mais da metade dos desalojados ainda vivia em barracas.<\/p>\n\n\n\n

Numa situa\u00e7\u00e3o como essa, tanto mais gratificante \u00e9 ver o resultado do pr\u00f3prio trabalho. Em 2016, depois da passagem do furac\u00e3o Matthew, a Diakonie Katastrophenhilfe apoiou a constru\u00e7\u00e3o de casas resistentes a furac\u00f5es e terremotos em Camp-Perrin, uma das regi\u00f5es mais atingidas pelo mais recente terremoto.<\/p>\n\n\n\n

“E agora pudemos constatar: as casas est\u00e3o de p\u00e9, sem rachaduras. E al\u00e9m disso serviram de abrigo a outras fam\u00edlias, cujas casas foram destru\u00eddas ou danificadas”, comenta Simm.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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