{"id":173760,"date":"2021-09-24T14:59:08","date_gmt":"2021-09-24T17:59:08","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=173760"},"modified":"2021-09-24T14:59:10","modified_gmt":"2021-09-24T17:59:10","slug":"a-incrivel-descoberta-que-indica-presenca-humana-nas-americas-muito-antes-do-que-se-pensava","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/09\/24\/173760-a-incrivel-descoberta-que-indica-presenca-humana-nas-americas-muito-antes-do-que-se-pensava.html","title":{"rendered":"A incr\u00edvel descoberta que indica presen\u00e7a humana nas Am\u00e9ricas muito antes do que se pensava"},"content":{"rendered":"\n
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Equipe de cientistas atuando no sudoeste dos EUA encontrou pegadas humanas que foram datadas entre 23 mil e 21 mil anos atr\u00e1s – BOURNEMOUTH UNIVERSITY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Novas descobertas cient\u00edficas apontam que humanos chegaram \u00e0s Am\u00e9ricas pelo menos 7 mil anos antes do que se estimava anteriormente.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

As pesquisas em torno do momento em que o continente americano passou a ser povoado a partir da \u00c1sia despertam debates profundos h\u00e1 d\u00e9cadas. Muitos pesquisadores s\u00e3o c\u00e9ticos em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s evid\u00eancias da presen\u00e7a humana na Am\u00e9rica do Norte muito al\u00e9m de 16 mil anos atr\u00e1s.<\/p>\n\n\n\n

Agora, uma equipe de cientistas atuando no Estado do Novo M\u00e9xico, no sudoeste dos EUA, encontrou pegadas humanas que foram datadas entre 23 mil e 21 mil anos atr\u00e1s.<\/p>\n\n\n\n

Essa descoberta tem o potencial de transformar o que se sabe e o que se pensa sobre quando o continente foi povoado. Ela sugere a exist\u00eancia de grandes migra\u00e7\u00f5es sobre as quais n\u00e3o sabemos nada e levanta a possibilidade de que essas popula\u00e7\u00f5es podem ter sido extintas.<\/p>\n\n\n\n

As pegadas que levaram a essa nova linha do tempo foram formadas numa lama macia nas margens de um lago que atualmente faz parte do parque nacional de White Sands.<\/p>\n\n\n\n

Para estimar a “idade” das pegadas, a equipe do Servi\u00e7o Geol\u00f3gico dos EUA fez a data\u00e7\u00e3o do carbono de camadas de sedimentos acima e abaixo das pegadas encontradas. E assim puderam determinar a “idade” das pegadas em si.<\/p>\n\n\n\n

Baseados nos tamanhos dessas marcas, os cientistas suspeitam que elas sejam de adolescentes ou crian\u00e7as que iam e vinham, \u00e0s vezes acompanhadas de um adulto.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o est\u00e1 claro para os cientistas o que exatamente essas pessoas estavam fazendo ali, mas possivelmente elas estavam ajudando os adultos numa modalidade de ca\u00e7a que seria vista depois em culturas de ind\u00edgenas na Am\u00e9rica do Norte. Ela \u00e9 conhecida como salto de b\u00fafalo e consiste em conduzir animais selvagens at\u00e9 um despenhadeiro.<\/p>\n\n\n\n

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Pesquisadores analisaram a idade das camadas de sedimentos em cima e embaixo das pegadas – BOURNEMOUTH UNIVERSITY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Esses animais “precisam ser processados num per\u00edodo muito curto de tempo”, explica a paleont\u00f3loga Sally Reynolds, pesquisadora da Universidade de Bournemouth (Reino Unido). “\u00c9 preciso acender as fogueiras, \u00e9 preciso separar a gordura.” As crian\u00e7as e os adolescentes ali podem ter ajudado os adultos a coletar \u00e1gua, lenha ou outros suprimentos.<\/p>\n\n\n\n

‘Idade’ das pegadas<\/h2>\n\n\n\n

A data\u00e7\u00e3o da descoberta \u00e9 central no debate. Isso porque n\u00e3o \u00e9 a primeira vez que se anuncia algum novo ind\u00edcio sobre a presen\u00e7a humana anterior nas Am\u00e9ricas. Mas praticamente todas acabam sendo contestadas de alguma forma.<\/p>\n\n\n\n

