{"id":173210,"date":"2021-08-31T23:08:19","date_gmt":"2021-09-01T02:08:19","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=173210"},"modified":"2021-08-31T23:08:21","modified_gmt":"2021-09-01T02:08:21","slug":"assassinatos-de-indigenas-no-brasil-crescem-22-em-uma-decada","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/08\/31\/173210-assassinatos-de-indigenas-no-brasil-crescem-22-em-uma-decada.html","title":{"rendered":"Assassinatos de ind\u00edgenas no Brasil crescem 22% em uma d\u00e9cada"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a>
Ind\u00edgenas protestam antes do julgamento do marco temporal no STF, que pode definir o futuro das demarca\u00e7\u00f5es de terras no Brasil<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A taxa de homic\u00eddios de ind\u00edgenas cresceu 22% no Brasil em uma d\u00e9cada, saltando de 15 mortes por 100 mil habitantes em 2009 para 18,3 em 2019 \u2013 enquanto a taxa de assassinatos da popula\u00e7\u00e3o como um todo caiu 20%, de 27,2 por 100 mil habitantes em 2009 para 21,7 em 2019. O dado in\u00e9dito consta no Atlas da Viol\u00eancia 2021, publicado nesta ter\u00e7a-feira (31\/08).<\/p>\n\n\n\n

Ao todo, o Brasil registrou 2.074 homic\u00eddios de ind\u00edgenas entre 2009 e 2019, o que significa que um ind\u00edgena foi assassinado a cada dois dias no pa\u00eds ao longo desses 11 anos.<\/p>\n\n\n\n

Em 2019, \u00faltimo ano analisado pelo relat\u00f3rio, foram computadas 186 mortes. Os estados que registraram mais homic\u00eddios de ind\u00edgenas em n\u00fameros absolutos naquele ano foram o Amazonas (49), Roraima (41) e Mato Grosso do Sul (39).<\/p>\n\n\n\n

Tamb\u00e9m em 2019, a taxa de homic\u00eddios de ind\u00edgenas relativa \u00e0 popula\u00e7\u00e3o chegou a superar o \u00edndice de assassinatos em geral em cinco estados: Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Neste \u00faltimo, enquanto a taxa de mortes violentas foi de 17,7 por 100 mil habitantes, a taxa de homic\u00eddio de ind\u00edgenas foi de 44,8.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 a primeira vez que o Atlas da Viol\u00eancia inclui dados sobre viol\u00eancia letal contra ind\u00edgenas. A pesquisa anual usa dados do Minist\u00e9rio da Sa\u00fade, especialmente do Sistema de Informa\u00e7\u00f5es sobre Mortalidade (SIM), e foi elaborado pelo F\u00f3rum Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica (FBSP), pelo Instituto de Pesquisa Econ\u00f4mica Aplicada (Ipea) e pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).<\/p>\n\n\n\n

O relat\u00f3rio deste ano observa que houve “recentes mudan\u00e7as nas orienta\u00e7\u00f5es da pol\u00edtica indigenista brasileira”, sobretudo a partir de 2019, sob o governo do presidente Jair Bolsonaro, o que vem impactando a seguran\u00e7a dos povos ind\u00edgenas.<\/p>\n\n\n\n

“[Terras Ind\u00edgenas] se veem pressionadas progressivamente por crimes como invas\u00f5es, grilagens e desmatamentos ilegais, aumentando as tens\u00f5es, os conflitos e, previsivelmente, os n\u00fameros de homic\u00eddios”, afirma o texto.<\/p>\n\n\n\n

No in\u00edcio deste m\u00eas,\u00a0Bolsonaro foi alvo de uma den\u00fancia\u00a0protocolada no Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade e genoc\u00eddio contra os povos ind\u00edgenas. O pedido de investiga\u00e7\u00e3o foi apresentado pela Articula\u00e7\u00e3o dos Povos Ind\u00edgenas do Brasil (Apib) e re\u00fane uma s\u00e9rie de discursos, decis\u00f5es e omiss\u00f5es registradas desde 1\u00ba de janeiro de 2019, in\u00edcio do mandato de Bolsonaro, que comprovariam a inten\u00e7\u00e3o de exterm\u00ednio dos povos origin\u00e1rios.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve retomar nesta semana o julgamento da\u00a0tese do marco temporal, segundo a qual os povos ind\u00edgenas s\u00f3 teriam direito \u00e0 demarca\u00e7\u00e3o de terras que j\u00e1 estavam ocupadas por eles na data da promulga\u00e7\u00e3o da Constitui\u00e7\u00e3o de 1988. A Apib considera o\u00a0julgamento na Corte\u00a0“o mais importante do s\u00e9culo” para os povos ind\u00edgenas.<\/p>\n\n\n\n

