{"id":174115,"date":"2021-10-13T15:06:47","date_gmt":"2021-10-13T18:06:47","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=174115"},"modified":"2021-10-13T15:06:50","modified_gmt":"2021-10-13T18:06:50","slug":"descoberta-a-origem-das-listras-de-gatos-malhados","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/10\/13\/174115-descoberta-a-origem-das-listras-de-gatos-malhados.html","title":{"rendered":"Descoberta a origem das listras de gatos malhados"},"content":{"rendered":"\n
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As listras no padr\u00e3o malhado originam-se do ancestral direto do gato dom\u00e9stico, o gato-selvagem-africano.
FOTO DE\u00a0TODD GIPSTEIN, NAT GEO IMAGE COLLECTION<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Dos quase 60 milh\u00f5es de\u00a0gatos\u00a0de estima\u00e7\u00e3o norte-americanos, um dos mais comuns \u00e9 o cl\u00e1ssico malhado \u2014 um padr\u00e3o de pelagem caracterizado pela presen\u00e7a de listras, pontos, espirais e, na testa do animal, algo que se assemelha \u00e0 letra M.<\/p>\n\n\n\n

Por mais populares que os gatos malhados sejam (lembre-se do Garfield), cientistas ainda t\u00eam pouco conhecimento sobre a origem desta apar\u00eancia distinta.<\/p>\n\n\n\n

Em\u00a0um estudo publicado recentemente\u00a0na revista cient\u00edfica\u00a0Nature Communications<\/em>, cientistas relatam que os genes que formam o padr\u00e3o malhado s\u00e3o ativados nas c\u00e9lulas da pele do embri\u00e3o antes do desenvolvimento da pelagem do gato. As primeiras c\u00e9lulas da pele at\u00e9 imitam as listras malhadas sob o microsc\u00f3pio, uma descoberta nunca observada antes em c\u00e9lulas embrion\u00e1rias.<\/p>\n\n\n\n

Os autores levantaram a teoria de que este processo gen\u00e9tico \u00fanico pode ser o mesmo mecanismo que forma listras e manchas em felinos selvagens. A palavra \u201cmalhado\u201d (tabby<\/em>, em ingl\u00eas) deriva de \u201cal-<\/em>\u2018Att\u0101biyya<\/em>\u201d, um bairro localizado em Bagd\u00e1 que, no s\u00e9culo 16, produzia um tipo de tecido fino e listrado de tafet\u00e1 de seda. Mas \u00e9 prov\u00e1vel que as listras tenham se originado\u00a0no antepassado direto do gato dom\u00e9stico, o gato-selvagem-africano.<\/p>\n\n\n\n

\u201cH\u00e1 a satisfa\u00e7\u00e3o em entender algo a mais sobre o mundo\u201d, comenta\u00a0Greg Barsh, l\u00edder do estudo e pesquisador do Instituto de Biotecnologia Hudson Alpha, institui\u00e7\u00e3o de pesquisa com sede em Huntsville, no estado do Alabama. Mas ele diz que a descoberta tamb\u00e9m \u00e9 incr\u00edvel por outro motivo: \u201ca biologia utiliza os mesmos conjuntos de ferramentas diversas vezes, ent\u00e3o \u00e9 muito raro encontrar algo que n\u00e3o se aplica de forma mais ampla em outras situa\u00e7\u00f5es. \u00c9 prov\u00e1vel que este seja o caso nessa situa\u00e7\u00e3o.\u201d<\/p>\n\n\n\n

A gen\u00e9tica por tr\u00e1s das cores e padr\u00f5es dos pelos dos gatos dom\u00e9sticos tem intrigado os cientistas h\u00e1 bastante tempo.\u00a0Charles Darwin, por exemplo, prop\u00f4s que a maioria dos gatos surdos eram brancos e possu\u00edam olhos azuis. Ele explicou que, durante seu desenvolvimento, algumas esp\u00e9cies passaram por mudan\u00e7as irrelevantes, como a cor dos pelos, porque elas estavam relacionadas a outras mudan\u00e7as mais \u00fateis.<\/p>\n\n\n\n

Ele acrescentou que nem sequer conseguimos notar algumas delas. Ele n\u00e3o tinha o conhecimento da gen\u00e9tica moderna, mas estava certo: \u00e9 uma anormalidade gen\u00e9tica heredit\u00e1ria.<\/p>\n\n\n\n

C\u00e9lulas de gatos de uma estirpe diferente<\/h3>\n\n\n\n

Como parte de um protocolo de pesquisa eticamente aprovado, Barsh e seus colegas coletaram cerca de mil embri\u00f5es descartados por cl\u00ednicas veterin\u00e1rias que castraram gatas selvagens, muitas das quais estavam prenhes quando chegaram \u00e0 cl\u00ednica.<\/p>\n\n\n\n

Quando\u00a0Kelly McGowan, cientista s\u00eanior da equipe, examinou em microsc\u00f3pio as c\u00e9lulas da pele de embri\u00f5es que tinham entre 25 e 28 dias de idade, notou que \u00e1reas mais espessas da pele eram intercaladas com \u00e1reas mais finas, criando um padr\u00e3o de cor tempor\u00e1rio que se assemelhava \u00e0 colora\u00e7\u00e3o malhada de um gato adulto.<\/p>\n\n\n\n

Ela ficou especialmente surpresa ao identificar esse padr\u00e3o j\u00e1 no in\u00edcio do desenvolvimento de um embri\u00e3o, muito antes da presen\u00e7a de fol\u00edculos pilosos e pigmentos, componentes importantes da colora\u00e7\u00e3o da pelagem de animais.<\/p>\n\n\n\n