Em geral, o debate gira em torno do seguinte: as ferramentas de pedra encontradas em um s\u00edtio antigo s\u00e3o de fato o que parecem ser ou se s\u00e3o simplesmente rochas quebradas por algum processo natural, como a queda de um penhasco?<\/p>\n\n\n\n

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Pesquisador registra fotos que ser\u00e3o usadas para modelos 3D das pegadas – BOURNEMOUTH UNIVERSITY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Esses poss\u00edveis artefatos \u00e0s vezes s\u00e3o menos \u00f3bvios do que as pontas de lan\u00e7a de 13 mil anos que foram primorosamente trabalhadas e depois encontradas na Am\u00e9rica do Norte. Da\u00ed acaba ficando uma porta aberta para contesta\u00e7\u00f5es e conclus\u00f5es definitivas.<\/p>\n\n\n\n

“Uma das raz\u00f5es pelas quais h\u00e1 tanto debate \u00e9 que h\u00e1 uma falta real de dados bastante s\u00f3lidos e inequ\u00edvocos. Isso \u00e9 o que achamos que provavelmente temos agora (sobre a presen\u00e7a de humanos no continente quase 7 mil anos antes do que se pensava)”, afirma o professor Matthew Bennett, primeiro autor do artigo da Universidade de Bournemouth, \u00e0 BBC News.<\/p>\n\n\n\n

“Pegadas n\u00e3o s\u00e3o como ferramentas de pedra. Uma pegada \u00e9 uma pegada e n\u00e3o pode ser movida para cima e para baixo [nas camadas do solo].”<\/p>\n\n\n\n

Embora a natureza da evid\u00eancia f\u00edsica aqui seja mais dif\u00edcil de ser descartar ou contestada como uma ponta de lan\u00e7a, os pesquisadores precisaram garantir que a data\u00e7\u00e3o fosse literalmente estanque (completamente fechado para l\u00edquidos).<\/p>\n\n\n\n

Uma complica\u00e7\u00e3o potencial apontada pela Science, publica\u00e7\u00e3o cient\u00edfica em que os achados foram publicados, nos est\u00e1gios iniciais da revis\u00e3o da descoberta, foi o “efeito reservat\u00f3rio”. Isso se refere \u00e0 maneira com que o carbono antigo \u00e0s vezes pode ser reciclado em ambientes aquosos, interferindo nos resultados do radiocarbono ao fazer um local parecer mais antigo do que realmente \u00e9.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores, no entanto, dizem que investigaram essa possibilidade e acreditam que ela n\u00e3o seja significativa aqui.<\/p>\n\n\n\n

Tom Higham, professor e especialista em data\u00e7\u00e3o por radiocarbono da Universidade de Viena, disse: “Eles realizaram algumas verifica\u00e7\u00f5es nas datas do material pr\u00f3ximo ao local da pegada e descobriram que amostras totalmente terrestres (carv\u00e3o) produziram idades semelhantes \u00e0s do material aqu\u00e1tico que datavam de mais perto das pegadas.”<\/p>\n\n\n\n

“Eles tamb\u00e9m argumentaram, acho que com raz\u00e3o, que o lago devia ser raso na \u00e9poca em que as pessoas andaram por l\u00e1, mitigando o impacto dos efeitos do reservat\u00f3rio introduzidos por antigas fontes de carbono.”<\/p>\n\n\n\n

Segundo Higham, a consist\u00eancia dos resultados e o suporte de uma t\u00e9cnica diferente de data\u00e7\u00e3o aplicada ao lugar da descoberta reafirmaram a validade dos resultados.<\/p>\n\n\n\n

“Acho que, em conjunto, esta \u00e9 uma sequ\u00eancia de 21.000-23.000 anos”, afirma Higham \u00e0 BBC News.<\/p>\n\n\n\n

Controv\u00e9rsias em torno das data\u00e7\u00f5es nas Am\u00e9ricas<\/h2>\n\n\n\n

As disputas no in\u00edcio da arqueologia americana t\u00eam muito a ver com o desenvolvimento hist\u00f3rico do campo cient\u00edfico.<\/p>\n\n\n\n

Durante a segunda metade do s\u00e9culo 20, surgiu um consenso entre os arque\u00f3logos norte-americanos de que os povos pertencentes \u00e0 cultura Clovis foram os primeiros a chegar \u00e0s Am\u00e9ricas.<\/p>\n\n\n\n