Quase 17 mil mortes violentas sem causa conhecida<\/h2>\n\n\n\n

Ao todo, entre 2009 e 2019 o Brasil contabilizou 623.439 v\u00edtimas de homic\u00eddio. Destas, 333.330, ou 53% do total, eram adolescentes e jovens. Somente em 2019, foram 45.503 homic\u00eddios.<\/p>\n\n\n\n

O Atlas da Viol\u00eancia destaca, por\u00e9m, que esse n\u00famero pode ser ainda maior, devido ao grande n\u00famero de mortes violentas por causa indeterminada. Tais mortes podem ter sido causadas por assassinatos e agress\u00f5es, mas tamb\u00e9m por acidentes ou suic\u00eddios, portanto s\u00e3o registradas oficialmente como indefinidas.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a pesquisa, houve um aumento de 35% no n\u00famero de mortes violentas por causa indeterminada entre 2018 e 2019, saltando de 12.310 para 16.648 \u2013 o que pode se refletir em uma subnotifica\u00e7\u00e3o dos homic\u00eddios registrados no pa\u00eds no per\u00edodo.<\/p>\n\n\n\n

O total de 45.503 homic\u00eddios em 2019 \u00e9, inclusive, o menor registrado no Brasil desde o in\u00edcio da s\u00e9rie hist\u00f3rica, em 1995. Em compara\u00e7\u00e3o com os n\u00fameros de 2018, quando foram registrados 57.956 homic\u00eddios, houve uma queda de 21%.<\/p>\n\n\n\n

Segundo os pesquisadores, acredita-se que, em m\u00e9dia, 73% dos casos de mortes indeterminadas referem-se a homic\u00eddios, o que por si s\u00f3 j\u00e1 elevaria o n\u00famero de mortes no pa\u00eds em 2019.<\/p>\n\n\n\n

Negro tem 2,6 vezes mais chance de ser assassinado<\/h2>\n\n\n\n

O n\u00famero de negros assassinados tamb\u00e9m cresceu na \u00faltima d\u00e9cada, enquanto caiu o n\u00famero de homic\u00eddios de n\u00e3o negros, segundo divulgou o Atlas da Viol\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

Em n\u00fameros absolutos, houve um aumento de 1,6% dos homic\u00eddios de negros entre 2009 e 2019, passando de 33.929 v\u00edtimas para 34.446. Enquanto isso, entre n\u00e3o negros houve redu\u00e7\u00e3o de 33% no n\u00famero de v\u00edtimas, passando de 15.249 mortos em 2009 para 10.217 em 2019.<\/p>\n\n\n\n

Em 2019, os negros representaram 77% das v\u00edtimas de homic\u00eddios no pa\u00eds, com uma taxa de 29,2 por 100 mil habitantes. Entre os n\u00e3o negros, a taxa foi de 11,2 para cada 100 mil, o que significa que o risco de um negro ser assassinado \u00e9 2,6 vezes superior ao de uma pessoa n\u00e3o negra.<\/p>\n\n\n\n

Crescem as mortes de mulheres em casa<\/h2>\n\n\n\n

Em rela\u00e7\u00e3o aos homic\u00eddios femininos, o Atlas da Viol\u00eancia informou que 50.056 mulheres foram assassinadas entre 2009 e 2019. Nesse per\u00edodo, o n\u00famero de mulheres negras mortas cresceu 2%, enquanto o homic\u00eddio de mulheres n\u00e3o negras caiu 26,9%.<\/p>\n\n\n\n

