{"id":173204,"date":"2021-08-31T19:13:07","date_gmt":"2021-08-31T22:13:07","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=173204"},"modified":"2021-08-31T19:13:10","modified_gmt":"2021-08-31T22:13:10","slug":"o-que-esta-ao-nosso-alcance-diante-da-iminente-crise-climatica","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/08\/31\/173204-o-que-esta-ao-nosso-alcance-diante-da-iminente-crise-climatica.html","title":{"rendered":"O que est\u00e1 ao nosso alcance diante da iminente crise clim\u00e1tica?"},"content":{"rendered":"\n
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Inc\u00eandio na Calif\u00f3rnia (EUA), em 2021 (Foto: CALFIRE_Official)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Em meio a tantas not\u00edcias de desordem mundial, a divulga\u00e7\u00e3o do relat\u00f3rio\u00a0Mudan\u00e7as clim\u00e1ticas 2021: a base cient\u00edfica<\/em>, com cen\u00e1rios catastr\u00f3ficos em n\u00edvel global projetados para um futuro cada vez mais pr\u00f3ximo, acabou passando quase despercebida pela popula\u00e7\u00e3o em geral. Aprovado por 195 estados membros membros do grupo de especialistas do Painel Intergovernamental sobre as Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas (IPCC), o relat\u00f3rio foi elaborado a partir de mais de 14 mil artigos cient\u00edficos.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o documento, o aumento de 1,5\u00baC da temperatura na superf\u00edcie da\u00a0Terra\u00a0em compara\u00e7\u00e3o ao per\u00edodo pr\u00e9-industrial ser\u00e1 atingido em at\u00e9 duas d\u00e9cadas, independentemente do cen\u00e1rio considerado. Se as\u00a0emiss\u00f5es\u00a0de gases de efeito estufa\u00a0(GEE) n\u00e3o forem reduzidas nos pr\u00f3ximos anos, isso poder\u00e1 acontecer ainda mais cedo.<\/p>\n\n\n\n

O IPCC trabalhou em cinco cen\u00e1rios diferentes, do mais otimista ao mais sombrio. Em todos os cinco casos, o aumento da\u00a0temperatura\u00a0global chegaria a 1,5 ou 1,6\u00baC por volta de 2040, uma d\u00e9cada antes do estimado pelo Painel h\u00e1 apenas tr\u00eas anos. Na aus\u00eancia de redu\u00e7\u00f5es imediatas, r\u00e1pidas e em grande escala das emiss\u00f5es de GEE, \u00e9 poss\u00edvel ainda um aumento de 2\u00baC ou pouco mais.<\/p>\n\n\n\n

Todas as regi\u00f5es do mundo est\u00e3o em risco. Cada 0,5\u00baC adicional de\u00a0aquecimento\u00a0resultar\u00e1 em um aumento na intensidade e na frequ\u00eancia dos\u00a0eventos extremos. Globalmente, precipita\u00e7\u00e3o di\u00e1ria intensa e consequentes inunda\u00e7\u00f5es devem aumentar em cerca de 7% para cada 1 grau de aquecimento global. Em altas latitudes, espera-se que a precipita\u00e7\u00e3o aumente; j\u00e1 nas latitudes menores, onde se localiza todo territ\u00f3rio brasileiro, deve diminuir.<\/p>\n\n\n\n

Evid\u00eancias n\u00e3o faltam para essas proje\u00e7\u00f5es: 1) na \u00faltima d\u00e9cada, a temperatura m\u00e9dia global na superf\u00edcie da Terra foi 1,09\u00baC superior \u00e0 de 1850-1900 ; 2) os \u00faltimos cinco anos foram os mais quentes j\u00e1 registrados desde 1850; 3) a recente taxa de\u00a0aumento do n\u00edvel do mar\u00a0quase triplicou em compara\u00e7\u00e3o com o per\u00edodo de 1901 a 1971; 4) a influ\u00eancia humana \u00e9 “muito provavelmente” (probabilidade de 90%) o principal fator pelo derretimento de geleiras desde a d\u00e9cada de 1990 e pela diminui\u00e7\u00e3o do gelo marinho do\u00a0\u00c1rtico; 5) \u00e9 “praticamente certo” que os extremos de calor se tornaram mais frequentes e intensos desde a d\u00e9cada de 1950, enquanto os epis\u00f3dios de frio se tornaram menos frequentes e menos severos.<\/p>\n\n\n\n

Tampouco faltam exemplos reais: ondas de calor extremo como as observadas nas \u00faltimas semanas nos pa\u00edses ao longo do\u00a0Mediterr\u00e2neo\u00a0e no oeste da Am\u00e9rica do Norte, com a temperatura alcan\u00e7ando 49,6\u00baC no Canad\u00e1; ou inunda\u00e7\u00f5es como as que tomaram parte da Alemanha e da China; e ainda secas e\u00a0inc\u00eandios florestais\u00a0cada vez mais intensos e extensos na Calif\u00f3rnia, no Brasil e at\u00e9 na Sib\u00e9ria.<\/p>\n\n\n\n