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Ponta de pedra feita pela cultura Clovis, que acreditava-se ser a primeira leva de humanos no continente americano – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Acredita-se que esses grandes ca\u00e7adores tenham cruzado uma ponte de terra sobre o Estreito de Bering, que conectava a Sib\u00e9ria ao Alasca durante a \u00faltima era glacial, quando o n\u00edvel do mar estava muito mais baixo.<\/p>\n\n\n\n

O nome Clovis era o de um s\u00edtio arqueol\u00f3gico assim denominado, descoberto em 1939, tamb\u00e9m no Novo M\u00e9xico. No local, foram encontrados artefatos de pedra lascada, datados de 11,4 mil anos. Segundo essa teoria, defendida principalmente pela comunidade arqueol\u00f3gica americana, a chegada teria ocorrido h\u00e1 cerca de 12 mil anos.<\/p>\n\n\n\n

Se de um lado o consenso “Clovis-primeiro” se consolidou, de outro as descobertas de presen\u00e7as humanas mais antigas acabaram descartados como n\u00e3o confi\u00e1veis. Isso levou alguns arque\u00f3logos, inclusive, a realmente pararem de procurar por sinais de ocupa\u00e7\u00e3o anterior.<\/p>\n\n\n\n

Mas na d\u00e9cada de 1970 essa ortodoxia come\u00e7ou a ser colocada em xeque.<\/p>\n\n\n\n

Na d\u00e9cada de 1980, surgiram evid\u00eancias s\u00f3lidas de uma presen\u00e7a humana de 14.500 anos em Monte Verde, no Chile.<\/p>\n\n\n\n

E desde os anos 2000, outros locais pr\u00e9-Clovis tornaram-se amplamente aceitos, como o Buttermilk Creek Complex, com 15.500 anos, no centro do Texas, e o local Cooper’s Ferry, com 16.000 anos, em Idaho. Ambos nos Estados Unidos.<\/p>\n\n\n\n

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Pesquisadores analisam sedimentos na regi\u00e3o das pegadas em White Sands, no Novo M\u00e9xico – BOURNEMOUTH UNIVERSITY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Agora, as pegadas do Novo M\u00e9xico sugerem que os humanos haviam chegado ao interior da Am\u00e9rica do Norte no auge da \u00faltima Era do Gelo.<\/p>\n\n\n\n

Gary Haynes, professor em\u00e9rito da Universidade de Nevada, disse “n\u00e3o ter conseguido encontrar falhas no trabalho que foi feito ou nas interpreta\u00e7\u00f5es desse artigo, que \u00e9 importante e provocativo”.<\/p>\n\n\n\n

“As trilhas est\u00e3o t\u00e3o ao sul da conex\u00e3o terrestre de Bering que agora temos que nos perguntar (1) se o povo ou seus ancestrais (ou outras pessoas) fizeram a travessia da \u00c1sia para as Am\u00e9ricas muito antes, (2) se as pessoas se mudaram rapidamente atrav\u00e9s dos continentes ap\u00f3s cada travessia, e (3) se eles deixaram algum descendente.”<\/p>\n\n\n\n

Andrea Manica, geneticista da Universidade de Cambridge, disse que a descoberta sobre as pegadas no Novo M\u00e9xico teria implica\u00e7\u00f5es importantes para a hist\u00f3ria da popula\u00e7\u00e3o das Am\u00e9ricas.<\/p>\n\n\n\n

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Uma das pegadas atribu\u00eddas pelos pesquisadores a crian\u00e7as ou adolescentes que viveram h\u00e1 mais de 20.000 anos no continente americano – BOURNEMOUTH UNIVERSITY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

“N\u00e3o posso comentar sobre o qu\u00e3o confi\u00e1vel \u00e9 a data\u00e7\u00e3o, porque est\u00e1 fora da minha especialidade, mas evid\u00eancias s\u00f3lidas de humanos na Am\u00e9rica do Norte h\u00e1 23 mil anos est\u00e3o em desacordo com a gen\u00e9tica, o que mostra claramente uma divis\u00e3o de nativos americanos de asi\u00e1ticos em aproximadamente 15 mil a 16 mil anos atr\u00e1s”, disse \u00e0 BBC News.<\/p>\n\n\n\n

“Isso sugere que os primeiros colonos das Am\u00e9ricas foram substitu\u00eddos quando o corredor de gelo se formou e outra onda de colonos entrou. Mas n\u00e3o temos ideia de como isso teria de fato acontecido.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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