{"id":173099,"date":"2021-08-26T12:05:22","date_gmt":"2021-08-26T15:05:22","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=173099"},"modified":"2021-08-26T12:05:25","modified_gmt":"2021-08-26T15:05:25","slug":"fossil-perfeito-recuperado-pela-policia-federal-revela-segredos-de-reptil-voador-pre-historico","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/08\/26\/173099-fossil-perfeito-recuperado-pela-policia-federal-revela-segredos-de-reptil-voador-pre-historico.html","title":{"rendered":"F\u00f3ssil perfeito recuperado pela Pol\u00edcia Federal revela segredos de r\u00e9ptil voador pr\u00e9-hist\u00f3rico"},"content":{"rendered":"\n
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Incrustado em blocos de pedra calc\u00e1ria, o f\u00f3ssil rec\u00e9m-estudado \u00e9 o primeiro esqueleto completo de uma esp\u00e9cie de pterossauro\u00a0descrita\u00a0em 2003.
FOTO DE\u00a0VICTOR BECCARI<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Escondidas em barris e carregadas em caminh\u00f5es, milhares de rochas calc\u00e1rias estavam prontas para serem contrabandeadas para fora do Brasil em 2013. Retiradas de uma pedreira na Bacia do Araripe, na regi\u00e3o Nordeste, as placas n\u00e3o eram pedras comuns. Elas continham restos mortais preservados e impress\u00f5es impec\u00e1veis de criaturas que viveram h\u00e1 milh\u00f5es de anos.<\/p>\n\n\n\n

Fadado a ser vendido\u00a0a museus e potencialmente a colecionadores particulares de todo o mundo, o f\u00f3ssil teria rendido aos contrabandistas milhares de d\u00f3lares, se n\u00e3o mais. Em vez disso,\u00a0mandados de busca e apreens\u00e3o\u00a0expedidos pela Opera\u00e7\u00e3o Munique, da Pol\u00edcia Feral, interceptaram a exporta\u00e7\u00e3o ilegal e encaminharam quase 3 mil pe\u00e7as para a Universidade de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n\n\n\n

Entre as rel\u00edquias estava um r\u00e9ptil alado estranho, de quase um metro de altura, com mand\u00edbula semelhante ao bico de um p\u00e1ssaro e uma protuber\u00e2ncia na cabe\u00e7a maior que o normal. Agora, os cientistas relatam que o esqueleto \u00e9 o primeiro completo da esp\u00e9cie de pterossauro\u00a0Tupandactylus navigans,\u00a0<\/em>que viveu no in\u00edcio do per\u00edodo Cret\u00e1ceo, cerca de 110 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s.<\/p>\n\n\n\n

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O novo esqueleto f\u00f3ssil revela que esta esp\u00e9cie de pterossauro provavelmente poderia voar apenas curtas dist\u00e2ncias devido \u00e0 enorme crista em sua cabe\u00e7a.\u00a0
ARTE DE\u00a0VICTOR BECCARI<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

\u201cJ\u00e1 vi muitos pterossauros excepcionais e lindamente preservados no Brasil e no exterior, mas esp\u00e9cimes como este, que est\u00e1 quase completo e articulado, com preserva\u00e7\u00e3o das partes moles, s\u00e3o raros\u201d, diz Fabiana Rodrigues Costa, paleont\u00f3loga da Universidade Federal do ABC, em S\u00e3o Paulo, e coautora do\u00a0estudo publicado hoje na revista\u00a0PLOS ONE<\/em>\u00a0. \u201c\u00c9 como ganhar na loteria.\u201d<\/p>\n\n\n\n

A esp\u00e9cie foi descrita em 2003 por cientistas da Alemanha e da Inglaterra, a partir de dois cr\u00e2nios. Mas esta \u00e9 a primeira vez que os paleont\u00f3logos conseguem estudar o resto do corpo do animal, incluindo alguns tecidos moles e os ossos do pesco\u00e7o, das asas e das pernas. As descobertas podem um dia ajudar a resolver um antigo debate sobre como as cristas gigantescas nas cabe\u00e7as desses r\u00e9pteis podem ter afetado suas habilidades de voo.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 um f\u00f3ssil \u00fanico\u201d, diz Costa.<\/p>\n\n\n\n

R\u00e9pteis antigos do c\u00e9u<\/h3>\n\n\n\n

Pterossauros eram primos pr\u00f3ximos dos dinossauros e viveram ao lado deles.\u00a0Enquanto os dinossauros prosperavam em terra, os pterossauros reinavam nos c\u00e9us. Eles coexistiram desde o final do per\u00edodo Tri\u00e1ssico, mais de 200 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s, at\u00e9 o final do per\u00edodo Cret\u00e1ceo, 66 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s, quando ambos os grupos\u00a0foram extintos na calamidade global desencadeada por um asteroide.<\/p>\n\n\n\n

Mas os pterossauros n\u00e3o t\u00eam descendentes vivos, ao contr\u00e1rio dos dinossauros, que\u00a0sobrevivem nas aves atuais. Os f\u00f3sseis s\u00e3o a \u00fanica janela para a apar\u00eancia e a vida dessas criaturas voadoras pr\u00e9-hist\u00f3ricas, e os f\u00f3sseis de pterossauros s\u00e3o\u00a0extremamente raros. Seus ossos delicados deterioram-se com facilidade, muitas vezes rendendo apenas fragmentos de um esqueleto.<\/p>\n\n\n\n

