Utilizando helic\u00f3pteros para localizar montes de toras de mogno derrubados ilegalmente por madeireiros peruanos, soldados do Ex\u00e9rcito, acompanhados por Policiais Federais, j\u00e1 teriam destru\u00eddo pelo menos cinco mil metros c\u00fabicos de madeira. No mercado internacional, onde um metro c\u00fabico de mogno pode custar mais de cinco mil d\u00f3lares, isso significaria um preju\u00edzo de mais de 25 milh\u00f5es de d\u00f3lares. \u201cEles est\u00e3o usando bombas para destruir as toras\u201d, explica o cacique Ant\u00f4nio Pinhanta Ashaninka, o l\u00edder dos moradores da Terra Ind\u00edgena Ashaninka do Am\u00f4nia.<\/p>\n
A aldeia de Apywtxa, no munic\u00edpio de Marechal Thaumaturgo (AC), cujas terras s\u00e3o muito ricas em mogno, vem sendo sistematicamente invadida por madeireiros brasileiros e peruanos, desde o in\u00edcio da d\u00e9cada de 90. Todos percebem que a situa\u00e7\u00e3o est\u00e1 piorando cada vez mais.<\/p>\n
Postado junto a um monte de pranchas de mogno deixados por um helic\u00f3ptero do Ex\u00e9rcito que baixou no campo de futebol da aldeia h\u00e1 pouco mais de uma semana, Ant\u00f4nio Pinhanta lamenta o fim que est\u00e1 sendo dado a essa madeira mundialmente cobi\u00e7ada e cuja explora\u00e7\u00e3o, ao inv\u00e9s de promover a melhoria das condi\u00e7\u00f5es de vida a seu povo, traz inseguran\u00e7a e risco de morte.<\/p>\n
\u201cOs madeireiros nunca vieram at\u00e9 aqui na aldeia, mas hoje daqui n\u00f3s j\u00e1 podemos ouvir o som das motosseras derrubando \u00e1rvores na mata. Eles acampam na beira do rio e quando algu\u00e9m passa por l\u00e1 avisam que v\u00e3o matar quem tentar impedir a retirada da madeira\u201d, denuncia o cacique.<\/p>\n
O pouso do helic\u00f3ptero do ex\u00e9rcito deixou os \u00edndios ainda mais tristes e inseguros. \u201cEles vieram deixar essa madeira e explicaram que explodiram as toras que encontraram, mas isso n\u00e3o adianta porque a madeira n\u00e3o \u00e9 dos invasores, quando algu\u00e9m destr\u00f3i uma tora, eles v\u00e3o derrubar outras \u00e1rvores\u201d.<\/p>\n
O lamento do chefe vem antes de ele esclarecer quando estiveram na aldeia os homens do Ex\u00e9rcito e agentes federais explicaram que estavam indo embora e s\u00f3 voltariam novamente em fevereiro. \u201cOs soldados v\u00e3o embora, mas os madeireiros continuam a\u00ed, agora deram para avisar o pessoal de que v\u00e3o matar as lideran\u00e7as da aldeia. Nosso r\u00e1dio est\u00e1 quebrado h\u00e1 mais de um m\u00eas, o telefone tamb\u00e9m est\u00e1 parado, a \u00fanica coisa que ainda funciona \u00e9 a internet. A gente n\u00e3o sabe o que vai acontecer se eles atacarem a aldeia\u201d, desabafou.<\/p>\n
Utilizando o helic\u00f3ptero, os soldados foram at\u00e9 o marco 42 da fronteira, um dos pontos pelo qual os madeireiros peruanos entram na \u00e1rea ind\u00edgena utilizando o rio Amoninha para retirar as toras. \u201cAgora eles est\u00e3o limpando os caminhos l\u00e1 na \u00e1rea onde a gente prendeu tr\u00eas invasores no ano passado. Neste ano o Ex\u00e9rcito prendeu umas 30 pessoas que est\u00e3o l\u00e1 em Cruzeiro do Sul, mas quando tiram um grupo, outros entram, porque todos querem roubar nossa madeira.\u201d<\/p>\n
Al\u00e9m de destruir milh\u00f5es de d\u00f3lares em madeira de alto valor comercial, o problema que mais afeta os \u00edndios ashaninka \u00e9 que a \u00e1rea invadida \u00e9 justamente a que eles destinaram ao manejo da ca\u00e7a necess\u00e1ria \u00e0 sua alimenta\u00e7\u00e3o. Os madeireiros trazem mateiros que matam grande quantidade de animais para manter seus acampamentos, como tamb\u00e9m para vender a carne e peles no Peru. \u201cO maior problema \u00e9 que com o barulho das motosserras e das armas os animais est\u00e3o desaparecendo da \u00e1rea e est\u00e1 ficando cada vez mais dif\u00edcil conseguir comida para nossa gente\u201d, afirma Ant\u00f4nio Pinhanta, cuja aldeia \u00e9 composta por mais de 300 pessoas que retiram da floresta boa parte de seu sustento. (Juracy Xangai – P\u00e1gina 20\/AC)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Os \u00edndios Ashaninkas perderam mais de 25 milh\u00f5es de d\u00f3lares em mogno retirado ilegalmente de suas reservas. Segundo os \u00edndios, quando um grupo de madereiros s\u00e3o presos, logo s\u00e3o substitu\u00eddos por outros peruanos. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[54],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/17433"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=17433"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/17433\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=17433"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=17433"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=17433"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}