{"id":173244,"date":"2021-09-02T12:43:50","date_gmt":"2021-09-02T15:43:50","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=173244"},"modified":"2021-09-02T12:43:54","modified_gmt":"2021-09-02T15:43:54","slug":"fogo-na-amazonia-afetou-85-das-especies-em-extincao-revela-estudo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/09\/02\/173244-fogo-na-amazonia-afetou-85-das-especies-em-extincao-revela-estudo.html","title":{"rendered":"Fogo na Amaz\u00f4nia afetou 85% das esp\u00e9cies em extin\u00e7\u00e3o, revela estudo"},"content":{"rendered":"\n
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Segundo o estudo, 150.000 quil\u00f4metros quadrados da floresta amaz\u00f4nica foram atingidos por inc\u00eandios de 2001 a 2019<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Um estudo internacional com a participa\u00e7\u00e3o de cientistas brasileiros revelou nesta quarta-feira (01\/09) que 90% das esp\u00e9cies de plantas e animais vertebrados da regi\u00e3o amaz\u00f4nica foram impactados pelas queimadas<\/a> de 2001 a 2019.<\/p>\n\n\n\n

Entre as esp\u00e9cies consideradas amea\u00e7adas de extin\u00e7\u00e3o, 85% tiveram grande parte de seus habitats naturais devastados pelo fogo, que, al\u00e9m de causar a morte de animais, transformou os locais onde eles viviam.<\/p>\n\n\n\n

Os resultados foram publicados na renomada revista cient\u00edfica\u00a0Nature\u00a0<\/em>e revelam que 150 mil quil\u00f4metros quadrados da floresta amaz\u00f4nica<\/a> foram atingidos por inc\u00eandios no per\u00edodo.<\/p>\n\n\n\n

Para o estudo, os pesquisadores levaram em considera\u00e7\u00e3o 11.514 esp\u00e9cies de plantas e 3.079 esp\u00e9cies de animais vertebrados em toda a extens\u00e3o da Bacia Amaz\u00f4nica. Observando as tend\u00eancias dos inc\u00eandios e levando em considera\u00e7\u00e3o a seca, os cientistas descobriram uma liga\u00e7\u00e3o inequ\u00edvoca entre a atividade humana e o desmatamento.<\/p>\n\n\n\n

“Descobrimos que os inc\u00eandios e seus impactos est\u00e3o relacionados aos regimes de pol\u00edtica florestal da regi\u00e3o”, disse Xiao Feng, da Universidade da Fl\u00f3rida, principal autor do estudo, em entrevista \u00e0 ag\u00eancia de not\u00edcias AFP.<\/p>\n\n\n\n

No Brasil, onde est\u00e1 localizada a maior parte da Bacia Amaz\u00f4nica, pol\u00edticas para reduzir o desmatamento foram implementadas em meados dos anos 2000. No entanto, o governo do presidente Jair Bolsonaro tem pressionado cada vez mais para liberar \u00e1reas de florestas protegidas ao agroneg\u00f3cio e \u00e0 minera\u00e7\u00e3o. Segundo o estudo, houve um aumento no desmatamento desde que ele assumiu o cargo, em janeiro de 2019.<\/p>\n\n\n\n

“O impacto [dos inc\u00eandios] foi menor entre 2009 e 2018, mas observamos um aumento em 2019, que coincidiu com o relaxamento das pol\u00edticas florestais na regi\u00e3o”, disse Feng.<\/p>\n\n\n\n

Sucateamento da fiscaliza\u00e7\u00e3o ambiental<\/h2>\n\n\n\n

Segundo Danilo Neves, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos autores da pesquisa, o sucateamento dos \u00f3rg\u00e3os de fiscaliza\u00e7\u00e3o ambiental \u00e9 a principal causa da crescente perda da diversidade de animais e plantas na regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Neves explica que o estudo considerou tr\u00eas per\u00edodos. O primeiro foi de 2002 a 2008, quando a regulamenta\u00e7\u00e3o e a fiscaliza\u00e7\u00e3o eram pouco efetivas. O segundo, de 2009 a 2015, \u00e9poca em que a fiscaliza\u00e7\u00e3o se tornou mais rigorosa e, em consequ\u00eancia, houve redu\u00e7\u00e3o no desmatamento e nas queimadas. O \u00faltimo foi de 2016 e 2019, per\u00edodo em que teve in\u00edcio o relaxamento da fiscaliza\u00e7\u00e3o e, portanto, intensificaram-se o fogo e o desmatamento.<\/p>\n\n\n\n

