{"id":173752,"date":"2021-09-23T12:08:17","date_gmt":"2021-09-23T15:08:17","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=173752"},"modified":"2021-09-23T12:08:19","modified_gmt":"2021-09-23T15:08:19","slug":"54-das-metas-brasileiras-para-a-agenda-2030-estao-em-retrocesso","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/09\/23\/173752-54-das-metas-brasileiras-para-a-agenda-2030-estao-em-retrocesso.html","title":{"rendered":"54% das metas brasileiras para a Agenda 2030 est\u00e3o em retrocesso"},"content":{"rendered":"\n
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Brasil est\u00e1 muito longe de cumprir qualquer um dos ODS, aponta relat\u00f3rio (Foto: Valmir Neves Fernandes\/MST-PR e Giorgia Prates)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Enquanto l\u00edderes mundiais se re\u00fanem na\u00a0Assembleia Geral da ONU, acontece tamb\u00e9m a Semana de A\u00e7\u00e3o Global para os Objetivos de Desenvolvimento Sustent\u00e1vel (ODS), que pretende discutir e impulsionar a\u00e7\u00f5es de diferentes setores da\u00a0sociedade\u00a0civil em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 Agenda 2030.<\/p>\n\n\n\n

E a realidade brasileira em rela\u00e7\u00e3o ao\u00a0desenvolvimento sustent\u00e1vel\u00a0\u00e9 muito diferente da boa imagem que Bolsonaro tentou transmitir para a comunidade internacional nesta ter\u00e7a-feira (21). De acordo com a quinta edi\u00e7\u00e3o do\u00a0Relat\u00f3rio Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030<\/em>, o Brasil n\u00e3o apresentou avan\u00e7o satisfat\u00f3rio em nenhuma das 169 metas da agenda de desenvolvimento sustent\u00e1vel, definida pela\u00a0ONU\u00a0em 2015. E, pior, 54,4% delas est\u00e3o em retrocesso, 16% est\u00e3o estagnadas e 12,4%, amea\u00e7adas.<\/p>\n\n\n\n

Produzido pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030) e lan\u00e7ado em julho de 2021, o Relat\u00f3rio Luz foi constru\u00eddo por 106 especialistas a partir de dados governamentais. Nesta Semana de A\u00e7\u00e3o Global para os ODS, o documento volta ao debate ao mesmo tempo em que a 76\u00aa edi\u00e7\u00e3o da Assembleia Geral da ONU discute as\u00a0mudan\u00e7as clim\u00e1ticas\u00a0e o cen\u00e1rio\u00a0p\u00f3s-pand\u00eamico.<\/p>\n\n\n\n

No ODS 13, por exemplo, que prev\u00ea justamente uma A\u00e7\u00e3o Contra a\u00a0Mudan\u00e7a Global do Clima, quatro das cinco metas foram classificadas como em retrocesso no Brasil. Essa categoria refere-se a pol\u00edticas ou a\u00e7\u00f5es que foram interrompidas, alteradas ou perderam or\u00e7amento. O relat\u00f3rio aponta que, em 2020, foram editadas ao menos 150 normas de\u00a0impacto ambiental e clim\u00e1tico, seja promovendo reformas ou flexibiliza\u00e7\u00e3o de regulamentos ou revogando atribui\u00e7\u00f5es de prote\u00e7\u00e3o ambiental.<\/p>\n\n\n\n

A defici\u00eancia brasileira na gest\u00e3o de risco e impactos de\u00a0desastres naturais\u00a0em 2020 e 2021 foi ainda mais evidente ao longo da\u00a0pandemia\u00a0de\u00a0Covid-19. \u201cForam 1.920 alertas e 626 ocorr\u00eancias em 2020, enquanto a m\u00e9dia do per\u00edodo entre 2016 e 2019 foi de 1.362 alertas e 279 ocorr\u00eancias\u201d, consta no documento.<\/p>\n\n\n\n

Em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 educa\u00e7\u00e3o, o\u00a0Exame Nacional do Ensino M\u00e9dio\u00a0(Enem) teve n\u00edveis recorde de absten\u00e7\u00e3o na edi\u00e7\u00e3o de 2020, realizada durante a pandemia, ultrapassando 50% em ambos dias de prova. \u201cA nomea\u00e7\u00e3o de criacionistas, fundamentalistas, defensores da privatiza\u00e7\u00e3o e de pessoas indicadas por militares para o Conselho Nacional de Educa\u00e7\u00e3o (CNE) coloca em risco todos os par\u00e2metros educacionais\u201d, diz o Relat\u00f3rio Luz.<\/p>\n\n\n\n