O relat\u00f3rio tamb\u00e9m aponta uma mudan\u00e7a na distribui\u00e7\u00e3o dos homic\u00eddios femininos: enquanto a taxa de homic\u00eddios de mulheres dentro das resid\u00eancias cresceu 6,1%, a taxa de mulheres mortas fora das resid\u00eancias caiu 28,1%.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a diretora executiva do F\u00f3rum Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica, Samira Bueno, o local do homic\u00eddio \u00e9 importante para se compreender as din\u00e2micas de viol\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

“Assassinatos de mulheres dentro de casa est\u00e3o associados \u00e0 viol\u00eancia dom\u00e9stica. Os homic\u00eddios de mulheres fora de suas resid\u00eancias, por outro lado, em geral, est\u00e3o associados a din\u00e2micas de viol\u00eancia urbana. O crescimento dos homic\u00eddios de mulheres dentro do pr\u00f3prio lar nos \u00faltimos 11 anos indica o recrudescimento da viol\u00eancia dom\u00e9stica no per\u00edodo”, afirma Bueno.<\/p>\n\n\n\n

Mortes por armas de fogo<\/h2>\n\n\n\n

Entre 2009 e 2019, 439.160 pessoas foram assassinadas por arma de fogo, o que corresponde a 70% de todos os homic\u00eddios do per\u00edodo, afirmou o Atlas da Viol\u00eancia. O n\u00famero significa que 109 pessoas foram assassinadas a tiros por dia no pa\u00eds ao longo da \u00faltima d\u00e9cada.<\/p>\n\n\n\n

Em 2019, o Brasil registrou 14,7 assassinatos por armas de fogo por 100 mil habitantes, com 16 estados registrando taxas acima da m\u00e9dia nacional. A maior taxa foi registrada no Rio Grande do Norte (33,7 homic\u00eddios por 100 mil habitantes), seguido de Sergipe (33,5), Bahia (30,9), Pernambuco (28,4) e Par\u00e1 (27,2).<\/p>\n\n\n\n

O relat\u00f3rio destaca que os desdobramentos da pol\u00edtica armamentista promovida pelo governo Bolsonaro “produzem riscos de elevar os n\u00fameros de homic\u00eddios a m\u00e9dio e longo prazos”.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c0 luz das evid\u00eancias cient\u00edficas, essa pol\u00edtica deve ser reavaliada o quanto antes, n\u00e3o apenas para que assim sejam reduzidos os danos trazidos na atualidade a toda a sociedade, bem como os riscos futuros contra a vida e a seguran\u00e7a dos brasileiros”, afirma o documento.<\/p>\n\n\n\n

Viol\u00eancia contra pessoas com defici\u00eancia<\/h2>\n\n\n\n

Al\u00e9m dos dados sobre ind\u00edgenas, outro levantamento in\u00e9dito do Atlas da Viol\u00eancia 2021 envolve pessoas com defici\u00eancia. Em 2019, foram registrados no pa\u00eds 7.613 casos de viol\u00eancia contra pessoas com defici\u00eancia \u2013 seja f\u00edsica, intelectual, visual ou auditiva.<\/p>\n\n\n\n

Segundo a pesquisa, foram encontradas taxas elevadas de notifica\u00e7\u00f5es de viol\u00eancias contra pessoas com defici\u00eancia intelectual (36,2 notifica\u00e7\u00f5es para cada 10 mil pessoas), sobretudo mulheres, quando comparadas \u00e0 popula\u00e7\u00e3o com outros tipos de defici\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

Quanto \u00e0 faixa et\u00e1ria, a maior concentra\u00e7\u00e3o de notifica\u00e7\u00f5es \u00e9 contra pessoas de 10 a 19 anos. Os autores do estudo destacam que h\u00e1 mais casos notificados de viol\u00eancia contra mulheres do que contra homens em todas as faixas et\u00e1rias, exceto entre 0 e 9 anos (293 contra 332).<\/p>\n\n\n\n

Em 2019, a viol\u00eancia dom\u00e9stica representou mais de 58% das notifica\u00e7\u00f5es de viol\u00eancia contra pessoas com defici\u00eancia \u2013 e ela tamb\u00e9m atinge mais as mulheres (61%).<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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