{"id":174262,"date":"2021-10-19T12:47:37","date_gmt":"2021-10-19T15:47:37","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=174262"},"modified":"2021-10-19T12:47:39","modified_gmt":"2021-10-19T15:47:39","slug":"montanha-de-lixo-com-18-andares-de-altura-garante-sobrevivencia-de-pobres-na-india","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2021\/10\/19\/174262-montanha-de-lixo-com-18-andares-de-altura-garante-sobrevivencia-de-pobres-na-india.html","title":{"rendered":"Montanha de lixo com ’18 andares de altura’ garante sobreviv\u00eancia de pobres na \u00cdndia"},"content":{"rendered":"\n
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More than 16 million tonnes of rubbish make up Deonar’s waste mountain – AFP<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

As “montanhas de lixo” que pontuam as cidades da \u00cdndia em breve ser\u00e3o substitu\u00eddas por esta\u00e7\u00f5es de tratamento de detritos, de acordo com uma promessa feita no come\u00e7o do m\u00eas pelo premi\u00ea Narendra Modi. A escritora Saumya Roy* descreve a maior e mais antiga montanha de lixo do pa\u00eds – equivalente a um pr\u00e9dio de 18 andares – na cidade de Mumbai, na costa oeste indiana.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Toda manh\u00e3, Farha Shaikh sobe no topo da montanha de lixo que j\u00e1 existe h\u00e1 mais de um s\u00e9culo em Mumbai para observar a chegada dos caminh\u00f5es de coleta.<\/p>\n\n\n\n

A catadora de 19 anos diz que escava as pilhas de entulho no sub\u00farbio de Deonar desde que se lembra por gente.<\/p>\n\n\n\n

Em meio ao lixo pegajoso, ela separa garrafas de pl\u00e1stico, vidro, al\u00e9m de fios para revender em mercados bastante procurados da cidade. Mas ela procura principalmente por celulares velhos e quebrados.<\/p>\n\n\n\n

De vez em quando, Farha encontra um telefone “morto” nos amontoados de dejetos. Ela pega o pouco que tem de dinheiro e manda consertar o aparelho. Com o celular de volta \u00e0 vida, ela assiste a filmes, joga videogame, manda mensagens e liga para os amigos.<\/p>\n\n\n\n

Quando o telefone para de funcionar dias ou semanas depois, a conex\u00e3o de Farha com o mundo exterior se interrompe. E ela volta a trabalhar por v\u00e1rios dias, selecionando o que pode valer das pilhas de lixo para revenda – e procurando por outro telefone que ela consiga restaurar.<\/p>\n\n\n\n

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A montanha de lixo de Mumbai \u00e9 o equivalente a 18 andares – SAUMYA ROY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Mais de 16 milh\u00f5es toneladas de dejetos se encontram nas montanhas de Deonar – oito delas espalhadas por um espa\u00e7o de 1 quil\u00f4metro quadrado -, consideradas as mais altas e mais antigas da \u00cdndia. As pilhas podem chegar a 36,5 metros de altura. O mar fica \u00e0 margem das montanhas e favelas come\u00e7aram a surgir em meio aos amontoados de entulho.<\/p>\n\n\n\n

Os dejetos em decomposi\u00e7\u00e3o soltam gases nocivos como metano, sulfeto de hidrog\u00eanio e mon\u00f3xido de carbono. Em 2016, resultou em um inc\u00eandio que queimou por meses e lan\u00e7ou fuma\u00e7a pelos c\u00e9us de Mumbai. O fogo nos lix\u00f5es contribui com 11% das part\u00edculas na atmosfera, uma das principais causas da polui\u00e7\u00e3o no ar da cidade indiana, segundo um estudo de 2011 de uma ag\u00eancia reguladora do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Uma pesquisa de 2020 de um instituto sediado em Nova Delhi, o Centro para Ci\u00eancia e Meio Ambiente, chegou a conclus\u00e3o de que existem 3.159 montanhas de lixo na \u00cdndia, contendo 800 milh\u00f5es de toneladas de dejetos em v\u00e1rias partes do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Em Mumbai, uma a\u00e7\u00e3o judicial tenta h\u00e1 26 anos fechar o lix\u00e3o de Deonar, mas os res\u00edduos continuam a ser despejados no local.<\/p>\n\n\n\n