Paleont\u00f3logos recuperaram restos de pterossauros principalmente de sedimentos que antes estavam submersos. A lama fofa enterrou rapidamente as carca\u00e7as depois que afundaram no fundo de lagos ou mares, e as condi\u00e7\u00f5es de baixo oxig\u00eanio limitaram a decomposi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A Bacia do Araripe, que j\u00e1 foi coberta por lagoas salinas, mas agora \u00e9 \u00e1rida e arbustiva, produz muitos f\u00f3sseis excepcionalmente preservados sepultados em camadas de calc\u00e1rio. \u201cVoc\u00ea abre a pedra como se estivesse abrindo um livro e, dentro dessas p\u00e1ginas, encontra f\u00f3sseis\u201d, diz o paleont\u00f3logo e coautor do estudo Felipe Lima Pinheiro, da Universidade Federal do Pampa, em S\u00e3o Gabriel (RS).<\/p>\n\n\n\n

Vinte e sete\u00a0das\u00a0mais de 110 esp\u00e9cies conhecidas de pterossauros\u00a0vieram dessa regi\u00e3o. Os tapejar\u00eddeos est\u00e3o entre os grupos mais diversos e abundantes, particularmente os do g\u00eanero\u00a0Tupandactylus<\/em>, todos com cristas de cabe\u00e7a enormes e extravagantes.<\/p>\n\n\n\n

Embora a Bacia do Araripe seja rica em f\u00f3sseis, Pinheiro diz que f\u00f3sseis de pterossauros n\u00e3o s\u00e3o comumente encontrados, muito menos os quase completos. O com\u00e9rcio ilegal de f\u00f3sseis n\u00e3o ajuda. Os esqueletos muitas vezes acabam nas m\u00e3os de compradores estrangeiros, em vez de em museus e institui\u00e7\u00f5es de pesquisa do Brasil.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO f\u00f3ssil quase completo \u00e9 um achado muito importante\u201d, diz o aluno de p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o em paleontologia Rodrigo Vargas P\u00eagas, da Universidade Federal do ABC, em Santo Andr\u00e9 (SP), que n\u00e3o esteve envolvido na pesquisa. \u201c\u00c9 uma grande not\u00edcia para a paleontologia brasileira.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Crista pr\u00e9-hist\u00f3rica<\/h3>\n\n\n\n

Em 2014, quando o f\u00f3ssil do Tupandactylus navigans<\/em> chegou \u00e0 Universidade de S\u00e3o Paulo, seu esqueleto estava incrustado em seis placas de calc\u00e1rio bege. Victor Beccari, estudante de p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o da universidade e principal autor do novo estudo, notou pela primeira vez que a crista do pterossauro correspondia a quase tr\u00eas quartos de seu cr\u00e2nio. \u201c\u00c9 t\u00e3o grande \u2013 relativamente ao tamanho do animal \u2013 quanto a cauda de um pav\u00e3o\u201d, diz ele.<\/p>\n\n\n\n

Para os cientistas que\u00a0descreveram\u00a0Tupandactylus navigans<\/em>\u00a0em 2003, a crista craniana parecia velas de windsurf e, portanto, um sistema de propuls\u00e3o para auxiliar o voo. Para que isso fosse poss\u00edvel, eles imaginaram um animal com pesco\u00e7o curto e tend\u00f5es \u00f3sseos travando as v\u00e9rtebras cervicais.<\/p>\n\n\n\n

Com acesso ao esqueleto completo, Beccari e seus colegas foram capazes de investigar a aptid\u00e3o do animal para o voo. A equipe gerou um modelo tridimensional do esqueleto usando <\/em>um scanner de tomografia computadorizada (TC) para analisar os ossos.<\/p>\n\n\n\n

Acontece que o Tupandactylus navigans<\/em> tinha um pesco\u00e7o longo, pernas longas e asas relativamente curtas. As descobertas sugerem que o animal andava melhor do que voava. A extravagante crista craniana do animal \u2013 possivelmente um ornamento para exibi\u00e7\u00e3o sexual \u2013 o limitaria a realizar voos de curta dist\u00e2ncia, possivelmente para fugir de predadores.<\/p>\n\n\n\n

Mas outro mist\u00e9rio dessa crista vertical estimula os pesquisadores a buscarem mais pistas. Uma esp\u00e9cie diferente de tapejar\u00eddeo, conhecido como Tupandactylus imperator, <\/em>viveu ao lado do Tupandactylus navigans<\/em>. O primeiro, conhecido por quatro cr\u00e2nios e ostentando uma crista ainda maior, compartilha uma forma de cabe\u00e7a semelhante \u00e0 do Tupandactylus navigans, <\/em>e os pesquisadores se perguntam se eles podem realmente ser dois sexos da mesma esp\u00e9cie.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 s\u00f3 um palpite.\u201d Pinheiro diz. \u201cUm esqueleto completo do imperator \u2013<\/em> se o encontrarmos \u2013 vai ajudar.\u201d Talvez o calc\u00e1rio da Bacia do Araripe renda mais ossos tapejar\u00eddeos, revelando mais segredos sobre a vida desses r\u00e9pteis enigm\u00e1ticos.<\/p>\n\n\n\n

Por enquanto, gra\u00e7as \u00e0 opera\u00e7\u00e3o policial, cientistas e o p\u00fablico em geral podem ver o\u00a0Tupandactylus navigans<\/em>\u00a0com os pr\u00f3prios olhos: seu\u00a0not\u00e1vel esqueleto est\u00e1 em exibi\u00e7\u00e3o\u00a0no Museu de Geoci\u00eancias de S\u00e3o Paulo desde 2017.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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