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Na aus\u00eancia de redu\u00e7\u00f5es imediatas, r\u00e1pidas e em grande escala das emiss\u00f5es de GEE, \u00e9 poss\u00edvel um aumento de 2\u00baC ou pouco mais. (Foto: Pixabay)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Tudo isso acompanhado por perdas de vidas humanas e da fauna, aumento de problemas cardiorrespirat\u00f3rios, quebras de safra e aumento do pre\u00e7o dos alimentos, falta de \u00e1gua e custo energ\u00e9tico elevado, danos materiais e morais, entre muitos outros problemas. Ou seja, as\u00a0mudan\u00e7as clim\u00e1ticas\u00a0j\u00e1 est\u00e3o afetando o nosso dia a dia. No entanto, ainda estamos vivenciando apenas uma amostra atenuada do que pode acontecer.<\/p>\n\n\n\n

Sem as altera\u00e7\u00f5es no\u00a0clima, alguns desses eventos ocorreriam devido a outros fen\u00f4menos naturais. Mas n\u00e3o todos e tantos quase simultaneamente ou com tamanha intensidade. Para se ter ideia, o recorde de temperatura atingido em 2021 no Canad\u00e1, um pa\u00eds de clima temperado a polar, \u00e9 5\u00baC mais elevado que a marca anterior do pa\u00eds, registrada em 1937, e 5\u00baC maior que o recorde brasileiro, registrado em novembro de 2020 em Nova Maring\u00e1, no Mato Grosso.<\/p>\n\n\n\n

Com o aumento projetado de 1,5\u00baC, haver\u00e1 mais\u00a0ondas de calor, esta\u00e7\u00f5es quentes mais longas e esta\u00e7\u00f5es frias mais curtas. A 2\u00baC, de acordo com o relat\u00f3rio, extremos de calor atingir\u00e3o mais frequentemente limites cr\u00edticos para agricultura e\u00a0sa\u00fade, ciclones e tempestades tropicais devem se intensificar e eventos extremos simult\u00e2neos devem se tornar mais repetidos.<\/p>\n\n\n\n

O n\u00edvel m\u00e9dio global do mar em compara\u00e7\u00e3o com o per\u00edodo de 1995 a 2014 poderia aumentar de 0,28 a 0,55 metro no caso de emiss\u00f5es de GEE muito baixas, ou mesmo de 0,63 a 1,01 metro num cen\u00e1rio de emiss\u00f5es muito altas, resultando em inunda\u00e7\u00f5es e eros\u00e3o mais frequentes e severas em \u00e1reas costeiras. E a\u00a0Amaz\u00f4nia, hoje fundamental para a\u00e7\u00f5es de mitiga\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica, pode atingir o ponto de n\u00e3o retorno (o\u00a0tipping point<\/em>), perdendo suas caracter\u00edsticas de floresta densa e sempre verde.<\/p>\n\n\n\n

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N\u00famero de alertas de desmatamento na Amaz\u00f4nia em 2021 \u00e9 o segundo maior desde 2016 (Foto: Fotos P\u00fablicas)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Embora este relat\u00f3rio seja mais claro e contundente sobre as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e suas consequ\u00eancias, os cientistas t\u00eam mais esperan\u00e7a de que, se as emiss\u00f5es globais forem reduzidas pela metade at\u00e9 2030 e chegarem a zero l\u00edquido em meados do s\u00e9culo, seremos capazes de parar, ou at\u00e9 mesmo reverter, o aumento das temperaturas.<\/p>\n\n\n\n

O alcance de emiss\u00e3o zero l\u00edquida envolve a redu\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es de GEE por meio de tecnologias limpas, redu\u00e7\u00e3o do\u00a0desmatamento\u00a0e da degrada\u00e7\u00e3o florestal, desenvolvimento de t\u00e9cnicas de captura e\u00a0armazenamento de carbono\u00a0em escala; e do sequestro de CO2 com o plantio de \u00e1rvores e ado\u00e7\u00e3o de pr\u00e1ticas de melhor manejo de solos. Nesse contexto, o Brasil, como detentor da maior \u00e1rea de floresta tropical do mundo e com milh\u00f5es de hectares de \u00e1reas degradadas e abandonadas, sem nenhum retorno econ\u00f4mico ou social, tem uma contribui\u00e7\u00e3o protagonista a oferecer.<\/p>\n\n\n\n

Mas, acima de tudo, a remo\u00e7\u00e3o de GEE da\u00a0atmosfera\u00a0requer vontade e coes\u00e3o pol\u00edtica em n\u00edvel mundial. Mesmo que essa remo\u00e7\u00e3o ocorra de forma efetiva e r\u00e1pida, a estabiliza\u00e7\u00e3o das temperaturas globais pode levar de 20 a 30 anos. Alguns dos impactos das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas at\u00e9 o momento, como perdas de geleiras e aumento do n\u00edvel do mar, no entanto, j\u00e1 s\u00e3o “irrevers\u00edveis” ao longo de d\u00e9cadas, at\u00e9 mil\u00eanios.<\/p>\n\n\n\n

Por outro lado, o cen\u00e1rio pode ser ainda pior se os tomadores de decis\u00e3o continuarem a ignorar as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas ou a adotar medidas limitadas de combate, priorizando unicamente a defesa de interesses econ\u00f4micos a curto prazo.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O aumento de 1,5\u00baC da temperatura na superf\u00edcie da\u00a0Terra\u00a0em compara\u00e7\u00e3o ao per\u00edodo pr\u00e9-industrial ser\u00e1 atingido em at\u00e9 duas d\u00e9cadas. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":173205,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[476,1236,54],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/173204"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=173204"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/173204\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":173208,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/173204\/revisions\/173208"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/173205"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=173204"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=173204"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=173204"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}