“De 2016 para c\u00e1, com a diminui\u00e7\u00e3o da fiscaliza\u00e7\u00e3o, o cen\u00e1rio s\u00f3 piorou. Como resultado, em 2019, as queimadas ficaram acima da m\u00e9dia hist\u00f3rica recente no pa\u00eds”, explicou Neves ao site da UFMG.<\/p>\n\n\n\n

Os cientistas observam que os \u00faltimos quatro meses de 2019 houve menos inc\u00eandios do que o esperado. Segundo eles, isso coincidiu com os esfor\u00e7os do governo para intensificar o combate \u00e0s queimadas, ap\u00f3s a grande repercuss\u00e3o internacional negativa das pol\u00edticas ambientais de Bolsonaro no come\u00e7o de sua gest\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

“Se a regulamenta\u00e7\u00e3o e a fiscaliza\u00e7\u00e3o iniciadas em 2009 tivessem sido mantidas, n\u00e3o estar\u00edamos diante da maior m\u00e9dia hist\u00f3rica de desmatamento na Amaz\u00f4nia. Devemos resgatar a regulamenta\u00e7\u00e3o e a fiscaliza\u00e7\u00e3o, restaurar e recuperar as \u00e1reas perdidas”, revelou Neves. <\/p>\n\n\n\n

Como a pesquisa foi feita<\/h2>\n\n\n\n

Para mostrar o impacto dos inc\u00eandios na biodiversidade amaz\u00f4nica, Feng e os demais pesquisadores usaram um vasto banco de dados de esp\u00e9cies de plantas, bem como mapas especializados de habitats animais da Uni\u00e3o Internacional para a Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza e Recursos Naturais (IUCN, na sigla em ingl\u00eas), entidade respons\u00e1vel por elaborar a lista\u00a0vermelha de esp\u00e9cies amea\u00e7adas\u00a0de extin\u00e7\u00e3o<\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Com base em estimativas das \u00e1reas geogr\u00e1ficas de cada esp\u00e9cie, Feng e sua equipe constru\u00edram o que descreveram como “o maior conjunto de mapas de distribui\u00e7\u00e3o” da Bacia Amaz\u00f4nica.<\/p>\n\n\n\n

A sobreposi\u00e7\u00e3o desses mapas com zonas florestais impactadas pelo fogo, obtidas com base em dados de sat\u00e9lite, revelou um quadro sombrio para a biodiversidade.<\/p>\n\n\n\n

A situa\u00e7\u00e3o deve piorar ainda mais, revela o estudo, \u00e0 medida que os inc\u00eandios passarem do per\u00edmetro para o “cora\u00e7\u00e3o” da Bacia Amaz\u00f4nica.<\/p>\n\n\n\n

Causas dos inc\u00eandios<\/h2>\n\n\n\n

O estudo tamb\u00e9m investigou os fatores que levaram \u00e0s queimadas, com o objetivo de descobrir se o fogo foi ocasionado pelas secas recentes.<\/p>\n\n\n\n

Neves explica que, mesmo levando em conta o aumento recente das secas na Amaz\u00f4nia, que pode contribuir para o fogo, \u00e9 poss\u00edvel afirmar que o clima mais seco n\u00e3o \u00e9 suficiente para “explicar o grande aumento das queimadas”.<\/p>\n\n\n\n

“O que mais explica esse n\u00famero alarmante de \u00e1reas queimadas \u00e9 o aumento do desmatamento, que se deve ao relaxamento da fiscaliza\u00e7\u00e3o ambiental a partir de 2016”, diz Neves.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o professor, trata-se de um “efeito cascata”, com graves consequ\u00eancias para a biodiversidade da regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

“O aumento do desmatamento implica o aumento das \u00e1reas de queimada, e\u00a0isso reduziu\u00a0a biodiversidade em escalas locais e regionais. Como algumas esp\u00e9cies t\u00eam\u00a0distribui\u00e7\u00e3o muito restrita, esse processo pode at\u00e9 gerar a extin\u00e7\u00e3o de plantas e animais. Cada esp\u00e9cie tem um\u00a0papel fundamental, e sua perda pode culminar no colapso desses ecossistemas”, explicou\u00a0o professor\u00a0ao site da UFMG.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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