Para aprofundar a an\u00e1lise, a equipe utilizou c\u00e9lulas individuais da pele dos embri\u00f5es e encontrou dois tipos diferentes, em que cada uma expressava conjuntos separados de genes. Entre eles, o gene que mais diferia foi o chamado Dickkopf 4, ou DKK4.<\/p>\n\n\n\n

Ao observar como as c\u00e9lulas expressavam o DKK4 em embri\u00f5es com cerca de 20 dias de idade, descobriram que as c\u00e9lulas envolvidas foram as que formaram o padr\u00e3o de pele espessa alguns dias depois.<\/p>\n\n\n\n

Barsh explica que o DKK4 tamb\u00e9m \u00e9 uma prote\u00edna mensageira, chamada de \u201cmol\u00e9cula secretada\u201d, que passa uma mensagem para as c\u00e9lulas que o cercam: \u201cvoc\u00ea \u00e9 especial. \u00c9 a \u00e1rea onde o pelo escuro precisa crescer\u201d.<\/p>\n\n\n\n

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Dos quase 60 milh\u00f5es de gatos de estima\u00e7\u00e3o nos Estados Unidos, o cl\u00e1ssico gato malhado listrado \u00e9 um dos mais populares.
FOTO DE\u00a0AL PETTEWAY AND AMY WHITE, NAT GEO IMAGE COLLECTION<\/strong><\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Quando tudo sai conforme planejado, c\u00e9lulas que cont\u00eam o DKK4 por fim se tornam as marcas escuras que caracterizam o pelo dos gatos malhados. Por\u00e9m, muitas vezes, ocorrem muta\u00e7\u00f5es, resultando em outras cores e padr\u00f5es de pelagem, tais como manchas brancas ou listras mais finas. Tamb\u00e9m podem ocorrer altera\u00e7\u00f5es na pigmenta\u00e7\u00e3o: uma pelagem totalmente preta, por exemplo, ocorre quando as c\u00e9lulas respons\u00e1veis pela pigmenta\u00e7\u00e3o, que deveriam ter produzido outras cores, s\u00f3 produzem pigmento escuro. <\/p>\n\n\n\n

O desenvolvimento de padr\u00f5es espont\u00e2neos<\/h3>\n\n\n\n

Para descobrir como essas c\u00e9lulas de fato criam padr\u00f5es de listras no corpo de um gato, a equipe recorreu a Alan Turing, cientista da computa\u00e7\u00e3o e fundador da biologia matem\u00e1tica. Em 1952, Turing descreveu uma maneira de explicar matematicamente o surgimento espont\u00e2neo de padr\u00f5es na natureza.<\/p>\n\n\n\n

Conhecido como modelo de rea\u00e7\u00e3o-difus\u00e3o, a teoria previa que sistemas eram capazes de se auto-organizar durante seu desenvolvimento na presen\u00e7a de mol\u00e9culas (ou aquelas produzidas por genes, no caso dos gatos) \u2014 ativadoras e inibidoras \u2014 que se movem entre uma c\u00e9lula e outra, ou se difundirem, em ritmos diferentes. Se um inibidor se difundiu mais r\u00e1pido ou foi mais longe que um ativador, ent\u00e3o, matematicamente, o sistema se organizaria sozinho. No caso dos gatos malhados, o inibidor \u00e9 o gene DKK4, mas n\u00e3o se sabe qual \u00e9 o ativador. <\/p>\n\n\n\n

Turing n\u00e3o sabia qual era o ativador ou o inibidor. Ele nem sabia se eles existiam. Mas, 70 anos depois, a descoberta da pelagem malhada foi considerada,\u00a0entre v\u00e1rias outras, uma prova de que Turing estava certo.<\/p>\n\n\n\n

\u201cTemos a tend\u00eancia de imaginar c\u00e9lulas movendo-se durante o desenvolvimento de um embri\u00e3o, mas pensar nelas com esse tipo de forma tridimensional em um est\u00e1gio t\u00e3o inicial, quando elas formam listras espessas… \u00e9 um grande avan\u00e7o\u201d, afirma\u00a0Elaine Ostrander,\u00a0pesquisadora da gen\u00e9tica de c\u00e3es dom\u00e9sticos\u00a0no Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, \u00f3rg\u00e3o do Instituto Nacional de Sa\u00fade, em Bethesda, no estado de Maryland.<\/p>\n\n\n\n

Ostrander, que n\u00e3o participou do estudo, acrescenta que a an\u00e1lise de c\u00e9lulas individuais \u201cpermitiu-lhes analisar separadamente diferentes processos, todos eles importantes para entender os padr\u00f5es que est\u00e3o nos livros de hist\u00f3rias dos nossos filhos\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Agora, a equipe de Barsh considera o desenvolvimento do padr\u00e3o de cores dos gatos como um processo que ocorre em duas etapas. Primeiro, as c\u00e9lulas da pele determinam se o padr\u00e3o malhado ser\u00e1 escuro ou claro. Depois, os fol\u00edculos pilosos crescem e produzem pigmentos.<\/p>\n\n\n\n

Ao observar como esses processos ocorrem em outros animais \u2014 por que alguns animais possuem listras e outros n\u00e3o \u2014 a equipe espera desvendar como os padr\u00f5es de cor evolu\u00edram ao longo do tempo. Barsh acredita que eles podem se deparar com descobertas que aparentam n\u00e3o ter rela\u00e7\u00e3o com padr\u00f5es de pelagem \u2014 como as diferen\u00e7as invis\u00edveis que Darwin imaginou.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: National Geographic Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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