Programa nacional de limpeza<\/h2>\n\n\n\n

As montanhas de dejetos na \u00cdndia h\u00e1 muito tempo irritam autoridades e pol\u00edticos. No dia 1\u00ba de outubro, Modi anunciou o equivalente a quase US$ 13 bilh\u00f5es para um programa nacional de limpeza, que inclu\u00eda a constru\u00e7\u00e3o de esta\u00e7\u00f5es de tratamento de dejetos em lix\u00f5es como o de Deonar.<\/p>\n\n\n\n

Mas especialistas est\u00e3o c\u00e9ticos sobre o fim dos problemas. “Isso vem sendo feito em cidades menores, mas \u00e9 dif\u00edcil ter um rem\u00e9dio para montanhas desse tamanho”, disse Siddharth Ghanshyam Singh, que trabalha no Centro para Ci\u00eancia e Meio Ambiente.<\/p>\n\n\n\n

Para Dharmesh Shah, coordenador no pa\u00eds para a Alian\u00e7a Global para Alternativas \u00e0 Incinera\u00e7\u00e3o (uma coaliza\u00e7\u00e3o de grupos pela redu\u00e7\u00e3o de dejetos), “h\u00e1 o reconhecimento de que esse \u00e9 um problema, mas n\u00f3s aceitamos que viver em grandes cidades como Mumbai ou Delhi significa conviver com as montanhas de lixo”.<\/p>\n\n\n\n

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Montanhas de lixo pegaram fogo em 2016 em Mumbai e espalharam fuma\u00e7a pela cidade – REUTERS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Desde 2000, novas regras determinam \u00e0s municipalidades indianas o tratamento do lixo. Mas a maioria das localidades s\u00f3 cumpre parcialmente as metas e n\u00e3o disp\u00f5em de esta\u00e7\u00f5es o suficiente para dar conta da tarefa.<\/p>\n\n\n\n

Mumbai, a capital comercial e do entretenimento da \u00cdndia, tem 20 milh\u00f5es de habitantes e apenas uma esta\u00e7\u00e3o de tratamento de detritos. Mas h\u00e1 planos para a constru\u00e7\u00e3o de uma usina que transformaria o lixo de Deonar em energia.<\/p>\n\n\n\n

Modi espera que o novo programa gere empregos da “economia verde”. Mas isso preocupa catadores como Farha, que vem fazendo esse trabalho por toda a sua vida.<\/p>\n\n\n\n

Catadores barrados<\/h2>\n\n\n\n

Ficou muito mais dif\u00edcil mexer nas montanhas de lixo depois dos inc\u00eandios de 2016. A municipalidade aumentou a seguran\u00e7a para evitar que catadores usem fogo para derreter pe\u00e7as de metais visando revenda.<\/p>\n\n\n\n

Os catadores, quando s\u00e3o pegos nos lix\u00f5es, s\u00e3o espancados, detidos e expulsos. Alguns subornam seguran\u00e7as ou entram antes das rondas da manh\u00e3. Boa parte da separa\u00e7\u00e3o do lixo agora \u00e9 feita nas \u00e1reas mais centrais da cidade de Mumbai, o que tem diminu\u00eddo a quantidade de entulho que chega a Deonar.<\/p>\n\n\n\n

Farha n\u00e3o tem um celular h\u00e1 alguns meses. Ela tem que pagar ao menos 50 r\u00fapias (o equivalente a US$ 0,67) aos guardas todos os dias para entrar e trabalhar no lix\u00e3o de Deonar. Para compensar, ela cogitou remexer no lixo que chega de hospitais que tratam pacientes de covid-19. A \u00cdndia registrou mais de 34 milh\u00f5es de casos do novo coronav\u00edrus e mais de 450 mil mortos.<\/p>\n\n\n\n

Sua fam\u00edlia, no entanto, pediu que ela n\u00e3o mexesse nas pilhas com os res\u00edduos hospitalares da covid. Ela ent\u00e3o acompanha de perto outros catadores que procuram pl\u00e1stico para revenda.<\/p>\n\n\n\n

“A fome vai nos matar se n\u00e3o for a doen\u00e7a”, diz Farha.<\/p>\n\n\n\n

*Saumya Roy \u00e9 jornalista e escritora\u00a0que\u00a0vive\u00a0em Mumbai. Ela \u00e9 autora de, entre outros trabalhos, “Mountain Tales: Love and Loss in the Municipality of Castaway Belongings” (Contos da Montanha: Amor e Perda na Municipalidade dos Objetos dos N\u00e1ufragos”)<\/em><\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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