O documento retrata a aus\u00eancia de pol\u00edticas p\u00fablicas como uma das causas que contribu\u00edram para o aumento da\u00a0desigualdade educacional\u00a0no Brasil durante a pandemia, que afastou milh\u00f5es de crian\u00e7as e adolescentes das aulas devido a dificuldades no\u00a0acesso \u00e0 internet.<\/p>\n\n\n\n

Quanto ao\u00a0ensino superior, os cortes or\u00e7ament\u00e1rios s\u00e3o encarados como um desmonte pelos especialistas. Desde 2019, as universidade federais tiveram mais de 18% de cortes em seu custeio. J\u00e1 as bolsas da\u00a0Coordena\u00e7\u00e3o de Aperfei\u00e7oamento de Pessoal de N\u00edvel Superior\u00a0(Capes) sofreram queda de or\u00e7amento de R$ 9 milh\u00f5es em 2015 para R$ 4,5 milh\u00f5es em 2019.<\/p>\n\n\n\n

Em meio \u00e0 grave crise sanit\u00e1ria, o desempenho do Brasil tamb\u00e9m \u00e9 insatisfat\u00f3rio na \u00e1rea da\u00a0alimenta\u00e7\u00e3o. A erradica\u00e7\u00e3o da\u00a0fome, prevista na ODS de n\u00famero 2, est\u00e1 longe de ser alcan\u00e7ada, e os brasileiros viram sua\u00a0inseguran\u00e7a alimentar\u00a0aumentar de 36,6% em 2018 para 52% em 2020, representando 113 milh\u00f5es de pessoas.<\/p>\n\n\n\n

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Inseguran\u00e7a alimentar aumentou de 36,6% em 2018 para 52% em 2020. Acima, lambe-lambe em muro na Avenida Paulista em protesto ao aumento da fome no pa\u00eds durante o governo de Jair Bolsonaro. (Foto: Roberto Parizotti)<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, o objetivo de \u201cassegurar uma vida saud\u00e1vel e promover o bem-estar para todos, em todas as idades\u201d ficou ainda mais distante devido ao n\u00e3o reconhecimento da gravidade da Covid-19 pelo governo federal, afirma o relat\u00f3rio. Embora o Brasil seja um dos pa\u00edses que figuram entre os mais afetados pela pandemia, os indicadores mostraram que R$ 22,8 milh\u00f5es do or\u00e7amento autorizado em 2020 para o\u00a0Sistema \u00danico de Sa\u00fade\u00a0(SUS) ficaram parados.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto seis das 13 metas do ODS de\u00a0sa\u00fade\u00a0foram marcadas como em retrocesso, tr\u00eas foram classificadas como \u201cinsuficientes\u201d (que indica desenvolvimento lento), uma est\u00e1 estagnada (sem avan\u00e7o ou retrocesso significativos) e outras tr\u00eas, amea\u00e7adas, o que significa que a meta tem seu alcance comprometido.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO Brasil est\u00e1 na vanguarda do\u00a0retrocesso. Esse resultado n\u00e3o constitui uma surpresa, mas mostra, de forma incontest\u00e1vel, a destrui\u00e7\u00e3o de um conjunto de direitos que foram constru\u00eddos ao longo de uma d\u00e9cada\u201d, disse Alessandra Nilo, durante o lan\u00e7amento do relat\u00f3rio. Ela atua como coordenadora da ONG Gestos \u2013 Soropositividade, Comunica\u00e7\u00e3o e G\u00eanero, que foi respons\u00e1vel pela edi\u00e7\u00e3o do documento.<\/p>\n\n\n\n

O que fazer?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Com exce\u00e7\u00e3o de 15 metas que n\u00e3o foram classificadas pela falta de dados p\u00fablicos, o documento elenca, ao final de cada ODS, uma lista de recomenda\u00e7\u00f5es que poderiam ajudar o pa\u00eds a modificar (e, quem sabe, reverter) parte do cen\u00e1rio diante da agenda 2030.<\/p>\n\n\n\n

\u201cA crise atual merece aten\u00e7\u00e3o, mas ao mesmo tempo temos a oportunidade de construir um futuro social e economicamente melhor\u201d, afirmou a chefe adjunta da delega\u00e7\u00e3o da Uni\u00e3o Europeia no Brasil, Ana Beatriz Martins, durante o mesmo evento de divulga\u00e7\u00e3o do relat\u00f3rio.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 evidente que o cumprimento de todos os objetivos n\u00e3o \u00e9 tarefa simples, mas \u00e9 com a miss\u00e3o de esclarecer e relembrar os caminhos para o desenvolvimento sustent\u00e1vel que o relat\u00f3rio surge. \u201cA agenda dos ODS, mais do que nunca, \u00e9 fundamental para o Brasil retomar seu desenvolvimento social e\u00a0econ\u00f4mico\u00a0de maneira sustent\u00e1vel e equitativa\u201d, concluiu Martins.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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