{"id":173091,"date":"2021-08-26T11:50:23","date_gmt":"2021-08-26T14:50:23","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=173091"},"modified":"2021-08-26T11:50:26","modified_gmt":"2021-08-26T14:50:26","slug":"salvo-de-contrabando-fossil-raro-encontrado-no-nordeste-revela-pterossauro-com-crista-gigante-e-dificuldade-de-voar","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/08\/26\/173091-salvo-de-contrabando-fossil-raro-encontrado-no-nordeste-revela-pterossauro-com-crista-gigante-e-dificuldade-de-voar.html","title":{"rendered":"Salvo de contrabando, f\u00f3ssil raro encontrado no Nordeste revela pterossauro com crista ‘gigante’ e dificuldade de voar"},"content":{"rendered":"\n
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Imagem art\u00edstica de como teria sido o pterossauro encontrado no Nordeste e agora apresentado na revista cient\u00edfica PLOS ONE – REUTERS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

At\u00e9 chegar \u00e0 Universidade de S\u00e3o Paulo (USP), um f\u00f3ssil praticamente completo do pterossauro <\/strong>Tupandactylus navigans<\/strong><\/em> passou por momentos arriscados: foi um dos 2 mil itens arqueol\u00f3gicos capturados pela Pol\u00edcia Federal na Opera\u00e7\u00e3o Munique em 2013, que impediu que estes materiais, a maioria encontrada no Cear\u00e1, fossem contrabandeados para a Europa, \u00c1sia e Estados Unidos. Depois do resgate, os itens arqueol\u00f3gicos foram entregues \u00e0 universidade.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Agora, o f\u00f3ssil do pterossauro acaba de ser descrito em um artigo publicado na revista cient\u00edfica americana PLOS ONE pelo paleont\u00f3logo Victor Beccari e colegas da USP, da Universidade Federal do Pampa, Universidade Estadual Paulista, Universidade Federal do ABC e da Universidade Nova de Lisboa (em Portugal).<\/p>\n\n\n\n

Ap\u00f3s anos de pesquisa envolvendo a realiza\u00e7\u00e3o de uma tomografia do f\u00f3ssil e a constru\u00e7\u00e3o de um modelo 3D computadorizado, \u00e9 poss\u00edvel dizer que a vida deste pterossauro h\u00e1 cerca de 115 milh\u00f5es de anos devia ser mais pacata do que testemunharam seus restos mortais no s\u00e9culo 21, quando quase foi levado ilegalmente para o exterior.<\/p>\n\n\n\n

Com uma crista na cabe\u00e7a grande demais para o seu corpo, a equipe acredita que este pterossauro tinha alguma dificuldade de locomo\u00e7\u00e3o e n\u00e3o era capaz de fazer voos longos; e, por seu pesco\u00e7o longo, vivia a maior parte do tempo forrageando no solo. O Tupandactylus navigans<\/em> possivelmente era um herb\u00edvoro e tinha um tamanho normal para pterossauros (cerca de 2,5m de envergadura e 1,20 de altura \u2014 um ter\u00e7o dela, 40 cm, ocupado pela crista na cabe\u00e7a).<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 seu f\u00f3ssil \u00e9 descrito pela equipe como “excepcional”: \u00e9 de um indiv\u00edduo adulto, tem quase todas as partes do corpo, e intactas, al\u00e9m de remanescentes dos tecidos moles das duas cristas (uma na mand\u00edbula e outra na cabe\u00e7a), do bico e das garras do pterossauro.<\/p>\n\n\n\n

Em entrevista \u00e0 BBC News Brasil, Victor Beccari, graduado na USP e mestre em paleontologia pela Universidade Nova de Lisboa, explicou que o f\u00f3ssil \u00e9 tamb\u00e9m um dos mais completos na fam\u00edlia dos Tapejaridae em todo o mundo.<\/p>\n\n\n\n

No Brasil, j\u00e1 haviam sido encontrados v\u00e1rios f\u00f3sseis de Tapejaridae, mas geralmente partes dispersas do animal.<\/p>\n\n\n\n

Tamb\u00e9m foram achados aqui os dois primeiros f\u00f3sseis do Tupandactylus navigans<\/em>, a partir dos quais a esp\u00e9cie foi descrita por pesquisadores europeus. Agora, o material apresentado pela equipe brasileira na PLOS ONE \u00e9 o terceiro f\u00f3ssil de que se tem not\u00edcia da esp\u00e9cie. Todos s\u00e3o da forma\u00e7\u00e3o Crato, na Chapada do Araripe \u2014 englobada pelos Estados do Cear\u00e1, Piau\u00ed e Pernambuco \u2014, conhecida mundialmente por revelar f\u00f3sseis muito bem preservados. Talvez a esp\u00e9cie, que viveu no per\u00edodo do Cret\u00e1ceo Inferior, tenha sido end\u00eamica (restrita a um local) dali.<\/p>\n\n\n\n

“Esta esp\u00e9cie j\u00e1 havia sido descrita em 2003, mas apenas pelo cr\u00e2nio. Ent\u00e3o essa \u00e9 a primeira vez que temos um esqueleto completo desse animal”, contou Beccari, falando de Portugal.<\/p>\n\n\n\n

“Como s\u00f3 conhec\u00edamos o cr\u00e2nio desse bicho, um monte de coisa foi in\u00e9dita. A primeira que chamou aten\u00e7\u00e3o foi a crista que ele tem na mand\u00edbula, muito grande”, aponta o pesquisador, mencionando tamb\u00e9m a crista que o animal tinha na cabe\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

“Os pterossauros voam, e para este animal conseguir voar longas dist\u00e2ncias, considerando a crista gigante de 40 cm que ele tem na cabe\u00e7a, ele deveria ou ter um pesco\u00e7o muito curto ou tend\u00f5es ossificados no pesco\u00e7o. N\u00e3o encontramos isso, o que mostra que talvez esse bicho n\u00e3o fosse um ex\u00edmio voador, se restringindo a voos mais curtos para encontrar alimentos ou fugir de predadores”, explica o paleont\u00f3logo, acrescentando que este pterossauro provavelmente era predado por dinossauros carn\u00edvoros grandes.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores encontraram em parte dos ossos e m\u00fasculos das asas um mecanismo bastante desenvolvido para a chamada ancoragem de voo, o que indica que, ao menos para tiros curtos, este animal tinha uma boa adapta\u00e7\u00e3o para o voo r\u00e1pido \u2014 por exemplo, para fugir logo de um predador. J\u00e1 as cristas provavelmente faziam o papel de atrativo sexual, como a cauda dos pav\u00f5es hoje em dia.<\/p>\n\n\n\n

Beccari conta que est\u00e1 trabalhando com este f\u00f3ssil desde 2016, quando ainda estava na gradua\u00e7\u00e3o na USP. Assinam com ele o artigo na PLOS ONE o seu orientador na faculdade, o paleont\u00f3logo Luiz Eduardo Anelli; seu orientador em Portugal, Oct\u00e1vio Mateus; e os pesquisadores Fabiana Costa (Universidade Federal do ABC), Felipe Pinheiro (Universidade Federal do Pampa) e Ivan Nunes (Universidade Estadual Paulista).<\/p>\n\n\n\n

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Museu da USP abriga o f\u00f3ssil mais completo de esp\u00e9cie de pterossauro que viveu h\u00e1 cerca de 115 milh\u00f5es de anos – USP IMAGENS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Um passo fundamental na pesquisa cujo resultados est\u00e3o sendo apresentados na revista cient\u00edfica foi a realiza\u00e7\u00e3o de uma tomografia no Hospital Universit\u00e1rio da USP.<\/p>\n\n\n\n

“Na tomografia, \u00e9 poss\u00edvel tirar milhares de imagens transversalmente ao f\u00f3ssil. Num software de computador, a gente consegue pegar essas imagens que s\u00e3o 2D e com isso formar uma superf\u00edcie geom\u00e9trica 3D”, explica o paleont\u00f3logo.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 como se voc\u00ea tivesse preparando o f\u00f3ssil, s\u00f3 que digitalmente. Assim, voc\u00ea consegue manipul\u00e1-lo do jeito que quiser, colocar na posi\u00e7\u00e3o que ele estaria em vida e acessar partes do f\u00f3ssil que n\u00e3o daria pra ver (no f\u00f3ssil original).”<\/p>\n\n\n\n

Tamanha pesquisa n\u00e3o seria poss\u00edvel se o material tivesse chegado ao destino planejado por contrabandistas. Uma lei brasileira de 1942\u00a0criminalizou a sa\u00edda de f\u00f3sseis do territ\u00f3rio nacional mas, mesmo assim, a regi\u00e3o do Crato foi classificada pelo Minist\u00e9rio das Rela\u00e7\u00f5es Exteriores (MRE) como a principal \u00e1rea de preocupa\u00e7\u00e3o na evas\u00e3o de patrim\u00f4nios nacionais.<\/p>\n\n\n\n

Beccari diz que ele e colegas da \u00e1rea acreditam que o f\u00f3ssil completo do Tupandactylus navigans <\/em>seria leiloado na Europa e provavelmente iria parar em uma cole\u00e7\u00e3o privada.<\/p>\n\n\n\n

“A gente n\u00e3o sabe para quem ou com qual valor ele seria vendido \u2014 muito provavelmente seria um pre\u00e7o bem alto, porque esse f\u00f3ssil renderia esse tipo de coisa.”<\/p>\n\n\n\n

“Para a ci\u00eancia, ele estaria perdido. Na paleontologia, voc\u00ea deve evitar trabalhar com materiais de cole\u00e7\u00e3o privada porque voc\u00ea precisa sempre ter a possibilidade de checar seus dados, e em uma cole\u00e7\u00e3o privada, nem todos v\u00e3o ter acesso. Se isto acontecesse, talvez a gente tivesse apenas uma foto dele \u2014 n\u00e3o ter\u00edamos artigo cient\u00edfico, nem um retorno para a sociedade como hoje, j\u00e1 que este f\u00f3ssil est\u00e1 em exposi\u00e7\u00e3o no Museu de Geoci\u00eancias da USP”, comemora o paleont\u00f3logo.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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